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Capítulo 24

Peter Todd

-Mas vai pedir ainda essa semana?- franzo as sobrancelhas.

-Não, não.- Mattias olha para os anéis.

-Quando?- pergunto animado.

-Vou deixar ela esquecer essa história.- explica.- Então em uns dois meses.

-Dois meses?- arregalo os olhos.

-É, não quero ir rápido, ela fica assustada quando vou rápido.- suspira.- Nenhum anel é bom o bastante.

-Claro, é a Tessa.- apoio meu rosto entre as mãos para ver os anéis.- Tem que ser algo bom, mas não muito chamativo.

-Eu sei.- ele respira fundo.- Queria algo verde. Para combinar com os olhos dela.

-Os olhos dela são verdes?- fico surpreso.

-Você transou com ela por anos.- ele me encara.

-E eu sou obrigado a saber?- pergunto rindo.- Não sei nem a cor dos olhos da...

-De quem?- ele pergunta e percebo que quase me entreguei.

-Da minha mãe.- mexo a cabeça.

-Sei.- ele mexe a mão e a recepcionista vem.- Nenhum desses também.

-Temos uma coleção de anéis raros.- ela explica guardando a caixa.- Mas é bem mais caro.

-Traga.- ele pede.

-Sabe o que você devia fazer? Levar ela para um restaurante e pedir com o anel no champanhe.- sorrio.

-Ela vai se engasgar com o anel.- explica.

-Claro que não, Tessa não gosta muito de champanhe e vai beber devagar.- lembro.- Ou é de uísque que ela não gosta? Será que dá para colocar anel no uísque.

-De qualquer forma, ainda vou pensar em como vou pedir.- ele passa a mão pelos cabelos bem curtos.- Talvez eu faça um jantar em casa.

-Não, você precisa ir para um canto chique. Mostrar que é importante.- mexo as mãos.- Tem que ser legal, Mattias.

-Quem é você e o que fez com o Peter que eu conhecia?- ele me encara.

-Eu sou o mesmo.- me defendo.

-Parece mais... romântico.- sorri lentamente.- O que você tem, Peter?

-Nada, ora.- cruzo os braços.

-Aqui está, senhor.- ela coloca a caixa menor com menos anéis.

Observo alguns e o celular de Mattias começa a tocar baixo, ele parece não escutar direito enquanto fica encarando um anel bem bonito. Então pego o celular dele e me distancio enquanto ele começa a perguntar sobre aquele anel.

"-Oi.- atendo.

-Cadê o Mattias?- Tessa parece aflita.

-Está ocupado. Por que?- passo a mão pelo cabelo.

-Gwen acabou de me ligar.- explica e meu celular começa a tocar.- Mataram o gato dela, estou indo para a casa dela agora e preciso...."

-Para você.- quase jogo o celular nele para atender o meu.

"-Você está machucada?- pergunto.

-Não, eu estou bem.- ela fala soluçando.

-Sinto muito.- passo a mão pela testa.- Sabia o quanto ele era importante...

-Ele está horrível, Peter.- ela sussurra.- Eu não consigo parar de chorar.

-Eu estou indo para aí.- explico.- Só fica calma e respira fundo. Pega a espingarda e senta no sofá. Se não for Tessa e nem eu, atira.

-Ok.- ela funga.

-Gwen.- engulo em seco.- Quando eu chegar e Tessa chegar, a gente não vai poder...

-Eu sei.- ela fala baixo.- Mas só ter você ao meu lado já vai ser bom.

-Ok.- sorrio fraco.- Estou indo."

-Peter, precisamos ir.- Mattias segura meu braço e começa a me puxar.

-Ah, claro.- finjo não saber de nada.- E o anel?

-Mandei ela guardar. Tive que pagar uma taxa enorme.- ele suspira.

-O que aconteceu?- entro no papel.

-Gwen achou o gato dela morto na porta de casa, parece que também encontrou o portão aberto.- explica.- Tessa já está indo para lá e vamos também.

-Ok.- mexo os ombros.- Albert vai também?

-Sim.- assente.- Já mandou aumentarem a atenção com Lucy.

