DARLENE
A faca. Ela podia usar a faca,e havia muitas maneiras de usá-la.
Podia cortar os pulsos. A faca estava bem afiada, uma única passada produziria um corte profundo o suficiente para cortar a artéria. Ela se esvaiaria em sangue até a total e escura inconsciência, dormiria e eterno sono da paz.
Havia também a possibilidade de usá-la no pescoço. Abriria uma "vagina" enorme na garganta e se engasgaria com o próprio sangue. Depois ficaria lá, esparramada no chão deitada no chão, deitada no próprio sangue como um traste inútil, como um desprezível ser para quem a vida jamais sorriu.
Eram possibilidades tentadoras. Se matar era sempre uma saída. Não ter que se preocupar com a merda da vida era uma coisa que a deixava completamente interessada. Mas seria justo? Seria ela a pessoa que tinha que morrer?
Por que não Carlos? Por que não o traste que ela tinha como marido e que vinha sendo obrigada a aturar todos aqueles anos?
Ela pegou a faca e olhou para o corte afiado. Seus olhos brilhavam. Era um brilho psicótico, os olhos de alguém que perdera a razão e via na possibilidade de matar ou morrer o subterfúgio.
Razão? Haveria razão para aquele mundo existir? Um mundo cheio de sofrimentos e dor. Um mundo onde você apenas se danava e ainda era obrigado a dar graças a Deus.
"Obrigado senhor, obrigado pela danação nossa de cada dia."
Ela tocou o fio afiado com o dedo e isso produziu um pequeno corte. Olhou para o sangue por alguns instantes e então o levou para a boca chupando-o.
Se matar? Simplesmente fugir? Parecia o mesmo que admitir que a imprestável era ela. Ela era culpada por todas as atrocidades que seu marido fazia a ela. Ela era culpada por respirar, por ter nascido, por existir. Ela era a culpada por todas as vezes que seu miserável marido a enchia de porrada, a estuprava, metia em seu ânus com força e a obrigava a chupar seu pau e admitir que era uma puta imprestável que gostava de apanhar.
Darlene olhou para o pulso e quase podia ver e ouvir a veia pulsar, bombeando o sangue, levando a vida, a miserável vida.
"Hoje não. Obrigada."
Darlene foi até a mesa e começou a picar a carne que iria preparar para o jantar.
- Foda-se. - Ela disse sutilmente e sua voz pareceu ecoar em meio ao silêncio aquela noite.
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