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☾✧ ━━ Cada beijo seu é um deleite para os sentidos, um sabor que me envolve e me faz te desejar mais (Qiang Huang) ━━✧☽
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Rì, 1 Muan de 1503 do novo reinado Qiang (prevernal)
Data Universo Homines (Planeta Terra): Quarta, 07 de janeiro de 2015 (verão)
Madrugada
Não sei nem dizer como a surpresa acabou, mas esperava que ele tivesse gostado. Abri os olhos lentamente e me vi deitada no sofá da sala particular do Imperador. Eu deveria pensar em ir embora. Me levantei e olhei em volta sem saber nem mesmo que horas eram. Quando vi o Imperador sentado, meu primeiro impulso foi fechar os olhos, mas antes que eu o fizesse, notei que ele parecia adormecido.
Sua mão estava apoiando seu rosto e seus olhos permaneciam fechados de maneira tranquila. Senti uma pequena agitação vinda dos sentimentos que estava espelhando dele, certamente por conta da posição que ele estava ou porque, assim como eu, ele não conseguia relaxar nem mesmo durante o sono. Ele era lindo, acho que nunca irei cansar de dizer isso.
Ele parecia tão mais vulnerável do que o normal enquanto estava daquele jeito que fez com que meu coração errasse uma batida. Tudo o que eu tinha vontade de fazer era abraçá-lo e protegê-lo.
Me aproximei com cuidado para não o acordar. Esperava que ele não acordasse se eu fizesse isso. Aproximei meu rosto do seu com o coração acelerado. Eu não deveria fazer aquilo, afinal ele estava dormindo, não seria certo. Mudei de ideia e apenas sussurrei com a minha boca próxima da sua.
— O senhor é um ótimo rei — senti sua respiração tranquila próximo da minha boca — parabéns pelo seu reinado.
Ao invés de levar minha boca até a sua como era a minha vontade, eu dei um pequeno beijo em sua testa e antes que eu saísse dali ele pestanejou e sorriu.
— Obrigado.
Meu sorriso voltou a abrir quando o olhei nos olhos e vi seu sorriso calculista ali. Filho da mãe, ele estava fingindo.
— Então, você estava acordado — eu não me afastei.
— Eu acordei agora há pouco, na verdade.
Eu não acreditava nas palavras dele, tinha certeza de que ele estava acordado o tempo todo e a prova daquilo era a maneira divertida em que ele olhava para mim, se divertindo com o sentimento confuso que eu estava carregando. Obviamente, ele estava apenas me provocando de novo. De qualquer jeito, eu não iria deixá-lo terminar com a vantagem, não naquela noite.
— Nesse caso, vamos fazer de novo. Dessa vez, da maneira que eu gostaria de ter feito.
Eu não dei a ele tempo para reagir enquanto dei a ele um curto, mas forte beijo. Quando me afastei, ele piscou para mim várias vezes parecendo confuso.
— Isso realmente foi interessante — ele riu de maneira nervosa — e eu que pensei que minha noite não poderia ficar mais agradável. Sinto que este presente não foi exatamente para um o líder de um país.
— Realmente não foi — falei sorrindo.
— Foi para mim, como indivíduo. Nunca tive uma celebração como esta antes e nunca ganhei um presente tão incrível quanto este — eu segui olhando-o e para a minha surpresa seu olhar era tão sincero quanto o sentimento de agradecimento que eu seguia espelhando dele — E eu ainda pude receber o primeiro beijo que você já me deu por conta própria.
Ele apertou os olhos e deu um sorriso malicioso enquanto seus dedos tocavam seus lábios e mesmo ele querendo me provocar, sua voz ainda soava suavemente em meus ouvidos. Ele estava feliz, muito feliz, sua felicidade espelhava na minha e com certeza voltava para ele, mas esse tipo de sentimento eu não me importava de multiplicar.
— Que bom que gostou. Quem sabe em uma próxima eu faça alguma coisa mais incrível ainda.
— Isso só irá me deixar ansioso — ele sorriu — mas agora... — seus olhos brilharam com malícia — vamos nos divertir até a sua carruagem chegar aqui.
— Nos divertir? — eu tentei primeiro entender de que tipo de diversão ele estava falando, mas ele riu da minha reação e seguiu.
— A comemoração ainda não acabou. Vou me dar esse direito hoje — ele finalmente levantou e me puxou pelo pulso fazendo com que meu corpo se acomode ao seu.
Meu coração pulou na garganta com o jeito carinhoso que ele me olhava e então, ele fechou os olhos e me beijou novamente.
Eu estava feliz, realmente feliz...
