Instituição
"Não Liam,saiu tudo errado"
"Como assim tudo errado?E que horas você saiu daqui?"-Liam já tinha me ligado mais de quatro vezes para saber se eu estava bem. Mas eu só consegui atendê-lo de fato,na parte da tarde do dia seguinte.
"Eu não demorei muito falando com o Harry,porque não deu muito certo a nossa conversa"
"O que houve?"
"Contei para ele sobre o que eu sinto. Ele pareceu feliz e isso não é bom"-Eu disse quase em um sussurro.
"E porque isso não é bom?"
"Quanto menos eu me envolver com o Harry,melhor"
"Posso te falar uma coisa?"
"Pode"
"Você gosta dele. Não é ficando dois dias sem vê-lo,que isso vai mudar"
Me joguei na cama,frustrada.
"Porque eu fui gostar dele?"-Minha voz saiu em um sussurro e eu enfiei minha cabeça no travesseiro.
Liam riu e disse que precisava desligar,pois os meninos estavam o chamando para fazer algo que eu não prestei atenção.
Fiquei pensando no que Liam tinha me dito e talvez ele tenha razão. Peguei meu celular e quando estava prestes a digitar o número de Harry,larguei o telefone no sofá.
Bufei de nervoso e quando estava caminhando até a cozinha,voltei para a sala e peguei novamente o celular. Disquei o número de Harry e a cada chamada,meu coração disparava mais.
"Sophi?"-Ele atendeu com a voz bem calma.
"Harry,pode vir aqui?"
"Tem certeza?"
"Por que eu não teria certeza?"
"Ah,eu não sei. Talvez porque você possa estar se sentindo pressionada,sei lá. Mas não quero te deixar desconfortável"
"Não,tudo bem. Eu quero que você venha"
"Então estou indo"-Ele disse e eu desliguei no minuto seguinte.
Me levantei do sofá e dei uma ajeitada no cabelo.
Harry não demorou mais que trinta minutos para chegar. Assim que eu abri a porta,ele sorriu sem mostrar os dentes e isso indicava que ele estava incomodado. Nada diferente do que eu sentia.
"Entra"-O puxei para dentro do apartamento e ele se sentou no sofá.
"Não queria que nós ficássemos desconfortáveis"
"É,eu também não mas isso não importa"-Harry permaneceu em silêncio e eu continuei-"Olha,eu pensei muito em tudo e não acho certo ficar criando qualquer tipo de esperança para você e para mim também. Eu queria que fosse de uma forma natural,entende?"
"Tudo bem,mas como?"
"Vamos fazer assim,nós iremos esquecer um pouco esse assunto e continuar a nossa amizade. Assim que você chegar da turnê,nós podemos sentar e conversar com calma"
"Sophi,não vai adiantar ficar fugindo desse assunto"
"Não é fugir,eu só quero um tempo para colocar a minha cabeça no lugar,só isso"
"Tudo bem,eu acho que posso esperar"-Harry disse sorrindo de forma meiga depois de um curto período de silêncio.
"Estou com fome"-Ele disse se levantando.
"Posso preparar algo para você,o que acha?"
"Sério? Você cozinha?"
"O básico"
"Qual sua especialidade?"
"O que acha de uma bolo de cenoura?"
"Acho que seria mais proveitoso você fazer isso para o Louis"
"Você não gosta?"
"Contanto que eu possa te ajudar,eu gosto de qualquer coisa que você faça"-Ele disse sorrindo e estendendo as mãos para me ajudar a levantar do sofá.
Agradeci mentalmente por ele ter mudado de assunto. Eu estava com saudades de quando nós éramos somente dois amigos idiotas que não se preocupavam com nada.
Fomos até a cozinha e eu fui separando os ingredientes com Harry.
"O que eu tenho que fazer?"-Ele perguntou
"Pode ir batendo os ovos com a massa naquela vasilha"-Indiquei um recipiente que estava sobre a bancada.
Harry foi quebrando os ovos tão delicadamente que soltei uma gargalhada.
"O que foi?"-Ele me olhava com cara de confuso.
"Você é tão cuidadoso,que chega a ser engraçado"
"E isso é ruim?"-Harry colocou as mãos em minha cintura e me puxou,fazendo ficarmos cara a cara.
"Não. Isso com certeza é muito bom"
Harry sorriu e eu também.Assim que voltamos a fazer o bolo,pude ver o quanto Harry tentava ser cuidadoso,mas acabou deixando cair massa no chão e leite em cima da bancada.
Ele tentava mostrar que sabia o que estava fazendo e eu só dava gargalhada,atrás de gargalhada.
Conclusão: Assim que colocamos o bolo no forno, me assustei quando olhei para a cozinha. Era massa de bolo,farinha e leite por tudo quanto é canto.
"Meu Deus,como conseguimos jogar massa no teto?"-Eu perguntei assustada.
Harry ficou rindo da bagunça,enquanto me ajudava a arrumar tudo. Começamos a contar piadas sem sentido e eu quase rolei no chão das caras que o Harry fazia enquanto contava.
Depois de comermos o bolo,que por sinal tinha ficado muito bom,me sentei no sofá e Harry colocou a cabeça em meu colo.
"O que vai fazer amanhã?"-Ele perguntou
"Vou a uma instituição de crianças com câncer"
"Sério?"-Harry sentou no sofá para poder olhar em meu rosto.
"Sim,já está tudo pronto"
"Mas por que não me disse nada?"
"Ah,Harry. Nós estávamos estranhos,eu nem tive ideia de te dizer"
"Mas como vai ser?"
"Primeiro,eu vou só para conhecer. Mas se eu gostar mesmo,posso me tornar voluntária"
"É uma instituição só de crianças?"
"Isso. Todas tem menos que dez anos"
Harry fez uma cara de triste.
"Tem certeza que você quer ir?"
"Harry,eu não tenho problemas ao ver pessoas doentes. Acho muito triste,mas a única forma que eu posso ajudá-las,é trazendo um pouco de alegria a vida de cada criança. Então,o que tiver ao meu alcance, eu vou fazer"
"Você só me surpreende cada vez mais,sabia?"
Harry sorriu e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
"Mas e os seus planos para amanhã,quais são?"-Eu perguntei.
"Bom,eu estava pensando em ir até a casa da minha mãe"
"Ela deve estar morrendo de saudades de você"
"É,mas eu estou com preguiça"-Ele se jogou no encosto do sofá e fechou os olhos.
"Harry, já na semana que vem vocês terão que voltar para a turnê. Então,acho que a sua mãe ficaria bem feliz se pudesse te ver"
"Tem razão,eu vou"
Me deitei no sofá e olhei para ele. Seus olhos estavam envolvidos por algumas olheiras.
"Parece cansado"
"Um pouco"
"Vai descansar,Harry"
"Está me expulsando da sua casa?"
"Você sabe que não. Só não quero que você vá visitar a sua mãe,parecendo um panda de tantas olheiras"
"Pandas são fofos"-Harry parecia pensar profundamente no assunto.
Me limitei a rir de seu pensamento.
"Anda logo,pandinha. Vai para casa,vai"-Eu disse.
Ele sorriu com o apelido e se levantou. Me levantei também e fomos em silêncio até a porta.
"Me liga quando sair da instituição amanhã?"-Ele disse
"Pode deixar"
Harry se aproximou,colocou suas mãos em minha cintura e me deu um beijo na testa.
"Boa noite,princesa"
"Boa noite"-Eu disse sorrindo igual uma boba por ele ter me chamado de princesa.
Harry me abraçou rapidamente e foi embora. Depois de tomar um banho bem quentinho,caí em baixo das cobertas e dormi com um sorriso no rosto,e uma certeza. Harry estava ao meu lado agora e nada iria mudar isso.
(Na manhã seguinte)
Me assustei ao olhar para o relógio e ver que eu já estava super atrasada para ir á instituição.
Saí ás pressas de casa e peguei um táxi. Tudo bem que a instituição não era tão longe assim,mas como eu estava bem em cima da hora,não quis arriscar de me atrasar mais,indo caminhando.
"O endereço é este aqui"-O senhor de cabelos grisalhos e barba por fazer disse,olhando pelo retrovisor.
O paguei e saí do táxi,me deparando com um simples projeto de hospital.
"Bom dia,posso ajudar?"-Uma moça de cabelos castanhos,pele clara e olhar cansado disse,assim que eu passei pela porta.
