Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

JORDANA - 1

Jordana abriu os olhos, vendo a claridade difusa do dia entrando no quarto através da janela.

A princípio, uma sensação de irrealidade se apossou dela. Estivera sonhando, mas a lembrança do sonho se desvanecia rapidamente em sua memória, como névoa ao sol da manhã. Não podia dizer se o sonho fora bom ou ruim. Por um momento, achou que ainda estivesse sonhando. Seu coração palpitava e ela suava frio. Já tinha ouvido falar sobre paralisia do sono, mas acreditava que não fosse o caso. Conseguia se mexer e, apesar da sensação de irrealidade, sentia que estava bem acordada.

Ficou deitada por alguns instantes, contemplando o forro branco do teto, como se não estivesse no quarto que dividia com o marido todas as noites ao longo de quase dez anos.

Olhou para a porta, percebendo que estava aberta. Jordana podia jurar que a deixara fechada. Talvez Jonas, seu marido, tivesse se levantado durante a noite e a deixado assim. Era improvável, pois Jonas caía na cama e dormia como uma pedra; um míssil podia explodir ao seu lado e ele não acordaria. Mas era uma possibilidade.

Virou o rosto e viu Jonas, ainda dormindo e roncando levemente. Ela aprendera a conviver com os roncos do marido. No início, aquilo a incomodara, mas era o tipo de coisa com que se acostuma.

A sensação de irrealidade passou (ou nunca existira) e Jordana relaxou, suspirando e se espreguiçando na cama.

Era apenas mais um dia, 30 de outubro de 2000, uma linda e ensolarada sexta-feira. Se houve um sonho naquela noite, agora não restava dele qualquer lembrança, nem mesmo tênue.

Ela começou a analisar as possibilidades do dia. Seria rotineiro, mas corrido. Precisava passar na escola e ver como estavam os últimos ajustes do baile de Halloween daquela noite. O baile já era uma tradição na cidade há quase vinte anos.

Jordana era professora de português para os alunos do segundo ano do ensino médio e responsável pela organização do baile todos os anos. Ele era importante porque era a maneira mais eficiente de a escola arrecadar fundos, e ultimamente o que a escola mais precisava era de dinheiro. A quadra precisava de reformas, o telhado estava caindo aos pedaços e a biblioteca clamava por socorro. O baile daquele ano seria a salvação, e por isso precisava ser impecável.

O baile tinha um tema novo a cada ano. No ano passado, o tema fora Drácula e vampiros, mas, neste ano, Jordana decidiu inovar: o tema seria uma lenda local.

A cidade possuía algumas lendas, e a mais famosa delas era a dos corpos secos. Também havia a lenda do ventríloquo e seus terríveis bonecos monstros. Todos na cidade conheciam essa história, e alguns (especialmente os mais velhos) diziam que era um fato, não uma lenda. Jordana conversou com um desses idosos e descobriu que, para alguns, tratava-se de uma maldição macabra e cercada de mistérios, ocorrida na cidade há muitos anos.

O ventríloquo chamava-se José Augusto da Silva, e, como o nome sugere, trabalhava com ventriloquismo, construindo seus próprios bonecos. Segundo a história, ele fora acusado de bruxaria e supostamente morto. Sua esposa, que era descrita como muito bonita, fora amarrada e queimada numa fogueira na praça da igreja matriz, como nos tempos da Inquisição.

Jordana achava a história horrível, mas a forma como os antigos falavam dela trazia um toque de realismo desconcertante. Ela não acreditava que algo tão terrível pudesse ter ocorrido em uma cidadezinha pacata como Santo Antônio do Pinhal. Para ela, era apenas uma lenda, criada para assustar adolescentes em acampamentos.

Mesmo assim, Jordana foi à biblioteca por alguns dias e reuniu material para transformar a lenda do ventríloquo no tema do baile de Halloween, que, ela acreditava, seria o melhor de todos os tempos.

