15°
QUINTA-FEIRA. Dois dias passaram e eu não falei nem com Sebastian nem com Theo. O primeiro eu estou ignorando e o segundo está levando muito a sério esse lance de começar do zero.
Pensei bastante durante esses dois dias e cheguei a conclusão de que não me sinto culpada por beijar Sebastian. Quando cheguei a essa conclusão, não quis mais pensar sobre isso e acabar descobrindo que posso estar apenas mascarando minha culpa. Então, ocupei minha mente com deveres e afazeres do Grêmio e trabalhar no escritório do meu pai. Como estou lá apenas dois dias na semana, hoje estou em casa depois de sair da escola.
— Os meninos chegaram, vai descer? — Max para na linha invisível na porta. Um olhada nele e vejo que está usando as coisas de sempre: short jeans e camisa de time.
Nas noites de quinta, o bando costuma se reunir aqui em casa para assistir filmes ou jogar. Às vezes me junto a eles.
— Tudo bem. — Tiro os óculos e fecho o livro que estava lendo. Li o mesmo parágrafo três vezes antes de ele chegar, sinal de que não consigo me concentrar.
Calço minhas sandálias e me dirijo à porta. Estou usando uma daquelas calças xadrez e a camisa larga com o símbolo da NASA.
— Tudo bem? — Meu irmão caminha ao meu lado no corredor, seus ombros largos roçando em meu cabelo. Max e eu podemos ser irmãos gêmeos, mas ele é mais alto que eu.
— Aham. — Ponho uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e cruzo os braços. Não nos falamos muito também, além das refeições e na escola.
Estamos chegando nas escadas quando Max segura meu braço. Encaro meu irmão.
— Desculpe pelo meu comportamento. Eu só quero protegê-la. Depois do que aconteceu... — aquela raiva transparece por um segundo em seus olhos e Max engole em seco. — Desculpe.
— Eu entendo. — Dou de ombros. Realmente entendo.
Max me puxa para um abraço e sou esmagada por seus músculos.
— Está me sufocando, Maximilian! — Tento me soltar, mas meu irmão me aperta mais.
— Eu te amo, sua pirralha.
Paro de resistir e deixo que ele me abrace mais um pouco.
Seus olhos castanhos focam em mim assim que apareço na sala. Sebastian e os outros já estão espalhados pelo sofá ou jogados no chão. Meus pais nunca se importaram de ter todos esses adolescentes aqui em casa sempre, pelo contrário, eles adoram.
Nenhum deles faz comentários relacionados a minha roupa. Por isso gosto dos meus amigos: eles não se importam com o que eu uso.
— Terror ou comédia? — Wesley pergunta para mim quando sento-me entre ele e Carson. Sebastian está sentado depois deste.
— Terror.
Meu irmão se joga no outro sofá com Turner e Ethan está deitado no chão, com almofadas atrás da cabeça.
É, esses são meus amigos.
~•~
Perdi no pedra, papel e tesoura e estou fazendo pipoca enquanto eles assistem. Deixei que escolhessem o próximo filme. Mais uma derrota.
Encaro o microondas e o pacote de pipoca girando e girando lá dentro. É o terceiro pacote.
— Então a Mini Price está me ignorando? — a voz de Sebastian me sobressalta e olho para ele com raiva.
— Não estou lhe ignorando. — Acalmo meu coração, que bate descontroladamente agora e não sei se foi pelo susto ou quem causou ele.
Sebastian para em minha frente, apoiando-se na mesa, enquanto me encara. Subitamente me sinto envergonhada por estar usando uma calça xadrez ridícula e uma camisa duas vezes o meu tamanho.
— Não devia ter forçado a barra. Desculpe — diz ele por fim e mais uma vez consigo ver a sinceridade de suas palavras.
— Dois pedidos de desculpas em uma só noite? Uau. — Sorrio com deboche mesmo quando ele não parece entender. — Relaxa, eu já esqueci a sua inconveniência.
Agora ele quem ri. Percebo então que sinto falta da risada dele. Eu disse que não o estava ignorando, mas sim evitando. Na escola, temos apenas duas aulas juntos e eu não olhei para ele nenhuma vez e não fui para o refeitório esses dias, fiquei na sala do Grêmio ao invés disso.