"Eu sou Sophia Jolie. Vim conhecer a instituição"-Sorri gentilmente.
"Ah,sim. Eu tinha me esquecido que a sua visita era hoje,me desculpe"-Ela pareceu bem sem graça-"Sou Theresa"
"Muito prazer"-Sorri novamente e ela foi me guiando pelos corredores,enquanto me contava um pouco da rotina das crianças.
Paramos em frente a uma porta branca,com alguns adesivos colados. Assim que Theresa abriu,senti olhares caírem sobre mim.
"Crianças,eu queria apresentar uma pessoa a vocês"-Ela disse.
Olhei para cada um dos seis rostos. Todas as crianças sem nenhum fio de cabelo,seus corpos frágeis deitados sobre as camas.
"Essa é a Sophia. Ela veio conhecer vocês"-Theresa se pronunciou novamente.
Sorri de maneira verdadeira e recebi alguns em troca. A sensação de ver cada rostinho sorrindo,é inexplicável.
"Vem cá,tia Sophia"-Uma menina de pele branquinha e olhos azuis disse.
Olhei para Theresa e ela sussurrou que me deixaria conhecê-los,mas que estava na sala ao lado.
Me aproximei de sua cama.
"Vocês podem me falar seus nomes?"-Perguntei de maneira bem calma.
"Eu sou kaila"-Seu rosto tinha uma feição cansada. Ela era bem magra mas não deixou de sorrir em nenhum momento.
"E quantos anos você tem,Kaila?"-Eu perguntei.
"7"-A menina disse.
"Meu nome é Lucas"-Disse o menino da cama ao lado-" Tenho 8 anos"
Sorri para ele e me virei para os outros.
"Julie"-A menina que estava com alguns pequenos tubos ligados ao nariz disse. Não pude deixar de notar que ela parecia um pouco desconfortável. Ela indicou um 5 com a mão,para dizer sua idade.
"Eu também tenho 5 anos. Meu nome é Lucas "-Olhei bem para os dois e notei algumas semelhanças.
"Vocês são irmãos?"-Eu perguntei.
Eles assentiram e o menino sorriu para mim.
"E o nome de vocês?"-Eu perguntei a mais duas crianças que ainda não haviam dito nada.
"Alice"-Ela disse-"Tenho 6 anos"-Ela disse sorrindo.
"E o seu?"-Me virei para o menino que parecia ter menos idade que todos.
"Gabriel"-Ele disse de uma maneira embolada e indicou 4 com a mãozinha.
"Tia,conta história?"-Kaila chamou minha atenção.
"Qual história vocês querem?"
"A da chapeuzinho vermelho"-Alice disse.
"Mas essa é de menina"-Eric disse e fez uma carinha fofa de insatisfação.
"E o que vocês acham se eu contar dos três porquinhos?"-Eu perguntei.
Todos assentiram parecendo bem animados. Já tinha percebido um armário com vários livros infantis,quando cheguei. Então,fui caminhando até lá e peguei o livro. Me sentei em uma cadeira,na direção das camas e comecei a ler o livro de maneira bem calma.
Comecei a mudar alguns detalhes na história e as crianças começaram a achar graça disso.
Eles davam as gargalhadas mais gostosas e verdadeiras que eu já tinha ouvido. Olhei para o rosto de cada um e senti meu peito apertar. É difícil imaginar que aqueles pequenos anjos,estão morrendo.
Meus olhos se encheram de lágrimas com esses pensamentos,mas eu segurei até onde deu. Assim que eu acabei a história,todos me aplaudiram.
"Tia,por que você veio aqui?"-Eric perguntou.
"É tia,por quê?"-Alice disse,parecendo um pouco confusa.
"Eu queria conhecer vocês"-Eu disse sorrindo.
"E você gostou da gente?"-Lucas perguntou,ainda embolando algumas palavras.
"Eu gostei muito de vocês"-Eu disse e sorri abertamente.
"Você vai vir nos visitar mais vezes?"-Kaila perguntou.
"É claro,eu virei sempre aqui"-Eu disse e me levantei da cadeira.
"Tia,canta pra gente?"-Julie se pronunciou pela primeira vez,desde que eu tinha chegado.
"Mas eu não sei cantar direito"-Eu disse envergonhada.