Certo, ok, todos estavam bem. Gwen ia ficar bem e eu ia me oferecer para ficar na casa dela por pura proteção. Tessa e Mattias não iam desconfiar e Albert poderia ajudar a ideia de eu ficar com ela.

Só preciso ver que ela está bem.

Gwen Gallagher

Tessa senta na minha frente e ajeita o cobertor com que estou, ainda estava com terra nas mãos e meu rosto estava dolorido de tanto chorar. Ela me oferece o chá que acabou de fazer e ajeita minhas mãos para que eu segure.

-Estou aqui.- sussurra acariciando meus braços.- Você está bem.

-Ele matou meu gato.- sussurro também.

-Não achamos ninguém na região. Mas é um terreno grande.- ela acaricia meus cabelos.- Talvez se você se mudasse para Chicago....

-Tessa, por favor.- tremo e deixo a caneca na mesa para cobrir o rosto.- Eu não tenho mais nada. A única coisa que era minha responsabilidade, acabou de morrer.

-Você tem a mim.- ela aperta meu ombro.- Você tem Lucy. Você tem Mattias.

-Eu não consigo manter ninguém.- falo baixo.- Ninguém fica na minha vida...

-Gwen...

A porta abre e ergo o rosto para ver Mattias e Peter entrando, o primeiro está bem preocupado e vem na minha direção para me abraçar. Enquanto Peter parece se controlar para não fazer nenhum movimento que dê suspeitas para cima dele.

-Sinto muito.- Mattias sussurra e fecho os olhos.- Estamos com você.- acaricia minhas costas.

-Obrigada.- falo contra o ombro dele.- Não precisavam ter vindo.

-Claro que precisávamos.- ele senta na mesa de centro e me observa.- Vamos ficar aqui com você.

-Vocês todos?- pergunto surpresa.

-Sim.- Tessa aperta minha mão.- Amanhã decidimos o que fazer com mais calma. Albert está vindo para dar outra olhada com alguns homens.

-Certo.- limpo as lágrimas.- Vou começar a arrumar o quarto. Só tem mais um...

-Eu durmo no sofá.- Peter fala da porta.

-Ok.- me levanto.

-Eu ajudo você.- Mattias vem ao meu lado.

Vou até o final do corredor e vou colocando os cobertores e lençóis em cima dos braços dele. Então abro a porta do quarto de hóspedes e começo a arrumar a cama com Mattias, ele tem a mesma técnica de dobrar os lençóis que eu.

-Deixa.- ele afasta minhas mãos e continua.

-Obrigada por virem.- murmuro.

-Você é família.- ele arruma os travesseiros.- Só quero que pense no que é mais seguro para você.

-Quer que eu volte para a cidade como Tessa.- percebo.

-Você não pode ficar sozinha aqui. Sabemos que Joseph quer você, então é burrice ficar aqui.- ele limpa a garganta.

-Eu não quero falar sobre isso.- me sento na cama e tenho que respirar fundo.

-Você está mal por causa do gato.- ele segura meu braço.- Vamos, vou levar você para o quarto e vai poder descansar um pouco.

Eu estava muito mal, não conseguia parar de chorar, meu corpo todo estava doendo, estava sempre lembrando da imagem de Blue e querendo vomitar todas as vezes que eu lembrava. Estava completamente mal e precisava descansar um pouco.

Só preciso descansar.

Peter Todd

Limpo o suor da testa e ajeito a terra com a pá, então me agacho e ajeito a cruz que fiz para marcar o túmulo de Blue. Coloco algumas das flores que Gwen tinha acabado de trazer para a casa.

Quer dizer, ela trouxe de manhã, antes de achar Blue em uma cova rasa. Agora estava dormindo e parecia bem abalada, queria deitar com ela e a abraçar até sentir que ela estava segura, mas Tessa e Mattias estavam aqui e eu não queria arriscar.

Então fiz uma cova para enterrar o gato e marquei para que ela pudesse vir amanhã. Sento na frente e fico mexendo nas pétalas da rosa de uma maneira calma enquanto observo a paisagem.

Entendo por que Gwen quer ficar aqui, é calmo e parece bom, mas não vai estar segura. Qualquer um pode entrar e eu não me sinto bem com ela aqui sem segurança, preciso saber que ela está em segurança.

Só preciso que Gwen esteja segura.

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