☾✧ ━━ 72 ━━ ✧☽
━━━━━━✧❂✧━━━━━━
☾✧ ━━ A sensação de não alcançá-la deixou um vazio profundo em meu coração (Qiang Huang) ━━✧☽
━━━━━━✧❂✧━━━━━━
Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Èr, 12 Pí Ting de 1503 à Wu, 12 Fecho Eclair de 1504 do novo reinado Qiang (inverno à primavera)
Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): Sexta, 27 de fevereiro de 2015 à segunda, 18 de maio de 2015 (verão à outono)
Abri os olhos e vi um teto extremamente familiar. Eu estava de volta ao meu próprio quarto? Eu estava novamente na mansão? O que tinha acontecido? Eu me levantei da cama sentindo o corpo rígido, como se eu tivesse dormido por muito tempo.
A porta do meu quarto deslizou me fazendo fechar os olhos rapidamente.
— Você está acordada, então? — ver a luz do Imperador me fez ter um alívio imenso e eu senti os olhos arderem e precisei segurar o impulso de não correr até ele. Por que eu me sentia tão melancólica?
— Qiang? O que aconteceu? Onde estão todos os outros?
— Na sala — ele falou parecendo feliz ao me ver ali — Vista-se e venha assim que estiver pronta.
Assim que ele terminou, ele saiu e voltou a fechar a porta mais uma vez. Junto com o meu alívio de vê-lo, não pude deixar de sentir uma vaga sensação de que algo ainda não estava certo, era como se alguma coisa não se encaixasse na minha cabeça. Continuava mantendo essas emoções confusas dentro de mim enquanto me vestia. Eu o havia chamado pelo nome? Por que? E por que ele parecia não se importar com isso?
Desci devagar, tentando adiar algo que eu não sabia o que era. Por que eu me sentia tão estranha?
O Imperador e os outros estavam todos lá, todos juntos.
— Desculpe por deixar todos vocês esperando.
— Olhos brilhantes, você acordou — Zyon me oferece uma luz calorosa ao falar isso.
— Ei, estávamos realmente preocupados com você — Khalil falou alto e Tales pigarreou ao seu lado. Claramente estavam me escondendo alguma coisa.
— E por que você estava preocupado? — perguntei estranhando aquilo.
— Mas parece que você se recuperou, isso é ótimo! — Khalil falou animado de novo e dessa vez levou realmente um cutucão de Tales.
— Você não estava bem, só isso — o Professor falou, mas parecia ocultar algo também — Eu verifiquei se havia algum ferimento ou alguma coisa errada enquanto você dormia, mas não encontrei nada, pode ficar tranquila, provavelmente você só estava cansada. Foi só exaustão.
— Exaustão, por quê?
— Seu treino deve ter sido pesado, só isso — Tales falou virando a cabeça.
Era verdade, eu andava treinando com o Imperador e isso realmente andava me cansando, mas por que eu tinha a sensação de que aquilo já fazia muito tempo?
— Vamos, deixe a senhorita em paz — Syaoran falou colocando a mão na cintura.
Eu deveria estar feliz ao ver todos ali e bem, mas por algum motivo eu não conseguia manter um grande entusiasmo. E então, um monte de cenas de uma luta que eu não lembrava por completo surgiu novamente na minha cabeça me fazendo cambalear e segurar. Me segurei ofegante em uma mesa próxima e tudo girou... e então, lembrei do Imperador, colocando as mãos nos meus olhos, dizendo que eu não precisava ver o que viria a seguir...
O Imperador riu baixo, mas tinha um certo tom melancólico naquele pequeno riso.
— Você é realmente forte — olhei para a luz dele com o coração apertado, ele tinha tentado me fazer esquecer de tudo? De certa maneira ele conseguiu, já que eu não lembrava de muita coisa. Aquelas lembranças me passavam como um filme acelerado, mas cortado em diversas partes. Tudo estava nublado na minha cabeça.
Fiquei olhando para a sua luz por muito tempo, o suor escorria pelo meu rosto e hora ou outra eu segurava a cabeça tentando conectar aquelas cenas.
— Devo adivinhar o que você gostaria de me dizer agora? — ele perguntou deixando seus olhos fixos em mim, eu não respondi, minha boca seguia aberta, como ele tinha sido capaz de fazer aquilo comigo? Por quê? — Deixe-me te ajudar: Rei mimado, por que apagou as minhas memórias?
Apertei minhas mãos em punhos, balançando a cabeça. Então eu tinha razão.
— Melhor dizer que você tentou fazer isso, mas o que conseguiu foi embaralhar algumas coisas — falei suspirando enquanto tentava normalizar a respiração.
