25°
A escola está um caos completo com a chegada do Halloween, no fim da semana. Dei um jeito de ficar longe disso. Responsabilizei Ryan, que propôs a barraca do beijo e Denise, que ficou mais que feliz.
Estou na hora do intervalo, bem no fundo da enorme biblioteca da escola. Adiantei alguns deveres e desenhei. Mas não estava preparada para o que surgiu no papel. Um rosto quadrado com o maxilar marcado; nariz fino e arrebitado; lábios sensuais, que formam um sorriso, revelando sua covinha na bochecha esquerda; olhos hipnotizantes e cabelos de mechas lisas.
Eu acabei de desenhar Sebastian Blackwood.
— É aqui que se esconde, então.
Dou um grito, pulando da cadeira.
— Jesus Cristo! Nunca mais faça isso! — Levo a mão ao coração, encarando Sebastian, que está rindo.
— O que está fazendo aqui, escondida? — Ele ocupa a cadeira ao meu lado e eu rapidamente escondo o desenho.
— Não estou escondida. — Forço um sorriso, ainda sentindo as batidas aceleradas do meu coração. — E o que você está fazendo aqui?
— Vim ver você. — Seu sorriso é idêntico ao que desenhei. Não sei se eu já pensei nisso, mas... Ele é lindo. Há uma noite atrás, eu admirei seu corpo, mas isso... Ele é lindo.
— Como sabia que eu estava aqui? — Volto minha atenção para os livros, com medo que ele veja as palavras em meus olhos.
— Conheço você melhor do que imagina, Medellín. — Seus apelidos ainda me causam arrepios. É tão... íntimo.
— Hum... E... Quanto aos nossos planos? — Não lhe encaro, ele com certeza veria a vermelhidão em meu rosto.
— Também vim aqui para falar sobre isso. — Interessante saber que ele pensa nisso.
— Estou ouvindo.
— Me dê dez dias.
— Dez dias para quê? — Finalmente viro para ele, com as sobrancelhas franzidas.
— Para você ter certeza que quer isso mesmo...
— Eu quero...
— ... e não se arrepender depois.
Penso em insistir, mas isso é bem minha cara. Não me acho uma pessoa impulsiva, mas quando acontece, eu acabo me arrependendo profundamente. Talvez ele me conheça melhor do que eu imagino mesmo. O que significa...
— Você não pretendia transar comigo ontem, né? — e eu culpei meu irmão por nos atrapalhar, sendo que na verdade não ia mesmo acontecer nada.
— Não, não pretendia. — Não consigo ficar irritada com ele por isso.
— Até lá, o que acontece? — Odeio admitir, mas não queria me afastar dele.
— O que você quer que aconteça, Medellín? — Não tinha percebido o quanto estávamos próximos. Ele está com o rosto apoiado no punho, me encarando com um olhar desafiador.
— Eu não sei. — Como também não sei se estou gostando de você.
— Já ouviu falar em amizade colorida?
— Quer ter uma amizade colorida comigo? — Minhas sobrancelhas se erguem com surpresa. O que quer que tínhamos antes, não era isso.
— Por que não? — Ele dá de ombros, mas tenho várias respostas para essa pergunta. Começando com a mais importante:
— Porque Theo e eu...
— Você e Theo terminaram.
Sim, nós terminamos, mas estamos tentando de novo e se eu começar uma amizade colorida com Sebastian... De novo: nós terminamos. Tenho o direito de fazer o que eu quiser com quem eu quiser... Ou pelo menos quero acreditar nisso.
— Não poderíamos contar a ninguém e eu não vou deixar de tentar reconquistar Theo. — Não acredito que estou concordando com isso.
— Por mim tudo bem. — Ele dá um sorriso largo, então em um segundo eu estou sentada na cadeira e no outro eu estou em seu colo, depois de ele me puxar. — Eu vou adorar isso. — Ele me beija. Minha retribuição é um eu também silencioso.
Quando estou entrando na sala de química, vejo Theo e aceno para ele, que vem até mim.
— Não vi você ontem. — Espero que ele não queira me beijar agora, quando eu acabei de beijar o Sebastian. Faria tudo isso parecer ainda mais errado.
— Estava ocupado com algumas atividades. Sabe, não é só você que estuda. — Ele sorri, dando de ombros.
— Já escolheu sua fantasia para o Halloween? — Antes do nosso término, vínhamos com fantasias combinando.
— Não vou precisar. — Outro dar de ombros. Quando arqueio a sobrancelha, ele diz: — Não vou vir para o Halloween.
— Ah... Por quê? Você sempre gostou.
— Perdeu o significado para mim.
E a mágoa nos olhos dele me diz muito sobre seu motivo. Ele não vem por minha causa.
— Hum... — Tento pensar em algo para aliviar essa tensão. — Quer fazer alguma coisa depois da escola?
— Não posso. Já tenho compromisso. Desculpe.
— Ah... Tudo bem, então. Vejo você depois?
Ele acena, me dando as costas.
~•~
Chego em casa no horário de sempre e não tem ninguém em casa. Nem mesmo Laura está. Max não quis me trazer, então não sei onde ele está também. Peguei carona com Wesley. Quando estavam todos do lado de fora da escola e Maximilian tão bravamente dispensou minha companhia e usou sua posição de capitão do time para obrigar um dos garotos a me trazer, eu fiquei nervosa com a possibilidade de Ethan se oferecer, mas então Wesley passou o braço por meus ombros e se ofereceu primeiro.
Ainda não consigo acreditar que Ethan gosta de mim. Ele é bonito, tem o cabelo castanho avermelhado, olhos azuis e sardas, que o deixam fofinho. E é isso que ele é para mim: o amigo fofo. Carson é o amigo bobo, loiro de olhos azuis. Turner é o amigo idiota, moreno de olhos castanhos esverdeados. Wesley é o amigo responsável, o mais alto com cabelos longos até os ombros e olhos verdes escuros. E o Sebastian... Ele é o amigo esquentado, mas com as pessoas certas ele é doce e gentil e galanteador com seus olhos castanhos e cabelo claro.
O ponto é: meu amigo fofo não pode gostar de mim!
Sebastian é seu amigo esquentado e gosta de você.
Ele não gosta de mim. O que tem entre nós é apenas casual.
— Não vou pensar em Sebastian — digo alto e claro quando saio do meu quarto.
Preciso clarear minha mente, então me vejo seguindo para o sótão. O que Max disse ainda está em minha mente. Pinte, irmã. Pessoas como você irão mudar o mundo.
Minha mãe odeia cheiro de tinta, mas sempre se alegrou em me ver pintar, então decidi fazer o sótão de estúdio. Tem uma janela de tamanho considerável onde a luz entra e era o suficiente para eu conseguir pintar, se posicionasse a tela no lugar certo.
Então estou agora no meio do cômodo. Está exatamente como eu me lembrava: as latas de tintas ainda estão espalhadas em cima do tapete improvisado de jornal, assim como os pincéis. A última vez que estive aqui, depois de fazer aquela pintura, chorei bastante e estava tão atordoada quando saí com a pintura ainda molhada, que não arrumei o lugar.
A luz entra através da janela, fazendo a poeira flutuar. Vou até a parede onde deixo as telas, pegando uma. Coloco a tela no cavalete e pego uma lata de tinta fechada e quando abro, o cheiro forte e familiar preenche os meus sentidos. Procuro um pincel bom no meio de vários espalhados. Ao achar, mergulho ele na tinta de cor roxa.
Minha mão está tremendo quando ergo o pulso até a tela e antes que eu consiga fazer algum risco na tela branca, meu telefone toca e eu me assusto, sobressaltada, deixando o pincel cair no chão.
Xingando, eu pego o celular.
Sebastian mandou uma mensagem.
É claro que ele ia me dar um susto desse.
Estou preso em casa com uma pestinha de 6 anos.
Uma foto de Safira vestida de fada surge na tela.
Eu respondo:
Na verdade, ela quem está presa a você e seu mau humor.
Sua resposta chega segundos depois:
Safira disse que está com saudade de você.
Eu respondo, sorrindo:
Só ela?
Ele responde:
Eu também.
Sim, eu estou sorrindo abertamente, ainda mais quando ele manda outra mensagem:
Quer vir aqui?
~•~
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