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Miosótis (Mas eu te mantive como um juramento)


Parte dois,

para todo o sempre.


🌼🌾


Às vezes eu tenho uma sensação tão angustiante que meu coração dói ao ponto de não me deixar dormir... — ele sorriu, talvez pela natureza da frase, como algo que não deveria ter dito em voz alta. Algo que soava melhor em sua cabeça.

— Já teve essa sensação? Como se nada, nada no mundo pudesse te confortar de novo, com exceção de uma única coisa?! Uma única pessoa. — O cheiro dele dançou até mim na curta distância, — tão suave e familiar. Cheiro de amor, eu pensei.

Fiz que sim com a cabeça.

— É como se não existisse nada que pudesse te consolar, porque algo primordial foi tirado de você. — Encolhi os joelhos para perto do peito. — Sei bem como é.

Respirei fundo, soltando todo o ar. Tentando limpar meus pulmões de tudo que pudesse me intoxicar, e de novo, não me deixar ir embora. Seu rastro me prendia aqui; meu ponto sensível, meu calcanhar de Aquiles se escondia na vastidão dos seus olhos escuros. Cairia naquele Oceano infindável que habitava nele e me perderia para sempre, sem chances de volta.

— Mas acho que esse é o problema de depositar toda a expectativa de felicidade em alguém, nem sempre as coisas acontecem da forma que planejamos e aí não temos outra saída.

Suas sobrancelhas franziram.

— Não acho que seja o caso. — disse ele, umedecendo os lábios de novo. — Acho que consigo muito bem ser feliz sozinho, mas de que adianta tudo isso se não posso compartilhar com quem amo?! E sempre me pegava pensando que queria te ligar para falar do meu dia, do trabalho, do céu bonito, conversar sobre as coisas que costumávamos falar quando estávamos sozinhos. Quando eu acordava, lá estava você. Antes de dormir, também. Durante os ensaios, enquanto cantava, no rosto de estranhas na rua. O maldito tempo todo. E eu percebi que essa felicidade era tão solitária, porque o que trazia brilho para tudo isso era você, noona.

Meus olhos observaram seus movimentos contidos, como uma criança amedrontada que se encolhe para fugir do mundo. Ele finalmente me olhou nos olhos.

— Você estava feliz com ele?! Com o Sota-ssi? — sua pergunta gerou um afastamento automático, sabia que não queria ouvir a resposta de verdade. Tinha medo dela. — Não, melhor não dizer. Não acho que quero escutar isso da sua boca.

A palma de minha mão amparou seu rosto, deslizei o dedo pela ponta bonita de seu nariz.

— Se quer saber a verdade, eu fui muito mais feliz com você. — A iminência de culpa me atravessou, como se aquela resposta sincera escondida ali, devesse ficar presa para sempre em mim. Mas seu rosto se iluminou. — Tô sendo cruel demais por dizer isso, né? Acho que a palavra certa é: escrota. — Jungkook sorriu. Mas no fundo sei que Sota não merecia isto, não merecia as mentiras que contei durante aquele tempo. Nenhuma delas.

— Não sou um cara fácil de lidar, noona. Você sabe. — Ele me olhou de novo — E as pessoas gostam mais do que pareço ser para elas, não de quem sou de verdade. Mas com você sempre pareceu...

— Diferente?

Não só diferente, é como se você conseguisse ver tudo aqui dentro, me olhar sem ver o outro Jungkook, entende? — ele beijou a palma de minha mão antes de apoiá-la contra o coração. — Acho que nunca tive tanta inveja de alguém como eu tive do Sota-ssi em toda minha vida. Sei que arruinei algo precioso pra você e não tenho certeza se você vai me perdoar pelo que fiz, mas... Eu só queria poder dizer a ele tudo o que eu sentia. O quanto você era preciosa para mim. Eu queria garantir que ele soubesse o quanto você era... — Jungkook parou por um segundo, desviando o olhar para outro canto do quarto. — O quanto você é tudo pra mim. Você faz tudo parecer ser real.

Existiam pequenos detalhes sobre Jungkook que ainda me recordava exatamente da mesma forma: suas emoções transbordando pelos olhos estrelados, como naquele momento, assim como a verdade dos sentimentos estampada no rosto, impossível de esconder em seu nervosismo, na sua timidez romântica de bom rapaz, — o mesmo garoto sensível que sonhava acordado com histórias de amor, sinos que identificavam almas gêmeas, destinos selados e que fazia pedidos a estrelas cadentes na varanda do apartamento. Era tão sereno, simples e introvertido que me surpreendia ao vê-lo atuando com sua outra persona. Mas também me assustava com sua distância e pouca acessibilidade quando tinha medo de ser magoado, quando não sentia que era suficiente.

Era engraçado observar toda a especulação infundada sobre o seu outro lado, sensual, muito popular e digno de curiosidade absoluta. O homem que incendiava os sonhos, transformando este mesmo fogo centralizado além de certas partes do corpo, em pura água, torrentes de desejo. Me perguntava se alguém, ao menos, imaginava esta outra versão; tão doce e delicada, que merecia ser observada somente com os olhos do coração, ou assisti-la sonhar de longe. Querer abraçar o mundo.

— Eu não te odeio, se quer saber. Acho que de alguma forma você só me desarmou. Eu tava prestes a fazer algo terrível com alguém que não merecia.

Seus olhos se prenderam aos meus de novo, quando sua mão repousou sobre a minha.

— Vai me odiar se eu te disser que quero te beijar agora?! — ele cochichou, movendo-se minimamente em minha direção. Nem mesmo me recordava do sabor de sua boca bonita, mas existia um conforto familiar na sonância sutil de sua respiração tão perto do meu rosto. — Eu tô dificultando as coisas ainda mais, não é?! — Seus pensamentos acelerados contagiaram meus sentidos. Meus dedos escaparam para cima, tocando seus cílios, a superfície delicada e escura recobrindo a pálpebra, levemente, dupla, que às vezes desaparecia como fruto de mágica, como se só estivesse disposta a estar presente em dias ocasionais, por escolha própria, subindo até as sobrancelhas marcantes, arqueadas, a parte favorita da moldura que sustentava toda a arte. Seus olhos fecharam.

Eu só queria sentir sua boca na minha de novo. — pediu, puxando os cabelos para trás. Com a ponta dos dedos, tracei um pincel imaginário sobre a testa, descendo até o nariz e então, tocando os lábios e raspando até o queixo. Minha boca fez o mesmo trajeto com um beijo em cada espaço sublime.

Pressionei os lábios contra sua boca, sentindo a textura metalizada do seu piercing pela primeira vez. Jungkook soltou um suspiro ruidoso, de alívio. Seus dedos se arrastaram pela minha nuca, afastando a camada úmida de cachos delicadamente. Meu corpo inteiro mergulhou em uma sensação anestésica; senti saudades disso. De me sentir viva.

— Parece que tô sonhando... — Seu sussurro atravessou meu corpo como uma frequência vibracional. — Tenho medo de abrir os olhos e você ter desaparecido. — Sentia tudo ao mesmo tempo, uma imensa vontade de chorar, de sorrir, de beijá-lo até me esquecer da vida. De cada mágoa. De cada dia distante. Preencher todo aquele espaço de tempo, como uma engrenagem de roda dentada, obrigando o relógio a correr do modo que deveria.

— Não vou a lugar algum...

— É que sonhei tanto com isso, imaginei tanto, você aqui, assim... — Acompanhei o movimento de seus olhos e suas mãos, agindo como aliados, enroscando-se em minha cintura. — comigo.

Meu pensamento automaticamente me levou até as outras garotas, outros corações que foram dele. Senti inveja desse tempo que elas tiveram, do tipo de sensação que Jungkook foi capaz de fazê-las sentir. Uma delas, sabia por meio de boatos e amigos em comum que, sutilmente falavam a respeito dela, seu nome era Chaewon; uma artista underground da indústria, e tudo que imaginava que faria seu tipo: descolada. Artística. Linda. Coreana.

Observá-la era como dar rosto a uma espécie de miasma silencioso. O fato de ser tão diferente dele sempre pareceu um motivo plausível para que a nossa relação não tivesse um encaixe perfeito, sabia que não dependia dele. Jungkook nunca se importou com essas trivialidades de nossas diferenças culturais, essa distância imposta nunca foi nossa, mas o mundo ao seu redor exigia um molde específico, padronizado, um do qual eu nunca poderia me encaixar nessa vida.

Será que assim como pensava nele quando estava com Sota, ele também pensava em mim quando Chaewon estava em seu entorno?

Agarrei seus dedos pelas pontas, em uma tentativa de encaixar nossas digitais. Minha mão ainda se perdia na imensidão da sua; cabia inteira dentro dele em um fechar de punhos. Jungkook observou a ação quase em câmera lenta.

— Me deixe te amar como se você fosse meu... — deslizei as unhas pela extensão dos braços pintados, na pele, agora, colorida, grifada, como poesia sublinhada em um livro favorito. A sensação provocou um arrepio em Jungkook. Tracejei palavras invisíveis ao redor de cada ponto amado, pequenos corações laçados, estrelas e linhas imaginárias, conotações positivas, adjetivos, pronomes possessivos para fazê-lo meu. Se escrevesse Jungkook inteiro em meu idioma secreto, somente eu seria capaz de desvendá-lo. Ele fechou os olhos, respirando fundo, enquanto a caneta fantasma compunha o meu poema acróstico nele. Eu te amo. Enquanto viver. Te amo.

Nossos corações se entendiam naquele silêncio cruel.

Um relâmpago clareou o quarto inteiro, rasgando o céu em pura luz. As luzes nuas dançavam à distância, embaçadas pela chuva

— Sabe, noona, eu nunca tive a chance de ser de outra pessoa. Sempre estive só pela metade em qualquer coisa que tentei. Eu só fui inteiro pra você. — As palavras foram interrompidas por um instante, seus lábios se contorceram levemente para baixo, despencando, e as lágrimas inundaram o rosto delicado. Mal sabia o que fazer. — E eu não sei o que você viu de especial em mim, noona. Mas eu não quero que pare de me ver desse jeito bonito nunca, por favor. Se for embora para sempre, me leva com você assim.

Aos poucos, Jungkook desmontou-se inteiro; as pequenas peças se espalharam pelo chão do quarto.

Eu queria me lembrar dos beijos, das risadas, dos dias felizes, dos filmes, das receitas que deram errado, das danças lentas na sala do velho apartamento, no meio das luzes coloridas. De Berry crescendo no meio de nós dois. De sua felicidade ao crescer lá fora. Do seu amor pela música. Pelos outros rapazes do grupo. Das brigas que terminaram com pedidos chorosos de desculpas e de tudo, de cada detalhe que foi nosso. Eu levaria Jungkook comigo pelas coisas que ele amava. Porque ele me amou também. Eu queria me recordar disso. Não queria carregar a mágoa. O fim.

Nem moldar os meus olhos conforme o que fizeram dele; essa espécie de deus absoluto, com um altar abaixo dos pés. Queria carregar somente o Jungkook que via diante dos meus olhos, em sua nudez total, sem esses adornos patéticos, sem o efeito brilhante da sua presença de estrela. Que se dane tudo isso!

Essa versão dele, que tive acesso, me pertencia por direito.

A verdade é que nunca estive pronta para ser odiada pela razão exclusiva de amar um garoto. Era um custo alto demais para ser feliz. Amá-lo parecia errado. Um ato criminoso. Como se eu não fosse digna. Nos pré-requisitos montados por uma mente fantasma, sem um rosto definitivo, mas com voz poderosa o suficiente para validar o meu amor, eu nunca seria suficiente para ele. Eu não estava pedindo o Céu inteiro que ele tinha nas mãos, eu só queria uma única estrela.

Ele me olhou assim, com os olhos nublados de tristeza; revejo a cena inteira quando fecho os meus olhos. Sua voz doce, melodiosa, como se uma pequena entonação sua soasse feito música, sussurrando aquelas palavras.

— Pode ser minha hoje?

O pedido acariciou meu corpo inteiro. Sabia que continuávamos no ciclo vicioso de despedidas sem fim, de dizer adeus, com gosto de sangue na boca, e voltar correndo para a mesma ferida ainda pulsante e aberta, que nunca iria cicatrizar sozinha. Tocava o corpo dele pedindo perdão a mim mesma pelo que faria depois; pela punição cruel que a futura eu viveria em seguida, de querê-lo tanto ao ponto de não saber mais o que fazer consigo mesma. De perturbar o seu sono. A sua paz. A sua cabeça. Seu coração. Tudo por alguns minutos de felicidade. Do amor que queria.

— Uhum.

A textura de sua pele raspou em minhas digitais como o revestimento de uma estrela cadente, tão quente que ainda pulsava. Contornando a boca pequena, a pinta delicada; o ponto final perdido de nossa história, que encontrava ali, sempre escondida em seus lábios. Estava tentada a beijá-lo sempre que precisava encerrar o destino. Era guiada de volta até sua fonte de amor e não conseguia me desvencilhar de lá, entre as reticências e vírgulas que me deixavam pendurada em seu encalço, pedindo mais um pouco de história.

Subindo pela curva do nariz brilhante, até as sobrancelhas grossas, longas e escuras, a maciez viciante de seu cabelo bonito, onde os dedos deslizaram até a nuca.

— Eu posso tirar sua blusa, noona? — Sua boca estava colada a minha orelha e suas mãos sustentavam a base do tecido enquanto meu pensamento corria solto para longe dali, diretamente para os braços de uma insegurança. Sabia que tudo que Jungkook sentia era a mesma saudade que eu exalava, em nossa própria frequência , mas a distância havia me dado medo. O velho sentimento conhecido de insuficiência que havia restado dentro de mim.

— Eu posso?! — As lágrimas escaparam dos meus olhos sem parar, pesadas o suficiente para umedecer o tecido da sua camiseta, que eu ainda vestia. Há uma tentativa de detê-las, mas simplesmente não queria tirar minhas mãos dele. Queria mantê-las perto pelo tempo que ainda me restava.

Os mundos dourados dentro de Jungkook se acenderam em puro calor e fogo. O negrume dos olhos desapareceu, deixando que as luzes brilhassem intensamente, ocultando a escuridão das frestas do Universo isolado que carregava.

Eu não deveria estar aqui. Este não é o meu lugar. Minha mente relutava contra o coração.

A cama me acolheu em um aconchego quente, seus antebraços apoiados por baixo dos meus ombros me mantinham perto. Os cabelos bonitos pendiam para baixo, tocando meu rosto como uma cortina aveludada; tudo isso ainda era possível perceber antes dele me beijar, e os os meus sentidos perderem suas funções primárias. Um mergulho profundo no seu mar tranquilo, assistindo a superfície segura desaparecer acima de minha mente, flutuando para baixo, em uma espiral que não me assustava mais.

Seus joelhos rasparam contra o lençol, depositando o peso sobre a cama, o atrito de seu corpo no meu agitou meus dedos ávidos de saudade, afundando as mãos em suas costas, o tecido úmido de sua camiseta pelo suor daquele verão absurdamente quente.

Jungkook me beijou devagarinho, tudo corria em câmera lenta, apreciando cada sensação.

A língua tocando a minha, lentamente, como se estivesse redescobrindo os caminhos do meu corpo, senti as pernas trêmulas. Abri os olhos para vê-lo de perto. Era a primeira vez que o beijava de verdade em anos.

Ainda era exatamente como me lembrava. Quente. Intenso.

— Eu só quero te sentir perto do meu coração de novo. — cochichou contra a minha bochecha. Seus dentes mordiscaram meu queixo.

Um dia me contaram um segredo sobre as flores.

Não foi há muito tempo, um ou dois anos, talvez. Enquanto eu observava o falso azul no horizonte e Tóquio era engolida pela escuridão que despertava pontos incandescentes no infinito distante. As flores entregam seu perfume e beleza por pura inocência, sem saber sobre a maldade de serem cortadas e da dor de serem amadas só depois de mortas. Tive medo de imaginar que todo aquele amor transbordando entre nós vinha do medo; depois da sensação ter expirado, a necessidade de desejar ainda mais o que se perdeu.

Olhei para a janela e o céu assombrado iluminava o quarto em registros de tristeza. E eu memorizava o cenário. Ele, eu, as paredes impessoais de um quarto de hotel, as cortinas cinzas, a cama que ainda tinha o seu cheiro, a imensidão de travesseiros espalhados ao nosso redor, feito nuvens dum paraíso privado, afastadas pelo movimento mínimo. A última cena do nosso amor.

— Eu te amo. — As palavras escaparam para fora do meu corpo como a única comunicação que era capaz de oferecer, meu dialeto de origem, quando meu corpo inteiro entrou em combustão espontânea. — Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.



🌸



Seus braços estavam cercando minha cintura, seu queixo apoiado contra o meu ombro desnudo. A respiração suave de Jungkook indicava um relaxamento excessivo. Seus dedos raspavam contra a curva do meu quadril em um movimento de vai e vem delicado, a boca depositou um beijo na curva do meu pescoço molhado pelo suor.

— Eu preciso ir... — disse, fazendo um esforço significativo para distanciar meu corpo do seu. Olhei para ele, deitado ali, sem nada que separasse meus olhos de sua pele nua. Era tão bonito. Cada detalhe. Cada aresta. Cada curva. Parecia pintado por mãos cuidadosas, mãos de um artista que o amava no plano das ideias, antes de dar cada forma precisa à carne.

Minhas roupas, que Jungkook havia cuidadosamente pendurado em lugares estratégicos, pareciam menos úmidas quando toquei a base dos tecidos. Vesti a calcinha, seguida do sutiã.

— Noona, posso pedir uma coisa antes? — Ele se aproximou, os passos lentos pareciam uma dança. — Lê algo pra mim, algo que você tenha escrito sobre nós, queria te ouvir uma última vez... — Sua mão me puxou para perto, e estremeci. As pontas dos seus dedos, excessivamente mornas, deslizaram pelo fio de minha espinha dorsal delineando linhas imaginárias até a curva da minha nuca; o eixo central de todo corpo perdeu o equilíbrio.

Assenti.

Alcancei a bolsa esquecida por cima da poltrona macia, arrancando o velho diário para fora. A capa estava úmida, assim como os poucos itens dentro dela. Nada que me seria útil agora. Eram anotações do meu livro, os nomes originais dos personagens estavam em destaque, assim como trechos que costumavam fluir de minha mente quando me distanciava da rotina.

Abri o meu favorito, destacado por um marcador lilás em contraste com a capa amarelada.

— "Olivia se enroscou na linha invisível da esperança, como se ele pudesse salvá-la de algo que ela sequer sabia nomear. Havia algo sobre Seol que amendrontava suas bases mais sólidas, como a intrepidez de um trovão rasgando o céu. Era sua luz que deveria assustá-la, contudo a claridade magnética e mortal das faíscas entre as nuvens negras causavam somente fascínio. Era a voz dele que fazia seu coração despedaçar-se por inteiro. A voz suave de um garoto que só lhe prometia amor. Olivia amava Seol, mas entendia, além de qualquer outra perspectiva positiva de falsa esperança, que ele era inalcançável, como todas as boas coisas lhe pareciam ser. Estava condenada a amá-lo nesta distância imposta. E a parte mais cruel de tudo isto era que, havia experimentado o gosto viciante de viver feliz ao seu lado. E agora, aprenderia a lidar com o amargor da indiferença."

— É um trecho do seu livro, não é?! — Deslizou o dedo sobre a caligrafia no diário, sentindo a textura das palavras escritas em um idioma que não compreendia. Curioso é tátil como sempre foi. Fiz que sim com a cabeça. — Como se chama?

As multidões fantasmagóricas que gritavam dentro de minha cabeça foram silenciadas pela pergunta, entre todos os segredos ansiados para virem à tona pela plateia entusiasmada, aquele, eu estivesse segurando com mais força antes da revelação.

Se chama Hanami. — disse, em um sopro de verdade direcionado a ele. Causando o impacto que imaginei que teria. Jungkook sorriu, mas os olhos estavam repletos de lágrimas.

— E a Olivia-ssi e o Seol têm um final feliz? — Tudo se encaixava no fim natural das coisas, na ordem regida por alguma força superior. Sabíamos disso. Na dança orquestrada para nós.

— Sim. Em algum lugar, nem que seja na literatura, eles vão ter essa chance. — respondi, antes de beijá-lo de novo, quando o choro pareceu ainda mais intenso e doloroso. Prestes a me rasgar por dentro. Um triste consolo. — Eu prometo.

Assim como os parágrafos que antecedem as cenas finais, não nos prolongamos muito em eufemismos.

O choque de abandonar para sempre algo que suas mãos lutaram para agarrar provoca uma dor calculadamente absurda; o que ainda me dói ao olhar para trás é perder de vista as chances do que poderíamos ter sido.

Poderíamos ter sido tudo. Tão felizes.

Mas nos tornamos essas linhas insignificantes que tentaram mensurar a felicidade sentida nesses dias brilhantes. Nas primaveras infinitas que vivemos juntos. E no que se perdeu no tempo sem jamais poder ser transcrito outra vez. A memória cobra algum preço de lucidez de manter algo fresco, em troca de um bem precioso. As pétalas perdidas do jardim que construímos juntos.

Nas flores regadas pelo amor mais bonito que tive a chance de conhecer. Entre os girassóis amarelos e os lírio-tigres que decoraram a varanda onde repousei os olhos, vendo nós dois, ainda meninos, sentindo amor e quase nunca medo.

E essas flores que brotaram em meu coração, por causa dele, seguirão amando Jungkook no caminho da partida.

Estarei com você em cada flor, em cada perfume e cada pétala perdida na volta para casa.

Agora e para sempre.






N/A: Esse gostinho de final ainda é novo para mim. Odeio despedidas, mas tô aprendendo a fechar ciclos, é um processo difícil, mas necessário. Este ainda não é o fim definitivo, mas é o prelúdio do capítulo final. E não quero me prolongar dizendo coisas que só estarei pronta contar depois, quando vocês tiverem acesso ao todo, ao contexto primordial de tudo. 

Eu amo esses dois mais do que tudo neste mundo, acreditem. 

Por enquanto, fico aqui chorosa depois de um capítulo difícil, mas que nas entrelinhas já diz tanto do que quero passar. 

Bom, é isto.

Eu amo vocês.

— Sô. 

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