33°
UM;
Dois;
Três;
Quatro;
Cinco;
Seis;
Sete;
Oito;
Nove;
Dez...
As luzes se vão, deixando apenas a lanterna do celular de Déborah e o elevador para de novo. Tão bruscamente que bato as costas e a cabeça na parede de metal. Pontos pretos obscurecem minha visão e um silêncio estranho preenche minha mente quando o ar é sugado dos meus pulmões. Eu não consigo respirar e não é o pânico dizendo isso.
— Ai, merda! — Déborah se ajoelha na minha frente mais uma vez quando eu escorrego pela parede. — Não desmaie.
Mas não consigo controlar isso e apago.
~•~
— Vamos lá, vamos lá... — uma voz feminina está dizendo, enquanto eu inspiro um cheiro forte. Me afasto desse cheiro. — Ai, deuses! Você está viva... Achei que você tinha morrido... Bom, não morrido de verdade já que eu verifiquei seus batimentos cardíacos e... Eu estou falando demais, né? Eu falo demais quando estou nervosa.
— Quê? — Eu me sento, olhando em volta...
O elevador despencou.
Déborah e eu estamos presas.
Bati com a cabeça.
Déborah está surtando.
Esses pensamentos me causam uma dor de cabeça insuportável e eu acabo gemendo de dor. Tento ficar de pé, mas me desequilibro.
— Você bateu com a cabeça, precisa ficar sentada e calma. — Déborah me ajuda a sentar no canto, me ajeitando como se eu fosse uma boneca. — Dói muito?
— Um pouco — minto. Dói muito sim, mas não quero que ela surte.
— Certo... Vou tentar usar o celular... Talvez...
Ela é interrompida pelas luzes que se acendem mais uma vez. Eu prendo a respiração e Déborah rapidamente se põe ao meu lado, passando o braço na minha frente, como se para impedir que eu cambalei para frente dessa vez.
O elevador volta a descer, mas normal. Nós não falamos mais até o elevador abrir no saguão. Antes mesmo que a gente se levante, meu pai já está entrando.
— Vocês estão bem? — Os dois me ajudam a ficar de pé e meu braço dói.
— Ela bateu... — Déborah começa, mas eu a corto.
— Bati o braço. Acho que desloquei o ombro. — um olhar para Deborah e ela se cala, franzindo as sobrancelhas.
— Venham. Vamos ver isso.
Deixo que meu pai me tire do elevador, mas não conto sobre a pancada na cabeça ou que desmaiei. Não foi nada de mais e não quero preocupar ele ou minha mãe, que já deve surtar apenas por saber que fiquei presa no elevador.
~•~
Deslocar o ombro dói, mas colocar ele no lugar me tirou um grito. Mas foi rápido. Bem rápido e logo fomos para casa. Não mencionei minha cabeça, mas tomei um remédio que me fez dormir. Mas claro, antes minha mãe conferiu se tudo estava no lugar e até pareceu esquecer sobre hoje de manhã.
Dormi pesadamente como não dormia a dias e minha dor de cabeça passou. A crise de hoje é a prova de que não superei totalmente a claustrofobia e começo a pensar em voltar a psicóloga, não só por isso, mas por causa dos problemas que venho tendo ultimamente.
Suspiro ao ouvir passos no quarto. Deve ser minha mãe ou Laura, então eu posso fingir que estou dormindo. Mas não é o toque de nenhuma das duas que sinto.
— Sebastian... — sussurro e em seguida lhe abraço, inspirando seu cheiro de menta.
Ele está aqui. Ele está aqui. Ele está aqui.
Ele está aqui. Ele está aqui. Ele está aqui.
Ele está aqui. Ele está aqui. Ele está aqui.
Ele está aqui. Ele está aqui. Ele está aqui.
Ele está aqui. Ele está aqui. Ele está aqui.
Ele está aqui. Ele está aqui. Ele está aqui.
Ele está aqui. Ele está aqui. Ele está aqui.
Ele está aqui. Ele está aqui. Ele está aqui.
— Como está se sentindo? — sua voz é suave e gentil e seus olhos estão preocupados.
Sento-me na cama e isso me causa uma leve náusea. Afasto isso, me concentrando apenas no garoto comigo.
— Como uma garota que ficou presa em um elevador e teve o ombro deslocado deveria se sentir?
— Parece muito bem, então. — Ele sorri, acariciando minha bochecha.
— Você entrou pela janela? — não acredito que Max deixou ele entrar em meu quarto. Bem... Eu não vi meu irmão.
— Engraçadinha.
Sebastian e eu ficamos juntos a noite toda. Conversando apenas, é claro. É difícil fazer outra coisa quando minha mãe veio nos ver pelo menos três vezes. Ela e meu pai parecem ter reagido muito bem a isso. Sebastian e eu. Não quero perguntar a ele se isso é um sinal de que nos assumimos.
Pensar nisso me deu dor de cabeça. De novo. Então Sebastian foi embora e eu dormi de novo.
~•~
Uso um suéter com calça jeans para ir à escola. Ao que parece, ficar presa em um elevador desculpou todo o meu mal comportamento, pois ninguém tocou no assunto. Então meu pai me trouxe para escola.
