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☾✧ ━━ Só me espere, Ohime... em breve eu vou te ter comigo (Qiang Huang) ━━✧☽
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Wu, 13 Muan de 1503 do novo reinado Qiang (prevernal)
Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): Segunda, 19 de janeiro de 2015 (verão)
A manhã chegou mais rápido do que eu gostaria, mas me levantei sem enrolação, me lavei e me arrumei e quando saí para ir até o pátio com a minha divisão, encontrei a carruagem do Imperador na frente da minha casa.
— Olá — ele me cumprimentou encostado perto de uma das rodas, ao seu lado estava Syaoran como sempre.
— Bom dia — falei com a voz ainda sonolenta — acho que o dia de vocês começou mais cedo do que o meu. O senhor não deveria estar na rua sem a sua guarda pessoal, não? Precisa no mínimo manter as aparências.
— Meu dia sempre começa mais cedo do que o seu. E sem dúvidas parece terminar mais tarde — o Imperador pareceu dar de ombros, sem se preocupar em responder minha frase seguinte — Queria te agradecer por proteger as crianças ontem.
— Este é um sinal de gratidão — Syaoran me estendeu um pequeno pacote e eu fiquei sem entender.
— Obrigada — agradeci um pouco desconfiada — mas vocês acham mesmo que eu teria deixado alguma coisa acontecer com elas?
Rapidamente o aroma de tofu frito preencheu meu olfato me fazendo salivar, sem disfarçar eu ri e emendei.
— Pensando bem, podem continuar agradecendo — minha mão passou pela embalagem procurando por onde abri-la e meu estômago roncou audivelmente fazendo o Imperador rir de maneira sonora.
— Te garanto que serão os melhores que já comeu — Syaoran admitiu sem conter o riso também me fazendo admirar, porque ele, sem dúvidas, não ria com muita frequência.
— E você tem certeza de que está realmente bem em me dar algo tão bom assim, Syaoran? — a risada dele me contagiou — vem, que tal dividirmos?
— Não seja estraga prazeres — o Imperador reclamou — as crianças que pagaram e me fizeram prometer que te daríamos.
— Graças aos seus esforços, os eventos não saíram do controle e não tivemos que tomar nenhuma medida para solucionar isso — Syaoran novamente falou com a voz agradecida e isso começou a me deixar sem jeito.
— Elas vieram me contar o ocorrido alegremente logo que o sol nasceu — o Imperador me garantiu — e estou feliz que eles aceitaram tão facilmente as suas explicações.
Eu estava preocupada sobre como as coisas iriam acontecer, é verdade, mas estava feliz que as coisas terminaram bem no fim das contas, sem precisarmos realmente alterar a memória de nenhuma delas e mesmo com esse sinal de gratidão, eu não me sentia responsável por aquilo.
— Olha — falei sem comer os tofus — eu agradeço o carinho delas e agradeço que tenham vindo, mas eu realmente não fiz nada. Khalil e Tales merecem muito mais esses créditos do que eu.
— Mas pelo que eu entendi, você que se jogou na frente de cada ataque para que eles não chegassem até as crianças — o Imperador cruzou os braços — ou não foi assim?
— Sim, mas...
— Então apenas aceite — ele fez algum sinal com as mãos e depois colocou a mão na minha cabeça como se eu fosse uma das crianças — se elas quiserem agradecer eles, elas irão fazer isso. Estou orgulhoso de você.
Eu sorri com isso. Embora ele estivesse usando um tom de brincadeira, ele parecia genuinamente feliz.
— E o que há para se orgulhar nisso tudo? — perguntei sem admitir que me alegrava muito ouvi-lo dizer aquilo — eu com certeza estou muito mais encrencada agora.
Então ele se aproximou até encostar sua boca próxima ao meu ouvido.
— Estou orgulhoso sim — ele repetiu baixo — você não fugiu. Enfrentou tudo e conseguiu controlar a situação e o mais importante, não se esquivou de mim agora como costumava fazer.
— Eu... — senti o coração acelerar e ele se afastou um pouco retirando sua mão da minha cabeça.
— Então — ele me cortou — Você está indo para algum lugar? Sem nenhum segurança de novo?
— Como assim, Majestade? Eu estava indo encontrar a divisão responsável pela sua segurança. Não sou eu que preciso de escolta — falei aliviada por ele ter mudado de assunto — não preciso dos guardas para ir encontrar os próprios guardas, não é? Acho que estou sendo muito bem vigiada ultimamente para precisar de mais segurança.
— Tem razão — ele não insistiu — e para onde está indo exatamente? Para o pátio?
