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☾✧ ━━ então eu segurei o rosto dele com as duas mãos e o beijei (Ohime) ━━✧☽
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Wu, 20 Muan de 1503 do novo reinado Qiang (prevernal)
Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): Segunda, 26 de janeiro de 2015 (verão)
Apesar da eminente guerra, o Imperador tinha razão, nenhum dos seus afazeres como monarca fora cancelado, ninguém havia deixado a vida de lado apesar de vermos o exército em cada esquina e ali estava eu novamente para um banquete noturno com o Imperador. O salão estava cheio e para o meu desespero, eu estava sem a faixa nos olhos novamente. Às vezes me perguntava o porquê o Imperador insistia em estar sem a máscara somente para me acompanhar, isso me deixava ainda mais sem graça.
— Um grande número de pessoas presentes, você não diria? Nem parece que estamos à beira de uma guerra — ele falou ao meu lado.
Depois de tantas reviravoltas, minha fama da vez era ser uma nobre de alto nível, afinal, ninguém era digno que andar ao lado do Imperador como eu o fazia.
— Sim, com certeza mais do que eu esperava — falei tentando focar somente no que eu sentia. Depois da nossa última reunião e sabendo que enfim o fim estava próximo, minha ansiedade voltou a estar a mil e ficar sem a faixa estava terrivelmente difícil, como se eu nunca nem sequer tivesse treinado.
Era difícil acreditar que ele tinha convidado a mim para a festa em honra aos antepassados, mas eu entendia, ele me queria por perto o tempo todo e não importava o tipo de evento que seria, eu continuaria sendo convidada por ele. Meus nervos estavam destroçados por causa da falta de familiaridade com o lugar e só piorava quando tinha sentimentos estranhos e desejos repentinos que eu acabava espelhando das inúmeras pessoas que nos via chegar na festa. Caminhamos lentamente pelo salão quando uma música lenta começou a tocar, senti como meu corpo ficou tenso enquanto observava homens e mulheres começarem a pegar as mãos uns dos outros para dançarem ao som da música. Era bonito de ver, mas o sentimento doentio de desejo e prazer vindo de alguns dos que estavam dançando chegava a ser repulsivo.
Fiquei um tempo observando-os, torcendo para que eu não precisasse ir para o meio deles. Minha experiência com a dança não era melhor do que a de uma criança que nunca dançou.
— Escuta — o Imperador me chamou e o nervosismo se intensificou. Ele me observou um tempo e perguntou — por que está se sentindo nervosa?
— Claro que eu estou me sentindo nervosa — admiti sabendo que não adiantaria dizer o contrário.
Tive vontade de falar que a culpa era dele e mordi a língua, antes mesmo de chegarmos ali, ele me disse que o banquete daquela noite era um evento muito importante para a posição dele. Tentei não ser arrogante, mas resolvi falar a verdade.
— Qualquer um ficaria nervoso depois de você falar da importância desse banquete. Você sabe que não sou nobre, sabe que não entendo nada dos costumes daqui e se acontecer alguma coisa e manchar o seu nome? Afinal, já estamos dando muito o que falar pelo simples fato de eu andar do seu lado. Pelos deuses, nem sei quantas coisas eu já fui sua até agora.
— Acho que você está se preocupando à toa — ele sorriu para mim e senti meu coração disparar — contanto que você não pise no meu pé durante nossa dança, é claro.
— Você está gostando de me ver assim, não está? — olhei para o outro lado — é típico seu gostar de me ver desse jeito.
Tudo o que ele estava dizendo foi projetado para me estressar.
— Com certeza estou gostando. Como eu poderia aproveitar esse tédio de outra forma?
— Poderia procurar outra presa, o que você acha? — falei me afastando pouca coisa dele — tenho certeza de que tem milhares de mulheres por aí loucas para que você as irrite dessa maneira.
— Mas aí eu não poderia ser eu mesmo. Você é a presa perfeita, porque eu posso continuar bem esse jogo com você, de uma maneira que jamais poderia fazer com outra. É cansativo jogar as mesmas conversas fiadas repetidas vezes com pessoas com as quais não dou a mínima.
— Tudo bem — eu não tinha como refutar aquilo — Justo, não tenho uma resposta apropriada para isso.
— Dito isto — ele voltou a me puxar para o seu lado de novo — Eu também roubei a sua noite, então o mínimo que eu posso fazer é ajudá-la a aproveitar.
O Imperador fez um movimento com a mão para um dos garçons e pegou um prato de bolo dele. Ele cortou um pequeno pedaço com um garfo e o estendeu para mim.
— Aqui, vou até te alimentar — ele falou com um sorriso malicioso no rosto e eu senti o rosto esquentar pela vergonha.
— Não — eu gaguejei — isso não está certo. Nem em sonhos um Imperador deveria pensar em dar comida na boca de qualquer pessoa que seja. Eu posso fazer isso sozinha.
Vi a quantidade de olhares que se virou para nós com o simples gesto dele estirar o braço para me dar um pedaço de bolo.
— Não está contente comigo como seu parceiro? — ele perguntou sem tirar o sorriso do rosto.
— Não foi isso que eu disse — tive vontade de me esconder com os pequenos murmúrios que eu começava a escutar ao nosso redor — Estão todos nos vendo.
— Ah — seus olhos se estreitaram e eu senti o prazer que ele estava sentindo com aquilo. Chegava a ser desconcertante a mistura do meu nervosismo com o seu prazer. O efeito que aquela mistura de emoções fazia comigo era como uma droga, a vontade de seguir sentindo chegava a ser insuportável — Eu não me preocuparia com isso. Estão cochichando sobre nós desde que chegamos. Mesmo assim, muitos ainda estão absortos em suas próprias danças.
Sua boca se curvou novamente em um sorriso divertido quando ele terminou de falar e novamente abaixou a voz para um sussurro intencionalmente doce.
— Além do mais, eu gosto da sensação de saber que estou acompanhando a dama mais bonita desse baile e quero que todos saibam disso.
Meu coração começou a bater como louco. Ele provavelmente estava gostando de como tudo isso estava me deixando confusa. A ideia de comer na mão dele era embaraçosa, mas eu precisava lutar de alguma maneira. Eu me recusava a ser alvo de suas piadas e se eu saísse dali iriam falar ainda mais e sem dúvidas o Imperador não me deixaria sozinha de qualquer maneira, aquilo era frustrante. Então foi com grande irritação que eu dei uma mordida no bolo e por um momento esqueci da raiva... era tão doce! Tão maravilhosamente doce que senti toda a alegria infantil ao provar o melhor bolo da vida.
Ele levantou a mão para cobrir a risada divertida que ameaçava explodir da sua boca. Sentindo a vergonha tomar conta do meu corpo de novo eu me virei para o outro lado.
— Minhas desculpas — ele falou ainda rindo — Você é simplesmente uma leitura tão fácil. Como sempre. Mas eu acho que a expressão do sorriso que você deu agora combina muito mais com você do que a expressão nervosa que você estava exibindo antes.
Quando eu olhei para ele, seu sorriso malicioso havia desaparecido. O sorriso que ele me dava naquele momento não era fruto de uma maquinação para alguma piada e sim algo quente, do fundo do seu coração. Espelhar a satisfação humilde que ele estava sentindo e a felicidade simples que abrigou em seu coração foi o suficiente para que qualquer raiva que tivesse começado a sentir, se dissipasse.
— Por quê? — perguntei com o coração agitado.
— De agora em diante — ele se aproximou um pouco de mim — se você aceitar, você não será mais nada do que falarem.
Ele acariciou o meu rosto e novamente todos os olhares voltaram a estar sobre nós.
— Do que você está falando? — meu rosto seguia quente e espelhá-lo começou a me mostrar uma certa ansiedade vinda dele.
— Seja a minha noiva, Ohime — ele primeiro falou baixo, mas o silêncio por sua aproximação estava tão intenso, que eu sabia que até os mais distantes podiam escutar as palavras dele — compartilhe comigo uma vida, seja a minha rainha. Desde que você chegou novamente na minha vida, bagunçando tudo o que sabia, eu não consigo deixar de pensar em você. Eu sempre fui seu, mesmo sem saber que o era. Casa comigo e seja minha.
Meu chão sumiu, tudo ao redor de mim também sumiu. Aquilo não estava nos planos. A ideia era só estarmos juntos para que eu não ficasse sozinha, nada do que veio depois era para ter acontecido, nem suas provocações e nem o seu pedido. Ele havia me assumido publicamente, na frente de todos os que estavam no salão. Seus olhos ansiosos ficaram pousados em mim, seu semblante seguia o mesmo, mas eu sabia a ansiedade dele por uma resposta.
Minha resposta não saía, eu queria apenas dizer sim e acabar com aquilo, mas a resposta não saía, então eu segurei o rosto dele com as duas mãos e o beijei. Eu não deveria ter feito aquilo, aquilo não era comum no meio em que estávamos, eu estava beijando o Imperador, que ainda não era o meu marido, em público. Meus olhos se recusaram a se fecharem, Qiang estava completamente sem reação assim como eu, sua ansiedade estava maior do que em qualquer momento que eu o tenha espelhado, mesmo assim senti seu sorriso se desenhando em seu rosto perfeito.
— Acho que eu não podia ter feito isso — falei completamente sem graça e sem ter coragem de realmente me afastar dele.
— Eu acho que não — ele falou ainda sorridente — uma hora você vai ter que sair de perto e olhar para as outras pessoas.
— Eu preferia não fazer isso — falei ainda ansiosa, mas pelo menos eu já estava sorrindo também — posso só fingir um desmaio?
— Não — ele respondeu — apesar de eu estar muito feliz, temo que a senhorita terá que enfrentar as consequências.
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Vê-la se afastar sem dúvidas não foi fácil. Eu estava de fato extremamente feliz e precisei respirar fundo ao lembrar que ela precisava circular de alguma maneira, ser possessivo com ela não era a saída ideal, não queria que ela se afastasse por vontade própria novamente, eu não queria perdê-la nunca mais.
A falação ao nosso redor ficou intensa e eu tinha certeza de que todos ali estavam falando sobre o mesmo tema: sobre o meu repentino pedido e sobre o beijo que ela me deu em público. Nenhuma das coisas me irritavam e até me divertiam, e foi assim até eu ver An Shang se aproximar com a cara vermelha pelo choro. Eu não deveria ter pena dela, eu não deveria me preocupar, eu deveria apenas dispensá-la.
Eu estava sentado em uma poltrona, vendo o desenrolar da festa e tentando não perder Ohime de vista, muita gente já havia se aproximado dela e ela preferiu manter os olhos fechados para não correr o risco de estragar tudo e eu basicamente fiz o mesmo ao ver An Shang. Voltei a vendar os olhos, pelo menos momentaneamente.
Todos pareciam querer conhecê-la, todos pareciam disputar momentos da sua atenção e tenho que admitir que ela estava cumprindo seu papel excepcionalmente bem.
An Shang se ajoelhou na minha frente fungando um pouco e abaixou a cabeça.
— O que eu irei fazer agora, Majestade? — ela me perguntou com a voz tremida — O senhor tirou a minha pureza, o que eu irei fazer agora?
Minha raiva explodiu dentro de mim e eu me segurei para não fazer nada do que eu realmente quis fazer naquele momento. Eu não deixaria An Shang estragar meu momento de felicidade daquela maneira.
— Pelo que eu me lembro, você me forçou a isso An Shang e deveria ter pagado pelos seus atos. Deveria estar agradecida por ainda estar respirando.
— Não — ela respondeu desesperada — por favor, Majestade, ele disse que funcionaria, eu fui ingênua, só queria estar com o senhor, me perdoa. Agora tudo o que eu sinto é medo. Se eu for embora, sei que ele virá atrás de mim. Sempre que ele está perto eu sinto que vou desmaiar com medo de ele me cobrar o que me pediu. Quando o Visconde chega à noite, é com medo e terror que olho em seu rosto para saber se aquele homem esteve atrás dele de novo me solicitando. A minha vida é um constante estado de medo de alguém ou de algo desde que fiz aquilo com o senhor. É impossível nadar contra a corrente. Vale a pena viver a vida? Eu alegremente desistiria da minha imediatamente, mas o visconde diz que isso arruinaria imediatamente os planos do homem por trás de tudo e iriam atrás da minha família, pois é preciso manter as aparências até ele juntar tudo o que precisa. Eu estou desesperada, eu te conto tudo, mas te peço proteção.
Por mais que o ódio me corroesse eu consegui sentir pena.
— Que tal a senhorita me contar tudo o que sabe, agora? — falei para ela de maneira fria. Nada do que ela me contasse poderia agregar no que eu sabia, mas a ideia era eu fingir que não sabia de nada e depois ela teria que arcar com as escolhas que ela havia feito.
