━━━━━━✧❂✧━━━━━━

☾✧ ━━ Marionetes são como poesia em movimento, dançando ao sabor das mãos habilidosas que tecem a história nas cordas invisíveis do destino ━━✧☽

━━━━━━✧❂✧━━━━━━

Não lembrava de alguma vez ter sido rejeitado. Se isso havia acontecido, a lembrança havia sumido junto com a minha memória.

— Levante a cabeça, Majestade. Um Imperador não deveria se mostrar assim em nenhuma circunstância — ouvi ela dizer antes de sair. Nunca desejei tanto não ser o Imperador como naquele momento.

Não a olhei se afastar, não queria saber como sua luz estava. Me quebraria a alma se ela estivesse triste e me quebraria do mesmo jeito se eu soubesse que ela estaria normal a ponto de não sentir nada com aquilo tudo.

"Levante a cabeça", a voz dela ressoava no meu ouvido e por alguma estranha razão não me parecia a primeira vez que eu escutava aquilo. Ela falou para esquecer que aquilo havia acontecido e era exatamente o que eu precisava fazer, mas não naquele momento... será que eu poderia me dar o direito de sofrer pelo menos por um dia?

Saí da sala do trono ao notar que ela já não estava ali e antes de passar reto por An Shang, eu finalmente deixei claro.

— Já tenho a minha resposta para você e para o seu pai — minha voz saiu raivosa e dolorida e ela pareceu se encolher.

Sei que estava sendo cruel com a moça, eu deveria ter dito isso há muito tempo. O problema era perder uma boa aliança agora. Droga, eu era o Imperador, eu mandava, mas acabar com uma aliança daquela poderia significar problemas.

— Syaoran — o gritei enquanto passava por um dos corredores. Como sempre ele apareceu muito rápido — Me traga uma garrafa de baijiu.

— Senhor, ainda estamos no meio do dia — Syaoran protestou.

— Cancele o que eu tenho para hoje e me traga a garrafa, Syaoran — repeti para deixar claro que aquilo era uma ordem — Estarei em meus aposentos.

Quando eu encontrasse Ohime novamente, eu teria feito exatamente o que ela disse para eu fazer. Eu teria esquecido meus dois únicos momentos com ela.

━━━━━━✧❂✧━━━━━━

Universo: Faaliye (Quadrante 2)

Planeta: Azuma

País: Yeou

Data local: Èr, 20 Zack de 1503 do novo reinado Qiang (outono)

Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): Sexta, 06 de novembro de 2014 (primavera)

— Minha nossa — o visconde olhou para um canto do jardim a jovem An Shang chorando — Por que está chorando, senhorita?

A jovem olhou primeiro confusa para ele, depois se levantou rapidamente e fez uma pequena reverência.

— Oh, Visconde. Sinto muito, não havia visto o senhor — ela secou rapidamente os olhos na tentativa vã de não o deixar notar as lágrimas.

— O que aconteceu, senhorita, para que esteja assim aos prantos? — o Visconde se sentou e fez sinal para que a jovem se sentasse também — Se eu puder te ajudar, apenas me diga.

An Shang era uma jovem tola e inocente, o Visconde sabia bem disso, mas ele também sabia que ela faria de tudo para ter os favores do Imperador. Ele ficou ali com ela, bajulando-a até que a jovem soltou a língua, falando tudo o que havia acontecido entre a jovem convidada e o Imperador.

— Eu tenho uma ideia, An Shang — ele limpou uma última lágrima de seus olhos — sei como fazer com que o Imperador repense na proposta, mas a senhorita terá que confiar em mim. Pode fazer isso?

— Eu irei conseguir ficar com o Imperador?

Ele não tinha certeza, mas se a jovem ali na sua frente pudesse ser manipulada por ele assim como ele era manipulado pelo homem misterioso, então ele poderia conseguir mais rápido o que o homem queria e poderia se ver livre das mãos dele.

— Sim — ele garantiu, era uma pequena mentira, mas valeria a pena — tenho certeza de que o Imperador não poderá te rejeitar depois disso, mas para eu te ajudar, a senhorita deverá me prometer que irá me ajudar com algumas coisas também.

— Se eu puder ficar com o Imperador, eu faço qualquer coisa.

— Então temos um acordo — o visconde Zaki sorriu de maneira terna para a moça.

— E como eu poderia ficar com ele? — a jovem perguntou ansiosa.

— Tudo o que você precisa fazer, é ter um filho dele — o Visconde sorriu quando ela o olhou com a cara de espanto.

— Mas como irei fazer isso? — ela parecia realmente confusa — Como farei isso se ele nem ao menos quer estar na minha presença?

— Deixe essa parte comigo — o Visconde acariciou o rosto da jovem. Ela com certeza não era uma jovem para se jogar fora, mas seria cuidadoso com o seu plano — tenho uma droga capaz de fazer com que ele não possa te resistir.

O Visconde torceu para que o homem cedesse a droga que havia dado para a jovem que lhe fora presenteada da última vez. A droga parecia extremamente potente, ele sabia que a jovem seguia acordada e sabia que havia algum tipo de afrodisíaco na droga, porque ele não precisou nem de preliminares para aproveitar.

━━━━━━✧❂✧━━━━━━

Observações:

O baijiu chinês é a bebida destilada mais consumida no mundo, superando as vendas de uísque, vodka, gim, rum e tequila combinados. O líquido nada mais é do que um licor incolor com teor alcoólico entre 35% e 60% por volume. Esta bebida espirituosa de alta qualidade é destilada de grãos como arroz, painço e sorgo. Seu sabor é considerado exótico para os paladares ocidentais. Acredita-se que surgiu mais ou menos na mesma época que outros destilados na Europa (brandy, século 14, ou vodca, no 15) e na América (cachaça, século 16).