JÁ planejei tudo. Nesse exato momento, Oscar, Camille e eu estamos passeando pelo shopping de Malibu. A penúltima citada está com os olhos brilhando enquanto examina as vitrines.

Oscar tentou — mas falhou — não parecer muito chateado quando convidei sua prima para o passeio, mas isso faz parte do nosso plano. Isso e o que estou prestes a fazer.

— Ah, droga! — exclamo, tentando parecer surpresa e chateada. Vejo Oscar espiar por cima do meu ombro e ler a mensagem que pedi para Beverly me enviar.

Ainda está em Malibu? Preciso de ajuda. Pode me encontrar na minha casa?....

Digito o que combinamos:

O que aconteceu?

Como esperado, ela não responde. Então mando mais cinco mensagens parecidas, fingindo estar muito preocupada com minha amiga.

— Ela não responde! O que você acha que aconteceu? — pergunto a Oscar. Não espero ele responder — Preciso ir na casa dela.

— Você sabe que isso não vai acontecer. — o tom dele é quase de zombaria. O plano. Lembre-se do plano.

— Você costuma deixar seus amigos na mão, Oscar? — pergunto a ele, parando de andar. Camille já está longe. — Eu não costumo abandonar meus amigos. Beverly está precisando de ajuda.

— Deu trabalho para convencer Jey a deixar você vir sem segurança. Se ele souber que saímos...

— Você não precisa ir. Eu pego um táxi, vou até Beverly e volto quando estiver resolvido  — seguro seu cotovelo e ele olha para mim. — Estarei de volta em duas horas.

— Posso levá-la, então...

— Quem vai ficar de olho nela? — indico Camille com a cabeça. Ela está dentro de uma loja agora, com um vestido em mãos.

— Elle...

— Ela é minha amiga. Preciso fazer isso por ela. — deixo que ele veja em meus olhos o quanto Beverly significa para mim, mesmo que não esteja precisando de mim agora.

Oscar suspira, desvia do meu olhar, olha de novo e finalmente assente. Odeio como ele faz parecer que eu estou pedindo permissão.

— Vou colocá-la em um táxi, pelo menos. — ele murmura.

Já do lado de fora do shopping, prestes a entrar no táxi, Oscar segura meu braço.

Viro para ele, mas não rápido o suficiente para impedi-lo de me beijar.

Seus lábios são gelados e duros contra os meus, com uma urgência estranha. Sua mão envolve meu rosto, impedindo-me de me afastar. Isso me lembra Brad...

Forço minha mente a ficar limpa e afastar o horror que me percorre, então retribuo o beijo.

— Pode ir agora. — Oscar sussurra e sorri. Me obrigo a fazer o mesmo antes de entrar no carro e uma lágrima escorrer em minha bochecha.

O táxi me deixa em uma casa que nunca vi na vida, mas foi esse endereço que achei mais próximo do meu real destino. Então finjo ir até o enorme portão e tocar a campainha, apenas para o táxi ir embora. Tenho certeza que ele vai ligar para Oscar.

Depois do dono da casa desconhecida atender, preciso inventar uma desculpa, então saio o mais rápido que posso.

— Ei, gata, quer uma carona? — a Mercedes branca desacelera e o vidro é abaixado, revelando Damon.

— Não sei... O motorista vai me dar um beijo se eu aceitar? — retiro os óculos e olho para ele. Meu coração aquece ao ver seus olhos que me transmitem tanta paz.

Ele sorri e para o carro. Eu entro em seguida

— Como foi... — antes que ele possa terminar, eu já estou com meus lábios nos seus.

Preciso tirar o gosto de Oscar dos lábios. Mesmo eu tendo lavado minha boca, ainda consigo senti-lo...

— Uau, sentiu tanto assim minha falta? — Damon pergunta quando eu finalmente me afasto.

— Sim. — eu sussurro. A última vez que ficamos juntos foi ontem, quando... Bom, quando ele me mostrou seu quarto, então nos mantemos afastados desde então para que ninguém notasse.

Damon afasta o cabelo do meu rosto

— O que foi? — seu rosto está sério agora e preciso desviar de seus olhos.

Penso em mentir sobre seu irmão ter me beijado, mas não tem porque mentir se não significou nada para mim.

— Oscar... Ele...

— O que aquele desgraçado fez? Ele tentou...

— Ele me beijou — murmuro, envergonhada. É estranho admitir para o garoto que você gosta que você beijou o irmão dele. — E eu retribuí.

— Certo... — Damon se recosta no banco e passa as mãos pelo rosto.

— Mas foi só para manter essa farsa... Você sabe, né? — pergunto, agora nervosa. Damon fecha os olhos e suspira.

— Sim — sua voz é quase um sussurro. Ele não abre os olhos e não sei se ele realmente acredita em mim. — É só que...

Ele não termina a frase. Espero ver se ele vai falar de novo, mas ele apenas suspira mais uma vez.

Eu o entendo. Não gostaria que ele beijasse Camille apenas para manter essa farsa.

— Ele vai se aproveitar — Damon está dizendo. — O desgraçado vai se aproveitar de cada segundo que tiver com você.

— Eu não vou deixar sair do controle. — garanto, mas para mim do que para ele. Eu vou aguentar por mais três meses, mas não vou me vender a Oscar por isso.

— Isso tudo é uma merda. — Damon abre os olhos e me encara. Entrelaço nossas mãos e sorrio.

— Vamos passar por essa merda, juntos.

Uma semana antes da minha mãe ir embora, nós viemos aqui, nessa mesma casa. Passamos o final de semana aqui antes de ela e do papai terem a pior briga que já tiveram em todos os anos de casados.

Acho que aquela briga foi o fim para ela. Então ela foi embora. Não a culpo.

O jardim da casa continua cheio de rosas, tulipas, margaridas... Minha mãe ama flores, ela disse que plantou todas essas quando criança. Lembro que quando eu era criança, ela cuidava do jardim da nossa casa.

Papai mandou destruir quando ela se foi.

Minhas mãos estão tremendo quando caminhamos pela trilha de pedrinhas, até os degraus de madeira da casa. Damon me acompanha, seus dedos entrelaçados aos meus.

Paramos há alguns passos de distância da porta.

Minha mão ainda está tremendo quando aperto a campainha.

Eu espero.

E espero.

E espero.

Estou começando a cogitar a ideia de ir embora quando a porta se abre.

Um par de olhos azuis escuros me encaram.

— Oi, vovó.

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2bjs, môres♥