— Então... Está preparada para o próximo passo para reconquistar Hendriks? — Um sorriso perverso molda seus lábios e eu arqueio a sobrancelha.
— Presumo que não seja algo que eu goste muito.
~•~
Na manhã seguinte estou na mesa tomando café da manhã com minha família. A noite de ontem seguiu tranquila e confesso que senti saudades do bando. Eles foram embora um pouco tarde e fiquei preocupada com Sebastian já que ele é o único que vem de ônibus, mas essa preocupação durou pouco pois Wesley o levou em casa.
Ouvimos a campainha tocar e Laura vai atender, segundos depois Theo entra na sala de jantar. Está usando suéter e gravata por dentro, sua habitual calça jeans e sapatos sem cadarços.
— Bom dia, espero não estar atrapalhando. — Seu sorriso é largo, mostrando seus dentes alinhados e brancos.
— Claro que não, querido. Sente-se conosco! — minha mãe convida, tão animada que faz Theo rir um pouco.
Meu ex namorado se senta ao meu lado e nós dois trocamos sorrisos tímidos. Sorrio um pouco mais ao lembrar o que eu estou vestindo: um outro vestido florido de manga curta que comprei com Sebastian.
Meus pais estão cientes do meu término com Theodore, na verdade eu disse que era apenas um tempo. O que eu realmente espero que seja.
Não falo muito durante o café, apenas observo como Theo se dá bem com minha família. Meus pais o adoram e até mesmo Max gosta um pouco dele. Fui muito burra por deixá-lo "escapar". Não posso perder Theo, então vou me esforçar o máximo para reconquistá-lo.
— Vou com você — digo a ele quando meus pais vão para seus respectivos carros. Theo apenas assente e abre a porta do seu carro para mim. — Não só para escola, mas para casa de campo também.
Theo sorri para mim, seus olhos castanhos — tão diferentes dos de Sebastian — se iluminam e tenho certeza que não é por causa da luz da manhã.
~•~
Às vezes me pergunto por que me tornei presidente do Grêmio Estudantil. Tudo bem que ter esse cargo será de bom grado quando eu for para a universidade, mas ainda sim é uma responsabilidade que me pergunto se vale a pena arcar.
O baile de inverno é em dois meses e eu estou atolada de atividades referentes a isso. Uma garota, Anne, deu a brilhante ideia de pôr neve artificial no baile para dar um clima mais "invernoso" já que não é muito comum nevar em San Francisco. A pior parte é que os outros acharam a ideia legal e como eu sou a presidente, tive que prometer pensar no assunto e ver se a escola estaria disposta a dar fundos para realizar tamanha genialidade.
Talvez ir para casa de campo com Theo seja mesmo uma boa ideia. Preciso me desligar um pouco de tudo.
— E aí, M&M's — Carson sorri para mim quando sento-me ao seu lado no refeitório.
— Oi — digo para todos na mesa. Não soa muito animado, mas a verdade é que estou mesmo exausta.
— Já escolheu sua fantasia? — Wesley pergunta com a boca cheia de pizza. Controlo a careta.
— Fantasia...? — Franzo as sobrancelhas. Sebastian ri, sentado ao lado de Turner.
— Eu disse que ela não estava se lembrando — Ele por fim me encara. — O Halloween. É em duas semanas.
— Ah, isso... — Eu não esqueci o Halloween. Como disse, sou presidente do Grêmio, não tem como eu esquecer. Não quando precisei providenciar materiais durante esses dias para que pudessem decorar a escola. — Ainda não escolhi a fantasia.
— Problema resolvido, então. — Ethan sorri, acompanhado dos outros. — Vamos de "Liga da Justiça''. Eu serei o The Flash.
— Vou ser o Aquaman. — Wesley pisca para mim.
— Eu nasci para ser o Ciborgue — Carson diz, todo orgulhoso.
— Lanterna Verde — Turner diz, apesar de não parecer muito feliz com isso.
Encaro meu irmão.
— Eu vou ser o Batman, é claro. — Seu sorriso convencido me faz revirar os olhos.
— Eles insistiram que eu fosse o Superman. — Sebastian dá de ombros, apesar de eu duvidar da sua afirmação.
— O que sobra para você ser a nossa Mulher Maravilha.
~•~
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