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11°

EU precisava me fazer de difícil e pensando nisso, eu disse a Theodore que pensaria. Ele não ficou chateado, apenas assentiu e me deu um beijo na bochecha. Começar do zero. Lembrei a mim mesma enquanto caminhava até o refeitório. Theo tem seu próprio grupo e enquanto eu fico com os populares, ele prefere os nerds. Eu sei, é estranho.

Sento-me ao lado de Carson como sempre, de frente para Sebastian, ele pisca para mim. Retribuo com um sorriso. Preciso contar a ele o que aconteceu, mas não posso fazer isso aqui, na frente de todos...

— Ei, M&M's, quer carona hoje? — Ethan pergunta ao lado de Wesley quando tiro a vasilha com sanduíche de dentro da mochila.

— Ah, vou andando para a biblioteca, mas obrigada. — Sorrio para ele e tiro meu sanduíche da vasilha depois de forrar uma pequena toalha na minha parte da mesa. O sanduíche está coberto por papel toalha, como ensinei a Laura.

Estou prestes a levar o sanduíche a boa quando percebo o silêncio na mesa. Encaro os garotos. Todos parecem tensos. Wesley está com as sobrancelhas franzidas enquanto encara a mesa, Turner está coçando a nuca, Carson está calado, Sebastian está balançando a cabeça e Max está encarando Ethan.

— O que foi? — pergunto meio hesitante. Eles nunca ficam em silêncio. Estão sempre jogando comida um no outro ou falando barbaridades.

Sebastian pigarreia e eu o encaro.

— Seu irmão está...

— Cale a boca, Blackwood — Max dispara. Eu arregalo os olhos por conta do seu tom de voz. Para minha surpresa, Sebastian se cala.

— Certo... Isso é coisa de garotos? — Finalmente mordo meu sanduíche porque realmente estou com fome.

— Algo assim. — e foi isso. Fim de papo.

~•~

Nunca vi Sebastian com carro, então presumi que ele fosse de ônibus para casa. Eu o esperei no ponto de ônibus próximo. Por sorte é no sentido contrário para minha casa e as possibilidades de Max me ver são mínimas. Não que Sebastian e eu estejamos fazendo algo errado, mas ele com certeza vai querer saber cada detalhe de tudo e eu sei como meu irmão é.

— Está perdida? — Me assusto com a voz de Sebastian e ele ri. — Não queria te assustar.

— Tudo bem... Queria te ver. — Seguro as alças da mochila enquanto sentamos no banco.

— Ah, é? — Sebastian arqueia a sobrancelha. Me sinto corar.

— Para falar sobre uma coisa — dou bastante ênfase na palavra para ele não pensar que eu queria apenas lhe ver.

— Certo... Presumo que encontrou o Hendriks? — queria não ter reparado, mas Sebastian está cheirando a sabonete. Ele deve ter tomado banho depois do treino, isso explica seu cabelo úmido.

— Ah sim... — Viro o rosto para a rua. — Ele... Ele me jurou que não aconteceu nada entre ele e a Kendall.

— E você acredita? — uma pergunta inofensiva. Curiosa...

— Sim. Mas eu fiz o que combinamos... Disse que não sabia se podia confiar nele e tal... Então ele disse para começarmos de novo. Do zero... Aí ele me chamou para ir para a casa de campo da família dele.

— Você quer ir?

Essa é a questão... Eu quero ir?

Antes que eu responda, o ônibus aparece. Só tem nós dois no ponto.

— Quer ir pra minha casa? — Sebastian fica de pé e me encara. Deve ter lido a expressão no meu rosto pois sorri. — Não se preocupe, meus irmãos estão lá. Não estou tentando seduzir você.

— Não pensei isso. — Fico de pé também enquanto o ônibus para. Sebastian sorri. Eu realmente não achei que ele quisesse me seduzir, só estranhei o convite.



O ônibus nos deixou na sua rua e nós fomos andando até sua casa. É um bairro tranquilo e tem crianças correndo, fantasiadas. Deve ser uma antecipação do Halloween que é em duas semanas.

— Ti! — e uma dessas crianças tem o cabelo loiro e olhos azuis inocentes. Safira corre até Sebastian que a pega no colo.

— Não deveria estar fazendo o dever da escola? — Ele sorri, apesar da meia bronca. Safira dá de ombros e olha para mim.

— Oi, Fada! — É impossível não sorrir com seus olhinhos azuis me encarando com tanta empolgação.

— Oi, Fadinha.

A menina desce do colo do irmão e fica entre nós dois, segurando nossas mãos enquanto caminhamos. Sua mão é pequena na minha e acho isso fofo.

— Gostei das suas roupas. Você está linda! — é claro que ela não deixaria isso passar.

— Obrigada. Você também está linda.

Safira saltita de alegria e Sebastian e eu rimos. Nunca fui muito boa com crianças, mas gostei dessa menina. Vou comprar algo para ela. Talvez uma nova fantasia de fada.

Finalmente chegamos a casa deles e reparo uma coisa que não vi antes: na caixa do correio está escrito residência Evans. Não Blackwood. Preciso me lembrar de perguntar a Sebastian sobre isso.

Entramos na casa e ela não está bagunçada como ontem. Tive nessa casa duas vezes em menos de 24 horas. Isso é uma mudança e tanto.

Safira solta nossas mãos, correndo para algum lugar da casa.

— Ah, que bom que chegou, filho... — Uma mulher um pouco mais baixa que eu, aparece. Está usando um avental que parece estar sujo de chocolate. Seus olhos são azuis iguais aos dos filhos, exceto Sebastian.

— Oi, mãe. — Ele vai até a mulher, beijando sua bochecha. — Essa é a Madelaine. Madelaine, essa é minha mãe, Suzan.

— É um prazer. — Sorrio para a mulher. Eu poderia dizer Sra Evans, mas há um possibilidade de ser Sra Blackwood, então é melhor ficar calada.

— Ah, o prazer é meu, querida! É sempre bom conhecer alguma amiga do Sebastian. — Suzan me surpreende ao me abraçar. Encaro Sebastian enquanto sua mãe me aperta e o vejo rindo.

— Mãe, acho que já pode soltar ela.

— Certo... — Ela ri e se afasta. — Fique à vontade, florzinha.

Sebastian me guia mais uma vez para o seu quarto e dessa vez não esbarramos em mais uma criança. Imagino como deve ser difícil para Suzan criar quatro filhos, aparentemente, sozinha.

Sebastian joga a mochila no chão e se joga na cama e bate no espaço ao lado. Deixo minha mochila perto da sua e deito ao seu lado, meus pés tocando o chão.

— Já decidiu?

Não conversamos muito no ônibus. Não queria que as pessoas ao redor soubessem dos meus problemas, então passei o caminho pensando nisso. E mesmo que eu ainda tenha a semana toda para pensar, não gosto de atrasar minhas decisões.

— Sim, mas... Ainda estou insegura. — Encaro o teto e suspiro. — Se Theo e eu vamos começar do zero, queria que as coisas fossem um pouco diferentes.

— Tipo o quê? — Sua mão e a minha estão milimetricamente se tocando e não sei se ele também percebeu, mas me concentro na minha resposta.

— Hum... Theo sempre me respeitou muito e sempre foi muito gentil comigo... Mas talvez falte algo mais... Talvez... Talvez seja o beijo — concluo finalmente, não acreditando que estou falando disso com a pessoa mais improvável que eu poderia encontrar.

— Vocês não se beijam? — Não preciso virar para ver que ele está franzindo as sobrancelhas.

— Sim... Claro! Mas... Mas talvez falte algo no beijo. — Paro pensar em todas as vezes que nos beijamos. Nunca foi nada ardente, igual vejo nos filmes e livros. Sempre foi doce e gentil... Gosto de beijá-lo, mas... Mas talvez...

— Você quer que ele deseje você enquanto a beije? Que a toque na hora do beijo? — fico surpresa como ele sabe exatamente o que estou pensando.

— É, mas... Apesar de querer, não sei se me sentiria confortável com isso, já que nunca beijei assim. — Sinto meu rosto corar com tudo isso que estou dizendo. Não acredito que estou dizendo isso. Ainda mais a ele!

— Theodore foi a única pessoa que você beijou — não é uma pergunta, já que talvez isso seja óbvio.

Sebastian senta na cama e me encara por alguns segundos.

— Podemos fazer um teste.

— Teste?

— Vou beijar você como você quer que Theodore te beije e veremos se você se sente confortável ou não.




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