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Personagens introduzidos neste capítulo:
☾✧ ━━ CECI DUNKHEL (CEIFEIRO) ━━✧☽
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☾✧ ━━ Na penumbra do destino, espreita uma terrível profecia, como uma sombra que aguarda pacientemente seu momento e nessa hora 4 seres surgirão para salvar os universos, entre eles, 2 ruahs divinos guiarão a vida de todos rumo a salvação. Eu conhecia essa profecia e não podia fechar os olhos naquele momento... eu teria que ajudar (Ceci Dunkhel) ━━✧☽
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Quando voltei a mim, puxei o ar com força, meus pulmões doíam apesar de eu continuar sentado. Passei os olhos nas luzes ao meu redor e me assustei ao notar que a maioria estava simplesmente caída, com barreiras protetoras que tanto Apollyon como Ari faziam. Ari havia sido obrigado a levantar barreiras para ele mesmo no processo. Até mesmo Zyon e o Professor Yakumo pareciam segurar um sufocamento invisível.
— Hi No Tsuki, se oculte, por favor — murmurei e rapidamente o peso que parecia esmagar todos, sumiu.
— A sacerdotisa precisou se retirar às pressas ao romper o seu selo — Zyon falou com a voz extremamente cansada — voltou para o seu universo. Apollyon manteve a barreira ao redor do cômodo e Ari levantou barreira para nós, mas seria sábio verificar como estão os outros seres para fora daqui.
Eu não falei nada, eu nem sabia o que falar para ser sincero.
— Ah — Tales se virou deixando a barriga para cima, mas não se levantou — por favor, me deixem dormir. Eu tinha esquecido o como é assustador o ruah do Imperador.
— Majestade? — a voz de Apollyon retumbou no recipiente enquanto eu me levantava — o senhor tem um dom extremamente raro. Conheço apenas um outro ser com o ruah de origem divina. Se lutar liberando todo o seu ruah, irá matar a todos.
— Então, não posso usar o meu dom? — perguntei sentindo um leve desconforto, era uma decepção terrível, e pela primeira vez, pude entender Ohime.
— Irei ajudar — ele respondeu — não posso participar dessa guerra de maneira direta, mas posso colocá-los sob uma redoma.
— Se eu libertar a Rainha Carmesim, você pode proteger o meu povo mesmo assim?
— Você e ela juntos? Precisarei de ajuda, mas sei exatamente para quem pedir isso.
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Yi, 11 Pí Ting de 1503 do novo reinado Qiang (inverno)
Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): Quinta, 26 de fevereiro de 2015 (verão)
Já fazia um tempo desde que Ari havia partido para encontrar Ohime, eu estava ansioso, mas meu trabalho sem dúvidas não podia parar. Toda vez que pedia para alguém fazer alguma coisa simples, eu precisava segurar o aperto que eu sentia por me lembrar de Ah-Kum, mas precisava ocultar e abafar rapidamente o que eu estava sentindo.
Eu não havia dormido nada durante a noite e meu corpo estava começando a cobrar, mesmo assim eu não cederia, não era hora de ceder a isso.
Tudo parecia ir tecnicamente bem, os feridos e sobreviventes estavam sendo retirados de maneira rápida para lugares próximos a capital, ninguém deveria ficar ali, ninguém poderia ficar ali de nenhuma maneira, quem ficasse, sem dúvidas morreria e diferente da primeira vez, eu não dei a opção para nenhum deles.
— Majestade? — o menino que eu salvei dos escombros correu na minha direção e se reverenciou — tem uma criança te procurando. Disse que se chama Húlí.
Senti o ar preso de novo no pulmão, o que o Húlí estava fazendo ali?
— Aonde ele está? — perguntei ao menino.
— Vem, eu irei te levar até ele — o menino pegou na minha mão, sem o medo característico de muitos adultos de manterem qualquer contato físico comigo e me puxou.
— Húlí — praticamente berrei quando vi a pequena Kitsune espiando em uma outra porta — o que está fazendo aqui?
Ele não pareceu se imutar com a minha raiva e parecia inclusive sorrir.
— Eu vim ajudar — ele falou animado.
— Eu não pedi e nem quero a sua ajuda, volte para a aldeia agora! — falei ainda mais alto.
Ele parou o que estava fazendo, como se estivesse pensando e de repente sua luz mudou.