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Sì, 12 Muan de 1503 do novo reinado Qiang (prevernal)
Data Universo Homines (Planeta Terra): Domingo, 18 de janeiro de 2015 (verão)
O fato de eu fazer parte da guarda pessoal do Imperador e estar à frente da divisão que o protegia, me dava uma certa liberdade pelo complexo de palácios dele. Qiang certamente detestava o fato de não poder admitir que fez aquilo apenas para ficar de olho em mim, mas ninguém acharia estranho me ver caminhando sozinha no fim das contas.
A patrulha da noite anterior ocorreu tranquila, as poucas divindades que encontramos não nos deu realmente trabalho, eu apenas as mandei de volta para seu lugar de origem sem nenhum derramamento de sangue, mas em compensação havia um nome que martelava na minha cabeça desde a patrulha no bairro dos prazeres... Katriel. Inquieta com a agitação que aquele nome me trazia e tentando pensar em vão em qualquer pista que eu tivesse deixado escapar me inclinei até a janela, senti o ar fresco da noite e uma brisa suave brincou com o meu cabelo. Eu precisava de ar puro para pensar com mais calma.
Saltei da janela parando no chão e sorri ao notar o quão silenciosa eu podia ser sempre, mas mesmo sem fazer ruído, fui surpreendida com uma voz atrás de mim.
— Irá sair de novo? — me virei para Tales que estava parado de braços cruzados ao meu lado — Até quando vai nos evitar?
— Eu não estou evitando vocês — falei dando de ombros. De fato, eu não estava, ou pelo menos não tinha a intenção disso.
— Está sim — ele afirmou — irá fugir de novo?
— Eu já disse que não — suspirei. Eu entendia a desconfiança, mas ela machucava.
— Então, por quê?
— Eu só quero ficar um pouco sozinha. Tenho que pensar em algumas coisas, acho que estou deixando alguma coisa passar — respondi e me virei novamente.
— E por que não divide suas dúvidas com a gente?
— Porque mal sei se são dúvidas, Tales... é só uma sensação estranha — o cortei — tem um nome me martelando na cabeça. Prometo que quando isso passar a ser uma dúvida concreta, irei falar com todos.
Saí ainda de maneira apressada. Eu entendia a preocupação de todos, mas eles pareciam muito mais preocupados do que eu com a situação toda. A escolha havia sido minha e mesmo se não fosse, o risco de eu ser selada existia há mais de mil anos, desde que a as divindades começaram a me perseguir, eu sempre soube que algum dia eles iriam me alcançar, mas não tinha intenção nenhuma de deixar que fosse rápido.
Meus passos me levaram até o parque enquanto eu seguia martelando os mesmos pensamentos na cabeça e escutei o som de algumas crianças brincando. Eu lembrei delas e sorri.
— Olha, é a convidada do Imperador — uma delas gritou animada me fazendo sorrir.
— Ai, você está mesmo atrasada — outra criança falou — você não soube que ela é a chefe da guarda pessoal do Imperador agora?
— Olá crianças — me abaixei para me nivelar a elas — está um pouco tarde para ficarem aqui, não acham?
— Daqui a pouco iremos, nós só queríamos ver os vaga-lumes — o mais velho respondeu.
— Tudo bem, mas não demorem aqui — falei e me levantei de novo — vocês sabem que as ruas andam perigosas até mesmo dentro dos muros do palácio, não é mesmo?
— Então a senhorita deveria ir para a casa também — uma jovem me falou com a voz tímida — Sei que é da guarda pessoal, mas não deveria ficar sozinha também.
— A senhorita tem razão — sorri e passei a mão no cabelo dela — então, assim que vocês forem, eu irei também. Combinado?
— Você está devendo uma brincadeira com a gente — uma delas me puxou pela manga — eu não esqueci.
— Verdade. Da próxima vez iremos brincar então — eu respondi.
Elas disseram um "sim" sincronizado e começaram a correr ao redor do pequeno lago tentando pegar os vaga-lumes que apareciam. Fiquei ali olhando-as quando escutei um som estranho de desembainhar de espada e senti o corpo arrepiar. Logo depois escutei outro som e mais outro. Eu parecia estar cercada. Me levantei, cobri meu corpo com uma quantidade razoável de ruah para me proteger dos cortes e me joguei a tempo de proteger a criança menor com o corpo, uma divindade me lançou no chão com força, mas não tinha tempo para dar atenção a dor, havia muitas crianças ali.
— Ohime — escutei a voz do Khalil e rapidamente as crianças correram até ele para tentarem se proteger.
— Por que eles estão te atacando? — uma das crianças falou chorando. Elas podiam vê-los. Isso não era bom.
— Rainha Carmesim — uma das divindades falou — acho que tenho sorte de ter te encontrado aqui...
— E eu sem dúvidas um puto azar — falei olhando as crianças amedrontadas — será que podemos transferir essa luta para longe das crianças?
— E te dar a oportunidade de fugir? — ele riu sem humor — eu acho que não.
— Está preocupada com as crianças, Rainha? — outra divindade perguntou — Talvez então se eu agarrar uma delas você se entregue pacificamente?
Assim que ela terminou de falar, vi a manipulação de vento sendo lançada para onde as crianças estavam e corri para interceptar o ataque. Senti a rajada de vento pegando meu corpo, mas me forcei para não ser lançada para longe.
A raiva cresceu dentro de mim e senti a primeira lágrima de lava descer, eu tinha que me controlar, as crianças não aguentariam aquilo. O pano ao redor dos meus olhos se queimou por completo.
— Isso foi um ataque muito covarde da parte de vocês — falei forçando o maxilar. Meu corpo esquentou de um jeito intenso — Khalil, tire as crianças daqui.
— Não — ele falou com a voz apagada — e se você não voltar...
Escutei uma divindade se aproximando deles, mas Khalil parecia estático até mesmo quando a ameaça saltou sobre eles, eu novamente me joguei na frente e dessa vez a dor do ataque me faz encolher. Nós estávamos cercados.
— Fiquem longe, seus monstros — outra criança gritou de maneira chorosa.
Eu não podia lutar, tudo o que eu podia fazer era interceptar os ataques. Khalil seguia estático no lugar.
— Khalil, reage — eu falei um pouco desesperada — Não posso lutar com elas aqui.
Abri o olho e o espelhei, talvez usar o dom dele fosse menos prejudicial para quem estava ali. Quando senti o mesmo que ele, ele parecia vazio, era aterrador. Eu estava espelhando o claro sentimento de quem não via mais sentido nenhum na vida, um abismo sem fim de desesperança e dor. Tentei ignorar momentaneamente o que ele sentia, e com um chicote de fogo, eu afastei as divindades mais próximas.
Corri novamente onde estava Khalil e as crianças ofegante e já de olhos fechados novamente eu perguntei:
— Vocês estão bem? Saiam daqui enquanto vocês podem — minha voz saiu um pouco mais dura do que eu esperava.
As crianças pareciam apavoradas e pareceram se afastar de mim por puro medo.
— O que eles são? — um dos meninos perguntou.
— O que você fez com eles? — um outro perguntou com a voz chorosa.
— Eu... — o melhor a se fazer era apagar a memória delas, sem dúvidas, mas elas se afastaram de mim como se eu fosse algum tipo de aberração.
Apesar da reação esperada das crianças, não podia deixar de me sentir doída por eles me temerem. Eles nunca tinham visto nada assim e eu sabia que a reação deles era normal.
— Não tenham medo — eu me abaixei e mostrei as duas mãos — eu não vou machucar vocês.
Eles seguiam atrás de Khalil, que seguia estático no lugar. Seu estado começava a me preocupar e eu precisava dele, porque estava escutando as divindades se aproximarem de novo, por mais que eu tivesse tentado jogá-los o mais longe possível.
Eu sabia que a simples possibilidade de perder alguém podia machucar. Já havia me machucado diversas vezes e entendia bem o sentimento do meu amigo, mas nós não tínhamos tempo.
— Khalil, eu vou voltar — eu sussurrei — Então por favor, eu preciso da sua ajuda.
Apesar de eu sussurrar, as crianças automaticamente se afastam dele também.
— Você também faz isso que ela faz? Também lança feitiços e outras coisas como ela fez? — o medo na voz deles era tão nítido que chegava a dar pena.
— Khalil... — o chamei mais uma vez.
— O que... o que vocês dois são? — a voz da única criança ainda capaz de falar saiu tremida — O que você é Khalil?
— Khalil é só o Khalil. Alegre e ativo, como vocês o conheceram — a voz de Tales chegou até mim me dando um alívio instantâneo.
— Tales... que bom — me levantei enquanto ele se aproximava das crianças em silêncio e abaixou para se nivelar a elas.
— Só porque alguém pode fazer algo que você não pode, ou só porque alguém parece um pouco diferente de vocês... Por que isso os torna um monstro? — as crianças não responderam — Só porque algo é diferente do normal, não significa que seja assustador.
— Tales... — a voz de Khalil saiu fraca — Não deixe a Ohime...
— Ela disse que iria voltar, não disse? — Tales falou firme — então acredite nela... ela não promete o que não pode cumprir.
