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Personagens introduzidos no capítulo:
☾✧ ━━ ZHUANG (HUMANO) ━━✧☽
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☾✧ ━━ Eu lutava comigo mesma, negando a paixão que ardia em meu coração, escondendo minhas verdadeiras emoções atrás de um sorriso forçado (Ohime) ━━✧☽
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Ruah é o poder que temos dentro de nós. Syaoran já havia me explicado que apesar de eles fazerem parte de nós, eles possuem características e nomes próprios. Essa era fonte do nosso poder, a fonte do meu dom.
Ohime havia me perguntado como eu sabia que meus poderes haviam sido selados, mas como eu poderia não saber? Ouvia o grito desesperado de alguém me pedindo a liberdade. Escutava a voz dele me dizendo que não podia me oferecer mais do que já me oferecia por ele seguir preso.
Sayoran me ensinou a conhecê-lo e, de fato, consegui fazê-lo. Passei quase três dias para conseguir, e quando o encontrei, parecia que eu estava sonhando.
Em uma meditação em que tentei falar com o meu ruah interior, eu o encontrei em um campo aberto repleto de flores da lua. Nesse lugar havia uma única árvore e a lua brilhava em um céu noturno estrelado. Quando caminhei até a árvore, escutei sua voz.
— Meu senhor — a voz me chamou — achei que nunca mais nos veríamos, senhor.
— Quem está aí? — perguntei olhando ao redor.
— Me chamo Hi no Tsuki, senhor — a voz seguiu falando — sei que o senhor estava a minha procura, mas não posso me mostrar. Fui selado há quase mil anos e desde então eu espero o seu retorno.
— Então, você é o meu Ruah? — perguntei sem saber bem para onde olhar.
— Sim, meu senhor — ele falou de maneira solene.
— E como eu posso te liberar?
— Encontre a flor da lua, somente ela poderá me libertar. Somente a criadora do selo tem esse poder.
— E quem ou o que é essa flor da lua?
— Minha condição não me permite responder a essa pergunta, senhor — sua voz pareceu triste aos meus ouvidos — Mas existe um sinal. Dentro dos seus olhos há um sino que irá reagir ao estar perto da flor da lua. O senhor saberá quando a encontrar.
— E o que acontecerá com você até lá? — perguntei tentando não demonstrar minha ansiedade.
— Até lá, posso continuar te proporcionando o poder que o senhor já tem e farei o possível para que nunca te falhe isso. Nada mais posso fazer enquanto estiver selado.
Claro que eu tinha certeza, Ohime, meu próprio Ruah me falou. E agora que eu tinha você por perto, precisava garantir de que tudo ocorresse conforme o planejado e precisava garantir a sua segurança.
— Senhor — Syaoran me chamou me tirando dos meus pensamentos — A senhorita Ohime já está acomodada e chegou segura na mansão.
— Ótimo — sorri com a notícia.
— Se me permite, senhor — disse Syaoran, aproximando-se — parece que a jovem não ficou muito satisfeita com sua decisão. Talvez não seja a melhor maneira de conquistar sua estima.
— Não me importo se ela gostou ou não — retruquei, mantendo o sorriso — minha única intenção é que ela rompa o selo, nada além disso.
— Nesse caso, deixe-me te dar um conselho, Majestade — ele parou na minha frente e esperou.
— Você irá falar mesmo que eu diga que não quero, Syaoran. Então, não entendo o motivo de estar esperando para terminar de falar.
— A senhorita An Shang e os conselheiros não estão felizes em saber que o senhor colocou uma moça desconhecida e sem linhagem nobre para dentro do complexo. Tranquilize-os e resolva a situação de um possível noivado.
— Ah — suspirei de maneira irritada ao me lembrar de An Shang. Ele estava certo, eu nem havia lembrado que ela existia desde que Ohime havia chegado com seu jeito recatado no dia em que a conheci. Ficou ainda mais difícil me lembrar de An Shang após Ohime se mostrar tão escorregadia a qualquer tentativa de boas maneiras na minha presença — Tudo bem, Syaoran. Diga a minha possível noiva que estarei com ela ainda hoje para jantar. Chame a senhora Ah-Kum para que prepare a sala de jantar central, iremos jantar ali.
— Sim, senhor — Syaoran saiu rapidamente e me vi sozinho de novo. Acabei por me jogar preguiçosamente na poltrona em que eu estava sentado e me vi pensando na mesma moça escorregadia que eu tentava em vão tirar da cabeça.
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Universo: Faaliye (Quadrante 2)
Planeta: Azuma
País: Yeou
Data local: Sì, 08 Zack de 1503 do novo reinado Qiang (outono)
Data Universo Homines (Planeta Terra - Brasil): Sexta, 25 de outubro de 2014 (primavera)
Não podia dizer que eu dormi mal, muito pelo contrário, dormi tão bem que até me assustei com a facilidade de pegar no sono.
Mesmo assim eu não tinha a intenção de facilitar para aquele Imperador egoísta e impiedoso. Ele queria a minha ajuda? Ele de fato a teria, mas eu não ia ser tratada do jeito que ele queria, não mesmo!
