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☾✧ ━━ Tenho medo de saber a verdade, temo não ser forte o suficiente para enfrentar essa cruel realidade (Qiang Huang) ━━✧☽
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Yi, 11 Pí Ting de 1503 do novo reinado Qiang (inverno)
Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): Quinta, 26 de fevereiro de 2015 (verão)
Controlei novamente a respiração, todos já haviam chegado e o silêncio havia tomado conta do lugar e assim ficamos até um pequeno portal se abrir no ar nos mostrando Apollyon e uma outra pessoa.
Olhei com curiosidade para a pessoa que o acompanhava, sua luz era extremamente distinta, diferente de todas as outras que eu já havia visto, era como se houvesse duas pessoas em apenas uma, ela tinha dois ruahs distintos em seu corpo.
— Ah — sua voz saiu animada — eu nem acredito que realmente estou aqui.
Ela se aproximou de maneira silenciosa, mas extremamente rápida.
— Caramba! — seu rosto se aproximou tanto do meu que precisei recuar alguns centímetros — é você mesmo! Nem acredito que estou vendo o Imperador milenar de verdade. E quem diria que os boatos eram verdadeiros, o senhor é extremamente lindo. Ah, perdão — ela se afastou um pouco e fez uma reverência — eu sinto muito, é que estou realmente emocionada com isso.
— Ceci — Apollyon a chamou — o que você acha?
— É terrivelmente fascinante e irei ajudá-lo — ela falou animada — mas lembre-se, temos um acordo.
— Sim, sim — ele suspirou — falarei para o Ükhel que perdi seu rastro, mas saiba que mais cedo ou mais tarde terá que voltar para casa.
— Vou esperar que seja muito, mas muito mais tarde mesmo — ela deu de ombros.
— Ceci Dunkhel? — Tales falou admirado e de repente todos os olhares se viraram para ela — uma ceifeira de uma das três famílias mais importantes de Himura?
— Muito prazer — ela se virou animada para ele — mas irei agradecer se não voltar a repetir isso.
— Senhorita Dunkhel — o Professor a cumprimentou — é um imenso prazer revê-la.
— Ah.... olá, garota problema — Zyon riu — soube que tinha desaparecido, pensei que não a veria de novo. Ohime certamente te ensinou muito bem como apagar o próprio rastro.
— Professor, Príncipe — ela se virou para eles — como vocês têm passado?
— Bem — Zyon deu de ombros — acho que poderíamos estar melhor.
— Então é verdade, não é? — ela de repente desanimou — realmente a alcançaram?
— Sim, apesar de não ter sido obra das divindades necessariamente — Tales falou.
— Um nefilim defendendo as divindades, a realidade sem dúvidas ficou louca — ela deu de ombros — vamos lá... faz tempo que eu não sei o que é estar em ação... tenho que admitir que demorei para aceitar, mas agora que estou aqui, estou até animada.
Animada? Com uma guerra? De onde esses seres surgiam no fim das contas? Por mais que eu não quisesse admitir, a animação dela pareceu afetar todos da sala, via por cada luz ali que todos passaram a ter uma nova determinação.
— Podemos começar com isso? — falei por fim e quando eu falei, novamente Ceci se virou para mim.
— Caramba — ela sorriu — até a voz dele é linda.
— Pensei que estava namorando, Ceci — Apollyon falou de maneira cínica.
— Eu estou noiva e nem por isso preciso deixar de admirar um belo homem — ela deu de ombros — ceifeiros são um pé no saco, não servem nem para admirar um belo ser.
Syaoran pigarreou, claramente para chamar atenção deles de novo, o que fez todos se calarem rapidamente.
— Acredito que vocês não escutaram o Imperador — ele falou de maneira séria e como se fossem simples crianças, todos se sentaram em silêncio.
Eu mal sabia por onde começar. Mal sabia o que deveríamos fazer, todos trabalhavam incansavelmente e Khalil seguia preso em uma prisão de gelo, completamente descontrolado, sem reconhecer ninguém, mas não tínhamos nada novo com o que trabalhar e isso me frustrava.
— Como vai a evacuação? — perguntei apesar de saber.
— O último comboio saiu hoje — Syaoran respondeu — já não há mais ninguém na capital, ou assim esperamos. O exército está fazendo uma última checagem em tudo.
— Ótimo — suspirei aliviado — Apollyon, conseguem mesmo nos colocar nessa redoma protetora?
— Sem dúvidas — ele falou tranquilamente — Ceci é a melhor protetora que eu conheço e sem dúvidas consegue conter tanto o seu poder como o da Rainha.
