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☾✧ ━━ A força dele parece uma chama que nunca se apaga, e está iluminando pouco a pouco o meu caminho sombrio (Ohime) ━━✧☽
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"Ela conseguiu aguentar bastante tempo", foi o primeiro que pensei antes de girar meu braço em torno do seu corpo para segurá-la. Provavelmente ela iria demorar para acordar, o que implicava que ela não iria ver a apresentação daquele dia, o que eu, de certa maneira já havia previsto.
— Majestade? — um dos meus seguranças me chamou preocupado — precisa de ajuda com a senhorita? Ela está bem?
Perguntar se ela estava bem era algo completamente desconexo com a visão da moça desmaiada nos meus braços, mas tentei ser gentil.
— Consiga um dos camarins, peça para que tragam alguma coisa para comer e água. Devo desculpar-me com o dono do teatro em breve, mas por enquanto, deixaremos a senhorita confortável.
Ele se apressou para atender ao meu pedido e em poucos minutos já estava em um camarim. A deitei com cuidado em um divã e me sentei em uma poltrona, ficando próximo dela.
Mesmo inconsciente ela parecia agitada, continuei sentindo a ansiedade e o frio na barriga que ela sentia. O medo e o desespero ainda estavam presentes em seu corpo, mas já estavam começando a desaparecer.
Ela era mais forte do que acreditava, mas tinha medo da dor emocional.
Um jovem que trabalhava no teatro chegou trazendo comida, água e um vinho para mim. Ele não esperou agradecimento, apenas se curvou e perguntou se eu desejava algo mais. Com a minha negativa ele saiu em silêncio.
Ohime precisava se acostumar com aquilo e não teria o mesmo tempo que eu tive. Eu demorei muitos e muitos anos para dominar o que eu sentia e mesmo assim podia ser complicado dependendo da situação. Ela não tinha todo aquele tempo. Iria forçá-la, iria forçar a sua resistência até quebrá-la se fosse necessário, até que ela manejasse isso tão bem quanto eu.
Pouco a pouco a ansiedade desapareceu, ficou apenas o cansaço e lutei para que o sono não me vencesse. Se ela demorasse para acordar, teria que acordá-la. Ela precisaria comer um pouco antes de sairmos dali.
O professor falou de ajudá-la. Talvez existisse um meio de amenizar os efeitos que essa maldição trazia. Precisava me certificar de falar com ele ainda naquela noite.
Que Imperador patético eu era, fiquei ali, admirando a mulher a minha frente enquanto ela dormia. Ela parecia uma escultura de tão bela que era. Eu a queria, não adiantava mentir para mim mesmo, mesmo assim não podia tê-la, não sem arrumar uma discórdia gigante entre os nobres, principalmente os nobres com filhas na idade de casarem.
As coisas deveriam ser mais fáceis para mim por ser o Imperador, mesmo assim, ir contra o conselho e noivar logo depois de recusar uma aliança não era uma boa estratégia. Precisava pensar com calma e friamente, algo certamente difícil com ela no meu campo de visão.
Enquanto ia e voltava em pensamentos cada vez mais sombrios, Ohime se moveu, mas antes que ela abrisse os olhos, eu preferi tapá-los com a mão. Ela não precisava sofrer mais por aquela noite.
— Aqui — estendi a faixa que eu havia levado para mim, pois tive a sensação de que não a deixaram levar a dela.
— Obrigada — ela respondeu, sua voz parecia cansada e distante, talvez não soubesse exatamente o que tinha acontecido.
— Tem comida para você — avisei e deixei a bandeja próxima dela.
Ela comeu em silêncio, senti sua confusão, mas não falei nada. Me servi um pouco de vinho e ofereci para ela, mas ela recusou. Coloquei então um pouco de água em um copo e ela bebeu devagar.
— Estou me sentindo estranha — ela admitiu por fim — mas acho que consigo ir ver o show.
— Já perdemos a apresentação senhorita — falei e me encostei novamente na poltrona. Ela não tinha noção nem mesmo do tempo que ficou desacordada.
Ela se moveu no divã e suspirou.
— Sinto muito — ela falou baixo.
— Deve sentir mesmo — falei sem pensar — terei de me desculpar com o dono do teatro.
Ela não retrucou, eu queria que ela retrucasse, queria que ela brigasse, ou me confrontasse, mas ela não o fez. Suspirei me sentindo de repente muito cansado.
— Não se preocupe — falei por fim — quando se sentir pronta, te levo para casa e depois que a senhorita descansar, iremos falar sobre o próximo dia de treino.
Ela empalideceu na mesma hora, mas não falou nada.
Fomos para a carruagem e a cada passo ela parecia mais debilitada e em menos de dois minutos de viagem, ela se acomodou no meu ombro me pegando desprevenido e dormiu profundamente.
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Rì, 06 Mac de 1503 do novo reinado Qiang (outono)
Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): Terça, 02 de dezembro de 2014 (primavera)
Na manhã seguinte, acordei ainda confusa com o que realmente passou na noite anterior. Fiquei deitada um tempo, fitando o teto sem me decidir a realmente me levantar. A porta do meu quarto se abriu lentamente. Não conseguia me lembrar nem o como cheguei em casa.