"Canta qualquer música"-Gabriel disse
"Vocês tem alguma sugestão?"-Eu perguntei ainda um pouco contrariada.
"Canta aquela do violão"-Kaila disse.
"Daquela banda,tia. Daqueles meninos"-Eric completou.
"Daquela foto"-Alice apontou para um lugar atrás de mim.
Me virei e sorri ao perceber que eles estavam falando dos meninos.
"Vocês gostam deles?"-Eu perguntei.
Todos assentiram e eu sorri mais ainda com uma ideia que passou por minha cabeça.
Comecei a cantar little things,não me importando com a voz desafinada. Daí você se pergunta como eu decorei,e eu te respondo. Harry praticamente me obrigou a decorar todas as músicas.
Eles sorriam enquanto eu cantava,mas parei imediatamente quando percebi que Julie estava chorando.
"O que houve,princesa?"-Eu me aproximei de sua cama e ela apontou para a barriga.
Corri para a porta e chamei a Theresa. Ela veio correndo com um médico atrás. Eles tiraram ela da sala,enquanto eu e as crianças ficávamos olhando tudo,muito assustados.
Meus olhos se encheram de lágrimas novamente ao lembrar da dor em seus olhos. Tentei segurar o choro novamente,mas dessa vez não consegui.
"Tia,você ficou triste?"-Alice perguntou.
Enxuguei as lágrimas e forcei um sorriso.
"Não,meu amor. Eu estou bem"-Me aproximei de sua cama e sorri.
"A Ju vai ficar bem?"-Lucas perguntou e seus olhos também estavam cheios de lágrimas.
Fui até a sua cama e segurei a sua mão.
"Ela ficará bem sim. A Ju é forte. Daqui a pouco ela estará aqui de novo,tudo bem?"-Eu fazia carinho em sua mão,enquanto via ele analisando cada uma de minhas palavras.
Enxuguei sua bochecha e fiquei tentando distraí-los por mais algum tempo.
Me assustei quando a Theresa entrou na sala. Sua expressão era de tristeza.
"Sophia,eu posso falar com você?"-Ela perguntou,ainda parada na porta.
"Eu já volto,crianças"-Eu disse aos pequenos e caminhei até a porta.
Theresa me guiou até uma sala e ela parecia escolher as palavras para começar a dizer.
"O que aconteceu com a Julie?"-Eu perguntei temendo pela resposta.
Sentia meu coração acelerado e minhas mãos estavam suadas.
"Ela"-Theresa respirou fundo,enquanto olhava para baixo e isso só aumentava o meu nervoso-"Ela não resistiu"
Aquelas palavras me assustaram muito. Minha cabeça parecia ter dado um nó. A minutos atrás ela estava dando gargalhadas enquanto eu contava a história. E agora,ela não estava mais entre nós.
Segurei as lágrimas e informei a Theresa que estava voltando ao quarto das crianças. Ela assentiu,mesmo parecendo um pouco confusa.
Parei em frente a porta fechada e respirei bem fundo antes de entrar.
"Crianças"-Eu disse despertando a atenção deles-"A tia vai ter que ir,agora"
"Por que?"-Kaila parecia triste.
"Eu tenho que resolver algumas coisas,mas eu prometo que vou voltar,tudo bem?"-Eu disse e dei um beijo na testa de cada um.
"Tia"-Lucas me chamou,quando eu me afastei de sua cama depois de ter dado um beijo em sua pequena e delicada testa.
Me virei e ele estendeu sua frágil mão no ar. Voltei instantaneamente e peguei sua mão.
"O que foi,meu amor?"-Eu perguntei.
"A Ju vai voltar?"-Ele perguntou e meu coração se acelerou ainda mais.
"Olha,eu vou contar mais uma história para vocês antes de ir,tudo bem?"
Eles assentiram e eu comecei.
"Vocês sabem que existe um papai do céu lá em cima,não sabem?"-Eu perguntei e todos assentiram-"Esse papai do céu,não gosta de ver ninguém sentindo dores e sofrendo. Porque os anjos tem que estar sempre sorrindo. E todos vocês,são pequenos anjos,assim como a Julie"-Eu disse
"E o que acontece quando um anjo não está sorrindo?"-Alice perguntou.