— Então eu consegui alguma coisa — ele deu de ombros — e espero que tenha esquecido as piores partes.
— Então por quê? — perguntei levando meus olhos para o teto da casa, queria ser capaz de não ver nenhuma luz naquele momento.
— Fiz porque estava preocupado — ele respondeu naturalmente — eu prefiro que você não lembre de tudo.
— Se você acha que é esse tipo de proteção que eu quero, está enganado. Não estou feliz com o que você fez.
— Ohime... — Khalil falou parecendo de repente se sentir culpado. No fim, eu nem precisava perguntar para saber que foi uma decisão de todos.
— Isso me assusta... — admiti por fim — não quero viver com medo de, de repente esquecer de algum de vocês de novo.
— Se você vai culpar o Imperador — Tales cruzou os braços — estamos todos igualmente satisfeitos por admitir que concordamos com isso.
— Vocês realmente aceitaram isso então? — perguntei com um nó na garganta.
— Sinto muito — Tales resmungou.
— Tales está certo — Zyon suspirou — eu sinto muito, olhos brilhantes.
— Pensamos muito nisso antes de decidir juntos — Khalil praticamente desabou — não quero que você tenha aquelas lembranças terríveis, Ohime e nem que saiba que... — ele tapou a boca.
— Que eu saiba o que? — perguntei olhando através da faixa para ele.
— O plano sempre foi restaurar a sua memória com o tempo — Syaoran tentou remediar.
— Não minta Syaoran, não cai bem com você — falei suspirando — me contem, o que eu não estou conseguindo lembrar ainda...
— Não — o Imperador falou, mas eu não tive raiva na hora.
— É isso? — olhei para ele — você não vai dizer mais nada?
— Vou dizer apenas uma coisa se você insiste tanto — ele falou firme — não vou me desculpar.
— O que você está dizendo? — Khalil falou apreensivo — do que adianta fazer isso se ela lembra mesmo assim?
— Ela não lembra de tudo — o Imperador seguiu — e você deveria saber desde o início que eu não me desculparia por isso. Esse é exatamente o tipo de homem que eu sou e se eu não me arrependo, não vou soltar meras palavras para deixá-la feliz.
— Majestade, por favor — Qiang ignorou a tentativa de Syaoran de detê-lo enquanto se levantou e saiu da sala.
— O que há com ele? — Khalil perguntou cruzando os braços.
— Minhas desculpas, senhorita Ohime — Syaoran falou suspirando. Até mesmo ele parecia triste — Sua Majestade é...
— Eu sei. Ele sabia como eu me sentiria com tudo isso no fim, mesmo sabendo disso, ele ainda escolheu "me proteger" apagando as minhas memórias. Sei que ele não fez com más intenções, mas não posso deixar de estar magoada com isso. Eu não quero que ele me proteja desse jeito... eu... droga... — me levantei com a voz cortada — por quanto tempo vocês me mantiveram desacordada?
— 4 meses daqui — Zyon respondeu baixo e novamente o nó na garganta surgiu.
— Por quê?
— O Imperador fez um acordo para que deixassem de te caçar, pelo menos dentro da jurisdição dele e do rei Kai, também resolveu algumas outras coisas que poderiam te prejudicar...
— Ele é um idiota... — falei com a voz cortada e me senti impossibilitada de não chorar — ele não deveria ter feito nada disso...
— Você o ama, não ama? — Zyon me perguntou — sempre amou, não é mesmo? Se o ama, perdoe-o... ele fez isso pensando no seu bem, mesmo que não concorde com isso. Ele te perdoou uma vez por essa mesma falha...
— Sim, eu o amo... — respondi, me levantei e abri uma fenda — peço desculpas, mas quero ficar um pouco sozinha.
— Para onde irá? — o Professor me perguntou baixo.
— Talvez me embebedar com as Kitsunes — respondi — por favor, não me sigam.
— Irá voltar? — Syaoran perguntou, talvez temesse pela resposta.
— Provavelmente sim — suspirei — mas prefiro não ficar aqui por enquanto.
— Não entre na jurisdição de Himura, Ohime, por favor — Zyon falou e eu acenei — e por favor, não desapareça de novo.
— Quem sabe... — sorri de maneira fraca e entrei pela fenda.
━━━━━━✧❂✧━━━━━━
Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: vários dias
Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): vários dias
Eu fiquei na porta de Ohime, não tinha forças para seguir para fora. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu teria que fazer isso, eu tinha que ajudar na reconstrução da capital. Ohime disse que faria isso, mas isso foi ante de saber que a mantivemos dormindo por meses.