— Não — ele respondeu. Húlí estava me desobedecendo pela primeira vez, e tinha escolhido o pior momento para se mostrar rebelde.
— Húlí — controlei a voz — eu sou seu Imperador e estou te ordenando que volte para a aldeia.
— Com todo respeito, mestre — ele falou com a voz controlada também — eu vim aqui por vontade própria e sem autorização do líder da aldeia, resumindo, eu fugi. Sou órfão e soube que irá mandar as crianças para abrigos fora da Capital. Não partilho dos ideais das Kitsunes e não tenho nada contra os seres humanos, portanto quero ajudar. Irei para o abrigo dos órfãos e ajudarei a manter o lugar e a alimentação deles até que o problema aqui se resolva. Quero ir com o exército de resgate para cuidar dos vulneráveis.
Olhei detidamente para ele, ele parecia extremamente mudado, parecia ter crescido em pouquíssimo tempo e aquilo de certa maneira me deixou orgulhoso, mas também preocupado.
— Por que quer tanto ajudar? — perguntei, mas eu já sabia a resposta, ele havia me falado seu sonho diversas vezes, mas nunca havia se havia mostrado tão prestativo.
— Quero fazer parte do seu exército e não poderei fazer isso enquanto estou sentado vendo o senhor passar por uma crise tão grande. Quero ajudar o meu país e o meu Imperador.
— Quantos anos você tem agora? — perguntei me abaixando pouca coisa.
— 11, senhor — ele respondeu.
— Você ainda é uma criança — falei suspirando — iria preferir que fosse para casa.
— Sou criança e não posso fazer trabalhos de adultos — ele falou firme — mas preciso começar de algum lugar e se não pode me passar um trabalho que um adulto faria, me passe um trabalho que uma criança possa fazer, mesmo que seja apenas para limpar as latrinas. Apenas me deixa ser útil para o senhor.
— Você sem dúvidas é um bom garoto — coloquei a mão na sua cabeça — e será um ótimo soldado algum dia. Muito bem, eu aceito a sua ajuda.
Sua luz se alargou mostrando o tamanho da sua felicidade por minha afirmativa.
— O que devo fazer, mestre? — ele perguntou já não tão firme quanto antes, deixando toda a sua felicidade infantil transparecer na sua voz.
— Está vendo aquele menino que te trouxe, chame-o aqui. Irei passar uma tarefa para os dois.
Húlí sem pensar duas vezes foi e voltou rapidamente. O garoto que estava ao lado dele, era filho do Marquês Qiánshui, irmão da jovem que havia se casado com o visconde Zaki. Tanto a jovem como o visconde estavam desaparecidos, deixando-o como o único nobre sobrevivente de sua família.
— Jovem senhor Qiánshui — o chamei — eu disse que não iria abandoná-los, mas temo que não poderá ficar aqui por algum tempo. Não poderei deixá-lo próximo, mas isso não significa que te abandonarei.
— Mas, Majestade... — sua voz saiu tremida e eu o interrompi com a mão.
— O senhor agora é chefe da família Qiánshui e precisará tomar frente das decisões da sua família — falei mantendo a voz firme.
— Eu sou? — ele pareceu confuso um tempo.
— Sim — respondi, eu não estava mentindo — o senhor agora é o jovem Marquês Qiánshui e preciso que me ajude.
Eu sabia, vi sua luz se revirar de uma maneira orgulhosa. Ele havia sido criado para isso, era o sucessor direto de sua família e conhecendo o pai orgulhoso que ele tinha, eu tinha certeza de que o filho iria se orgulhar de ter conseguido chegar a esse posto com a minha permissão. O único que teria que fazer era impedi-lo de ficar codicioso e preconceituoso como pai dele.
— Como seu Imperador, o senhor e o jovem Húlí ficarão à frente das crianças órfãs. Preciso que passem informes sobre todas as necessidades delas. Irei falar com algum soldado da equipe de resgate informando a minha decisão. Lidar com crianças que perderam seus entes queridos não é uma tarefa fácil e vocês terão que aprender a lidar com isso. Conseguem fazer isso?
— Sim, senhor — os dois responderam em uníssono.
— Muito bem, irão partir ainda hoje, se preparem. Dentro de duas horas irão com o comboio que levará as crianças. Antes de partirem, venham ao meu encontro para que levem a carta com as minhas ordens e as minhas instruções para que vocês possam apresentar na unidade do exército responsável.
O trabalho que eu havia dado para eles não era difícil, mas era essencial. Precisava apenas de alguém que não deixasse nada faltar. O exército estava habituado a lidar com esse tipo de situação por conta dos lugares que invadimos e conquistamos de tempos em tempos. Eles saberiam lidar com duas crianças que não só queriam, como também necessitavam ajudar de alguma maneira para esquecerem as próprias penas.
Após eu entregar a carta para um soldado com as minhas especificações para os dois jovens, o dia pareceu se arrastar. A noite nos reuniríamos mais uma vez no salão. Apollyon havia dito que levaria uma outra pessoa para ajudar e eu tinha esperanças de que Ari chegasse em algum dado momento para que pudéssemos planejar o nosso próximo passo.
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Universo: Homines (Quadrante 16)
Planeta: Terra
País: Estados Unidos
Data local: Quarta, 25 de fevereiro de 2015 (inverno)
Data Universo Faaliye: Rì, 10 Pí Ting de 1503 do novo reinado Qiang (inverno)
Ceci olhava para a tela do computador, concentrada no trabalho que teria que entregar no fim do mês quando escutou uma voz grossa atrás de si, fazendo-a dar um pequeno salto pelo susto.
— Apollyon, que inferno — ela falou colocando a mão no coração — será que poderia fingir só de vez em quando que é alguém normal e vir pela porta da frente?
— Ceci — Apollyon fez uma pequena reverência que enjoou a mulher a sua frente.
— Eu não vou embora, já falei isso milhões de vezes — ela esbravejou — fale para o Ükhel que eu volto a fugir se continuar mandando seus subordinados até aqui. Ou mande-o para a merda, o que é mais viável no momento.
— Não vim em nome dele — ele falou cruzando os braços — mas sem dúvidas me pouparia um bom problema se você crescesse e assumisse logo sua posição.
— Eu sou o que eu quiser e farei o que eu quiser. Não vou me submeter a caprichos de seres que me detestam — ela reclamou de novo — o que você quer? Tenho coisas para fazer e pouco tempo para fazer tudo, além disso, hoje eu vou sair e não quero me atrasar.
— Preciso da sua ajuda — ele falou sem rodeios.
— Não — ela recusou de maneira categórica — agora que já sabe, some daqui.
— Você nem ouviu o que eu quero pedir — ele suspirou.
— E mesmo que eu escute a resposta seguirá sendo não. Acha que sou idiota? — ela cruzou os braços — acha que eu não sei que vai me pedir qualquer favor absurdo que me faça voltar para Himura? Ali vai ser mais fácil me manter vigiada, não é? Olha só isso — ela mostrou de maneira furiosa duas pulseiras que pareciam feita de coro — já sou muito mais do que uma prisioneira daquela merda, então nem tente vir com pedidos enganosos.
Apollyon suspirou, ele entendia a moça muito mais do que gostaria.
— Não quero que vá para Himura — ele falou baixo — e não tenho nem autorização para fazer o que eu vou te pedir. Quero ajuda para salvar algumas pessoas do planeta Azuma, no universo Faaliye. Preciso da sua ajuda, mas ninguém pode saber disso.
Ceci abriu a boca momentaneamente, como se tentasse digerir o que Apollyon estava pedindo.
— O reino do Imperador Qiang Huang? — o assombro da jovem era terrivelmente grande — ele está com problemas?
— O planeta irá colapsar, sem dúvidas — Apollyon deu de ombros — acho que chega a ser um pouco pior do que um pequeno problema.
— E por que eu ajudaria um Imperador que eu não conheço e nem é meu superior? — ela falou tentando esconder o assombro.
— Eu entendo — Apollyon deu um sorriso sem graça — é assustador pensar que até ele pode ter problemas, não é?
Sem dúvidas era, e Ceci sabia disso. Qiang era conhecido em diversos universos como o Imperador mais justo e mais equilibrado que existia. Era o exemplo em diversos lugares, além disso, era um Hansha, uma espécie extremamente rara e poderosa que nasceu através de uma maldição.
— Isso está fora da jurisdição de Himura, se eu sair, Ükhel irá saber no mesmo momento. Ele irá atrás de mim, você sabe disso — ela cruzou os braços irritada.
— Eu prometo cuidar disso — Apollyon se prontificou quebrando ainda mais a barreira de Ceci. Apollyon podia ser conhecido por se meter em confusão, mas era extremamente leal a Ükhel, todos sabiam disso, e se ele estava agindo por debaixo dos panos, então aquela situação era mais grave do que ela poderia chegar a imaginar.
— Por que você quer ajudá-lo? O que você vai ganhar com isso? E nem tente me enrolar dizendo que não é nada, que você não arriscaria seu pescoço só por ser voluntarioso. Consegue notar o quanto é ridículo um ceifeiro me pedindo para salvar vidas?
— A Rainha Carmesim foi capturada — ele soltou e o estômago de Ceci se revirou.
— Mentira — ela falou sabendo que ele falava a verdade, mas querendo se enganar ao escutar a notícia. Ohime a tinha ensinado muito, e somente por conta disso Ceci conseguia se manter o mais longe possível de Himura por tanto tempo. Como ela, que era a melhor no que fazia, podia ter sido pega? — ela fugiu por mais de um milênio, ela não seria capturada com tanta facilidade.
— Verdade — Apollyon balançou a cabeça positivamente — vou reformular a minha frase, ela se entregou porque não conseguiam achar uma saída melhor para vencer o inimigo deles.
— Eu não tenho nada a ver com isso, Apollyon — ela falou se encostando, mas sua voz saiu baixa — Droga, por que quer me colocar em problemas? O Ükhel já não tem um grande apreço por mim, imagina se ele souber que eu fui para um mundo ajudar uma foragida em uma guerra que nem me diz respeito?
— O Ükhel te ama e você deveria saber — Apollyon defendeu seu superior fazendo Ceci revirar os olhos — Tudo bem, o ruah do Imperador estava selado, você sabia disso?
— Não — era realmente uma informação nova, e apesar de Ceci se sentir inclinada a ajudar, e por mais impactantes que fossem as notícias, ela sem dúvidas preferia manter a própria segurança — e o que tem isso?
— Eu estava lá quando o ruah dele foi liberado — Apollyon se remexeu ansioso e Ceci não deixou isso passar desapercebido.
— Que droga Apollyon — ela perdeu a paciência — fala tudo de uma vez para que eu possa negar de novo e te mandar embora.
— Tranquila como sempre, não é? — ele riu — o ruah dele é um ruah divino, um ruah imperador... só conhecemos um outro ser com um ruah assim, não é mesmo?
Ceci ao escutar isso voltou a se sentar de maneira automática e engoliu em seco.
— Acho que você entende o que eu vou ganhar ou deixar de ganhar ao ajudar, então voltarei a pedir, por favor, ajude.
— Se eu não soubesse que você é incapaz de mentir, eu juro que não acreditaria — ela suspirou — eu irei ajudar, só me deixe resolver algumas coisas antes.
Ele acenou com a cabeça e ela sem demora pegou o celular e chamou alguém.
— Oi, amor — ela falou ansiosa — olha, acho que não poderei ir hoje. Meu primo me chamou, disse que está com problemas. Irei vê-lo...
— ...
— Não se preocupe, eu te chamo assim que eu voltar, não pretendo demorar — ela respondeu.
— ...
— Ah, que isso, não precisa se preocupar, pode ficar por aí e se divertir, mas posso passar aí só para te dar um tchau?
— ...
— Ta bom, então daqui a pouco eu estou por aí.
Ela desligou o telefone e suspirou, ela detestava esconder coisas do noivo, mas sua vida no fim era um sem-fim de mentiras.
— Que bonitinho — Apollyon falou de maneira um pouco cínica — mas tinha mesmo que dizer que ia até lá se despedir?
— Óbvio — ela revirou os olhos — falta inteligência aí dentro, né? Típico do Ükhel treinar seus soldados fisicamente e manter todos eles burros. Se eu não fizesse isso, ele iria se preocupar e iria querer ir atrás de mim, ou então iria desconfiar... estou com ele há anos, não se supõe que você saiba o que é ter algum tipo de relacionamento, não é mesmo?
— Não se supõe que precisamos dessas coisas — Apollyon deu de ombros.
— Vou adorar estar perto quando você pague a língua.
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