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20°

Minhas mãos estão suando mais que o habitual. Eu deveria dar meia volta e ir embora. Mas Damon está certo... Nós já estamos aqui...

A corrida vai começar às 23:00h. Em meia hora. Meia hora para minha morte, porque é isso que vai acontecer com esses caras me olhando como se eu fosse a próxima refeição. Damon diz que vou correr com eles. O melhor? Sou a única garota essa noite.

— Damon Westlake, não achei que veria você aqui de novo... — uma mulher de cabelos vermelhos para a nossa frente. Damon engasga com o refrigerante.

— Tina... Oi. — ele está vermelho... Damon com vergonha?

A mulher olha para mim de cima a baixo. Não me encolho apesar de me sentir pequena. Ela deve ter uns vinte anos ou mais. Suas roupas são minúsculas e seus peitos estão quase saindo para fora da blusa.

— Ela é sua irmã? — seus lábios vermelhos se esticam em um sorriso diabólico. Ergo o queixo e retribuo o sorriso.

— Sou a namorada dele. — digo simplesmente. Damon, para o seu crédito, fica calado. A mulher olha para nós dois, surpresa.

— Damon não me disse que tinha namorada da última vez que nos vimos. — a mulher enrola uma mecha vermelha no dedo e olha para meu namorado de mentira.

— Temos um relacionamento aberto, mas eu não sabia que ele gostava desse... Tipo. — olho para ela de cima a baixo como ela fez. Seu olhar volta para mim novamente.

— E eu não sabia que ele gostava de patricinhas irritantes. — sua voz fica afiada e eu dou um risinho apesar da raiva.

— Ah, querida, pode apostar que ele gosta. — ficamos nos encarando e tenho a sensação de Damon estar tenso ao meu lado, mas não olho para ele.

— Finn! — a mulher grita e em segundos um homem esguio está ao seu lado. — Diga aos outros que eles vão correr mais tarde. Ela é minha.

— Você não vai me fazer mudar de ideia, Damon! — reviro os olhos. Ele está há quinze minutos tentando me convencer a deixar isso pra lá. Não vou fazer isso. Não depois que essa tal de Tina me olhou como se eu fosse um brinquedinho que ela adoraria quebrar.

— A Tina é maluca, Elle! — ele está desesperado, ao que parece.

— Mas você gostou de ficar com ela, não foi? — arqueio a sobrancelha. Ele ri com deboche.

— Então isso é por ciúmes? — odeio seu sorrisinho.

— Já disse que não tenho ciúmes de você! — na verdade não sei se é verdade. Eu menti dizendo que era sua namorada.

— Tudo bem, tudo bem. Pode negar o quanto quiser. Sei que me ama.

Não aguento com a baboseira que ele diz e dou risada. Tenho certeza que devo estar vermelha de tanto rir. Minha barriga dói e preciso de um tempo para recuperar o ar.

— Amar... você? — encaro Damon. Ele finge estar entediado. — Nunca sentirei tal coisa por você.

— Como nunca irá me beijar também? — ele chega mais perto. Essa aproximação é perigosa, considerando que eu quase me rendi a ele da última vez.

— Exatamente. — lhe dou as costas e vou para o carro. A corrida começa em dez minutos.

— Tudo bem, se você não vai desistir, vou prepará-la pelo menos — ele me segue, como se não pudesse ficar longe. Damon senta no banco do passageiro e suspira. — Você sabe mesmo dirigir, não é?

— Por que está fazendo essa pergunta? Só porque sou garota não posso comandar um carro?

— Ei, calma! Eu só estava brincando! — Damon ergue as mãos. Me concentro no volante.

— Algumas brincadeiras não tem graça. — murmuro. O volante do seu carro é diferente. É vermelho.

— Claro... Desculpe.

Ficamos em silêncio enquanto observo o seu carro, agora sentada no banco do motorista. É estranho.

Abaixo o teto solar e respiro o ar gelado.

As estrelas estão lindas hoje. Me pergunto se minha mãe está vendo-as onde quer que ela esteja. Eu me apego a isso às vezes, que ela está em algum lugar olhando para o mesmo céu que eu, vendo as mesmas estrelas e talvez pensando em mim... Sua estrelinha.

Pisco algumas vezes e respiro fundo novamente. Ligo o carro e dirijo até o ponto de partida. Desligo o carro de novo.

— Tente não morrer hoje — olho incrédula para Damon. — E não detone meu carro.

— Assim não tem graça. — faço biquinho. Ele ri. A tensão entre nós se foi, parece.

— Apenas... — ele olha para mim, encara meus olhos como se necessitasse que preste bem atenção. — Tome cuidado.

Com isso, ele se inclina e beija minha testa. Acho que é o gesto mais carinhoso que ele já fez.

Quando Damon se afasta, está corado. Penso em dizer algo a ele, mas ele sai antes que eu consiga pensar em uma palavra.

— Espero que saiba perder, patricinha. — Tina diz para mim do seu carro.

— Eu sei, mas não tô muito afim hoje. — dou um sorrisinho idêntico ao que dou a Bonnie quando discutimos.

Um apito soa e nós duas pisamos no acelerador.

A estrada é muito mal iluminada e nos primeiros segundos tenho que ajustar minha visão e isso dá a Tina uma vantagem. Ela conhece esse lugar, já correu aqui várias vezes. Esse é seu jogo e eu fui muito burra para aceitar.

Não, não vou baixar minha cabeça para essa piranha. Ela quer jogar? Vamos jogar. Meu pai é dono de um Casino e apesar de não ter me ensinado a jogar pôquer, me ensinou a nunca perder.

O carro de Damon é rápido. Muito rápido, mas o da Tina também. Damon disse que é um GT-R 50. Rápido também, percebo isso porque ela está um pouco à frente.

Sinto meu sangue pulsando em meus ouvidos ao mesmo tempo que ouço os gritos de divertimento dela. Não posso fazer o mesmo porque estou muito nervosa e talvez, apenas talvez, com um pouco de medo.

Estamos quase completando a primeira curva e eu preciso ir mais rápido. Piso fundo no acelerador e impulsiono a marcha. Isso faz o carro ir mais rápido e em segundos estou ao lado de Tina.

Sorrio para ela antes de virar o volante e dar a volta.

Fazemos isso na mesma hora e voltamos ao ritmo normal da corrida. Estamos janela a janela de novo.

Estou suando frio. Minhas mãos parecem escorregadias no volante e por perder tempo olhando para elas não vejo quando Tina joga seu carro para cima de mim.

O impacto me chacoalha um pouco e olho para ela incrédula.

— Você ficou doida? — grito para ela. Olho para a estrada e vejo que estamos nos aproximando do ponto de partida de novo. Apenas mais uma volta.

— É só diversão, patricinha! — a doida grita. Fico imaginando o amassado no carro.

Agora estou com raiva. Vou fazê-la comer poeira.

Depois de outra volta, acelero o carro mais uma vez. Pelo canto do olho eu vejo Tina querer me atingir com seu carro novamente, mas giro o volante.

Ficamos em ziguezague. Ela tenta me colocar para fora da pista e está tão concentrada nisso que dá a última volta tarde demais.

Eu a fiz comer poeira. Tina está atrás. Eu ganhei.

Mas isso não acabou. Não quando ela bateu o carro no meu.

*Confesso que não foi um dos meus capítulos preferidos, mas não deixem de votar*

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