Capítulo 22 - Uma reputação a zelar ♡
Meus assessores falam, falam, mas tudo que escuto de suas bocas são palavras desconexas. Eles parecem animados ao me ver, tentam reunir e falar sobre alguns dos melhores momentos na ilha. Não importa quantas câmeras minha equipe tivesse acesso, eles jamais saberiam como me senti lá. Ignoro os avisos de Naty para não bisbilhotar os sites de fofocas, principalmente os que não gostam de mim, mas já era tarde. Minhas mãos tremem e culpo minha curiosidade pelo surto que estou tendo agora. Jogo o tablet branco na parede e os assessores se calam no mesmo instante.
— Cami... Eu te disse para não ler essas merdas... — Naty se aproxima e envolve meu corpo trêmulo em um abraço. Eu tinha acabado de tomar um banho quente, mas sentia meu corpo inteiro gelado.
— Por quê? Por que o XTV precisa sempre me atacar assim? Para eles eu estou fora de forma e estranha, mas ressaltam a beleza e virilidade do Haneul? Não acredito que estão fazendo isso de novo, mais uma vez, não sou capaz de suportar — choramingo em seu colo, vendo ela dispensar Alex, Julie e Ludi com um aceno.
— Sim, Camille. Mais uma vez a mídia está fazendo de você um alvo, enquanto Jeong fica com os aplausos. Você expôs o seu ponto fraco e os tabloides que o seu pai se recusou a pagar suborno, estão destruindo a sua imagem. — Naty suspira fundo e se permite ficar em silêncio por alguns segundos — Mas, alguns ressaltam a sua coragem de transformar sua rotina e compartilhar com o público. Sem filtros, sem roteiro. Apenas você, despida de qualquer enredo pronto.
— Talvez tivesse sido melhor se ele soubesse, seria mais fácil — seco as lágrimas e noto meu rosto bronzeado, vermelho pelo tempo na ilha, assim como a cor em meu rosto, tudo aquilo foi passageiro — E o Haneul, como está? Ele ainda me odeia, não é?
— Acredite, Cami, aquele pouco tempo mudou você, bem mais do que imagina. Só está assustada demais e sua crise não te deixa enxergar o lado bom. Você é corajosa e forte para caralho — Naty levanta da cama e sorri de ladinho — Com saudades do bad boy gostosão? Eu te disse que você não iria aguentar. Relaxa, Haneul está bem, em choque, mas ficando bem aos poucos. Talvez ele te odeie um pouquinho sim, mas em breve vocês poderão se encontrar novamente.
— Preciso vê-lo, precisamos conversar e colocar as coisas em dia... — levanto num sobressalto, sendo impedida pela minha amiga e assessora — O que foi?
— Você vai sair com a cara lavada, cabelo embaraçado e de roupão pelos corredores de um dos hotéis mais caros do país? Cara! "O que uma sentada num asiático mudou em Camille Campbell", a manchete do meu blog amanhã. Vou ficar milionária! — gargalho e mostro o dedo do meio para ela, que também sorri.
— Idiota! Está bem, não vou falar com ele, mas só porque me odeia neste momento. Não tenho mais medo das câmeras, depois das coisas que fiz e disse, estar desarrumada não me afeta mais. Só acho que preciso descansar um pouco antes de voltar para casa e para o mundo real — deito na cama e fito o teto com um espelho incrível, que me faz pensar no quanto eu poderia estar aproveitando esse luxo de outra forma.
— Vou te deixar dormir e descansar um pouco, Campbell. O dia vai ser longo hoje, não saia deste quarto para o bem da sua saúde mental. Haneul ainda está sendo adorado como um deus, não vai ser uma boa lidar com essa merda agora. Até mais, beijinhos. — Naty me deixa sozinha e fecha a porta da suíte, fazendo-me questionar tantas coisas...
[...]
Três horas depois, acordo tendo a certeza de que estar de volta ao mundo real não tratava de um pesadelo. Suspiro fundo, vendo meu celular em cima da mesa de cabeceira. Meu conforto nas horas difíceis, tornou-se o meu maior inimigo. Resolvo ignorá-lo por enquanto.
Ao ver que não tem ninguém no meu quarto, vou em busca de uma roupa discreta, preciso dar uma volta e não ficar presa aqui. Saindo da minha zona de conforto, busco um jeans folgado, camiseta de mangas longas, uma máscara preta e coloco meu cabelo com cuidado, fio a fio em um boné branco. Calço um All Star preto e suspiro fundo, sei que Naty vai entender se eu pegar uma roupas dela, as minhas não iriam servir, entrega demais quem sou.
Os três seguranças por alguma razão, não estão na porta. Não sei se é um tipo de precaução para confundir os curiosos ou pura burrice em me deixar sozinha. Porém, agradeço aos céus pela oportunidade de dar uma fugidinha. Não demoro a achar um elevador no fim do corredor estreito.
Por sorte, ninguém pegou o mesmo elevador que eu, por isso, continuo subindo, subindo... Até que o elevador para e meus batimentos estão acelerados em meu peito. Caramba, vou ser descoberta, linchada, e espancada... Respiro fundo, tentando não estragar a droga do disfarce medíocre e quase sorri aliviada ao ver uma garotinha e uma mulher entrarem no elevador. Ela me dá um "boa noite" e a criança também, só agora percebo, puta que pariu. Isso é muito surreal para acontecer aqui...
— Tia Yuna, quando vou visitar o meu papai novamente? — a linda garotinha pergunta e a mulher sorri sem graça para mim, que estou evitando qualquer contato visual.
— Em breve, meu bem. O papai precisa resolver algumas coisinhas e logo iremos voltar para casa., Moon — Ela sorri e três seguranças entram no elevador, tornando o espaço entre nós sufocante demais. Permaneço ao lado das duas, sem fazer menção de me mover.
— Srta. Jeong, não pode sair sem a nossa companhia, é perigoso — um dos seguranças adverte, alternando o olhar entre nós, permaneço quieta e fingindo que não sei do que estão falando.
— Não vai acontecer de novo. A Moon ainda não se acostumou com a nova rotina. Camille tirou de nós uma paz que sequer imaginava. Enfim, obrigada. — Eles ficam em silêncio e uma lágrima silenciosa desce pela minha bochecha direita.
— Não chore, vai ficar tudo bem — sinto uma mãozinha envolver a minha e quando olho um pouco para baixo, a filha de Haneul sorri fofinha e meu coração se parte em mil pedacinhos.
— Moon, deixe-a em paz — Yuna sorri e puxa a garotinha mais para perto, quando as nossas mãos se afastam, as marcas do meu braço ficam evidentes e ela quase grita ao me reconhecer. Droga! Eu deveria ter pegado um óculos de sol — Camille!
Aproveito a deixa e aperto o botão para que o elevador possa abrir dois andares antes do que eu esperava, saio correndo e os deixo sem entender nada. Por sorte, não estou sendo seguida, mas para o meu azar, o boné ficou para trás. Uso as escadas de incêndio para alcançar meu objetivo com discrição. E de fato, consigo, jogando as portas metálicas com força para frente, chegando enfim ao terraço.
Uma lufada de ar gelado bagunça meu cabelo e as luzes de West Lake são o meu maior conforto agora. Aqui de cima, pareço uma pessoa normal e anônima, no fim das contas, Haneul estava certo. Essa minha vida é uma droga, sequer posso me dar ao luxo de chorar sem que as pessoas transformem isso em likes e matérias para sites de fofocas. Minhas lágrimas valem caro nesta indústria que só fala sobre pessoas perfeitas e eternamente felizes. Mas, no final das contas, todas elas são tristes e vazias, assim como eu.
— Este é um ótimo lugar para fumar e pensar na vida, Campbell — uma voz familiar, assustadora e masculina diz, me fazendo enrijecer os ombros — Quando te procurei no quarto e não encontrei, sabia que estaria aqui. Mas, era bem mais divertido quando você me chupava aqui — Brendon diz e viro-me em sua direção para encará-lo — Oi, princesa, eu senti sua falta.
