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Personagens introduzidos neste capítulo:

☾✧ ━━ YUGO (HUMANO) (KITSUNES E MALPHAS) ━✧☽

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☾✧ ━━ A dor de perder alguém é como um vazio que se instala no coração, uma ausência que ecoa silenciosamente em cada lembrança e em cada lugar onde sua presença costumava brilhar (Qiang Huang) ━━✧☽

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Após deixar o resto do resgate com os militares, me dirigi para uma das salas de reuniões que ficou vazia. Segurei a faixa de Ohime com um pouco mais de força e só após percorrer com os olhos tapados cuidadosamente todos no local, notei duas figuras que eu ainda não conhecia.

— Majestade, deixe-me apresentar a sacerdotisa Aylin e seu parceiro Yugo — Zyon falou ao notar minha confusão — eles vieram prestar ajuda.

Deixei meus olhos pousarem nos dois e notei suas almas conectadas, como se fossem apenas uma... eu havia visto aquilo apenas uma vez... Ohime havia salvado um dos dois também, eu tive certeza daquilo no mesmo momento que os vi.

— Sejam bem-vindos — me forcei a falar — peço desculpas pela minha falta de animação ao recebê-los, mas tenho um pouco de pressa.

— Nem esquenta — a jovem sacerdotisa falou dando de ombros — sabemos como é isso.

Fiz um sinal positivo qualquer com a cabeça e me sentei, dando assim permissão para que todos se sentassem também.

— Como o Khalil está? — perguntei para qualquer um que pudesse me responder.

— Está descontrolado. O prendemos em uma das casas já destruídas e eu o ordenei que ficasse ali — o Professor falou sem muito entusiasmo.

— Vai matá-lo desse jeito — falei sem muita emoção na voz — traga-o de volta.

— Se me permite, assim o senhor irá colocar todos os sobreviventes em novos riscos — Ari entrou na conversa — achei a decisão do professor muito sensata.

— Sem dúvidas foi sensata quando vocês a tomaram — falei sem me imutar — mas uma ordem direta do professor acaba aos poucos com a energia de quem é comandado podendo matá-lo. Até que encontremos uma solução, traga-o de volta. Os espíritos do fogo não vencem o gelo dos espíritos da neve, apesar de não serem afetados negativamente com eles também, portanto, Syaoran irá fazer uma prisão de gelo e manteremos ele ali até uma solução melhor. Assim que essa reunião acabar, tomem isso como prioridade.

— Sim, senhor — Syaoran respondeu tranquilamente.

— Até o presente momento a maioria dos corpos já foram resgatados — continuei — até onde houve o ataque?

— Apenas na central da capital, senhor — o professor Yakumo respondeu — após o ataque, pedi para que o Ari fosse ver a situação das aldeias ao redor e até mesmo dos lugares mais afastados do palácio e muitos não sabem nem o que aconteceu, só relataram tremores de terra e barulhos de explosões. Alguns poucos tiveram problemas respiratórios, talvez por conta do ruah elevado dos seres que estavam aqui, mas não o suficiente para causar danos maiores.

— Então o alvo aqui eram vocês, sem dúvidas. Acredito que só queriam dar trabalho para que vocês não nos seguissem, assim seria mais fácil levar Ohime.

— É uma possibilidade muito boa — Tales falou pensativo — por conta do visconde, provavelmente sabiam que o senhor iria para a vila das Kitsunes e Ohime iria com o senhor, mas ela passou mal, portanto, precisaram de uma armadilha para que ela fosse até lá, mas qual a relação dela com a garota que levaram?

— A Kat é minha neta — Zyon admtiu — Ohime a conhecia e quando a notícia de que ela havia sido levada chegou, nós já sabíamos que era uma emboscada.

— Então você e Ohime planejaram a troca já desde o início? — Tales perguntou com um pequeno indício de incômodo na voz.

— Sim — Zyon falou tranquilamente — tentei achar alguma boa linha, mas nenhuma terminaria bem no fim das contas. Não falamos isso em voz alta, mas sim, os dois fomos já sabendo que ela ficaria no lugar da Kat.

— E qual o passo a seguir? — Ari perguntou — até onde eu sei, todos os esconderijos que foram descobertos, haviam sido esvaziados pouco antes de vocês chegarem. Mesmo com o meu rastreio de ruah, estou com uma dificuldade terrível de encontrá-la, é como se a Rainha Carmesim simplesmente não existisse.

