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13°

LAURA dormiu aconchegada a mim. Ela me convenceu a comer pelo menos um sanduíche e tomar banho. Então, depois me cobriu e deitou comigo. Não contei nada a ela sobre o beijo e por quê eu estava assim, mas ela ficou ao meu lado.

Quando acordo, Laura já foi. Faço a minha rotina matinal de sempre e fico pensando no que devo vestir. Ainda tenho que seguir com o plano? Ainda posso pensar em ficar com Theo depois de beijar Sebastian? O que isso faz de mim?

— Bom dia, menina — Laura entra no quarto. Sorrio para ela, ainda enrolada no roupão.

— Bom dia. — Um olhar para ela é o suficiente para não mencionar ontem a noite.

— Já decidiu o que vai vestir? — Laura vai para o closet e eu a sigo.

— Estava pensando nisso.

Na verdade eu estava pensando em Sebastian também. No nosso beijo. Ontem eu estava uma pilha de nervos para pensar nisso, mas... Mas eu gostei... do beijo... De beijá-lo... O que isso quer dizer? Eu não sei.

Laura me ajuda a escolher uma roupa. Optei por uma calça jeans rasgada e uma blusa branca florida. Ambas foram Sebastian que escolheu quando fizemos compras. O plano de reconquistar Theodore pode ter ido por água abaixo, mas gostei de como me senti ontem.

Laura faz uma trança lateral em meu cabelo e eu desço para tomar café.

— Bom dia, família. — Tento sorrir. Não quero que eles se preocupem comigo.

— Bom dia, gatinha. — Meu pai sorri para mim. — Está tudo bem...? Você não desceu para o jantar ontem.

— Laura disse que não estava se sentindo bem — minha mãe intervém, impaciente parece.

Certo, eu os deixei preocupados. Que maravilha, Madelaine.

— Foi só uma dor de cabeça idiota. Fiquei lendo livros por tempo demais. — Dou de ombros e pego uma maçã.

Meus pais não insistem no assunto, sabem que me pressionar não é uma boa ideia, mas o olhar que minha mãe me deu diz o suficiente que se eu não contar pra ela que raios está acontecendo, ela irá quebrar todas as regras que estabelecemos.

Depois de terminar o café e escovar os dentes, pego minha mochila e espero na porta para ver quem vai me levar. Tem dias que Max está de bom humor e me leva com ele. Tem dias que vou com meu pai e tem dias que vou com minha mãe, o que é muito raro já que ela dirige devagar. Geralmente vou com ela quando não quero ir para escola e vejo sua demora como uma fulga.

— Madelaine.

Suspiro ao ouvir a voz do meu irmão. Ou melhor, o tom da voz.

— Maximilian. — Encaro seus olhos castanhos como os meus. Ele está mais uma vez com aquela postura. Postura de guerra, como apelidei. Braços cruzados, pés separados e rosto sério.

— Que porra está acontecendo? — não me espanto com sua boca suja, apenas suspiro.

— Está acontecendo muitas coisas. O lançamento do livro que estava muito ansiosa para ler, foi cancelado. Tenho em mente que as várias petições que assinei para ressuscitarem o Tony Stark, é em vão. Descobri que...

— O que está acontecendo com você — Max diz entre dentes, já perdendo a paciência.

— Não aconteceu nada e eu já falei para não se...

— Você é minha irmã, eu tenho todo o direito de me intrometer na porra da sua vida quando você parece estar prestes a desmoronar!

Eu recuo. Max nunca grita comigo assim. Porque ele gritou, talvez até mesmo nossos pais tenham ouvido.

— Max...

— Sem mentiras, Madelaine. O que está acontecendo? É o filho da puta do Theodore Hendriks, não é?

— Quê? Não! — me apresso em dizer, porque a raiva que vejo em seus olhos...

— Não? Antes mesmo de vocês terminarem, eu ouvia as discussões de vocês, como afetava você...

— Theodore não tem nada a ver com isso...

— Se você estiver protegendo....

— MAX! — agora eu é quem grito — Me deixe falar, cacete! — Ignoro seu olhar de surpresa e respiro fundo. — Eu menti. Não estava na biblioteca...

— E onde você...

Um olhar para ele e o mesmo se cala.

— Sebastian e eu...

— Sebastian?! Aquele desgraçado...

— Max, deixe eu...

— Eu sabia, sabia!

E antes que eu consiga terminar de explicar, Max já está disparando para fora da casa. Vou atrás dele.

— Max, por favor! Não é nada disso...

— Não tente me impedir, Madelaine! — Meu irmão entra no seu carro que sempre deixa estacionado na frente da casa.

— Você entendeu tudo er...

Mas ele já arrancou com o carro e me deixou aqui parada, sem saber o que fazer. Se Max encontrar Sebastian…

Ah, Meu Deus... O que eu fiz?!

~•~

Minha mãe dirige muito devagar, como uma tartaruga! Eu pedi para meu pai me levar, mas ele estava atrasado e minha única alternativa foi minha mãe.

— Mais rápido, mãe! — eu praticamente grito, batendo no painel.

— Sabe que não...

— Se for devagar, Max vai matar o Sebastian! —  Olho para ela desesperada, mas minha mãe está tão calma que fico mais irritada.

— E por quê ele mata...

— Mamãe! — Não é possível que ela não veja a gravidade da situação. Minha mãe respira fundo.

— Se segure então. — Ela acelera e eu me seguro.

Não dá para acreditar que minha mãe está dirigindo rápido como um foguete, eu diria. E se a polícia nos parar... Eu roubaria o carro da polícia para conseguir chegar à escola.

Felizmente isso não acontece, mas assim que minha mãe para o carro, avisto Max indo na direção de Sebastian que parece ter acabado de chegar.

— Obrigada, mãe. — Dou um beijo rápido nela. No caminho até aqui, eu falei para ela não se preocupar, que não era nada e fico grata quando ela vai embora.

Eu praticamente corro até meu irmão que está exalando raiva.

— Max! Max! — grito sem parar e ele olha por cima do ombro. — Max, para!

— Não se meta nisso! — Meu irmão me dá as costas e continua com passos firmes até Sebastian.

Corro ainda mais, olhando de um para o outro. Sebastian parece apenas confuso, sem entender o motivo da raiva de meu irmão.

— Max, deixe eu explicar! — Por sorte consigo alcançar meu irmão e caminho apressadamente ao seu lado, tentando agarrar seu braço, mas ele está muito concentrado no garoto a frente.

— O que está acontecendo? — Sebastian pergunta, cada vez mais confuso.

Sou mais rápida que Max e me coloco na frente de Sebastian.

— Saia!

— Não! Ele não fez nada! Deixe-me explicar! — Empurro meu corpo contra o de Sebastian, esperando que ele recue.

— Você só está tentando protegê-lo!

— O que está acontecendo? — Sebastian pergunta de novo, baixinho, apenas para que eu ouça e eu apenas balanço a cabeça.

— Acha que se ele tivesse feito algo, eu acobertaria? — pergunto ao meu irmão. — Acha mesmo, Maximilian? Depois de tudo? Depois do que aconteceu?

Max me olha, pela primeira vez, parecendo lúcido. Nos encaramos, as palavras não ditas em meu olhar.

— Se estiver men...

— Eu não estou.

Ele sabe que eu nunca acobertaria se algum garoto me machucasse. Não depois do que aconteceu naquele dia e ele sabe, é por isso que Max recua.

— Pode me explicar o que está acontecendo, então? — Meu irmão cruza os braços e eu suspiro.

Pelo menos ele não quer mais matar o Sebastian. Mas ele vai querer se eu contar sobre o beijo... Conto a verdade a ele ou invento uma história?


~•~

Acharam que ia ter briga? Ksksksk

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