Capítulo 12 - Descobertas no cômodo 하늘
Acordo como se uma escola de samba tivesse feito uma festa particular na minha cabeça. O mundo parece girar, então apenas sento na cama e fico tentando trazer as coisas para a órbita na qual pertencem. O sol já se instalou pelas janelas e o vento agita as cortinas de forma calma e leve. Não lembro como vim parar aqui ou o que fiz ontem. Será que bebi? Mas por que não me lembro de ter ido pra cama?! Ou talvez, Camille saiba de algo e possa tirar minhas dúvidas ou dar qualquer pista do que nós fizemos ontem à noite. Será que...? Não! De jeito nenhum, isso jamais poderia acontecer.
Vou para o banheiro e noto minha expressão de derrotado, o cansaço ainda sob meu corpo, como se a noite de sono não tivesse sido o bastante. Resolvo me livrar das peças de roupas e tomar um banho gelado, para acordar de vez cada partícula adormecida.
Escovo os dentes, passo o perfume, faço a barba e penteio os cabelos escuros para trás. Estou faminto, cansado, exausto e alheio ao meu próprio corpo. Visto uma camiseta branca de linho, uma sunga escura e um short florido de tecido leve. Estou pronto para mais um dia comum na ilha, onde nada fora do comum acontece. Porém, estava na hora de sair e explorar um pouco, nem que seja a vegetação ao nosso redor.
Caminho preguiçoso até a cozinha e encontro uma salada de frutas tropicais num recipiente com desenhos de abacaxi. Tudo está limpo e bem organizado. Sorrio ao detectar um bilhete de Camille dizendo que está na praia, o deixo de lado indo comer as frutas.
É tão engraçado o modo que ficamos nesta casa, como se as paredes tivessem ouvidos indetectáveis e olhos que nos vigiam o tempo todo. Notei as câmeras pela casa, sei que estão funcionando e que Julian Campbell jamais abriria mão da segurança de sua filha, levando-a para uma ilha como um cara tatuado, gostosão e mal-encarado feito eu. Pelo menos a minha pequena Moon, só irá namorar ou sair de casa quando estiver na faculdade. Nenhum homem será digno da minha princesinha, e nossa... Que saudades!
Após lavar os itens que usei, desço as escadas e vejo um ponto rosa na praia que me chama atenção. É um flamingo? Uma espécime rara? Penélope Charmosa? Poderia ser, mas é apenas Camille Campbell se bronzeando na areia. Sorrio ao vê-la parada e de bruços, esparramada numa toalha rosa.
Não sei como essa garota consegue manter essa rotina exaustiva de beleza. Deve ser um saco precisar estar bonita o tempo todo para todo mundo. Mas, pensei que seria diferente aqui, já que não tem ninguém nos observando. Talvez essa cultura seja enraizada demais nela e não imagino a blogueira sem os seus produtinhos. Tudo bem, eu também tenho meus caprichos com pele e com o cabelo, mas nunca em excesso. Penso que tudo que fazemos sem vontade e por pressão, não se torna prazeroso, vira uma penitência. E, para ser bem honesto, Camille Campbell era escrava de sua própria beleza.
— Olá, Jeong. Lindo dia de sol para pegar um bronze — diz quando me aproximo, ainda de olhos fechados e com um enorme chapéu que cobre uma parte de seu rosto.
— Oi, chocolate branco, não quero que você derreta — brinco, usando uma frase piegas de As Branquelas, sentando-me ao lado dela e observando o mar calmo e convidativo, ainda não passava das 11h mas o clima estava agradável. — O que nós fizemos ontem? Digo, o que eu fiz ontem? Acordei muito cansado. Bebemos muito? Não lembro de nada após ter comido.
— Acho que exageraram na dose... — fala baixinho, como se eu não estivesse ali, mas depois parece me notar — Bebemos sim. Você bem mais do que eu. Falei para você ter cuidado, mas teimoso como sempre, não deu ouvidos. — ela sorri mas não olha em meus olhos, permanece em sua posição inicial.
— Estranho, eu realmente não lembro — continuo tentando refazer os meus passos, mas desisto e acabo me deitando ao lado dela, aproveitando-se de sua enorme toalha rosa estendida. — Pensei em fazer algo diferente por aqui, que tal darmos uma volta? Sei lá. qual o tamanho dessa ilha? Explorar a vegetação, os bichos, só sair um pouco da casa. Estou começando a sentir saudade do caos de West Lake e Gailel Town.
— Não podemos fazer isso — Camille levanta tão rápido que joga areia na minha perna — É muito perigoso, se um de nós dois levar uma picada de algum bicho peçonhento pode ser fatal. É muito longe da costa.
— Calma aí — rio, limpando a areia e vendo-a ficar momentaneamente nervosa e ansiosa — O que vamos fazer então? Assistir algum filme repetido? Ver os clipes antigos da Britney Spears? Minha irmã ama a Britney, mas acho que não iria suportar as mesmas músicas de sempre. — levanto e me rendo ao calor, tirando a camiseta e o short. Acho que estou perdendo a vergonha de ter o corpo exposto.
— São os filmes e músicas favoritas da mamãe. Sempre que passávamos as férias era a programação favorita dela. Então, gravamos um DVD e deixamos passar um bom tempo. Por ironia, é a única coisa que temos por enquanto. Mas tem algo que dá pra fazer — ela sorri animada, como se tivesse tendo uma grande ideia — Podemos ficar um tempo na sala da massagem. Tem champanhe, frutas vermelhas e uma hidromassagem quentinha.
— Você está querendo fazer massagem em mim, Campbell? — mordo o lábio e a encaro, sei que eu a deixo nervosa. Seria uma boa oportunidade para relaxar e ver outro ambiente além da paisagem tropical e afrodisíaca dos quartos. Fico o tempo inteiro com fome e com tesão — Estou ansioso para provar suas frutas vermelhas.
— Haneul... — Camille sussurra a repreensão, com as bochechas pegando fogo e não é culpa do sol. Gargalho e penso por alguns segundos na ambiguidade safada e rio ainda mais. — Nossa! Que mente suja! É apenas morango, framboesa e o que mais?
— Você não vale nada! — ela bate o pé e depois corremos juntos, indo ao encontro do sódio e do mar. Pude esquecer momentaneamente como era terrível estar longe de casa.
Depois do banho revitalizante, voltamos para a casa, iniciando um assunto de teorias macabras sobre a Barbie. A blogueira apenas sorri das minhas ideias e relembra como usava o Max Steel dos primos para encenar o par romântico de sua boneca loira.
— Haneul Jeong e suas curiosidades aleatórias. Preciso trocar de roupa, daqui a pouco eu te encontro. Limpe essa areia do seu corpo antes de cogitar entrar na minha piscininha, ou melhor, hidro.
— Piscininha, amor, piscininha... — cantarolo quando ela se afasta e volto para o meu quarto. Uma das coisas que realmente não estou acostumado é ter alguém lavando as minhas roupas. Afinal, que tipo de homem não lava a própria cueca?!
Pelo menos isso consigo lavar no banheiro, enquanto as outras roupas recebem o carinho de quem quer que seja. Todas voltam bem passadas, cheirosas e macias. Amo o conceito de que gente rica não economiza no amaciante e no sabão em pó. E pensando em economia, vou tomar uma ducha e me livrar do sódio em cada partícula do meu corpo. Estou curioso sobre essa tal sala, já que todos os cômodos parecem iguais e sem graça. Vou ficar longe das bebidas, preciso me controlar e ainda não estou 100%.
Estou limpo e renovado, mas antes lembro de nosso horário de refeição. Vou até a cozinha e o prato já está lá, prontinho. Macarrão fresco com carne, molho e vegetais. Minha barriga roncou! Noto que o de Camille está intacto, talvez ela esteja demorando na maquiagem ou na limpeza de pele. Mas quem faz isso para depois retocar tudo novamente?! Termino de almoçar e espero por ela durante vinte minutos mas nada acontece. Lavo os pratos e coloco a comida de Campbell no microondas, decidindo buscar pela blogueira. Retorno para os corredores e subo as escadas, me orientando pelo corredor que ainda não explorei.
— Nossa, me desculpe! — uma das funcionárias esbarra em mim na descida e eu sorrio, quase alegre por saber que Camille não é a única mulher existente na face da terra. — Caramba... — ela diz baixo antes de quase sair correndo e me deixar para trás. Contato mínimo, essa era a regra.
Seu rosto era marcante demais para passar despercebido, então observei os cachos castanhos e os olhos de mesma tonalidade, por trás de uma pele bronzeada, apesar de branca. Então, eles também tinham acesso à praia?! Resolvo ignorar minha curiosidade aguçada e foco nos traços do nariz, boca e formato dos olhos da estranha garota.
Foco a atenção no meu caminho e vou cantarolando uma música qualquer, então uma das portas está aberta e a voz de Camille inunda os corredores. Paro, sorrio e penso em assustá-la, mas por um minuto penso se ela realmente está sozinha. Campbell parece conversar com alguém, talvez sorrir, quem sabe... Apresso os passos para ver se há uma terceira pessoa falante na casa, ansioso por um novo contato humano, mas quando adentro no quarto, não havia ninguém lá.
— Camille? Com quem você está falando? — pergunto baixinho, sentindo-a congelar naquele mesmo instante, deixando os ombros tensos e eretos.
— Haneul, eu posso explicar... — diz, ainda sem se mexer, completamente inerte.
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