28°
ACABO de perceber que o calor do seu corpo se tornou uma das minhas sensações preferidas. Seu toque também. Sua respiração... Acho que ele se tornou minha pessoa preferida.
Estamos deitados na areia, completamente vestidos e cobertos pelo cobertor que ele trouxe.
Minha cabeça está apoiada em seu peito, agora coberto pela camisa. Damon acaricia meu cabelo, distraidamente.
— No que está pensando? — pergunto a ele. Damon suspira, mas não responde. Ergo o rosto e apoio o queixo em seu peito.
— Estou pensando... — ele dá um peteleco em meu nariz e eu faço uma careta — em como você é intrometida.
Sua risada rouca chacoalha meu corpo.
— Estou pensando... — Damon gira e em um segundo está em cima de mim. — em você.
— Hm... — fecho os olhos quando sinto seus lábios em meu maxilar.
— Estou pensando em você me beijando de novo — outro beijo, mas dessa vez, no canto da minha boca — Estou pensando... — um beijo em meu queixo. — em como você é linda.
Abro os olhos e o pego me fitando com seus olhos verdes brilhantes.
— Por que parece que seus olhos estão sempre brilhando? — pergunto a ele.
— E eles estão. Para você, eles estarão sempre brilhando.
Sorrindo, eu tomo seus lábios.
Me arrependo de não tê-lo beijado naquele dia, há quase um mês. Poderia já ter provado de seus lábios macios. Já teria sentido suas mãos se arrastando pelo meu corpo. Já teria ouvido o meu próprio gemido de satisfação por estar explorando sua boca.
Teríamos tido mais tempo.
— Eu vou embora. — digo a ele quando nos afastamos. Damon franze a testa.
— Já está ficando tarde, então...
— Não! — eu o interrompo, rindo da sua confusão. — Quer dizer, realmente está tarde e precisamos ir, mas quero dizer que vou embora de Las Vegas.
— Certo... — ainda franzindo a testa, ele se afasta, ficando de joelhos. Sento-me, cruzando as pernas embaixo do meu corpo.
— Meu aniversário é em três meses, quando as aulas terminam, o que significa que subitamente estarei livre do meu pai — suspiro e encaro minhas mãos. — Eu não vou, de forma alguma, me casar com seu irmão, Damon. Não vou ficar presa a um homem como aconteceu com a minha mãe. Muito menos um homem como o meu pai. Então estou indo embora em três meses.
Ergo os olhos para Damon. Ele está balançando a cabeça e sorrindo.
— Seria muito conveniente se tivéssemos o mesmo plano? — ele sorri ainda mais. Não escondo minha confusão e ele percebe. — Eu odeio meu pai, você sabe. Só vim para Las Vegas por insistência dele e da minha tia e também porque ele prometeu me deixar em paz quando eu terminasse o colégio. Então, consequentemente, estou indo embora em três meses.
Também estou surpresa agora. Eu sabia que ele odiava Sam, mas não achei que ele também queria ir embora.
Começo a rir e não sei exatamente por que, mas de repente não consigo segurar o riso.
Deito no cobertor que cobre a areia, ainda rindo.
— O que é tão engraçado? — Damon pergunta. Meus olhos estão cheios de lágrimas quando finalmente paro de rir.
Ele desaba ao meu lado e me encara.
— Nós somos loucos por querer liberdade? — pergunto a ele.
— Não, somos sonhadores querendo explorar o mundo.
Nunca pensei que fosse ser mais uma dessas garotas que vai dormir com um sorriso bobo no rosto. Porque foi isso que aconteceu. Peguei no sono pensando em seus lábios macios adorando minha boca.
Dormi tão bem que não sonhei ou tive pesadelos. Nem a revelação sobre “a união das famílias” (é assim que irei chamar porque me recuso a reconhecer a palavra casamento) foi capaz de estragar minha noite ou o meu humor quando acordei hoje.
— Por que você está tão feliz hoje? Você odeia aula de química.— Beverly pergunta. Estamos na aula de química, ela está fazendo todo o trabalho, enquanto eu a observo.
— Não odeio aula de química. — dou de ombros, enquanto cheiro um líquido azul em um frasco de vidro.
— Hm... Mas e o fato de você estar feliz? Quer dizer, você estava meio putaça ontem. — minha amiga anota alguma coisa em seu caderno e volta para a mistura que está fazendo.
Olho por cima do ombro e encontro Damon três bancadas atrás de mim. Ele está fazendo a mesma coisa que Beverly, acho. Suas sobrancelhas grossas estão franzidas e ele está mordendo o bocal da caneta.
Não nos falamos desde ontem — hoje de madrugada considerando que ele me deixou em casa às três. Acho que estou o evitando sem querer. Não sei o que significou para ele o que aconteceu e não quero que ele ache que estou caidinha por ele.
Damon levanta os olhos como se soubesse que eu o estou encarando. Ele arqueia a sobrancelha e sorri.
Viro o rosto antes que ele me veja corando.
— Ele está mexendo mesmo com você. — Beverly diz para mim. Cubro meu rosto com as mãos.
— Ele ainda está olhando? — pergunto a ela.
— Sim... Ei, o que não está me contando? — sei que ela está me olhando, então abaixo as mãos. Sinto minhas bochechas ficarem mais vermelhas quando digo:
— Nós nos beijamos.
— EU SABIA QUE ISSO IA ACO... — tapo sua boca com minha mão e a fuzilo com o olhar.
— Você quer um alto falante? — sussurro. Em resposta, ela lambe minha mão. Faço uma careta e recuo, limpando a mão na sua saia.
— Como foi? Quando? Por que não contou? Ele beija bem? — ela está sussurrando, mas parece que está gritando.
— Foi bom. Muito. Hoje de madrugada. Eu estou contando agora. E sim, ele beija muito bem. — olho por cima do ombro ao dizer isso e me deparo com seus olhos verdes ainda em mim. Viro na mesma hora.
Resolvo contar a ela como aconteceu, prometendo explicar por que brigamos depois.
— Não foi um beijo. Vocês deram uns amassos na praia! E praticamente pelados! — Beverly tem um olhar de incredulidade estampado no rosto.
— Não estávamos pelados. — murmuro sem conter o sorriso.
— Sua safada!
— Beverly! — eu a censuro. Devia ter deixado para contar depois, então talvez não estaria com tanta vergonha.
— Tudo bem. É só que eu não conhecia esse seu lado...
— Não diga o que quer que você esteja pensando. — lhe fuzilo com o olhar mais uma vez.
— Tudo bem, mas vamos conversar sobre isso mais tarde.
Como prometido, nós conversamos.
Eu contei a ela tudo. Do dia em que Damon quase me atropelou, até o dia de ontem. Contei sobre meu pai e sua ideia maluca de juntar as famílias. Nunca ouvi Beverly xingar tanto.
Agora ela está prometendo que se ver meu pai, vai dizer todos esses xingamentos na cara dele. Eu adoraria ver isso.
— Então vocês dois vão fugir juntos? — ela me pergunta entre uma mordida e outra do seu sanduíche.
Não falamos disso, Damon e eu, apenas contamos que era nosso desejo sair de debaixo das asas de nossos pais. Mas vou mentir se disser que não aprecio a ideia...
— Não... não falamos disso — respondo. Ela balança a cabeça em concordância e abre um sorriso — Tem espinafre no seu dente. — aviso a ela que revira os olhos, não se importando. Seus olhos focam em algo por cima do meu ombro e ela sorri ainda mais.
— Seu gato tá vindo aí.
Estou prestes a virar para olhar quando ela segura meus ombros.
— O que vai fazer? — Beverly sussurra. Franzo a testa.
— Falar com ele. Eu o estou evitando, mas...
— Mas nada. Você precisa se fazer de difícil.
— Por que?
— Porque os garotos não gostam de garotas desesperadas!
Cruzo os braços.
— Não estou desesperada!
— Ah, é? Então você não agarraria ele aqui mesmo? — ela arqueia sua sobrancelha perfeita. Desvio dos seus olhos castanhos esverdeados. É claro que eu não o agarraria na frente de todos... Nós iríamos para a salinha de limpeza.
— Então o que devo fazer? Ignorá-lo para o resto da vida? — contenho a vontade de olhar por cima do ombro para ver se ele está muito perto.
— Não precisa ignorá-lo para sempre. Apenas dê uma de difícil.