— Peço perdão pela sinceridade, mas quem irá proteger quem está do lado de dentro? Não se supõe que eu tenha que manter a redoma e ainda proteger quem está para dentro, certo?
— Não — Apollyon respondeu — eu e a divindade Ari iremos fazer isso.
— Não sabia que havia divindades aqui — ela suspirou parecendo desanimar de novo.
— Apenas ele, e não se preocupe, ele é de confiança — Apollyon a acalmou.
— É bom que seja mesmo — ela falou afiada — porque senão, faço questão de mostrar para todos o como um ceifeiro morre — ela suspirou antes de voltar a falar — Muito bem, a ideia é manter a redoma e conter todo o poder de vocês para o lado de dentro, certo? Para que ninguém que esteja de fora seja afetado, é isso?
— Isso mesmo — respondi sinceramente.
— De quanto poder estamos falando aqui? — ela perguntou — Porque tenho a sensação de que o Apollyon não mencionou que eu sou prisioneira. Não consigo liberar todo o meu ruah mesmo para barreiras protetoras.
Ela levantou os dois pulsos e de fato havia algo estranho circulando os pulsos da moça, como se desse círculo saíssem diversas raízes negras que praticamente cravavam em seu ruah, uma cena que parecia sem dúvidas dolorosa.
— O quanto você aguenta? — perguntei olhando para ela.
— Não sei, umas 5 vezes o meu nível atual no máximo.
— E qual é o seu nível atual? — perguntei, a resposta dela era terrivelmente vaga.
— Acho que seria interessante fazer um teste — o Professor deu a ideia — ou seja, o Imperador libera o ruah e a Ceci tenta manter ele dentro dessa sala, enquanto o Apollyon tenta proteger quem está aqui.
— Eu acho uma boa ideia — Syaoran respondeu com a voz moderada de sempre — não podemos ir para uma batalha somente no achismo. Temos que ter vantagens.
— Professor e Zyon, vocês aguentam o ruah do Imperador? — Ceci perguntou olhando para eles.
— Ceci — Apollyon a chamou — eu mal aguentei quando o libertaram, vamos apenas dispensar essa pergunta.
— Você só pode estar brincando — sua voz saiu extremamente surpresa — como um ceifeiro não aguentou o ruah de outro ser? E como se supõe que eu vou conseguir manter essa quantidade de poder para dentro?
— Eu disse quase — ele a corrigiu — e sim, fiquei surpreso também.
— Tudo bem — ela respirou fundo — acho que teremos que ter certeza de o quanto aguentamos com as barreiras. Preparado ceifeiro burro?
— Apenas se você estiver papa anjos — ele se levantou e ela riu.
— Quanta maldade velhote, ele nem é tão mais novo que eu — ela se levantou — agora é com você majestade. Tenho que admitir que estou apreensiva e ansiosa para sentir o seu ruah.
E então, como se eu liberasse aos poucos um rio que havia tido seu trajeto interrompido, eu fui soltando meu ruah. A sensação de liberdade era extremamente prazerosa e conseguia entender a idolatria que Ohime sentia pela Rainha Carmesim. Pensar nela me fez estremecer, eu tentava não imaginar o que ela estaria passando, mas as vezes era difícil. Eu sabia que não importaria o preço, eu iria salvá-la. Poucos segundos se passaram quando as luzes da moça chamada Ceci e de Apollyon começassem a se agitar, mas eles não pediram para que eu parasse até que eu cheguei no que eu julgava ser metade do que eu poderia soltar.
— Isso não será fácil — Zyon praticamente se jogou no chão e esticou o corpo. Parecia que ele tinha corrido uma maratona — eu tinha esquecido como era sentir a força do ruah dele. É horrível.
— Tudo bem, teremos uma área maior, o que significa que o senhor poderá liberar um pouco mais do que isso em uma luta — Ceci falou com a voz cansada — mas vocês terão que bolar um bom plano, porque se você precisar liberar mais do que isso, sem dúvidas eles não vão aguentar mesmo com uma barreira.
Eu tinha muitas dúvidas, estava mais do que claro. Apesar de obviamente saber algumas coisas, muitas outras que estavam acontecendo eram novas para mim e o melhor momento para perguntar era sem dúvidas aquele, mas antes que de fato eu abrisse a boca para perguntar, a porta se abriu em um estrondo.
Ari apareceu ferido, cansado e com uma mulher que não era Ohime. Suspirei frustrado, mas eu não podia culpá-lo. O que precisávamos no momento eram as informações que eu esperava que ele tivesse conseguido.
— Por que a moça está toda cortada? — Apollyon perguntou, certamente ele não sabia nada do nosso inimigo ainda e era normal que ele não entendesse.
Todos se aproximaram sem respeitar o espaço entre eles, preferi ficar no lugar, An Shang estava desacordada e Ari não parecia em condições de responder muitas coisas naquele momento. Me perdi em pensamentos, até que fui tirado da minha concentração pela gargalhada inesperada do Professor, uma reação inapropriada de uma pessoa impensável e em um momento nada confortável para aquilo. Assim que Zyon se aproximou e começou a rir também, eu precisei me levantar.
— Eu juro que nunca tinha visto isso na testa de uma mulher antes — Ceci falou parecendo surpresa — Prefiro nem saber o que ela fez e nem contra quem, se eu souber, serei obrigada a matar mais alguém.
— Eu sabia — Zyon quase se contorceu enquanto segurava a barriga de tanto rir — Ohime é muito rancorosa. Ela sem dúvidas não perdeu esse senso terrível de humor.
— Se importam de explicar? — Syaoran se colocou ao meu lado — O que vocês estão dizendo é que todas essas marcas no corpo da senhorita An Shang foi obra da Ohime?
Tirei a faixa, o que exatamente Ohime tinha feito? Quando olhei An Shang desacordada ainda no colo de Ari, vi um símbolo estranho desenhado com uma faca na testa da moça, além de outros símbolos pelos braços e mãos.
— Foi a Ohime que fez isso? — perguntei sem olhar para ninguém em particular.
— Exatamente — o Professor deu de ombros deixando de rir — foi muito bem-merecido e ainda nos deixou uma boa mensagem. Ta vendo esse símbolo na testa dela? É o símbolo que o rei Kai usa na testa de predadores sexuais. Kai e Lissa matam todos, mas sempre deixam eles marcados com isso para que todos saibam por qual crime eles estão sendo condenados. Aqui — ele apontou para um outro pequeno símbolo ao lado — indica apenas se a vítima era um ser vulnerável ou não.
Forcei o maxilar, não é que eu esperasse que An Shang não pagasse por seu ato, mas me incomodava o fato de Ohime seguir pensando naquilo.
— Ela mereceu — Zyon deu de ombros — deveria aprender que existem certas coisas que é crime em qualquer universo que estamos e esse é um deles.
—Sou palhaço e trapezista. Sou ginasta e acrobata. Sou tudo e não sou nada, tudo vejo e nada sinto — Apollyon leu em voz alta um dos braços e depois leu o outro lado — Na mente existe uma chave, um universo de possibilidades. Voe corvo através da imaginação, conte-me mais histórias para que eu vislumbre a liberdade.
— Já temos nossa resposta — falei calmamente.
— Que resposta temos? Eu estou confusa — Ceci perguntou encostando em qualquer canto.
— Ficar tanto tempo fora de combate te deixou enferrujada Ceci — o professor deu de ombros — mas tenho que admitir que está parecendo muito melhor agora que antes.
—"Sou palhaço e trapezista. Sou ginasta e acrobata". Eles estão em um circo — expliquei — O circo da cidade fica em uma parte isolada, obviamente deve estar parecendo abandonado agora. Khalil sempre chamava Ohime para ir ao circo e uma vez ele me chamou dizendo que se eu fosse, ela iria também. "Sou tudo e não sou nada, tudo vejo e nada sinto", está explicando que algo a está impossibilitando de fugir dali. "Na mente existe uma chave, um universo de possibilidades. Voe corvo através da imaginação", claramente está pedindo para o Zyon invadir a cabeça da senhorita An Shang, talvez até mesmo de Ari. "conte-me mais histórias para que eu vislumbre a liberdade", a última vez que o professor contou uma história para a Ohime foi quando ele contou a história dela e todos vimos, acredito que é o mesmo pedido, para que todos vejam e assim poderemos bolar um plano para ir ao encontro dela. E então Ari, até onde isso tudo faz sentido?
— Eles estão realmente em um circo não muito longe daqui, há uma passagem subterrânea onde ela está sendo mantida presa. Era onde a senhorita aqui estava também. Ela está fraca e tem algo errado com ela — ele se explicou, sua voz estava quase apagada — a Rainha não está com ela.
Eu gelei com a informação.
— Como assim não está com ela? — Syaoran perguntou ao meu lado — não se supõe que ela tenha morrido, se fosse assim Ohime teria morrido junto.
— Eu não sei, mas Ohime está muito fraca... ela... — ele parou de falar, talvez tenha notado a raiva que começava a borbulhar dentro de mim.
— Termine de falar — ordenei.
— Ela está pregada em uma parede — ele soltou — não parece ter forças nem para levantar a cabeça. Se a Rainha estivesse com ela, ela com certeza não estaria nessa situação. Até eu conseguiria sair dali e não sou nem de longe forte como Ohime.