A lenda falava dos terríveis bonecos criados pelo ventríloquo. Havia ilustrações deles nos livros, e Jordana achava que talvez fossem representações de seres alienígenas. Eles possuíam enormes cabeças pontudas, grandes olhos vermelhos; seus braços terminavam em terríveis garras afiadas, e seus dentes eram pontiagudos e enormes. No peito de cada boneco havia uma pequena pedra redonda, semelhante a uma gema amarelada, chamada "pedra da lua", que, segundo a lenda, dava vida aos bonecos. Essa teria sido a razão pela qual o ventríloquo foi acusado de bruxaria: o povo acreditava que os bonecos eram demônios, movendo-se sozinhos.

Nas semanas que antecederam o baile, a lenda do ventríloquo tornou-se uma obsessão para Jordana. Ela se aprofundou na história, e a possibilidade de que algo tão macabro pudesse ter realmente acontecido na cidade lhe deu arrepios. Se fosse verdade, teria sido um assassinato cometido com a aprovação da igreja, o que era algo abominável!

Jordana começou a ter pesadelos, sonhando que era perseguida pelos bonecos medonhos. Em um dos sonhos, estava trancada na antiga mansão perto de onde morava, que muitos acreditavam ter sido a residência de José Augusto. Presa, ela tentava desesperadamente escapar enquanto um batalhão de zumbis subia a colina com tochas, e ela sabia que seria queimada viva. Acordava em pânico, sentindo o calor do fogo sinistro.

A lenda passou a assombrá-la, e ela começou a considerar a possibilidade de ser real. Afinal, a mansão existia, ela a via da janela de sua cozinha todos os dias. A casa, abandonada há anos, era dita assombrada, e, à julgar pelo aspecto, Jordana não duvidava.

Realidade ou não, a lenda do ventríloquo seria o tema do baile de Halloween, e Jordana tinha certeza de que seria um sucesso. Talvez a escola arrecadasse o suficiente para as reformas e, quem sabe, ela se candidataria ao cargo de diretora.

Apesar de organizar o evento, Jordana não pretendia ir ao baile. Para ela, uma noite de Halloween perfeita envolvia alugar bons filmes de terror, estourar uma grande tigela de pipoca e se acomodar no sofá com uma Coca-Cola. Era o que fazia desde a adolescência. Enquanto suas amigas saíam para festas ou aventuras, Jordana se mantinha segura em casa, curtindo filmes de terror.

Jonas provavelmente levaria as crianças para pedir doces pela cidade, e Jordana teria a casa só para ela. Ela amava sua família, mas os momentos em que ficava sozinha eram especiais.

— Bom dia, amor. — disse ela.

— Bom dia. Dormiu bem?

— Eu acho que tive sonhos, mas não me lembro muito bem se foram ou não pesadelos.

Jonas suspirou, espreguiçando-se.

— Melhor assim. — disse Jordana.

— É.

Jordana deu um beijo no peito dele e levantou-se, indo para o banheiro. Despiu-se, entrou embaixo do chuveiro, tomou um rápido banho e depois escovou os dentes no lavatório.

Foi até o quarto enrolada na toalha e abriu o guarda-roupas.

— Vai trabalhar na obra hoje, amor? — perguntou ela. Seu marido era um dos melhores arquitetos da região.

— Só até ao meio-dia. — respondeu ele. — Depois, tenho que passar no banco e pegar o dinheiro das fantasias.

Jordana caminhou até a porta e gritou para o corredor:

— Bruna! Tá na hora de acordar! E acorde o seu irmão! Vão se atrasar para a escola!

A resposta veio levemente abafada:

— Eu já acordei, mãe!

Ela foi até o espelho e começou a se vestir.

— Tem certeza de que não quer sair de noite, querida? — perguntou Jonas.

— Sim. Vou ficar aqui e assistir uns filmes.

— Eu vou por causa das crianças. Eles gostam.

— É. Eu sei. No ano passado você pegou mais doces do que os dois juntos.

— Um docinho de vez em quando não faz mal.

Jonas a agarrou por trás e a apertou, depois foi ao banheiro.

Jordana terminou de se trocar e foi fazer o café.







Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro