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— THEODORE está lá embaixo. — Max aparece na porta do meu quarto às nove da manhã de sábado.

— Bom dia, Maximilian. — Sorrio para o meu irmão parado à porta, na linha invisível. Ele revira os olhos. Está usando roupas leves. — Treino?

— É. E é melhor não deixar seu namoradinho esperando. Mas você tem feito isso a vida toda, não é?

Max sai antes que eu possa lhe responder.

Calço minhas sandálias e vou ao encontro de Theo. Não ligo muito por estar usando calça xadrez e uma camisa que roubei de Max. A única coisa que pode salvar minha aparência são os meus cachos soltos que estão bonitos.

Sigo o som das vozes e vou parar na cozinha. Minha mãe está cozinhando alguma coisa que, a propósito, cheira muito bem. Meu pai está dizendo alguma coisa e ela e Theo estão rindo.

— Oi — digo a Theo. Vi meus pais meia hora atrás no café da manhã.

— Oi. — Seu sorriso perfeito me faz lembrar porque me apaixonei por ele e traz a sensação de borboletas em meu estômago.

Indico a sala com a cabeça e ele assente.

— Foi um prazer revê-los, sr e sra Price. — Educado e gentil como sempre. Ele é o namorado perfeito.

— Quando ele vai nos chamar pelo primeiro nome? — Ouço minha mãe perguntar baixinho quando nos afastamos. Theo e eu rimos.

Nos acomodamos no sofá enorme da sala, não é atoa que os garotos gostam tanto de vir aqui. Eles praticamente moram conosco e têm até lugares na mesa de jantar!

— Você dormiu bem? — Theo é o primeiro a quebrar o silêncio.

— Sim e você? — Na verdade não dormi bem, passei a noite fazendo um trabalho de biologia. Mas não digo isso a ele.

— Também. — Theo está encarando as próprias mãos, sem piscar. Ele está usando calça jeans e camisa de manga comprida, delineando seus músculos. Ele não pratica nenhum esporte, mas corre muito e anda de bicicleta.

— O que veio fazer aqui? — Espero não parecer grossa, porque essa não é a intenção. Estou apenas curiosa, considerando o horário.

— Não posso visitar minha namorada? — Ele tenta sorrir, mas sai estranho. Ele está estranho.

— Sim, claro. Mas...

— Podemos conversar em outro lugar? — ele abaixa o tom para falar e preciso me inclinar para ouvi-lo. — Porque eu tenho a sensação que seus pais estão ouvindo tudo o que dizemos.

Arregalo os olhos e depois dou risada.

— Pai, mãe, podem cuidar da vida de vocês? — eu grito. Um silêncio se forma e depois ouvimos o barulho do liquidificador. — Vamos para a estufa.

Meus pais com certeza iam voltar a tentar ouvir a conversa. Poderíamos ir para o meu quarto e espero que ele não tenha sugerido isso inconscientemente, porque ninguém entra no meu quarto além de mim e Laura.

O sol está brilhando como nunca e eu estou vestida desse jeito. O clima de San Francisco nunca atrapalhou nas minhas vestimentas, mas às vezes não dá para vestir uma calça e camisa que cobre todo o corpo. Tentei convencer meus pais a se mudarem para Seattle uma vez, dizem que lá chove muito. Eles não gostaram da ideia.

— Então...? O que é tão importante? — pergunto a Theo quando estamos seguros na estufa cheia de flores, plantas e terra. Podia estar melhor?

— Achei que eu fosse importante. — Theo olha para mim, deixando-me entender sozinha as palavras não ditas, mas não entendo.

— Você é importante para mim. Sabe que é. — Me aproximo dele, se me inclinar para frente nós nos beijamos.

— Eu sou? Quando foi a última vez que saímos? — Ele arqueia a sobrancelha. Abro a boca para responder, mas ele me corta. — Não, passeios em família não contam.

Desvio do seu olhar. Eu já disse que ele me conhece muito bem?

— Veja bem, somos namorados, mas parece que estou namorando com um fantasma! Deus, você nem responde as minhas mensagens.

— Eu estava...

— Ocupada estudando? Não podia tirar cinco minutos apenas para responder um "boa noite".

Ele está certo. Sou uma namorada horrível.

— Não estou falando isso para magoá-la. — Suas mãos envolvem meu rosto e eu o encaro novamente. — É só que toda essa situação é difícil para mim, entende?

Sim, eu entendo, mas isso também é difícil para mim, quero dizer a ele.

— É só que tenho sido paciente todo esse tempo e lhe dado espaço, mas...

— Porque estou sentindo que o que vai dizer não é bom? — Afasto-me dele. Theo encara as próprias mãos.

— Estou cansado de ficar em segundo plano, Madelaine. Sempre priorizei você, esperava que no mínimo, escolhesse a mim também.

— Está me pedindo para escolher entre você e o meu futuro? Isso soa um pouco egoísta, não acha?

— Ouviu o que você disse? Acaba de afirmar que não estou no seu futuro. Nem sei se faço parte do seu presente mais. — Vejo o oscilar na sua garganta e seus olhos marejados. — Eu amo você, Made. Mas você me ama?

A pergunta me pega de surpresa. Eu o amo, certo? Tenho que amá-lo. Somos namorados e nós nos conhecemos a vida toda. Então...

— Uau, você não consegue nem responder a isso! Eu devo ser mesmo um idiota.

— Não! Não, você não é idiota, Theo — me apresso em dizer, tentando me aproximar de novo, mas ele recua.

— Não sou? Três anos, Madelaine, e você nunca disse essas três palavras. Não devo me sentir idiota por isso?

— Theo...

— Não. Para mim chega. Você já despedaçou demais o meu coração. Preciso recolher o que restou e seguir em frente.

Eu paro. O que ele quer dizer com isso? Não... Não...

— Você não vai dizer nada, não é? Estou saindo da sua vida nesse momento e você vai ficar aí, parada? — Theo ri, lágrimas já rolando em seu rosto.

Ele me encara, esperando. Esperando uma reação. Qualquer coisa que o faça ficar, mas não me mexo. Nem sei se ainda estou respirando.

— Obrigado. Esse foi um ótimo término de namoro. Mas deveria praticar mais para o próximo garoto que você destruir o coração.

Ele me encara por mais alguns segundos que parecem uma eternidade e sai.


~•~
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