Infelizmente o momento emocionante não podia seguir. Ainda existiam outras divindades que já estavam bem próximas. Eu abri novamente os olhos, sentindo uma pequena chama ao redor deles e Tales se aproximou de Khalil para que eu pudesse espelhar os dois enquanto um bando de divindades furiosas vinha nos atacar.
— Sim, sinto muito Ohime — Khalil sorriu ao falar isso e pareceu finalmente acordar por completo do transe se colocando em posição de defesa. Os dois na minha frente, para que eu pudesse fazer um único selo poderoso espelhando-os, sem interrupções — Não se preocupem crianças, nenhum deles irão encostar em vocês.
As divindades avançavam, prontas para o confronto, elas não sairiam dali sem mim e não se importavam de usar crianças para que eu me rendesse. A tensão no ar era quase palpável, mas Tales, Khalil e eu estávamos determinados para que eu não me entregasse e ainda proteger as crianças a todo custo.
Tales e Khalil se prepararam, prontos para enfrentar as divindades que se aproximavam. Eu sabia que precisava agir rápido. Me concentrei nos dons dos meus amigos. Tales era uma divindade, podia abrir barreiras protetoras, Khalil era o espírito do fogo, e sabendo disso, fiz algo que eu nunca tinha feito antes... juntei os dois dons e criei uma barreira protetora com fogo em torno das crianças e nós.
As divindades se chocaram contra a barreira, suas expressões surpresas mostrando que não esperavam encontrar tal resistência, até mesmo Thales e Khalil me olharam sem entender o que eu tinha feito, mas não perguntaram. Isso nos deu uma pequena vantagem, tempo suficiente para planejar nossa estratégia.
Thales empunhou sua espada com confiança, enquanto Khalil conjurou seu fogo. Juntos, eles avançaram contra as divindades, enfrentando-as com coragem e determinação. Os dois eram ágeis e ao sair da barreira, divindade por divindade caiu no confronto contra eles.
Eu, por outro lado, me mantive focada em manter a barreira protetora intacta, garantindo que nenhuma ameaça conseguisse atravessar e alcançar as crianças.
As crianças observavam com olhos arregalados, vendo a batalha épica, pelo menos na visão delas, que se desenrolava logo a frente. Aos poucos, com a combinação de habilidades e trabalho em equipe, começamos a ganhar vantagem sobre as divindades.
Enquanto a batalha se desenrolava, percebi que a barreira protetora começava a enfraquecer. Eu estava usando uma quantidade enorme de energia para mantê-la ativa, e sabia que não poderia sustentá-la por muito mais tempo. Precisávamos encontrar uma maneira de derrotar as divindades de uma única vez.
Saí determinada de dentro da barreira. Eu não era de medidas extremas, mas haviam ameaçado crianças para me atingirem, sem dúvidas estavam indo longe demais.
Com uma das mãos, tentei manter a barreira ainda ativa.
— Tales, proteja o Khalil — falei sentindo a fúria crescer dentro de mim, eu precisava me concentrar.
Tales mal teve tempo para pensar, apenas se jogou em cima do amigo levantando uma barreira que eu esperava que fosse poderosa o suficiente e assim que os dois se protegeram, eu envolvi cada divindade com o magma que saiu do meu corpo. Eles se contorceram, e morreram em segundos. Caí no chão exausta no mesmo momento em que em que a barreira que eu estava mantendo se desfez em pequenos pedaços de energia.
No momento seguinte, dei uma olhada ao redor e vi que já não havia nenhuma ameaça por perto. Eu certamente estava encrencada agora. Matar divindades estava entre os crimes mais graves de Himura e apesar de já ter feito antes, era a primeira vez que eu fazia de maneira consciente.
— Vem eu te ajudo — Khalil sorriu e eu fechei os olhos enquanto ele me estendia a mão.
Assim que eu me levantei, Khalil se dirigiu para as crianças que seguiam tremendo.
— Khalil... — o menino chorou de vez. Pelo visto Khalil era bem popular até com as crianças dali.
— Está tudo bem — a luz de Khalil voltou a estar receptiva e o vi enlaçando todas as crianças de uma vez em um abraço — Não há mais nada a temer.
As crianças permaneceram em silêncio e pareciam seguir rígidas por um momento, até que por fim elas se deram por vencida e terminaram o pequeno abraço coletivo.
Depois de levarmos cada uma das crianças para casa, nós mesmos começamos a nos dirigir para a nossa.
— Preocupada? — Tales perguntou antes de chegarmos.
— Um pouco — admiti — talvez isso seja um ponto negativo caso eu ainda tente suplicar pela minha vida.