Eu sabia que era errado, mas tinha medo, medo que ela não suportasse saber que tanta gente morreu novamente por causa dela, era uma dor que eu não queria que ela carregasse. Era mesquinho e era errado, mas eu não pediria desculpas por isso.
Quando ela saiu pela fenda, eu quis entrar de novo e segurá-la, mas ela estava magoada comigo e tinha razão de estar daquele jeito. Eu a amava e a machuquei. Ela não lembrava de tudo e eu esperava que as piores partes tivessem ficado para fora da memória dela, mesmo sabendo que ela poderia me odiar para sempre.
Voltei para o palácio, minha vida tinha que seguir. Os dias que se passaram foram cheios de trabalhos e preocupações. Meu tempo, já escasso anteriormente agora havia se convertido em uma completa falta de tempo.
Todos sabiam a verdade sobre mim e sobre o que eu era, mas ninguém parecia se importar e novamente aquilo era somente por eu ter alterado a memória de todos.
Uma bela noite eu tive um sonho estranho, mas não lembrava de tudo aos detalhes, mas sabia que havia sonhado com ela, quando acordei, havia café da manhã ao lado da minha cama e um papel pequeno escrito apenas "para o Rei Mimado".
Quando a porta se abriu, eu olhei com expectativa, queria que fosse ela, mas não era, e nem por isso meu assombro poderia ser maior.
— Ah-Kum? — a voz entalou na minha garganta.
— Majestade, o senhor ainda está na cama? — ela perguntou como se me desse uma bronca — desse jeito irá se atrasar de novo!
— Ah-kum... como? — eu estava confuso, realmente muito confuso — como você está aqui?
— Majestade, o senhor está bem? — a luz de Ah-kum se contraiu em uma preocupação palpável.
— Como, como você está aqui? — perguntei de novo.
— Majestade, o senhor não lembra? — ela perguntou confusa — faz dias que estou de volta.
— Dias? — me assustei inicialmente e então olhei para o lado de novo.
— Ohime esteve aqui? — perguntei me sentindo ansioso e feliz ao mesmo tempo.
— Sim, senhor — Ah-kum respondeu ainda estranhando a minha reação — ela que rompeu o selo.
— E quem ficou no seu lugar? — perguntei tentando não tremer.
— O visconde — Syaoran entrou sem muita cerimônia — estamos atrasados majestade.
— Onde está a Ohime? — perguntei, mas eu já sabia a resposta.
— Após liberar Ah-Kum, ela ficou alguns dias com o senhor, estava aqui até ontem, mas aparentemente ela sumiu de novo.
— De novo? — perguntei estranhando.
Syaoran suspirou audivelmente.
— Quantas vezes ela já fez isso? — perguntei sem saber muito bem o que sentir.
— Duas — ele respondeu — na primeira vez ela veio apenas estudar a situação real do seu ruah, parece que ela andou estudando sobre o ruah divino e imperativo. Fez algumas perguntas sobre o que aconteceu durante o cativeiro dela, mas não se demonstrou afetada em situação alguma, apenas fez algumas anotações e sumiu de novo. Quando voltou essa última vez, já voltou sabendo exatamente o que fazer. O processo durou em torno de uma semana, para que nada saísse de fato errado.
— Ela... ela sabe? — perguntei o que eu tanto queria saber.
— Ela sabe de tudo — Syaoran falou com a sua voz fria — ela sempre descobre o que quer. Ontem ela te agradeceu, disse que entendia o que o senhor havia feito por ela e disse que não guardava rancor. Os dois vieram até o quarto e agora estamos aqui conversando e vejo que ela fez o mesmo do que a primeira vez.
Me joguei de volta na cama. Ohime havia estado comigo e eu não lembrava e eu só podia culpar a mim mesmo. Haviam dito que ela era rancorosa, mas segundo Syaoran ela havia me dito que não me culpava. Eu sinceramente não sabia mais o que pensar.
Dias se passaram e eu tentei encontrá-la. Qualquer sinal dela, mas ela havia mentido até mesmo para Zyon e para o Professor. Às vezes eu escutava alguém dizendo sobre uma moça de vendas nos olhos que ajudou em determinados lugares. Às vezes eu chegava em determinada cidade e me recebiam dizendo que a minha representante já havia passado por ali com as medicações e alimentos necessários.
Eu estava sempre no rastro dela, mas nunca a alcançava... era como se ela fosse apenas mais um dos deuses... muito tempo se passou e eu precisei me dar por vencido... Ohime havia vencido.
━━━━━━✧❂✧━━━━━━
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro