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⚠️ATENÇÃO, ESSE CAPÍTULO CONTÉM OS SEGUINTES GATILHOS⚠️
❂ Violência
❂ Morte
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☾✧ ━━ No meio do caos e do estrondo ensurdecedor da guerra, o desespero se torna um companheiro constante (Qiang Huang) ━━✧☽
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Èr, 01 Mac de 1503 do novo reinado Qiang (outono)
Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): Quinta, 27 de novembro de 2014 (primavera)
Era a nossa primeira noite em patrulha com o exército. Eu havia saído cedo de casa pois me sentia nervosa e ansiosa. Fiquei no local indicado esperando as horas passarem.
— Você acha que eles irão aparecer? — Khalil perguntou ao meu lado — Eles não vão nos deixar na mão, não é? Principalmente o Imperador.
— Khalil, não é como se nós tivéssemos vários compromissos, não é mesmo? — falei feliz por ser tirada dos meus pensamentos — Diferente de nós, o Imperador mimado precisa cuidar de um país inteiro. Ele nem está escalado para as nossas rondas. Em relação aos outros, eu duvido que eles percam algo tão importante.
— Chegou cedo, Ohime — Tales me cumprimentou ao chegar e encostou ao meu lado — Mas por que o ponto de encontro é na frente de um Hotel de luxo?
Eu apenas dei de ombros. Tales não parecia ansioso, parecia o mesmo de sempre e invejei sua capacidade de estar sempre tranquilo.
— Aparentemente — respondi — haverá representantes de elite do governo reunidos lá esta noite. Eles queriam que patrulhássemos a área como medida de segurança.
— Eu não sei, eu realmente não gosto de como soa isso — Khalil resmungou — Por que devemos nos importar com um monte de cães engomadinhos do governo?
— Tem problemas com o governo e ainda assim é companheiro do Imperador — eu ri — isso sim que é ironia, não? Além disso, não queremos que ninguém seja atacado, não importa se são cães governamentais ou não. Vamos fazer o que viemos fazer e voltar para casa. É só tratar isso como um emprego temporário, Khalil.
— Há um limite para o que você pode fazer sem prejudicar ninguém — Tales cruzou os braços — Você não acha que é meio inútil se preocupar com isso?
— O que há com você? — Khalil se alterou — Você está fazendo parecer que Ohime não vale nada ou algo assim.
— Eu não disse isso — Tales deu de ombros — eu disse apenas que ela precisa relaxar. Que não resolve querer salvar todo mundo, que ela precisa fazer o que pode, mas não pode se sacrificar para isso.
Apesar das palavras do Tales parecerem duras, elas me aqueceram um pouco o coração. Ele já havia reclamado inúmeras vezes por eu sempre colocar os outros em primeiro lugar e essa era a sua maneira de mostrar que estaria tudo bem, mesmo que eu não conseguisse.
Ficamos em silêncio enquanto víamos o major chegar com um grupo de soldados.
— Olá, senhorita Ohime — ele me cumprimentou com uma luz cálida, como se fossemos velhos amigos.
— É um prazer revê-lo, major Ang — falei de maneira formal — Estou ansiosa para enfim trabalhar com o senhor — claramente era mentira e eu não fiz questão nenhuma de esconder isso dele, mas pelo menos minhas palavras seguiriam as boas maneiras.
— Ei, olá Zyon! — Khalil saltitou até o Príncipe Corvo que chegava lentamente.
— Você é apenas um pacote de energia em todos os momentos do dia, não é Khalil? — ele riu, mas foi cortado por um bocejo — Quanto a mim, eu preferia estar indo dormir a estas horas.
— Olá, Zyon — sorri com sua chegada e meu sorriso se alargou ao reparar que ele não parecia mais irritado comigo.
— Estamos prestes a sair em patrulha. É melhor você não estar muito cansado — Khalil o cutucou para que ele acordasse.
— Bem, eu não posso evitar. Eu trabalho durante a tarde, sabia? — ele colocou uma das mãos na cintura.
— Tem certeza que ao invés de trabalhar, você não estava jogando Go de novo? — Khalil colocou a mão no queixo pensativo.
— Eu estava trabalhando duro enquanto jogava Go para entreter um cliente.
Não pude evitar, eu caí na risada. Zyon não mudava nunca, mas essa atitude descontraída me ajudou a acalmar meu nervosismo.
— Então, vamos começar? — o major nos interrompeu.
Antes que ele pudesse delegar nossas tarefas, uma carruagem puxada por cavalos imperiais parou ao nosso lado.
— Essa carruagem — resmunguei — não me diga que...
— Eu realmente preferia ter vindo até aqui para um banquete, a comida desse lugar é ótima — o Imperador falou ao descer da carruagem.
— Majestade — o coro de soldados o recebeu se reverenciando.
— O senhor já tem um jantar agendado aqui daqui a alguns dias, senhor — Syaoran resmungou ao seu lado.
— Majestade, o que o senhor está fazendo aqui? — o major parecia tão surpreso quanto qualquer outro ali.
— Vou participar, simples — ele deu de ombros e seguiu em direção ao local onde eu estava.
— Mas majestade, o senhor não precisa...
— Está me dizendo o que fazer, major? — a voz dele de repente pareceu dura.
— Não, senhor — o major respondeu baixo.
— Ótimo. Se tem algo perturbando a paz do meu reino, eu quero estar a par da situação e quando o meu exército não é capaz de solucionar isso sem intimidar e convocar meus convidados, então eu sou obrigado a intervir.
— Eu entendo — o major pigarreou — só peço, por favor, para que não chame a atenção. Caso contrário atrairíamos curiosos para o caso.
— Por favor, como se uma unidade do exército com uma mulher fazendo parte dele na frente de um hotel famoso não fosse o suficiente para chamar a atenção — o Imperador cruzou os braços — Se você realmente quisesse ser cauteloso sobre tudo isso, talvez você deveria ter escolhido outro local, não é? Ah, e posso sugerir que seus soldados tirem o uniforme branco? Ele se destaca. Se quer saber, eu estou te fazendo um favor, major. Pelo menos agora, irão pensar que o exército está aqui por mim.
— Majestade, talvez o senhor pudesse falar de uma maneira um pouco mais agradável — Syaoran resmungou ao seu lado — eu entendo perfeitamente seus sentimentos, mas mesmo assim...
— Será que os dois não podem fingir que se dão bem por pelo menos 5 minutos? Majestade, talvez o senhor devesse ser um pouco mais considerado com o seu exército e você major, deveria confiar um pouco mais no seu Imperador — fiquei entre eles — não me façam querer ir embora.
Os dois ficaram em silêncio, um silêncio incômodo que foi interrompido por um soldado qualquer.
— Ei, essa mulher é realmente um hansha, assim como o Imperador?
Uma onda de inquietação percorreu os soldados que estavam atrás do major.
— Patrulhar com ela é realmente uma boa ideia? Até o Imperador ficou quieto...
Cruzei os braços e me virei para o major esperando que ele calasse seus homens, mas ao invés de fazer isso, ele apenas ignorou os comentários e perguntou:
— Onde está o outro? O que está sempre no palácio com o Imperador.
— O professor Yakumo não virá — Zyon falou tranquilamente — ele se mantém longe dessas coisas.
— Covardia não combina com um homem — o major retrucou.
— A covardia dele te mantém vivo, major. O dia que precisarmos dele, com certeza o cenário será completamente diferente do que o senhor está vendo agora — Zyon respondeu de maneira preguiçosa enquanto acendia um cigarro — Agradeça por não precisarmos dele ao invés de chamá-lo de covarde.
Antes que qualquer um pudesse retrucar, fui atraída para um pequeno som de pés amassando folhas secas e virei instintivamente para a origem do som. Aparentemente somente eu e o Imperador ouvimos.
— Será possível que logo no primeiro dia encontraríamos problemas? — falei forçando um pouco o maxilar.
— O que é isso? — o major se colocou em posição. Todos olharam em volta tentando encontrar a origem do som que já estava alto o suficiente para todos ouvirem.
— Parece que está vindo de vários lugares — o Imperador resmungou ao meu lado. Ele tinha razão, apesar de um deles se sobressair, havia outros sons que pareciam se arrastar para onde estávamos.
— O que é isso? — um soldado gritou e quando eu me virei para onde ele estava, eu vi a forma de várias divindades. Minha boca secou.
— Rainha Carmesim — a divindade que havia ido me buscar no palácio do imperador logo no primeiro dia apareceu novamente — nos encontramos de novo, mas dessa vez, garantirei que venha comigo, mesmo que seja em pedaços.
— Acho que ele realmente ficou chateado por não ter sido incluso no nosso chá da tarde, Majestade — falei cruzando os braços, mas eu estava um pouco nervosa com a quantidade deles ali.
— Vão embora, vocês sabem que não possuem direitos aqui — Zyon falou — isso está fora da jurisdição de vocês. Irão arrumar briga sem motivos.
— A Rainha Carmesim é motivo suficiente para aceitarmos uma guerra inteira, contanto que ela seja levada para ser julgada.
— Mantenham-se firmes — o major falou e os soldados sacaram suas espadas em uníssono.
— Esses caras enlouqueceram — Tales parecia entediado ao puxar sua espada — precisamos controlá-los antes que eles causem uma cena aqui. Realmente preferem uma guerra? Por isso odeio as divindades, acho que não vou me arrepender se chutar a bunda de alguns deles.
— Nossa, que lindo você fica assim, Tales — Khalil falou parecendo realmente admirado.
— Desculpa interromper — o Imperador falou levando a mão suas chamas roxas, da mesma maneira como eu havia visto quando briguei com Zyon — você não acha que temos coisas melhores para nos preocupar agora, Khalil?
Tanto o Imperador como Tales atacaram algumas divindades, aparentemente o Imperador não estava com paciência para diplomacias com quem invadia o território dele, pois em pouco tempo, ele já havia matado pelo menos 3 divindades.
— Parece surpresa senhorita Ohime — Syaoran falou se preparando para o ataque também.
— Não esperava que o Imperador fosse simplesmente matá-los — expliquei — ele sabe que acabou de declarar guerra, não sabe?
— E o que você esperava, Ohime — Zyon falou se preparando também — Invadiram o território dele, você não acha que ele se manteve no trono sendo gentil e bondoso o tempo todo, não é? Não há tempo para lástimas agora, apenas acabe com eles.
Assim que uma das divindades atacou Zyon, ele apenas encostou nele e ele se desintegrou na mesma hora.
— Ohime, se prepare. Você vai precisar acabar com eles de uma vez se não quiser que todos morram — Tales falou se aproximando — Não há como eles aparecerem bem no meio da cidade se não quisessem declarar a guerra abertamente. O jeito mais fácil seria selá-los todos de uma vez. Concentre-se, porque são muitos deles e vai exigir bastante de você.
Impulsionada por suas palavras, eu rapidamente abaixei a faixa dos olhos, os 5 se posicionaram de uma maneira que eu pudesse espelhar todos de uma vez e senti meu corpo sendo preenchido com diversas energias diferentes. Tentei a todo custo excluir todo o resto, todos os sentimentos confusos dos soldados que lutavam desesperadamente e toda a raiva contida do major. Excluí com dificuldade um por um e me concentrei apenas nos meus companheiros. Com a minha energia escapando pelos poros do meu corpo, vi como todas as divindades avançavam contra mim de uma vez, mas estávamos preparados para eles. Não era hora de ter pena. Eu precisava ir para a justiça? Talvez fosse verdade, mas eu não estava disposta a ser selada naquele momento, não queria um castigo sem saber o que de fato eu havia causado. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde eu me entregaria, sabia daquilo desde a minha briga com Zyon, mas aquele não era o momento. Ali haveria uma matança em massa e eu sabia disso, mas não me sentia especialmente abalada por isso.
— Lá vem eles — Tales preparou sua espada.
— Desculpa pessoal, isso vai doer um pouco — Khalil incendiou o corpo e fez surgir em sua mão um chicote de fogo.
Syaoran apenas projetou um vento de gelo ao redor de si, sem falar nada.
— Eu preferia que isso acabasse rápido, seria menos doloroso para cada um de vocês — Zyon deu de ombros e senti em suas mãos o poder destrutivo de sua desintegração.
— Honestamente — foi a vez do Imperador projetar suas chamas roxas, chamas que queimavam apenas o que ele quisesse que queimasse e sem dúvidas a chama mais poderosa que eu já havia visto na vida — azar o de vocês por terem vindo até aqui. Preferia que deixassem o meu reino em paz.
Todos os poderes espelhados no meu corpo, com exceção das chamas do Imperador , como linhas que se conectavam até onde eu estava. Senti as chamas nos meus olhos. Cada um dos meus companheiros se defendiam e não deixavam ninguém se aproximar. Senti meu ruah escapando do corpo em pequenas chamas negras e vermelhas enquanto cada uma das divindades começava a se contorcer de dor.
— Ohime, cuidado — Khalil de repente pareceu preocupado.
— Eu estou bem — falei sem mentir, não me lembrava da última vez que havia me sentido tão bem assim. As coisas ao meu redor pareciam muito mais lentas do que antes.
Tracei com as mãos o pentagrama no ar enquanto algumas divindades que haviam conseguido passar pela defesa saltavam para mim, mas queimavam e desintegravam antes de me encostar.
"Nam omnis iste dolor
Regina, fac illud ardere"
Na posição que todos estavam, eu era capaz de ver como o símbolo nas costas de cada um brilhavam assim que eu invocava o feitiço e aquele show de luzes parecia dançar na minha mente. Como se estivéssemos em uma sintonia de luzes e sons, um show perfeito de luzes e sombras na minha frente.
"O que está acontecendo?", pensei enquanto sentia a minha mente vagando para longe. A cena que se passava pela minha cabeça estava muito distante da realidade que se desenrolava na minha frente.
Eu conheço esse lugar... lembro de estar aqui antes. Era a aldeia de Kyo. Não sabia dizer de onde vinha esse conhecimento, mas era tão claro quanto a lembrança do meu próprio nome. As chamas engoliam a aldeia enquanto ela queimava diante dos meus olhos.
Diversos seres atacavam incansavelmente o lugar.
— Não lutem — alguém gritou — fujam, fujam agora!
— Não temos para onde fugir — outra pessoa gritou — estamos condenados.
O exército de Himura se erguia como nuvens de vapor do chão enquanto as pessoas tentavam fugir em pânico.
Antes que eu pudesse raciocinar sobre o que estava acontecendo, a cena que estava passando pela minha cabeça mudou.
Na minha frente havia um garoto deitado no chão de tatame de uma sala. A lâmina de uma espada perfurava o seu peito. Yohan...
— Nunca... — ele falava com esforço enquanto estendia a mão para mim, ofegante de angústia enquanto lutava para mover seu corpo encharcado de sangue — Eu nunca vou te perdoar...
Por reflexo, fechei meus olhos com força, tinha medo de sentir a dor dele. Tinha medo de saber o que ele sentia. Tinha medo de descobrir que meu irmão havia morrido daquela maneira.
— Ohime! — escutei a voz de Khalil distante, mas forte o suficiente para me trazer de volta aos meus sentidos.
Verdade, eu estava lutando contra algumas divindades na frente de um hotel de luxo. Quando olhei em volta, não vi nenhuma divindade ali, via apenas restos queimados do que eles foram.
Fechei os olhos para não olhar para ninguém, não entendia o que tinha acontecido. A ideia não era matá-los, mas ali estavam, todos mortos.
— Comandante — escutei algum soldado chamando-o.
— Deixe-os — a voz firme do major não deixava dúvidas sobre a sua autoridade — Este não é o momento.
O que eu tinha feito? Como eu matei tantas divindades de uma só vez? E que imagens eram aquelas?
— O que eu acabei de ver? — perguntei com a voz quase apagada para ninguém em particular.
Uma aura sombria preenchia a luz de cada um ali de uma maneira dolorosa.
— Olha... — a voz de Khalil saiu dolorosa.
— Vocês viram o mesmo..., mas vocês sabem o que foi isso... — falei praticamente implorando que me falassem algo.
— Sim, esse ataque existiu — Khalil falou como se a simples lembrança fosse dolorosa.
— Era o Yohan, não era...Foi assim que o meu irmão morreu? — perguntei, mas antes que eu terminasse de formular a pergunta, o mundo pareceu girar ao meu redor.
— Ei, Ohime! — com a voz distante de Khalil em meus ouvidos, eu caí no chão.
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