— Eles estavam fora da jurisdição deles, Ohime — Khalil falou entredentes — e ainda ameaçaram crianças... Não podem te julgar por isso.
— Talvez — falei suspirando — prefiro não pensar muito nisso por enquanto.
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Sì, 12 Muan de 1503 do novo reinado Qiang (prevernal)
Data Universo Homines (Planeta Terra): Domingo, 18 de janeiro de 2015 (verão)
— Olá para os dois — Katriel se aproximou do Visconde e de An Shang com um semblante divertido, era a primeira vez que An Shang havia sido arrastada até o novo esconderijo de Katriel.
Ele teve que deixar tudo às pressas quando teve seus planos arruinados por uma rata assassina de outro universo. Ele cuidaria dela depois de finalizar sua obra prima, ele tinha plena certeza disso.
— A senhorita Ohime não está agitada da maneira que eu gostaria, talvez mexer só com o deus Qiang não esteja dando o efeito que gostaríamos e vocês sabem, minhas matérias primas têm prazo de validade.
O sorriso distorcido de Katriel fez An Shang tremer.
— Eu... eu não quero mais passar informações — ela conseguiu falar engolindo em seco — isso tudo foi um erro.
O visconde pigarreou do lado, tentando fazer a mulher ficar quieta. An Shang não conhecia Katriel e seu prazer doentio ainda e o visconde, apesar de tudo, ainda desejava An Shang e não queria perdê-la naquele momento.
Katriel chegou perto de An Shang, sem perder o ar divertido na voz e a pegou pelo cabelo.
— Sabe, senhorita — ele falou calmamente enquanto ela gritava — eu nunca tive a intenção de te colocar nesse jogo. Você é sem graça, sua luz é sem graça e nada em você me chama a atenção. Quem te colocou no jogo foi o visconde, mas agora que você está nele, temo que não poderá somente abandonar o barco, e para que fique claro, irei demonstrar como eu trato aqueles que me desobedecem.
Enquanto Katriel arrastava An Shang aos berros escada abaixo até um porão, o visconde os seguiu ainda tremendo. Ao chegarem em seu porão úmido e com pouca iluminação, An Shang vomitou e Katriel riu.
Em meio a diversos restos de corpos, havia uma mulher nua e amarrada na parede, Katriel pegou um frasco e mostrou para An Shang.
— Sabe o que é isso? — An Shang negou apavorada com a cabeça — Soda caustica com álcool. Quer ver o que acontece quando alguém ingere isso? — An Shang negou, mas Katriel apenas riu — Se a senhorita fechar os olhos, eu faço você engolir também.
Katriel colocou uma espécie de funil e em seguida fechou a boca da moça com plástico fazendo-a engolir a substância completamente. An Shang colocou a mão na boca para não gritar e sentia as lágrimas escorrer por seus olhos enquanto a prisioneira se debatia e dava gritos abafados pela mordaça de plástico.
— Agora, ela vai ter seu esôfago corroído — Katriel ficou assistindo — a intensidade das luzes de dentro de cada um é extremamente linda. Parecem fogos de artifício, mas o ser humano é fraco, preciso desse show dentro daquelas luzes vermelhas e intensas da Ohime, mas não quero correr riscos desnecessários, fazê-la ter apenas dores físicas não será suficiente, preciso de mais dores emocionais para que tudo seja perfeito.
O visconde apoiou An Shang que estava prestes a desmaiar com a cena da mulher se contorcendo de dor.
— O que o senhor precisa? — sua voz saía tremida, mesmo ele estava tendo dificuldades de manter a mente sã, se é que já tivesse sido sã algum dia.
— Mortes — Katriel falou — minhas duas companheiras não teriam condições de entrarem no complexo.
Ele se virou para An Shang e se aproximou novamente, acariciou novamente seu rosto molhado pelas lágrimas e depois sussurrou:
— Pensando bem, acho que a senhorita será perfeita para um dos meus experimentos. Mate alguém que trabalhe perto de Ohime, mas não escolha alguém de seu círculo de confiança, pois não quero que a proteção ao redor dela se intensifique muito e depois desse trabalho, venha até mim. Se não o fizer, acredite, eu irei até você e isso será ainda pior. E por favor, sejam criativos para essa morte, assim que matarem, me chamem que eu deixo tudo perfeito para os olhos do meu deus. Preciso dar alguma obra para ele, estou começando a sentir tédio. E aproveitando, visconde, volte a se aproximar da Ohime para mim, desejo vê-la de novo. Não quero perder nenhum detalhe — Katriel riu e praticamente os arrastou para fora — Não me decepcionem.
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