Enquanto An Shang falava de todas as vezes que ela espionou, ou levou informações de dentro do palácio para o visconde, eu abaixei novamente a faixa e busquei Ohime com os olhos e quando cravei meus olhos nela, senti o estômago embrulhar, ela estava dançando com o visconde. O visconde a grudava de maneira doentia pelo corpo e sussurrava alguma coisa em seu ouvido.
"Qiang, respira... Ohime sabe o que está fazendo, ela sem dúvidas sabe se proteger dele".
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— Devo parabenizá-la senhorita? — Ohime sentia o visconde apertando seu corpo e tinha nojo de notar o quanto ele se esforçava para seguir roçando nela.
— Não sei se sou digna disso, o Imperador tem sido muito bom para mim — Ohime respondeu tentando manter a voz recatada.
— E o que irá fazer em relação a An Shang? — ele perguntou usando um tom fingido de preocupação — E se ela de fato estiver esperando um filho de Sua Majestade.
— Agradeço a preocupação, visconde — Ohime sorriu forçadamente — mas por enquanto iremos deixar as coisas como estão. Eu o amo e acredito que o Imperador irá tomar as medidas necessárias para que a justiça seja feita.
— Vamos esperar que assim seja — O visconde respondeu e Ohime sentiu o sorriso estranho do visconde perto do pescoço enquanto ele descia a mão lentamente pela sua cintura.
"Respira, Ohime", ela repetiu para si mesma enquanto a mão grande do visconde apalpava seu corpo de maneira descarada e em pouco tempo, ela sentiu uma pequena agulha injetando em sua perna.
Seu corpo começou a queimar em questão de segundos. A dor era terrível. O que ele havia injetado? Ela não previra isso, mas seu corpo começou a ficar pesado e sonolento.
— Peço desculpas, Visconde — Ohime falou tentando manter as pernas firmes — Não me sinto muito bem, o senhor poderia me levar para a Sua Majestade novamente?
— Oh — ele a envolveu nos braços — O que a senhorita tem? Não me diga que também está esperando um filho do Imperador?
Ohime quase riu da atuação lamentável do visconde, para a sorte dele, ela se sentia tão cansada e tão mole que nem isso ela conseguiu fazer.
— Talvez... — ela respondeu. "Idiota, o Imperador não pode ter filhos".
Quando o visconde chegou com Ohime praticamente desmaiada no colo até Qiang, o Imperador precisou de novo segurar o impulso de não matar o visconde na frente de todos. O que ele mais detestava no plano inteiro, era não ter uma visão total das linhas. Todo o plano deles havia sido baseado nas linhas dos outros e tudo por partes. Ele sabia que poderia perder qualquer um no meio daquele plano, inclusive Ohime.
Ele respirou, o Imperador precisava estar acima desses sentimentos. Os civis precisavam dele, pessoas comuns, seres comuns que viviam suas vidas sem fazerem mal para ninguém precisavam ser salvas do sadismo de Katriel e ele tinha que aproveitar enquanto ele seguia sendo o alvo principal daquele maníaco.
— Majestade — o visconde colocou Ohime mole na poltrona ao lado do Imperador — ela disse que não se sentia bem, talvez fosse prudente chamar algum médico.
— Agradeço a preocupação, visconde. Apenas deixe-a aí, já chamarei alguém para vê-la. O senhor está dispensado — ele se segurou novamente ao ver o visconde a deixando na poltrona próxima a ele.
Assim que o visconde saiu, o Imperador a chamou, mas ela mal conseguia abrir os olhos.
— O que aconteceu? — sua voz saía preocupada e urgente, mas ele a manteve baixa.
— Ele me drogou — ela respondeu baixo — não sei com qual intuito... só me deixa dormir um pouco, eu vou ficar bem...
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Quando An Shang saiu pela porta da festa, seus olhos encheram de lágrimas novamente, pois o visconde já estava ali esperando por ela.
— Eu não quero fazer isso — ela choramingou — aquele cara é doente, eu não quero fazer parte disso.
— Eu não me importo se você quer ou não fazer, deveria ter pensado nisso antes de ter aceitado drogar e violar o Imperador. Eu não me importo com a sua vontade, eu quero viver e vamos fazer isso você querendo ou não.
Ele praticamente a arrastou pelo cabelo pelas ruas escuras até chegarem na porta da casa de Ohime. O visconde torcia para que a droga a fizesse dormir por tempo suficiente para que tudo fosse feito.
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