— Sim, pedi para que todos fossem para lá. Os treinos estão indo tão lentos que parecem que estão parando. Me pergunto como o senhor consegue confiar tão cegamente que será protegido por eles.
— Como você mesma disse — ele deu de ombros — preciso manter as aparências. Te deixo no meio do caminho então — ele falou tranquilamente — o lugar que você vai é perto da casa do Zyon.
— Pensei que o Zyon dormisse na cafeteria — eu me espantei.
— Ah, não. Que desumano da sua parte pensar tal atrocidade — o Imperador falou de maneira divertida — Quem dormiria em um lugar como aquele? Qualquer ser precisa de um pouco mais de conforto do que aquilo.
— Atrocidade, né? — eu suspirei, mas sorri internamente. Sem dúvidas Qiang conseguia fazer milagres no reino — que realidade diferente é essa no fim das contas. Mas então isso quer dizer que irá visitar Zyon?
Ele não respondeu, apenas subiu em sua carruagem.
— Devo me despedir agora, senhorita e Majestade — Syaoran se virou para mim — Devo cuidar de todos os negócios que deixamos acumular por conta dos últimos incidentes.
— Eu confio em você para isso, Syaoran — o Imperador falou pela janela enquanto Syaoran me oferecia a mão para que eu subisse na carruagem e depois ele seguiu o caminho andando.
— Posso perguntar o porquê está indo ver o Zyon? — perguntei novamente na esperança de que ele me falasse alguma coisa.
— Não é nada com o que a senhorita deva se preocupar — ele falou, mas sua luz me dizia o contrário. Era típico dele me dar respostas vagas, as vezes eu gostaria que ele fosse mais honesto, mas quem eu era no fim das contas para julgá-lo?
Fiquei imaginando diversos motivos desse encontro e nenhum realmente me agradava, mas então, eu lembrei da festa... lembrei do como Zyon parecia saber lidar com o Imperador para distraí-lo e então meu sorriso se abriu com a lembrança.
— Por que está rindo? — ele me perguntou e eu me espantei.
— Você está sem a faixa? — meu coração se acelerou de uma maneira desregular.
— Me responda — seu humor voltou rapidamente ao habitual.
— Não é nada — respondi sentindo frio na barriga.
Ele pareceu me encarar por um tempo e então se inclinou no assento para mais perto de mim.
— Você... — ele me chamou.
— Sim? — eu gaguejei com a sua aproximação.
— Eu gostaria de te perguntar uma coisa — ele aproximou seus dedos e tirou a minha faixa, e eu não fiz nada para impedi-lo — eu acredito que não, mas vou perguntar mesmo assim, mas você contou a Zyon sobre aquilo?
Ele se inclinou ainda mais, confundindo todos os meus sentimentos, novamente já não sabia o que era dele ou meu e isso me deixava sem ar. Vi a curva dos seus lábios formando um dos sorrisos mais belos que eu conhecia e meu coração disparou ainda mais.
Aquilo? De alguma forma tentei colocar meus pensamentos em movimento e quando lembrei que fiquei durante uma boa parte da noite sozinha com o Imperador no dia da festa eu senti o rosto esquentar e tentei novamente me controlar apesar da confusão e pânico por ter ele tão perto de mim. Não havia acontecido nada naquele dia... bem, na realidade não havia acontecido quase nada, talvez uma mão aqui e outra ali somente... meu coração voltou a acelerar porque eu sabia que sem dúvidas para ele aquilo era muita coisa.
— Eu me pergunto — sorri de maneira aberta e passei a mão no seu rosto. Sua expressão mudou ligeiramente para uma de confusão — o que você faria se todos soubessem...
— Interessante — ele controlou rapidamente o que sentia — você ficou mais corajosa, eu vejo, mas respondendo a isso... eu não vejo a hora de todos ficarem sabendo, não vejo a hora de poder dizer que você é minha, mas isso só depende de você.
Seu sorriso era um sorriso aberto, um sorriso que não mudou enquanto ele se inclinava ainda mais perto do que antes e novamente senti um frio na barriga intenso.
— Majestade? — tentei controlar o coração e o pulso.
— Sim, o que foi? — ele passou sua mão no meu cabelo.
— Você poderia se afastar um pouco? — perguntei e resolvi ser sincera só para variar um pouco — com você tão perto eu não consigo raciocinar.
— Certamente — ele sorriu de novo — assim que você me der a sua resposta.
Ele se aproximou ainda mais me fazendo praticamente grudar o corpo na parede da carruagem.
— E então? — suas belas feições estavam tão próximas que se eu me movesse só um pouco, iríamos nos tocar.
