Girassóis (Porque ele era luz do Verão, e eu uma flor.)
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Outubro
As luzes bonitas de Tóquio parecem fascinantes vistas de qualquer lugar, assim como aquela sensação de inquietude de uma cidade que nunca dorme e brilha mais a cada hora.
Das janelas do apartamento, eu observo o movimento nas ruas e os guarda-chuvas multicoloridos que se encontravam nas esquinas, numa mistura bonita de cores e desenhos debaixo daquela chuva fraca e repentina. Uma música boa tocava no rádio, daquelas que eu sabia que ele adorava e que provavelmente estava em uma daquelas playlists prontas que adorávamos ouvir juntos, se eu fechasse os olhos naquele momento, conseguiria vê-lo diante de mim, com seu de moletom monocromático e olhos brilhantes, admirando e fotografando tudo aquilo que desejava eternizar em algum outro lugar que não fosse apenas sua memória. Eu adorava a maneira encantadora como ele enxergava beleza nos pequenos detalhes, e se pudesse listar mentalmente todas as coisas que gostava nele, provavelmente aquela qualidade seria uma das primeiras. Jungkook havia saído daquele apartamento há pelos menos quatro horas, retornado a sua rotina atarefada, ao seu dia-a-dia de prática, atravessado o oceano de volta para casa, prometendo um retorno breve, acolhendo-me em seus braços uma última vez, antes de descer as escadas. Eu odiava vê-lo ir embora, odiava aquele vazio e silêncio percorrendo cada cômodo da casa, com a sensação de que até mesmo as flores secavam com sua ausência. Eu o amava há tanto tempo que era como se ele estivesse na minha vida desde sempre, em dias de Sol e intempérie, como se minha tudo fosse um filme, e ele a melhor parte.
Noite passada, deitamos no chão da sala, ouvindo canções antigas e contando histórias de nossa infância, sobre a minha dificuldade em aprender a andar de bicicleta e as suas notas ruins na época da escola. Era engraçado como nossas vidas haviam tomado rumos diferentes e ainda sim, cruzados, como um ponto de inflexão, uma curvatura inesperada na rota e uma mudança de direção. Não tem sentido, só acontece. Só quando as partes se conectam é que conseguimos ver o valor daquele momento, e os meus numerosos pontos de inflexão me levaram até ele.
Eu amava seus olhos castanhos brilhantes, e como sua risada soava infantil quando ele jogava a cabeça para trás, amava seu cheiro doce de banho recém-tomado, e o encaixe perfeito de nossas mãos dadas. Às vezes me perguntava se ele ao menos sabia o quão bonito poderia ser sem precisar de nenhum esforço, roupas caras ou maquiagem, ou se ao menos imaginava o quanto eu adorava todas aquelas marquinhas em sua pele, todas as suas pintinhas bonitas. Jungkook era lindo de todas as formas, por dentro e por fora, e tinha flores na alma, um jardim inteiro, florido e colorido como nos dias de Verão e o calor que emanava dele era só mais uma prova de que o Sol escondia-se por debaixo de sua pele dourada.
🌸
Estico-me nos lençóis e por um segundo, tenho a sensação de que ele está ali comigo.
Deslizo as mãos pelo espaço ao meu lado buscando o calor aconchegante dos seus braços, que de maneira sonolenta costumam me puxar para perto, mas estou sozinha.
A sensação que preenche o peito à medida que movo meu corpo pela cama, é de que aqueles dias não passaram de sonhos, fantasias e déjà-vus partidos e que Jungkook nunca esteve aqui trazendo suas cores e calor. Não era possível que minha mente tivesse inventado todos aqueles momentos, todas as noites sublimes em que pertenci a ele, e que também o tive só para mim, não era possível que Jungkook fosse só uma criação de minha mente buscando alívio para um coração sufocado em saudade. Não, ele não.
Procuro pelo travesseiro e afundo o rosto no tecido macio, o cheiro doce e frutado ainda preso na superfície de algodão é a única prova de que havia sido real, apesar da sensação de que tudo ao redor parecia tão idílico.
Jeon esteve aqui, mas iria voltar? E se não voltasse?
Os pensamentos mastigavam-me com delicadeza, assim como as incertezas que ficavam sempre que ele cruzava a porta. E eu esperava como um Girassol que necessita da luz do Verão para florir, porque ele era uma estrela brilhando forte no céu e eu era flor que murchava sem sua luz, porque meu amor era daquela natureza, heliotrópio, e eu desconhecia outra forma de amar.
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