Tentei buscar toda a raiva que eu sentia dele e me frustrei ao constatar que tudo o que eu conseguia lembrar era do seu sorriso encantador e de seus olhos profundos grudados nos meus. Balancei a cabeça tentando afugentar tais pensamentos, ele era insuportável e egocêntrico, seria burrice a minha me apaixonar por alguém como ele. Eu me recusava a acreditar que algum dia eu realmente o tenha amado.
Eu queria voltar para a pousada e saí do quarto decidida a isso. Ele não conseguiria mandar em mim só porque queria.
— Senhorita — Meihui me chamou me tirando dos meus pensamentos — a senhorita não irá tomar o seu café da manhã?
Quase havia me esquecido dela, resmunguei um "obrigada" e comi alguma coisa rapidamente. Eu precisava sair dali.
— A senhorita quer sair? — ela perguntou me vendo ir até a saída — Espera um pouco que chamarei alguém para te acompanhar.
— Não será necessário, senhora — falei amigavelmente — não sairei de dentro dos muros, só preciso tomar um pouco de ar.
— Oh, não — disse Meihui, com um tom nervoso —, mesmo assim, senhorita, não saia sozinha. Vou chamar alguns seguranças para acompanhá-la.
Eu respirei fundo; ela não tinha culpa disso, e decidi não complicar as coisas para ela. Aguardei pacientemente até que meus supostos seguranças aparecessem.
Um leve desânimo me invadiu ao ver dez luzes distintas surgirem no portão da mansão onde eu estava. Não conseguia entender o que o Imperador tinha em mente. Será que eu realmente era digna de tanta proteção? Depois de tanto tempo vivendo na solidão, não conseguia me sentir à vontade, mas, por outro lado, talvez fosse um bom exercício matinal. Um sorriso escapou quando percebi o que eu realmente desejava fazer.
— Bom dia — um dos homens a minha frente me cumprimentou — meu nome é Zhuang e irei a acompanhar a senhorita. A carruagem já está pronta.
— Oh, não — respondi de maneira agradável e sorridente — gostaria de ir andando. O único que quero é passear um pouco realmente. Isso será divertido...
— O que será divertido, senhorita? — ele perguntou parecendo curioso.
— Ah, nada. Vamos indo — falei. Ele se colocou pouca coisa atrás de mim, mas sentia como todos os outros pareciam estar posicionados em lugares estratégicos para a minha suposta "proteção".
Até mesmo dentro do complexo de palácios era agitado. Havia diversos nobres nas ruas, eu notava a animação e a agitação daquela gente importante que passava por mim com seus inúmeros guardas.
Como eu fugiria sem conhecer de fato ali por dentro? Minha resposta não demorou para aparecer, vi duas luzes sentadas em uma carruagem sendo puxadas por quatro cavalos. Tinha que ser no tempo certo. Contei até três, até que a carruagem estivesse próxima o suficiente e me joguei para o outro lado, fazendo os cavalos se assustarem e pararem. Tendo a carruagem entre mim e meus supostos seguranças, eu aproveitei a deixa para correr. Inicialmente eu iria me esconder na própria carruagem, mas ao notar que a carruagem era praticamente inteira aberta, eu precisei improvisar.
— Senhorita — escutei Zhuang gritando — Senhorita, volte aqui.
Obviamente, não parei... virei uma esquina entre uma mansão e outra, procurando uma rota de fuga. Logo eles me alcançariam. Agucei os ouvidos e ouvi seus passos desesperados. Tirei a venda na tentativa de ter uma visão melhor e avistei uma janela. Por sorte, não era de difícil acesso. Os nobres confiavam muito nos seus muros e guardas, pelo visto. Pensavam que o perigo não poderia estar dentro? Bando de tolos. Subi devagar pela janela e subi alguns degraus de uma escada até chegar ao segundo andar.
Encontrei uma mulher que talvez fosse responsável pela limpeza da casa e pedi educadamente para que ela não fizesse barulho. Ela concordou com um aceno de cabeça, e pude perceber o medo intenso que ela estava sentindo.
— Eu não vou te fazer mal — me esforcei para não fechar os olhos — eu só preciso de uma roupa nova, nada mais. Assim que eu fizer isso, irei embora, eu prometo. Consegue me arrumar uma?
Ela acenou com a cabeça e eu a segui. De repente eu comecei a sentir vontade de chorar, essa vontade vinha claramente dela, talvez a mulher estivesse encrencada por fazer o que estava fazendo e por um momento tive pena.
Ela me levou até um quarto vazio e apontou um baú cheio de roupas com as mãos trêmulas. Procurei uma roupa qualquer e me vesti rapidamente. Soltei os cabelos que estava preso em um coque e fiz o possível para deixar o rosto mais ou menos oculto. Fiz tudo sem me importar com a moça ainda trêmula próxima a mim.
— Obrigada, senhora — passei as mãos na frente dela e ela desmaiou. Eu sabia que ela acordaria em poucos segundos, sem as memórias recentes. Novamente sai pela janela e me esgueirei pelos telhados.