— Ei, você acordou — a voz animada de Khalil preencheu o ambiente.
— Bom dia, Khalil — sorri com a sua animação e vi, logo atrás dele, a luz quase oculta do Professor.
— Bom dia, senhorita Ohime — ele falou com a sua voz moderada de sempre — como vai sua saúde?
— Melhor do que ontem, eu acho — não lembrava de muita coisa, mas o mal-estar opressor seguia vivo na minha mente. De qualquer forma, não me sentia pesada e nem tinha dores pelo corpo.
— Essa é realmente uma boa notícia — ele falou se aproximando — Eu queria te dar isso.
Ele colocou alguma coisa ao lado da minha cama e em seguida colocou algumas cápsulas na minha mão. Cápsulas medicinais eu supunha.
— Para que servem? — perguntei curiosa.
— Elas contêm um medicamento geral considerado útil contra maldições — ele explicou — a senhorita já chegou a tomar antes, mas não é tão eficaz quanto eu gostaria. Talvez a ingestão contínua possa ajudar a combater os efeitos que te afligem, pelo menos os mais graves enquanto você segue com o treino. Faça o possível para tomá-los todas as manhãs e todas as tardes. É feito de ervas moídas que eu mesmo colhi.
— O senhor tem trabalhado muito professor — falei agradecida pelos cuidados dele — como arrumou tempo para colhê-las?
— Meu conhecimento sobre essas ervas me ajuda na hora de saber onde colhê-las. Não foi difícil encontrar algumas aqui por perto mesmo e outras eu já tinha em alguns estoques. Não tem necessidade de se preocupar com isso. Além do mais, Tales frequentemente me ajuda a encontrá-las.
— O Tales está bem? — perguntei. Fazia tempo que eu não falava com ele e tinha a sensação de que ele vivia ocupado com alguma coisa.
— Está trabalhando desde o amanhecer — o professor respondeu tranquilamente — quando ele coloca na cabeça que quer alguma coisa, ele consegue.
— Ele nem tomou o café da manhã — Khalil falou de canto.
— Entendo — respondi com um curto sorriso — espero que ele não se esqueça que precisa se cuidar também.
— Esse conselho serviria direitinho para você também, senhorita — o Professor respondeu suavemente.
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Liù, 12 Mac de 1503 do novo reinado Qiang (outono)
Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): Segunda, 08 de dezembro de 2014 (primavera)
— Ei, você? — o homem chamou visconde Zaki.
— De novo não — o visconde tremeu visivelmente — Eu já falei tudo o que eu sabia sobre o Imperador. Eu não tenho mais nada a oferecer.
— Ah – o homem riu — o Imperador é fascinante, não é? Ele é um deus e eu o quero.
— O senhor é louco — o visconde estava terrivelmente amedrontado — o que mais quer de mim?
O homem se aproximou, fazendo uma leve carícia no rosto do homem apavorado. Seu sorriso predatório e sinistro queimava o visconde de um jeito que o impedia sequer de correr.
— Irá participar do aniversário do Imperador? — o homem perguntou.
— Sim — o visconde gaguejou.
— Está vendo a moça que está para entrar agora? O senhor se lembra dela eu suponho — o visconde olhou uma jovem de cabelos negros entrando — aquela é Lady Ohime e quero que você se aproxime dela. Quero saber tudo a seu respeito. Conquiste-a. Ela ficará perfeita na minha obra de arte para o meu deus.
— Aquela é a nova noiva do Imperador? — o visconde perguntou ainda mais apavorado — eu não posso fazer isso. Já tentei me aproximar...
— Se não fizer, já sabe o seu destino, além do mais, olhe para ela — o homem forçou o visconde a olhar para a jovem que se apresentava para dois guardas — ela é maravilhosamente bela. Se conseguir fazer isso, eu deixo que você se divirta antes do meu golpe final.
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— Ele irá conseguir? — Nifir apareceu detrás de uma das paredes assim que o visconde saiu de vista — Eu preciso da cabeça da hansha o mais rápido possível e não entendo suas brincadeiras, para que isso tudo?
— Seja paciente, Nifir — o homem a acalmou — eu disse que irei consegui-la para você e é isso que eu irei fazer. Em troca você também me ajuda com o meu objetivo, foi o nosso acordo, mas minha matéria prima precisa ser moldada, eu preciso dela com a sintonia certa para isso.
— E como esse homem amedrontado irá ajudar? — Nifir fez cara de poucos amigos — é só mais um ser humano imundo e fraco.
— Exatamente — o homem sorriu — Quero que o desejo dele por ela seja muito maior do que seu medo e sua prudência. Eu instalei um pequeno dispositivo em sua corrente sanguínea, iremos ver tudo o que ele vir. Vamos tentar novas informações assim.
— A sua ideia é fazer com que ele a deseje? — Nifir suspirou — tenho certeza de que aquele doente já pensou em todas as coisas nojentas com ela desde que o senhor disse que o deixaria aproveitar.
— Eu preciso que ela sofra pelo meu deus... o ruah dela ainda não está preparado para o grande final — o homem falou com um sorriso satisfeito no rosto — eu preciso de mais sofrimento vindo dela.
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