— O que você quer? Fique longe de mim, babaca! — rosno e preparo o meu corpo para qualquer atitude dele, pronta para me livrar de suas garras imundas.
— Sabe por que saiu da ilha, Camille? — os olhos frios e azuis não parecem mais tão bonitos e convidativos, não reconheço o homem à minha frente — Porque eu paguei uns nerds chupadores de pau para invadir o sistema de merda daquela ilha. Forcei o seu pai a te trazer de volta.
— Você não tem esse poder todo! Não vou cair nessa farsa. Vá embora! Saia logo antes que eu chame os seguranças. Não esqueça que você tem uma medida protetiva. Deve ficar a 200 metros longe de mim, Brendon! — trinco o maxilar quando o percebo se aproximar e sorrir, mexendo no celular. Estou prestes a chutá-lo, mas os gemidos fazem meu coração bater mais rápido.
— Acha que não tinha câmera na sala, mas esqueceu da câmera no teto. Depois da reforma ela foi colocada lá por segurança. Claro que a transmissão foi interrompida e o acesso restrito, desativando ela logo em seguida. Mas tenho certeza que os primeiros minutos da sua transa com Haneul ficaram bem registrados. Você geme gostoso mesmo, minha nossa!
— O que você quer? — jogo a máscara de lado e impeço as lágrimas de turvar a minha vista, ele estava usando meu ponto fraco contra mim, um momento de intimidade. Revenge Porn dos mais baixos.
— Esse seu reality de merda e as coisas que disse sobre mim não pegou muito bem, Camille. Você é uma vadia mentirosa e vai consertar o caos que propagou na minha vida. Meu pai bloqueou a minha grana e me mandou consertar essa merda, tomou as chaves dos meus carros. Porra! Os meus carros... Por isso contratei uns nerds e precisei colher qualquer coisa naquela droga de ilha barata. Aquele cara é um otário, como deixou ele te comer? Certeza que estava pensando em mim — ele se aproxima e me afasto ainda mais, temendo seu toque asqueroso.
— O que você quer? Fala logo! É dinheiro? Quanto? — penso em todas as minhas alternativas, mas ele apenas gargalhou, se deliciando com o poder que tem sobre mim.
— Dinheiro? Meu pai é mais rico do que o seu, Camille! Não viaja, cara! — meu ex joga o cabelo liso, loiro e sem graça para trás e noto que as roupas em tons claros da calça e da camisa não combinam em nada com ele — Eu quero o prêmio maior: você! Vamos reatar oficialmente amanhã e todos vão adorar nosso namoro. Em troca, deixo esse vídeo pornô de quinta categoria de lado e seu segurança pobretão e a família ficam em paz. Todos felizes, que tal?
Eu não tinha escapatória, minha imagem estava arruinada e tudo que vem acontecendo é culpa minha. Meu próprio karma pessoal, frio, calculista e manipulador como sempre foi. Brendon sempre conseguia tudo e estava acima das leis. Eu estava em suas malditas mãos e para salvar Haneul e sua família do mal que eu mesma causei, não tinha como fugir.
— Eu faço o que está pedindo, mas deixe-os em paz, Brendon. A família de Haneul não tem culpa das merdas que fiz. Por favor, deixe-os em paz, é sério. Só assim faço o que está pedindo. Digo que o reality foi só para me vingar de você, faço o que for para limpar a sua imagem — sinto a dor que minhas palavras causam no meu próprio peito, como se a qualquer momento eu fosse sufocar com essa nova prisão.
— Fechado, gata! Seremos felizes novamente! Agora vamos por partes, eu bolei um roteirinho que você precisará falar em breve. Tudo deve sair como o esperado — Ele sorri de um modo que embrulha meu estômago. Estou ferrada, mas é por minha culpa.
Seu voto nos capítulos é uma forma de me ajudar com o engajamento da obra e manter até a motivação para atualizar. Por favor, não esqueça de votar. Ganhará um beijinho do Haneul <3
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