Max não falou comigo, mesmo no café da manhã. Já ficamos uma semana sem se falar quando éramos mais novos. Se ele quer voltar a ser criança, tudo bem.
— Madelaine! — A voz de Déborah corta a multidão de alunos e ela corre para me abraçar.
— Déborah! O que faz aqui? — pergunto quando nos afastamos. Ela está usando calça jeans e regata, com pulseiras nos pulsos e anéis nos dedos. Ontem eu não reparei, mas seu cabelo tem mechas rosas e azuis agora.
— Não deu pra contar ontem... Você sabe, todo aquele lance do elevador.... Mas me mudei para cá, o que significa que estou estudando aqui agora. Ontem nos encontramos porquê fui pedir dinheiro ao meu pai, que trabalha com o seu pai, mas é claro que eu planejava ir ver você antes de aparecer aqui do nada. Não tenho muitos amigos aqui e... — ela faz uma pausa, recuperando o fôlego e eu tento acompanhar o que ela diz tão rapidamente. — Se importa se formos amigas? Sei que faz anos, mas lembro de ser sua melhor amiga. Depois do Theo, é claro... Falando nisso, onde ele está? Com certeza depois de todos esses anos vocês devem ser namorados.
— Achei que só falasse demais quando está nervosa — digo com as sobrancelhas erguidas, surpresa por ela conseguir tagarelar tanto. Desvio do assunto "Theo". — Estou feliz que tenha voltado e é claro que podemos ser amigas!
— Ah, isso é um alívio e tanto...
— E aí, M&M's! — Carson entra na frente de Déborah, me abraçando.
— Oi, Car. — Retribuo o abraço do meu amigo, sorrindo com seu jeito sutil.
— Soubemos o que aconteceu... Então, nossa garota está bem? Seu irmão está todo estressadinho e não deu muitos detalhes.
— Estou ótima. Não precisavam se preocupar — digo para Carson e os outros quatro nos rodeando, inclusive Sebastian. — Essa é a Déborah Cooper. Vai estudar conosco agora. — afasto Carson, revelando a garota de 1,50 de altura.
— Não vi você aí, é muito pequena. — Meu amigo ri, enquanto os outros cumprimentam a garota.
Dou um tapa nele.
— Também não tinha visto você. Sua má educação atrapalhou minha visão. — Déborah responde, sorrindo com ironia.
— Wow... — Sebastian murmura, rindo, acompanhado de mim e do resto do bando. Menos Carson, é claro.
— Qual é mesmo seu nome? — ele se finge de desentendido. — Rebeca?
— É Déborah. — Minha mais nova antiga amiga revira os olhos, mas encara Carson de modo superior.
— Desculpe... É que você é tão pequena que sua voz não chegou aqui em cima.
— Não banque o idiota, Carson — aviso, mas meu amigo ri.
— Mas é o que eu sei fazer de melhor.
O sinal toca, impedindo a réplica da minha amiga.
— Foi um prazer conhecê-la, Déborah — Carson dá bastante ênfase no nome dela.
— Queria poder dizer o mesmo, Carlos. — ela devolve no mesmo tom, errando o nome dele.
— É Carson. — ele diz entre dentes.
— Não dá para ouvir direito daqui debaixo. — Déborah nos dá as costas, rebolando para longe.
— Me passa o número dela. Agora.
~•~
O baile de inverno está chegando, o que significa mais trabalho a fazer, mais preparações e mais reuniões com o Grêmio. Minha cabeça está explodindo quando saio da sala reservada para nós, depois de um debate sobre como fazer desse baile um evento para arrecadar dinheiro. Pedi para todos trazerem suas ideias amanhã.
Entro no banheiro, agradecendo por não ter nenhuma garota se maquiando na frente do espelho. Prendo meu coque alto e me encaro através do espelho, enquanto esfrego as têmporas.
— Achei você!
Fala sério.
Fecho os olhos para não ter que encarar Kendall. Tudo que menos precisava hoje era esbarrar com ela, apesar desse seu "achei você" soar como se ela tivesse me caçado pela escola toda. Que ótimo. Kendall Forbes está me perseguindo.
— O que está fazendo?
— Ignorando sua existência. — Trinco os dentes, mas isso só piora a dor. Abro os olhos, infelizmente, e encaro a garota pelo espelho.
— O que tenho para falar é rápido, então não precisa dizer nada, apenas ouvir. Entendeu, não é? Não responda, sei que entendeu — por quê as pessoas tendem a falar tão rápido? — Vamos lá: seu irmão está apaixonado por mim e até deixou aquela tal da Maria por minha causa. Tudo está indo conforme o planejado... Tirando você. Você, Madelaine, está sendo um grande empecilho nos meus planos. E sabe o que faço com os empecilhos? Me livro deles.
— Está mesmo me ameaçando? — Arqueio a sobrancelha, querendo rir desse discursinho de garota má.
— É apenas um aviso, querida cunhada...
Não sei se é a presença dela ou só o termo que ela usou para se referir a mim, mas sinto uma ânsia enorme. Empurro Kendall, para tirá-la do caminho e entro na cabine, me ajoelhando e colocando meu café da manhã na privada.
~•~
#kendallinsurpotavel🤮
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2bjs môres ♥
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