"Então,quando um anjo não sorri,Deus leva ele para o céu. Por que lá,é um lugar muito bom. Todas as pessoas que estão lá,são felizes e não sentem dor. A Julie,foi para esse lugar. E ela está sorrindo agora"-Não consegui segurar as lágrimas depois que acabei de contar.
"Então a Ju não vai voltar?"-Eric perguntou.
"Ela sempre estará no coração de cada um de vocês"-Eu disse tentando disfarçar as lágrimas.
Todos pareceram pensar.
"Eu tenho que ir,meus amores. Mas a tia volta,eu prometo"-Eu disse e todos assentiram,ainda parecendo um pouco tristes.
Falei com a Theresa sobre a história que eu tinha contado e ela agradeceu. Saí da instituição com as pernas bambas.
Olhei para a rua em frente e avistei um Starbucks. Fui caminhando até lá e me sentei em uma mesa no cantinho.
Peguei meu celular e disquei o número do Harry.
"Sophi"-Ele atendeu com uma voz de sono.
"Harry,eu te acordei?"
"Na verdade,sim. Mas tudo bem"
"Você está na casa da sua mãe?"
"Não,eu liguei para ela ontem. Mas ela disse que já tinha marcado outras coisas para hoje ,então eu só vou daqui a dois dias"
"Harry,pode vir ao Starbucks? Eu preciso de você"
"Aconteceu alguma coisa?"
"Eu acabei de sair da instituição e estou arrasada"-Mais lágrimas caíam sobre meu rosto.
"Vai para casa,Sophia. Eu estou indo para lá"
Eu confirmei e desliguei o telefone. Me levantei do banco e fui andando até em casa. Quando cheguei,joguei minha bolsa no sofá e fui escorregando da porta até o chão. Sentia como se meu peito estivesse com um buraco.
Não demorou nem vinte minutos e Harry tocou a campainha. Levantei do chão e assim que abri,me joguei em seus braços e chorei com muita força.
Harry me acolheu e me levou até o sofá. Fiquei chorando em silêncio por realmente muito tempo e ele pareceu não se incomodar em ficar tanto tempo abraçado comigo.
"Sophi,chega. Para de chorar"-Harry disse me tirando de seus braços e enxugando minhas lágrimas-"Me conta,o que houve?"
Respirei fundo e tentei reunir forças para começar a dizer.
"Quando eu cheguei,haviam seis crianças. Todas sem nenhum fio de cabelo e me receberam muito bem. Eu fiquei contando histórias e eles ficaram sorrindo o tempo todo. Eles me fizeram cantar Little things,mas no meio da música,uma das meninas,começou a chorar. Eu me desesperei e chamei a moça que fica tomando conta deles. Harry,essa menina morreu. Tem noção do quanto dói,lembrar daquele rostinho sorrindo para mim?"-Comecei a chorar novamente e Harry me abraçou com mais força.
"Calma,pensa que ela está em um lugar melhor agora. Ela não está sofrendo mais"
"Eu sei,Harry. Mas ela só tinha cinco anos"
"Mas eu acho que cada pessoa tem um propósito na vida. E ela só precisou de cinco anos para isso"
Fui me acalmando aos poucos e comecei a contar para ele,que as crianças gostavam da banda. Harry ficou todo animado e disse que falaria com os meninos.
"Você precisa se animar um pouco"-Harry disse se levantando do sofá.
"Não. Eu só preciso ficar quietinha aqui"- Me aconcheguei nas almofadas fofinhas que estavam sobre o tecido do sofá.
"Sophia,não quero te ver para baixo assim"
"Não há nada que você possa fazer para me animar,Harry"
"Tenta entender que não adiantará nada você ficar triste"
"Eu sei. Mas não estava acostumada com isso"
"Eu estou começando a achar que não foi uma boa ideia você ter ido nessa instituição"
"É claro que foi. Eu só estou um pouco abalada"
"O que adianta você ir lá e ficar desse jeito?"
"Harry,você não sabe o quanto foi bom ver aquelas crianças sorrirem. Então,não diga uma coisa que você não viu"
"Eu só não quero te ver assim"-Harry passava as mãos pelo cabelo de maneira nervosa.
"Se você não quer me ver assim,vai embora"
Harry me olhou de maneira confusa.