Aquilo me incomodou, quando Katriel encostou em Ohime, ela caiu e algo mudou drasticamente dentro dela, eu podia jurar que a escutava chamar seu ruah. Será que Katriel havia simplesmente matado a Rainha Carmesim? Não, se esse fosse o caso, a Ohime também estaria morta.

— Majestade? — Tales me chamou, provavelmente havia ficado ausente — o que devemos fazer agora?

— Um pacto — respondi um pouco distante — eu irei fazer um pacto para salvá-la, não importa com qual dos dois vai ser.

— Não! — apesar da força com que as vozes de Zyon e Tales saíram, eu não me imutei.

— Não sei quem te falou sobre esses pactos, mas eu concordo com o Tales e o Zyon, não irei deixar que se submeta a isso em hipótese alguma. Eu amo a Ohime, ela é da minha família, mas nem mesmo ela estaria de acordo com isso — o Professor falou baixo também.

— Foi ela que me falou sobre isso — dei de ombros — talvez ela não se importe tanto — menti de maneira descarada.

— Com todo respeito — a sacerdotisa falou dando de ombros — eu nem sei o que estou fazendo nessa reunião, mas sério, se alguém aqui cair nessa mentira deslavada de que a Beatrice... quero dizer, Ohime não se importa, então sem dúvidas não a conhece.

Cruzei os braços e deixei meus olhos pousarem na luz da moça, ela não parecia alterada e nem ansiosa, parecia extremamente segura do que estava falando. Pouco a pouco eu conseguia entender a fascinação de Zyon por esse grupo distinto de humanos.

— Posso tentar? — Yugo falou com a voz divertida, algo que sem dúvidas não condizia com a pequena raiva que ele estava sentindo naquele momento — todos aqui se importam muito com a Rainha Carmesim, isso está mais do que claro, e isso não exclui o cara da faixa — cara da faixa? Zyon pigarreou e talvez tenha fulminado Yugo com os olhos, porque esse suspirou e se emendou com a voz um pouco mais cínica do que eu gostaria — ok... sinto muito, isso não exclui o rei. Eu não faço ideia do que "Vossa Majestade" faz, mas sem dúvidas a persuadiu de alguma maneira. E se esse é o caso, eu tenho certeza de que agora ela está contando com a teimosia do Zyon e do diabinho ali de não aceitarem.

— Tales — Tales suspirou ao falar o próprio nome — me chamo Tales, por favor, seja mais respeitoso. Porém tenho que admitir que estou de acordo com ele, Majestade. Não acho que seja hora de ocultar partes da verdade, não a essa altura.

Respirei fundo, para um ser humano sem dúvidas eles eram mais observadores que os outros.

— Antes de eu aceitar o plano absurdo dela se entregar, eu a prendi, meu fogo apenas a queimaria se ela tentasse sair, e ela sabia. Ela inicialmente só gritou e me xingou, mas eu disse que só a deixaria se ela me ajudasse com a solução. Talvez ela tenha falado a primeira coisa que apareceu na cabeça dela, mas a contragosto ela me explicou como funcionam os pactos com demônios. Satisfeitos?

— Óbvio que não — Syaoran me interrompeu, até mesmo ele iria se opor. Eu esperava que houvesse oposições, mas não esperava que fosse de todos — Lembra do que conversamos mais cedo? Talvez o pacto seja a saída mesmo...

Meu coração deu um salto e eu de repente me vi de pé olhando para ele. Eu não o deixaria fazer isso de jeito nenhum. Era uma droga, eu entendia o sentimento de cada um e entendia que não queriam me deixar fazer aquilo, mas no fim eu era o Imperador, eu não dependia da aprovação de ninguém ali. Abri a boca para falar para Syaoran que eu não o permitiria fazer tal coisa, quando escutamos alguém inesperado se pronunciando.

— Eu farei isso — todos os olhares de voltaram para Ari, a divindade que eu havia pedido ajuda — eu farei o pacto.

— Por quê? — a pergunta surgiu automaticamente na minha boca.

— O senhor salvou a minha irmã, graças ao senhor ela está a salvo e com uma boa família. Salvou a minha mãe quando ela fez o teste aqui nesse universo e ajudou meu pai no teste dele. Devo muito ao senhor e não vejo outra oportunidade melhor de pagar a minha dívida.

— Não fiz nada disso esperando uma recompensa — falei com o coração mais acelerado do que eu gostaria — não salvei nenhum deles com a intenção de condenar algum outro membro da família.

— Não está me condenando — ele deu de ombros — Estou fazendo isso pela minha família. Não me importo de dar a minha vida por isso... o que seria uma eternidade de servidão? — ele tentou fazer graça, mas eu continuava com o coração acelerado.

— Você entende que isso não pode ser desfeito? — Zyon perguntou com a voz estranhamente calma — sabe que nunca mais poderá voltar para a sua casa sem que seu mestre o autorize e que sempre será um servo? Sabe que as divindades não o aceitarão de volta? Você tem uma vida inteira pela frente e é herdeiro de uma boa família. Você tem certeza de que quer fazer isso?

— Eu tenho certeza — ele falou com convicção — Então, Zyon... se não se importa, acho que precisamos de um ceifeiro para isso e depois fazemos isso?

— Talvez você devesse se manter com a família da sua irmã — Zyon respondeu suspirando — meu pai não é um bom anfitrião e ele ainda retém o poder da família. Tales por outro lado é primo da Ambar e senhor da própria família. Sei que divindades e nefilins não se dão bem, mas acho que o Tales não é qualquer nefilim, não é mesmo Tales?

Tales tinha as emoções em um turbilhão, tudo se bagunçava e se misturava dentro dele de uma maneira intensa.

— A Ambar está bem? — Tales perguntou com a emoção explodindo por seu corpo.

— A Ambar está ótima — Ari pareceu sorrir — apesar de adorar fugir para ir para festas em outros universos. Uma típica adolescente que ama se divertir. Tales, não a deixe saber sobre mim até que ela esteja preparada para isso, só isso que irei te pedir. Ela ainda não tem muita maturidade para entender a minha escolha.

— Eu irei chamar Apollyon — Tales parecia tremer da cabeça aos pés ao abrir uma fenda e sumir da nossa vista sem dar tempo de termos alguma outra reação.

— Irei pedir a localização exata dela na troca e força para terminar a luta de vocês — Ari voltou a falar — mas conhecendo o nosso inimigo, devo dizer que não sei se será fácil mesmo com um pacto.

— O importante é que nos consiga uma vantagem — deixei meu corpo cair de volta na cadeira, tudo doía, tudo pesava... tudo parecia um caos.

Olhei para a sacerdotisa e seu companheiro novamente, que pareciam tranquilos, como se nada daquilo os afetasse realmente. Eu precisava mudar o foco.

— Tudo bem — suspirei, a reunião deveria continuar — e o que exatamente vocês vieram fazer aqui? — perguntei controlando novamente a voz.

— Ah, viemos romper temporariamente o selo que está prendendo o seu ruah — Aylin falou com naturalidade.

Se naquele momento eu estivesse sem a faixa, sem dúvidas meu espanto ficaria extremamente evidente.

— E como pretendem fazer isso? — perguntei querendo loucamente acreditar naquilo, mas sem dúvidas com dificuldade.

— Vamos precisar somente ensinar seus amigos a emprestar o ruah deles, tirando isso, o senhor não precisa fazer nada — Aylin falou mostrando a intensa felicidade que de repente começou a sentir ao me falar aquilo.

Ali estava, a vantagem que estávamos precisando.

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Seria mentira dizer que não estava nervoso e ansioso, mas lidei com esse tipo de sentimento durante toda a minha vida e teria que continuar lidando. Ari havia feito o pacto conforme havia dito e estava pronto para nos trazer qualquer notícia ou vantagem que conseguisse. Eu esperava com ânsias que ele me levasse Ohime, mas sabia que talvez não seria fácil.

Eu estava no centro de uma sala, eu era o centro e não é que eu não estivesse acostumado a estas coisas, mas olhava para a sacerdotisa com uma certa apreensão. Ela me parecia extremamente frágil e isso de certa maneira me assustava.

— Não se preocupe — Aylin se aproximou — sei que é Imperador, mas sinto uma confiança imensa dos seus amigos para com o senhor. Tenho certeza de que a energia deles será o suficiente para isso. Não precisa ficar ansioso.

— Posso ser Imperador — falei sinceramente — mas sigo sendo apenas um homem.

— Não — sua voz saiu com tanta compreensão que me surpreendeu notar o quanto eu conseguia me sentir à vontade com ela — o senhor nunca foi apenas um homem. Eu não vejo ruah como o senhor, não sei diferenciar com tanta precisão os seres, mas a aura que eu vejo em você é a aura de um deus e não de um homem.

— Não sou um deus — suspirei e um arrepio percorreu meu corpo.

— O senhor é sim — ela deu de ombros — aceitando ou não, é um deus e um pai para o seu povo e sei que não deixará o destino deles na mão de alguém tão perverso quanto o homem que levou Ohime.

Olhei ao redor, todos estavam se posicionando. Meus súditos por opção e não por obrigação, mas acima de súditos, meus amigos. Fazia muito tempo que não me sentia acolhido de verdade, fazia muito tempo que o peso de governar era tudo o que eu tinha.

Eu estava emocionalmente abalado, muito mais do que eu já estive durante toda a minha vida, Aylin parecia enxergar a minha alma e não sabia se isso fazia ou não parte do seu dom. Sem dúvidas iria querer conhecer os protegidos de Zyon algum dia.

— Seja o deus que esse mundo precisa, Majestade — ela sorriu e se levantou — se sentir alguma coisa estranha, me avise. Não estou a fim de ser morta pela Rainha Carmesim por fazer algo contra o senhor.

Apollyon, o ceifeiro que ajudou no pacto de Ari e Tales, também estava presente. Ele não ajudaria no selo, estava ali para ajudar nas barreiras de proteção assim como Tales.

Aylin era sem dúvidas boa no que fazia, em pouco tempo ela começou a recitar algo em uma língua estranha e todos levaram seus ruahs para as palmas se suas mãos, palmas que apontavam diretamente para onde eu estava.

Senti um calor imenso tomar meu corpo e pouco a pouco eu parecia perder o controle dele. Como em um sonho, passei a ver tudo o que acontecia ao redor de maneira estranha.

— Como você se chama? — Aylin perguntou para mim, mas quando a minha voz saiu, a resposta sem dúvidas não era minha.

— Hi no Tsuki, senhorita — meu ruah a respondeu.

— Uma lua de fogo? — ela se admirou — qual é a sua origem Hi no Tsuki? Tem a origem destrutiva?

— Não, senhorita — ele respondeu tranquilamente — tenho a origem divina, sou um ruah imperador.

Pude jurar ouvir sons de surpresa ao meu redor. Não é que eu soubesse o que aquilo significava e muito menos parecia que eu teria a chance de perguntar.

— E quem é o seu senhor? — Aylin continuou perguntando — a quem você serve?

— Ao único ser digno de tal posição — ele voltou a responder — respondo apenas ao meu mestre Qiang Huang, Imperador milenar e deus do universo de Faaliye.

— Você, que foi aprisionado sem culpa — Aylin parecia ter a voz tecnicamente falha — que cumpriu com o seu papel de ruah e obedeceu ao seu mestre. Você que mostra a beleza da luz guia e que se manteve em cárcere para o bem do seu mestre, você que é digno de tal posto, agora está disposto a abandonar as amarras e servir fielmente ao seu mestre, sem nunca o questionar?

— Sim.

"Eu, Aylin Nkwa, sacerdotisa da linhagem da deusa Inari, jiwa protetora. Mensageira de Himura e ligação entre o espiritual e o terrenal, em pleno direito perante a lei, seguindo as ordens do meu rei, sua majestade Kai, e com autorização expressa de Sua Majestade, o Imperador Qiang Huang, revogo o seu exilo de maneira temporal, deixando a alma da jiwa protetora Ah-Kum, que se ofereceu como voluntária a cumprir sua sentença até que Ohime o libere de maneira permanente"

Meu mundo girou. Ah-Kum não tinha falado comigo sobre isso, na verdade ninguém ali tinha falado e eu imaginava o motivo. Eu não aceitaria. Mesmo assim, eu não pude contestar, eu não pude questionar, eu não tinha controle do meu corpo.

Tudo ao meu redor foi preenchido por uma luz intensa e me vi sendo jogado novamente no mesmo campo aberto repleto de flores da lua em que havia encontrado meu ruah pela última vez. Ao lado da árvore, debaixo do brilho intenso da lua, Ah-Kum estava parada, sorrindo para mim.

— Por quê? — minha voz saiu falha — Por que fez isso?

— Jamais pensei em medir esforços pelo meu menino – ela falou com a voz carinhosa e eu me senti como uma criança novamente.

Quando eu era pequeno, eu havia sido proibido de chorar. Chorar não era para homens e cada vez que meu pai me via chorando, eu era castigado com chicotadas nas pernas. Quanto mais eu chorava, mais eu apanhava.

Quando eu tinha 6 anos, Ah-Kum me encontrou com os olhos inchados, em um canto qualquer do castelo.

— Alteza? — ela me chamou e me segurou quando eu tentei fugir por medo — Não vá para lá, seu pai está naquela direção.

Eu travei e automaticamente chorei mais, por mais que eu tentasse segurar, eu continuava chorando.