Eu desisti, eu não era capaz de manter meus olhos abertos por tanto tempo assim com ele, ainda que estivesse fácil não significava que eu conseguisse vencê-lo. Me resignei ao meu destino e fechei novamente os olhos.
— Eu não disse nada sobre nós a ele. Então...
— Entendo — não sabia dizer se ele estava feliz ou triste com aquilo. Era impossível ler através da sua voz indiferente.
Ele se afastou com uma facilidade surpreendente. Droga... era um saco não entender o que ele queria. Fosse o que fosse que ele estivesse pensando, estava feliz que tinha acabado. Achei que meu coração fosse desistir de mim a qualquer momento. Eu suspirei de alívio e só então olhei novamente para o Imperador. Quando vi aquele sorriso satisfeito em suas feições eu percebi algo.
— O que você está tramando? — senti como se meu coração fosse saltar novamente e desisti de seguir de olhos abertos novamente — Você sabia a minha resposta desde o início, não é?
— Eu sempre soube que você não falaria nada disso para nenhum deles, nem mesmo para o Zyon, apesar de ele ser o que você mais confia entre nós. Além do mais, estava escrito no seu rosto — ele não parecia chateado enquanto falava e minha curiosidade aguçou para poder também sentir o que ele sentia, só para saber se ele está sendo sincero, mas me segurei. Ele provavelmente estava só brincando comigo.
— Suponho que sou mais honesta que você de alguma maneira — suspirei.
— Sim, exatamente por isso é tão divertido fazer isso com você.
— Isso não me parece bem um elogio — respondi um pouco irritada.
— Você deveria ficar do jeito que está — ele falou parecendo se divertir — não seria divertido se você fosse uma experta em mentir.
— Você sempre parece se divertir quando está provocando alguém, Majestade. Só não entendo o porquê precisa ser comigo.
Claro que eu sabia a resposta. Suas provocações a mim nunca estavam voltadas somente para isso, ele sempre mostrava de alguma maneira o quanto me queria e isso me desconcertava.
— O que? Parece que você quer dizer mais alguma coisa — ele me incentivou.
— Certamente que não.
— Ah, então posso adivinhar o que você está pensando?
— Por favor, não! — minha voz saiu mais forte do que eu gostaria.
Embora eu me sentisse prestes a ser arrastada para seus jogos mais uma vez, não podia dizer que odiava isso nele, para ser sincera, era uma das partes que eu mais amava.
— Agora eu realmente quero tentar — ele se aproximou novamente e eu fiquei em silêncio, contendo a respiração, ele novamente levou a boca até perto do meu ouvido para sussurrar — não? Que pena. Quando isso tudo acabar, eu tenho uma proposta para você. Apenas fique bem até lá.
Eu tentei achar qualquer palavra, eu precisava dizer qualquer coisa, mas não conseguia. Do que será que ele estava falando? Eu resolvi perguntar, mas ele me interrompeu ao levar a mão para a porta da carruagem.
— Sua parada é aqui — ele voltou para o lugar — não pense muito nisso por enquanto. Até logo, Ohime. Estarei de volta no palácio dentro de uma hora no máximo. Te espero lá.
Saí sem dizer uma única palavra, pois certamente me sentia incapaz de fazê-lo.
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— E então? — perguntei sem demora o que eu queria saber assim que me vi sozinho com Zyon.
— As notícias não são boas — Zyon responde parecendo cansado — O visconde realmente está sendo usado como peão. Há um homem chamado Katriel por trás disso, é um hansha também e um psicopata descarado. Katriel é um homem que mantém um restaurante no bairro dos prazeres, o encontramos em uma das nossas rondas e ele cochichou algo no ouvido da Ohime, algo sobre ela ser a obra prima perfeita. O homem é obcecado por você, há um ponto extremamente doentio...
— Se ele é um hansha, então ele saiu do palácio também, preciso saber como é esse homem, Zyon.
— Eu tenho como te mostrar, mas acredite, o senhor não vai gostar de ver o que eu vi.
— Mesmo assim eu quero ver — falei de maneira firme.
Zyon suspirou audivelmente e em pouco tempo, ele me levou para as suas memórias, e dali, me levou para as memórias do visconde me mostrando inúmeras atrocidades, fazendo meu estômago embrulhar pela quantidade de vezes que estivemos próximos a ele e a quantidade de vezes que Ohime estava em sua mira, para que o tal de Katriel, pudesse me fazer a obra perfeita...