"Sophia,me escuta"-Ele se ajoelhou em frente ao sofá e segurou meu rosto com as duas mãos-"Me desculpe,eu só não gosto de te ver assim"
Olhei no fundo dos seus olhos e ele abriu um leve sorriso. Mas não foi correspondido.
"O que eu posso fazer para te ajudar?"-Harry perguntou se levantando do chão.
"Nada"
Eu conseguia ver que Harry estava se esforçando para tentar me ajudar. Mas realmente,naquele momento nada poderia melhorar o meu estado.
"E se eu pedir alguma coisa para nós comermos e depois colocar um filme?"
"Harry,me desculpa. Mas nada vai fazer eu melhorar"
"Sophia,deixa eu pelo menos te ajudar. Por favor"-Senti desespero em sua voz.
"Me abraça,Harry?"
Ele correu até o sofá e me abraçou. Encostei minha cabeça em seu ombro e Harry ficou afagando meus cabelos. Não sei ao certo,quanto tempo nós ficamos abraçados mas aquilo aliviou tudo o que eu estava sentindo.
Me separei de seus braços e ele me olhava como se esperasse alguma reação.
"Eu estou melhor"-Eu disse e Harry abriu um sorriso lindo e me ajudou a levantar do sofá.
"Acho que você precisa relaxar um pouco. Vai tomar um banho,enquanto eu preparo um chocolate quente"-Ele disse
Assenti e fui até o quarto. Separei um pijama quentinho e fui tomar banho. Deixei a água quente cair sobre as minhas costas e Harry estava certo. Aquilo realmente me ajudou a relaxar.
Assim que saí do banheiro, senti o cheiro de chocolate vindo da cozinha. Caminhei até lá e Harry estava sentado na mesa com uma xícara na mão.
Me sentei na cadeira a sua frente e ele estendeu a xícara em minha direção. Provei um pouco do líquido e aquilo estava muito bom.
"Harry,obrigada"-Eu disse levantando meu olhar da xícara e dando de cara com um par de olhos.
"Não é assim grande coisa fazer um chocolate quente"-Ele disse de maneira tranquila.
"Não só pelo chocolate,mas por estar aqui,sempre que eu preciso"
"Sophia,eu só quero te ver feliz. Eu faço o que estiver ao meu alcance por você"
Dei um leve sorriso e ele sorriu também. Ficamos em silêncio enquanto terminávamos de tomar o chocolate. Pela primeira vez,não foi um silêncio ruim. Foi como se só bastasse a presença um do outro,para tudo estar bem. O que não deixava de ser verdade,pois já fazia algum tempo que Harry tinha se tornado meu tudo.
"Acho melhor você ir descansar"-Harry disse me despertando dos pensamentos.
Assenti sem dizer nenhuma palavra. Ele pegou as xícaras e colocou-as dentro da pia.
Caminhei com Harry ao meu lado até o quarto. Deitei em minha cama e ele se ajoelhou,ficando na altura de minha cabeça,que estava sobre o travesseiro.
"Promete que vai melhorar?"-Harry perguntou,afagando meu rosto de forma delicada.
"Prometo"
Fechei meus olhos e Harry me deu um beijo na testa.
"Vou deixar você dormir"-Ele se levantou e caminhou até a porta.
"Harry"
"Sim?"-Ele se virou e esperou que eu começasse a dizer.
"Não vai embora,não. Fica aqui"-Eu pedi e Harry sorriu de maneira delicada.
Ele voltou até a cama e pegou em minha mão.
"Eu tenho alguns compromissos da banda amanhã bem cedo. Me desculpe,mas eu tenho mesmo que ir"
"Tudo bem"-Eu disse tentado disfarçar todo o desapontamento.
"Eu queria muito ficar,mas realmente não posso"
"Eu entendo,Harry. Está tudo bem"
"Mas eu vou ficar aqui até você dormir,então"-Ele disse e se sentou no chão,sem largar a minha mão.
Fechei meus olhos e pensei em tudo o que tinha ocorrido no meu dia. Aos poucos fui relaxando e adormeci.
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Bem,como não estou conseguindo da outra forma,será por aqui mesmo. Cássia,meu amor! Dedico esse capítulo a você. Obrigada por todo o apoio e por não enjoar de mim kkkk Te adoro,flor 💙
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