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25°

SABE aquelas coisas que você acha que só acontecem em filmes clichê? Pois, é.

Estou pensando em escrever um livro chamado “Minha vida é um clichê”, porque não dá para acreditar que meu pai resolveu que seria uma boa ideia me casar com o filho do seu inimigo.

Estou andando pelo Casino House Of Greed agora, sendo escoltada por dois seguranças do Casino, além de Robert.

Ouço gritos de felicidade. Pessoas frustradas xingando. Mulheres com roupas minúsculas em cima de homens que com certeza são casados. Fichas e fichas e mais fichas.

Sempre que venho aqui, fico zonza. O lugar é enorme. E às vezes eu esqueço que é meu. E sempre que lembro, fico enjoada.

Entramos os quatro no elevador que é grande o suficiente para que eu não fique esmagada com esses três brutamontes atrás de mim.

Ainda estou com o uniforme da escola. Vim direto para cá e papai deve estar me esperando. Ou Robert ligou para ele ou ele foi avisado assim que coloquei os pés no Casino. Não duvido que ele esteja monitorando cada passo meu.

Olho para a câmera de segurança como quem diz: “Ei, pai, sei que está aí”.

As portas se abrem e eu mal dou cinco passos para fora quando Panny agarra meu braço.

— Ele não está em um bom dia, então seja lá o que for falar...

— E quem é você? Minha mãe? — me afasto dela sem parecer simpática. — Ah, por favor! Vá cuidar da sua vida.

— Não fale assim comigo! — não acredito que ela está me dando sermão.

— Porque você anda esquentando a cama do meu pai? — arqueio a sobrancelha. Panny fica vermelha de raiva. — Acho que vou ter que tratar bem muitas mulheres, então.

Revirando os olhos, vou para o escritório do meu pai, Robert nos meus calcanhares. Os seguranças já fizeram seu trabalho, então não precisaram nem sair do elevador.

Empurro as duas partes da porta dupla e entro no escritório do meu pai.

A enorme cadeira marrom está de costas para mim, mas no momento em que entro, ela gira, revelando meu pai. Ele está como vi hoje de manhã e todos os dias da minha vida: terno cinza, camisa social branca e gravata da mesma cor do terno. Cabelo impecável e anéis de ouro nos dedos.

— Sabe que não gosto que venha aqui. — diz ele como cumprimento.

Seu escritório não é grande, na verdade. É um escritório comum. As paredes atrás dele são cobertas com uma prateleira cheia de whisky. Típico.

Me acomodo em uma das duas cadeiras à sua frente e suspiro. Sua mesa está coberta de papéis e ele tem um pote cheio de fichas, além de outro onde há várias canetas caras.

— Quando, exatamente, íamos discutir o fato de você querer me entregar ao seu maior inimigo? — lhe encaro com os olhos semicerrados. Noto quando sua mandíbula se contrai.

Meu pai apoia o cotovelo no braço da cadeira e descaso o queixo no punho.

— Falei que isso não era problema seu, querida. — por incrível que pareça, sua voz é calma e isso me irrita. Achei que Panny tivesse dito que ele não estava em um bom dia.

— Não?! Meu Deus, pai! É a minha vida. Você não pode sair tomando essas decisões assim! — não estou nem aí se estou gritando ou desrespeitando ele.

Papai respira fundo e apoia as mãos entrelaçadas na mesa, em cima dos papéis.

— Estou tentando consertar um erro do passado. A sua união com Oscar servirá para mostrar que deixamos nossos erros para trás.

— Espere aí... Está me usando para limpar sua consciência? — olho incrédula para ele. Papai suspira e passa a mão pelo cabelo.

— Eu realmente não quero falar sobre isso agora, querida. — como ele consegue se manter tão calmo agora?

Ele não percebe a gravidade da situação?

— E quando vamos falar sobre isso, papai? No dia do meu casamento? Você com certeza já deve ter marcado uma data.

— Elleonor...

— Eu não sou uma criança. Sou capaz de decidir meu próprio futuro e nele não envolve um casamento forçado apenas porque você quer!

Meu pai fica de pé assim que levanto a voz. Ele provavelmente deve estar tentando me intimidar. Mas aquela garota acuada está pouco se fodendo agora.

— É o melhor para nossa família.

Suas palavras me fazem rir.

— Família? Que família? Nós deixamos de ser uma família quando minha mãe foi embora porque não aguentava mais você! — fico em pé também e o encaro. Sei que acertei um nervo e não me arrependo.

— Sua mãe nos abandonou. Mas eu sempre...

— Ela nos abandonou por sua causa! Não percebe? Você é controlador e a minha mãe não aceitava ser controlada. Nem eu. Não mais.

Pego minha bolsa e saio do seu escritório.

Preciso de um plano.

Papai é uma pessoa de palavra. E se ele e Sam fizeram um acordo às custas de Oscar e eu, com certeza ele não vai voltar atrás.

Seu orgulho é maior que seu amor por mim, parece.

Poderia dar uma de filha rebelde, irritar meu pai até ele não aguentar mais e me mandar para o internato, mas como eu fugiria de um internato?

Meu aniversário é em três meses, na mesma semana que as aulas serão encerradas. Não posso arriscar fugir agora. Preciso pelo menos terminar o colegial e se eu fugir antes de completar dezoito anos, papai terá direito a mim ainda.

Ou seja, preciso esperar. Planejar. Pagar de filha obediente por mais um tempo.

Por isso estou vestindo um vestido vermelho. O tecido é grosso e a parte de cima é justa e sem decote, totalmente fechado até meu pescoço. Não quero Oscar me olhando daquele jeito de novo.

O vestido deixa minhas costas nuas e a parte de baixo é rodada.

Meu cabelo está repartido no meio com duas mechas de cada lado atrás de cada orelha. Escolhi um salto vermelho também, assim como minha bolsa e meu batom.

Não estou com muitas joias, apenas brincos pequenos de ouro e um bracelete simples. A correntinha que minha mãe me deu está escondida pelo vestido, sinto-me melhor assim.

— Está perfeita, querida. — papai beija minhas bochechas e saímos.

Uma hora atrás, ele veio falar comigo. Eu ainda tinha um pingo de esperança, mas tudo que ele disse foi para eu me recompor e que iríamos jantar na casa dos Westlake.

Ignoro o enjôo que me ocorre e forço um sorriso de quem entende que seu pai super protetor só está fazendo isso para o seu bem.

Mas quando paro de sorrir é apenas a garota que está farta de ser controlada pelo pai, pelo namorado... Preciso tomar as rédeas da minha vida ou vou ser roubada de mim mesma.

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2bjs, môres♥

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