— E por que não a trouxe? — respirei fundo ao perguntar — se estava tão fácil tirá-la dali, por que não a trouxe de volta?
— Ela disse para que eu não encostasse nela — ele se explicou — disse que havia uma armadilha ali. Disse que se eu encostasse, também perderia o meu dom. Ela parecia estar drogada e antes que eu pudesse bolar qualquer outro plano, ela me mandou me esconder e fugir com a moça e um outro homem na primeira oportunidade. Ela parece estar sendo mantida dopada.
— Então, talvez a Rainha não esteja conseguindo sair também? — Tales perguntou — Talvez seja isso que esteja mantendo a Rainha longe.
— É possível — ele respondeu.
— E onde está esse suposto homem que você trouxe junto? — perguntei.
— Fiz exatamente o que ela pediu — ele encolheu os ombros e depois tentou ocultar um estremecimento — eu jamais teria feito isso com outra pessoa por vontade própria. Assim como ela pediu, fiz o mesmo símbolo que está na testa dessa moça na dele... e ....
— Posso adivinhar? — Zyon o interrompeu e eu suspirei, péssimo momento para adivinhações, mesmo assim ele não esperou ninguém responder — depois que você fez o símbolo, ela pediu para você o pendurar sem roupa em um lugar alto para que todos vissem, não é? Foi nesse processo que você ganhou esses cortes no rosto, certo?
— Sim — ele respondeu baixo.
— De repente eu me lembrei do motivo de nunca ter mexido com a Ohime — o Professor suspirou, mas riu depois — eu acho que não estou a fim de ver o visconde sem roupas pendurado em algum lugar. Vou deixar isso para outra pessoa.
Era um pouco bárbaro, não podia negar, mas sorri ao imaginar Ohime pedindo um absurdo desse para outra pessoa. Talvez muitos tivessem razão, Ohime era boa, mas não a ponto de esquecer as ofensas.
— Zyon, consegue fazer isso com An Shang desacordada? — perguntei querendo agilizar aquilo, eu deixaria o visconde sofrer pendurado em algum lugar por um pouco mais de tempo.
— Consigo — ele respondeu — só a deixem em um lugar confortável.
— Antes de fazermos isso — Ari me parou antes que eu saísse do salão para buscar alguma cama qualquer vazia — Ela não me pediu para falar isso, mas... todos irão vê-la?
— Sim — respondi — essa é a ideia. Por quê?
— É que... — ele pareceu novamente hesitante em responder.
— Que droga — resmunguei — será que você pode começar a responder sem hesitar tanto? Preciso saber das coisas e não temos exatamente muito tempo a nossa disposição.
— Ela está completamente nua, senhor — ele falou olhando para o lado, para o tanto de homens que havia ali presente e então eu travei.
Obviamente que eu não queria que a vissem naquelas condições, mas o que me pesou mais não foi o ciúme que eu poderia sentir, ou imaginar a humilhação que ela poderia sentir ao saber que todos a viriam naquela situação, o que realmente me pesou foi... se ela estava daquele jeito, então... muito possivelmente haviam feito muito mais do que só machucarem-na fisicamente.
Meu estômago embrulhou instantaneamente. Para onde estava indo todo o autocontrole que eu tive a vida inteira? Para onde as minhas decisões frias e calculadas estavam indo?
— Talvez — Zyon me tirou de qualquer pensamento que eu estivesse começando a ter — o senhor pode me espelhar, somente você irá ver. O Ari também no caso, mas é algo que ele já viu. Prefiro não expor Ohime a uma cena humilhante também e apesar das brincadeiras que eu já fiz, a respeito como uma irmã, confio que o senhor será discreto com o que vir.
Ninguém questionou e eu não respondi, apenas seguimos andando para um quarto qualquer.
Todos se encostaram nos cantos.
— Ceci, deixaremos isso com eles — Apollyon falou a chamando de canto — faz quanto tempo que você não induz a cabeça de alguém?
— Verdade — Ari olhou para nós — ela pode tentar trazer o amigo de vocês de volta a razão.
— É só fazer isso? Ele se descontrolou? — ela perguntou.
— É um espírito do fogo — Apollyon respondeu – está com dificuldades de voltar ao estado normal aparentemente. O que ajudava ele era um selo que a Ohime colocava.
— Entendi — ela respondeu — os selos são mais efetivos, mas posso ver o que eu consigo. Induzir alguém a acreditar no que falamos as vezes pode ser complicado, mas não é impossível.
— Ótimo, então vamos até lá enquanto eles resolvem essa parte daqui — ele a puxou e sumiram rapidamente do nosso campo de visão.
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