 Eu não estou chorando!  berrei querendo convencer a mim mesmo também.

— Vem aqui — ela me puxou e me encaixou no seu abraço — eu prometo não falar nada.

— Eu não estou chorando — falei chorando ainda mais — não estou...

— Sua mãe partiu, alteza, é normal que esteja triste — ela me aninhou ainda mais — não tenha vergonha por chorar em seu luto.

— Ela me deixou Ah-Kum — me agarrei na saia do seu vestido e chorei alto — ela prometeu que não me deixaria e me deixou.

— Ela não te deixou, alteza — Ah-Kum afagou meu cabelo — ela seguirá ao seu lado para sempre, nunca se esqueça disso — meus soluços foram ficando mais fortes e Ah-kum continuou me segurando forte — Isso, chore. Chore até que se sinta seu coração menos pesado e sua alma mais leve.

Lembrando disso, enquanto olhava para o rosto sorridente de Ah-kum naquele jardim, eu sentia como se estivesse perdendo uma mãe de novo. Ah-kum nunca tomou o lugar da minha mãe de sangue, mas isso não a fazia menos mãe para mim.

— Não me deixe Ah-Kum — senti o desespero tomar conta de mim enquanto minhas pernas ainda bambas chegavam até ela — Por favor, não me deixe.

— Eu nunca irei te deixar, Majestade — ela levou sua mão até meu rosto. Ela era pequena e magra e para estar na mesma altura que ela eu tinha que me abaixar, mas nem mesmo isso fez falta.

Deixei meus joelhos irem de encontro ao chão e me agarrei na sua cintura. Eu não queria soltá-la. Já quase a havia perdido há pouco tempo e aquela dor ainda não havia cicatrizado.

Ela deixou sua mão pousar na minha cabeça, afagando meu cabelo do mesmo jeito que fez tantas vezes quando eu era criança.

— Nos veremos em breve, Majestade — ela seguiu um tempo ali, talvez com medo de me soltar também, mas quando tomou coragem, tirou meus braços com delicadeza do corpo dela e se afastou, sumindo em pequenos fragmentos de luzes.

Assim que já não havia rastros de Ah-Kum, senti um vento intenso bater com força contra o meu corpo, me fazendo proteger o rosto com os braços. A árvore ao meu lado, apesar de ter o tronco grosso balançava de maneira intensa como se fosse quebrar e todas as flores da lua ali presentes brilharam com a cor do meu ruah. A claridade que elas emitiam eram fortes, a ponto de ocultarem partes das estrelas.

Uma sensação de liberdade foi preenchendo o meu corpo e senti como minha energia fluía de maneira constante, como um rio descendo rapidamente de encontro ao mar. Senti as amarras dos meus pulsos e pernas sendo quebradas, amarras que eu nunca notei que estivera ali, mas a sensação de liberdade era tão intensa que me perguntei como nunca havia notado aquilo antes.

Na minha frente, uma forma muito parecida a mim se materializou, deixando visível toda a sua fonte de energia inesgotável. Olhando o meu ruah de frente pela primeira vez eu soube que estivera enganado por muito tempo. Meu ruah não era outro ser, aquele era eu, éramos apenas um, um ser que podia se dividir, mas nunca se separar de fato.

O vento não havia cessado, o fogo roxo ao meu redor dançava como se fossem pequenos vagalumes em pétalas de flores e o meu ruah a minha frente me oferecia um calor jamais sentido por mim antes. Não havia músicas ou sons ao redor, nem mesmo o vento fazia som nas folhas das árvores, mas para mim, naquele silêncio, ainda havia uma doce melodia. O som de doces sinos tocando em um ritmo nostálgico e triste.

Hi No Tsuki se aproximou, eu seguia de joelhos, a energia seguia fluindo livremente por todo o meu corpo e a liberdade seguia me envolvendo em seus braços. Hi No Tsuki parecia ter tudo isso e quando ele me estendeu a mão para que eu saísse do chão, eu não vacilei nem por um momento antes de me agarrar a ela. Eu finalmente havia entendido o prazer de me descobrir e esse prazer me levou ao êxtase de tal maneira que me senti mais forte do que nunca, naquele momento, eu me sentia capaz de qualquer coisa.

— Meu senhor — ele falou assim que me levantou — é uma honra poder te servir novamente.

Aquela luz intensa que me rodeava tomou a minha visão, fazendo com que eu ficasse cego momentaneamente novamente. Eu estava livre, eu me sentia livre e apesar da dor da perda, eu nunca havia me sentido melhor.

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