Coloquei novamente a faixa e olhei para baixo. Os seguranças me procuravam freneticamente. Eu me desculparia com eles depois. Passei devagar de um telhado para outro enquanto podia. Estava em um lugar bem alto e podia agir com um pouco mais de liberdade, mas tudo o que é bom dura pouco. Cheguei ao fim dos telhados e ri. Aproveitei para me sentar um pouco e notei a luz de algumas crianças jogando próximo dali. Me certifiquei de que meus guardas não estavam por perto e fui descendo, apoiando os pés em pequenas aberturas de esculturas e janelas.
Andei tranquilamente até onde as crianças estavam e fiquei olhando suas luzes animadas e inocentes.
— Ei, você que é a convidada do Imperador? — uma delas perguntou ao me notar ali.
— Convidada do Imperador? — repeti a pergunta de maneira animada — Eu suponho que sim.
— A senhorita é muito bonita — um outro garoto afirmou — vocês irão se casar?
— Eu e o Imperador? — perguntei surpreendida com a pergunta direta da criança — não, não. Ele apenas está me ajudando com uma coisa.
— Os nobres estão dizendo que você está em apuros. Que foi atacada aqui dentro do palácio. É verdade?
— Ah — eu sorri, crianças eram pequenos seres curiosos por natureza — Acho que vocês não deveriam se preocupar.
Fiquei em alerta ao escutar o som dos meus guardas e me abaixei próxima a tantas crianças curiosas.
— Podem me fazer um favor? — elas acenaram — eu vou estar em apuros se vocês falarem que me viram aqui. Então se alguém perguntar alguma coisa, vocês podem dizer que não me viram?
— E quem está procurando a senhorita? — uma voz extremamente infantil chegou aos meus ouvidos, eu não podia nem dizer se era um menino ou uma menina.
— Os guardas — apontei para as luzes dos guardas — aqueles ali.
— Você fez alguma coisa errada? — a criança voltou a perguntar.
— Não — eu respondi rindo — são meus guardas, mas está divertido fugir deles. É tipo uma brincadeira de pega-pega — respondi e elas riram.
— Ta bom — um dos meninos falou animado — nós podemos guardar esse segredo, se você prometer voltar para brincar com a gente algum dia.
— Fechado — sorri abertamente — irei me esconder por enquanto então. Nos vemos logo.
Fui até uma árvore e me sentei na sombra ali, de uma maneira quase oculta. Pude escutar um dos guardas parando uma das crianças e perguntando se alguma delas havia me visto.
— Uma jovem que usa uma faixa como a do Imperador? — uma criança perguntou parecendo surpresa — é a noiva dele?
Eu ri com isso.
— É a convidada especial do Imperador. Algum de vocês a viu por aqui?
— Por aqui não, senhor — a criança que parecia ser a mais velha falou tranquilamente.
— Vocês têm certeza disso?
— Claro que sim — disseram praticamente ao mesmo tempo, quase se atropelando.
— Acho que uma moça assim não conseguiria se esconder com tanta facilidade, principalmente se usa faixas como a do Imperador — a criança mais velha concluiu com uma lógica irrefutável fazendo o guarda simplesmente acenar e se afastar.
Era incrível como crianças tinham facilidade para mentir sem se sentirem culpadas por isso. Por um lado, isso era de fato preocupante, mas por outro lado, quem nunca havia mentido na vida?
Me levantei e pensei em ir atrás delas, mas parei em seco ao ver a luz do Imperador se aproximar. Ele estava sozinho, sem nenhum guarda por perto. De certa maneira sua luz parecia extremamente melancólica naquele dia.
Fiquei na dúvida se eu ia ou não atrás dele, no fim, fui surpreendida por um homem que estava passando.
— Oh, senhorita. Peço perdão — ele falou com seu tom cavalheiresco.
— Não se preocupe com isso — falei tentando já me despedir.
— Estava indo falar com o Imperador? — pelo visto ele não iria facilitar para mim — Oh, onde estão meus modos. Sou o visconde Zaki, muito prazer — ele fez um gesto tirando o chapéu levemente da cabeça e eu não respondi — Mande meus cumprimentos a Sua Majestade. Se quer um conselho, você encontrou um alvo muito complicado, o Imperador é um objetivo muito alto para qualquer mulher.
Eu não queria conselho nenhum e achei extremamente arrogante da parte dele me oferecer um monólogo quando eu claramente não estava interessada em nada daquilo, mas respirei fundo e deixei que ele se afastasse. Sua luz era terrivelmente feia aos olhos, o que era incomum até mesmo em um ser humano considerado "ruim".
Olhei para o Imperador, aquele encontro estranho me tirou toda a coragem de dizer para ele que eu não seguiria ordens de ninguém, além do mais, ele parecia realmente triste. Eu deveria simplesmente deixar aquilo para lá por enquanto, mesmo assim, minha curiosidade de seguir vendo-o desde onde eu estava, fazia meu coração acelerar. Ele tranquilamente chegou até onde as crianças estavam e finalmente acabei cedendo ao meu desejo de seguir ali, oculta, apreciando a sua luz. Eu não podia estar apaixonada, não pelo Imperador. Eu me recusava a isso.
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