Suspirando, paro para pensar nisso. É claro que Damon não é igual a esses garotos idiotas, entretanto, Beverly está certa. Eu posso parecer muito desesperada para ter sua boquinha linda...
Ai, Meu Deus! O que tem de errado comigo?
Talvez deva mesmo fazê-lo esperar. Pelo menos um dia.
— Agora que você vai seguir meu conselho... — Beverly começa. — Como vai fazer para achar sua mãe em Malibu?
— Ela não está em Malibu — murmuro. Se ela estivesse lá, meu pai saberia e eu saberia, mesmo se ele tentasse esconder. — Eu vou saber o que ela estava fazendo lá há três anos.
Estou contando com Damon para isso. Espero que ele não se recuse a me ajudar de novo, mas agora o motivo seria eu estar o evitando.
Suspiro mais uma vez.
Como vou sair da casa dos Westlake sem que ninguém perceba?
Não importa. Preciso saber o que minha mãe estava fazendo aqui. Ou melhor, em Malibu. Estou com um pressentimento.
Beverly foi para mais uma reunião com o Grêmio, então estou sozinha na sala. Por algum motivo, sempre sou a última a sair...
— Vai me evitar para sempre, baby? — sua voz me faz ficar totalmente imóvel. Achei que estivesse sozinha.
Giro os calcanhares e dou de cara com Damon e seu sorriso arrogante. Estava com saudade.
— Hum... Não estou te evitando... Eu... Hum... Estava ocupada. — dou de ombros. Damon inclina a cabeça para o lado e sorri ainda mais.
— Você mente muito mal, baby. — ele dá um passo para frente e apoia as duas mãos na mesa atrás de mim. Estou presa.
Tento focar na minha respiração, para que ele não perceba como me deixa eufórica apenas por estar tão perto de mim.
— Uma coisa por outra. — diz ele contra meus lábios. Engulo em seco e lhe dou um meio sorriso.
— E o que você quer? — Damon se inclina mais para frente e seus lábios roçam nos meus quando ele diz:
— Um beijo. — observo sua garganta oscilar e me pergunto se também está nervoso.
— E o que vou ganhar em troca? — arqueio as sobrancelhas com expectativa.
— O que você quiser.
E sem mais uma palavra, ele me beija.
Estava com tanta saudade de seus lábios que retribuo o beijo na mesma hora, abrindo os lábios para sua língua.
A onda de calor que passei a gostar, espalha-se pelo meu corpo e meu desejo por ele cresce de tal forma que eu o agarro para mais perto.
Em um movimento rápido, estou sentada na mesa com um volume familiar entre minhas pernas, o que me causa ainda mais desejo e fome. Fome dele.
Meus seios parecem mais pesados, pressionados contra seu peito e preciso de todo autocontrole para não tirar a blusa e o sutiã.
Damon mantém uma mão em minha coxa e a outra em meu rosto, enquanto me beija ardentemente.
Não penso no que estou fazendo quando minhas mãos agarram a barra da sua camisa e estou prestes a puxar para cima quando Damon segura meus pulsos. Sinto-o sorrir antes de se afastar.
Com um gemido angustiado, eu abro os olhos.
— Nós estamos na escola. — diz ele para mim, enquanto sorri.
— Ah. — é tudo que digo. Não acredito que eu estava prestes a tirar sua camisa. O que eu achei que ia acontecer?
Fico vermelha com a imagem que minha mente projeta.
Saio de cima da mesa e ajeito minha saia.
— É melhor eu ir... — pego minha bolsa que de alguma forma caiu no chão.
— Certo... — ele hesita. —A gente se vê mais tarde?
Eu quase digo que sim e penso até na possibilidade de lhe dar acesso a passagem secreta, mas então eu me lembro do conselho de Beverly.
— Na verdade eu vou estar muito ocupada... Nós nos vemos amanhã? — eu já sei sua resposta. Damon fica sério de repente e sei no que ele está pensando.
Amanhã iremos todos para Malibu, para cada de veraneio dos Westlake. Pelo menos foi o que ficou decidido depois da noite de ontem. Ao que parece, esse fim de semana será um teste para ver se as famílias conseguem ficar 48 horas debaixo do mesmo teto.
— Claro.
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2bjs, môres♥
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