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Quando saí de suas memórias, eu tremia visivelmente, eu teria que matar o visconde, eu não me importava de alterar todas as memórias de cada uma das pessoas que passassem por mim, mas eu não deixaria um monstro daquele andando pelo meu reino. Além do mais, por mais raiva que eu tivesse da An Shang, eu não desejava o destino que ele havia supostamente imposto sobre ela. E o homem chamado Katriel... não era possível... no fim, o passado sem dúvidas parecia ter voltado só para me assombrar...
— Majestade? — Zyon me chamou a atenção — Está tudo bem?
— Ele é meu irmão, Zyon — falei tentando não demonstrar toda a ansiedade que tomou meu corpo — ele sumiu pouco depois do que aconteceu e eu nunca mais o vi... achei que estivesse morto como toda a minha família.
— Na verdade o senhor o viu sim — Zyon suspirou e eu me senti mais intrigado — ele fez parte do massacre que ocorreu em Kyo. Quando o vi no bairro dos prazeres, ele me pareceu familiar, mas não conseguia me lembrar de onde o conhecia. Acabei lembrando durante essa investigação. Ele não é um inimigo leviano, nunca foi, mas eu também pensei que ele havia morrido durante aquele ataque...
— Mesmo com todos os olhos próximos a Ohime, ele ainda conseguiu se aproximar — falei sentindo o ar sair dos meus pulmões — mas pelo menos agora, já temos uma direção para ir. Nós temos que repensar no que iremos fazer, se o meu irmão está vivo, então sem dúvidas estamos em grandes problemas...
— E o visconde? — Zyon perguntou — o que fará em relação ao Visconde?
— Por mais que eu queira matá-lo imediatamente, não seria sábio fazer isso por enquanto. Já tenho um destino para ele — falei tranquilizando novamente a voz — Katriel está vendo tudo o que o visconde vê, então manterei o visconde vigiado. As partes mais distantes da capital já foram evacuadas, mas não completamente. Venha, vamos chamar todos, eu preciso evacuar a cidade de maneira rápida... não há mais o que investigar, o único cenário possível a nossa frente é a guerra. Espero que tenha aproveitado os seus dias tranquilos, Zyon...
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Estávamos no palácio, reunidos ao redor de uma mesa de reunião que eu costumava usar somente com os conselheiros. Todos ao redor da mesa pareciam tensos e pensativos.
Quando colocamos tudo em pratos limpos, quando todos juraram que não estavam ocultando nada mais e quando enfim pudemos ter um vislumbre de tudo o que estava acontecendo, o Major foi dispensado com as suas ordens de tirar os civis da cidade e para que mantivesse o exército nas ruas. Eu sabia que mesmo com o medo, as pessoas dali não deixariam suas diversões de lado e nem mesmo seriam prudentes. Talvez um erro da minha parte por tê-los mantido tanto tempo em segurança, mas dessa vez, nem mesmo a confiança que meus súditos tinham em mim, me pareciam o suficiente para tirar o cenário pós-guerra que eu havia presenciado na linha que Zyon havia visto. A linha estava cortada, Zyon havia sido proibido de usar o seu dom após algum incidente anterior e não sabíamos como chegaríamos naquilo e por mais que Zyon tentasse, tudo nesse meio estava nublado. Estávamos no escuro, mas era assim que eu havia vivido durante toda a minha vida e não era isso que me faria mudar de posição em relação ao meu dever.
— Irei falar em Himura — Tales se prontificou assim que ouviu meu pedido de conseguir lugares para refugiados — mas do jeito que as coisas andam, eu duvido um pouco que isso vá ocorrer — ele suspirou parecendo frustrado — Principalmente depois da Ohime ter matado aquelas divindades.
— Hora de cobrar alguns favores — Zyon se espreguiçou — Sei para quem mais posso pedir auxílio para refugiados.
— Eu preciso de alguém que consiga abrir essas fendas junto com o Syaoran, ele sabe quem deverá procurar — falei com a voz firme — mas sejam cautelosos, vocês irão para o covil das divindades.
A reunião terminou tensa, a guerra era inevitável e eu precisava pensar acima de qualquer sentimento, eu precisava pensar de maneira racional. Por enquanto agiríamos na defensiva, o exército fecharia a rua dos prazeres e cartazes de Katriel seriam espalhados com um pedido explícito de não o enfrentarem. Katriel era esperto e minha jogada parecia desesperada, algo que de fato eu estava, mas a minha intenção era ganhar tempo para os civis. Ele não atacaria logo em seguida, eu sabia disso, ele esperaria a poeira baixar para só depois dar o bote e eu estava contando com isso, esse seria o tempo de tirar todos dali... o cenário que se desenrolava era bem mais sombrio do que eu esperava, mas essa não era a minha primeira guerra, mesmo assim, eu torcia com todas as forças para que fosse a última.
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