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Capítulo 15

Gwen Gallagher

Abro a porta da delegacia e coloco as mãos dentro dos bolsos enquanto caminho até o balcão para ver um cara que parece bem jovem. Ele olha para mim e quase volta a anotar algo quando ergue o olhar para mim de novo.

-Oi.- sorrio.- Eu vim falar com o Connor.

-Ele está com um caso de roubo e disse para não entrar...

-Gwen.- Connor vem na minha direção.- Tudo bem?

-Sim.- mexo a cabeça.- Eu só queria passar para falar com você, mas ele falou que está ocupado...

-Não, não.- ele balança a cabeça.- Eu já resolvi o caso, Jeremy não sabe de nada.

-Ah, ok.- sorrio.- Você tem tempo para um café?

-Tenho.- ele pega o casaco de polícia.- Quer comer algo também?

-Não.- balanço a cabeça e ele abre a porta para mim.- Eu só queria me desculpar pela forma que eu agi. Eu fiquei com medo quando você falou aquilo sobre as algemas...

-Eu fui um idiota.- ele anda comigo.- Só não queria você fora da cama. Não sei se já disseram isso, mas você é muito...- ele sorri.- Você é muito bonita.

-Obrigada.- fico sem graça.- Eu queria saber se você quer jantar hoje. Jantar de verdade.

-Tem um restaurante muito bom aqui.- ele aponta para a esquina.

-Ótimo.- arrumo meus cabelos.- A gente se encontra as sete?

-Não quer que eu vá buscar você?- pergunta.

-Só se não tiver problema.- balanço a cabeça.

-Não, não tem.- ele olha para mim.- Busco você nesse horário.

-Ok.- mordo o lábio.- Eu tenho que fazer algumas comprar, então...

-Claro.- ele sorri.- Eu vou resolver algo também.- ele não para de olhar para mim.- Até mais tarde.

-Até.- começo a ir na direção do mercado.

Viro meu rosto para parar de olhar para Connor e sorrio lentamente sabendo que tomei a decisão certa. Não podia deixar um trauma idiota atrapalhar minha vida, então ia tomar as rédeas dela e simplesmente perder o medo.

Não podia ficar vivendo a memória da minha mãe, isso iria ficar me atormentando até não poder mais. Então, eu ia jantar com Connor e iria fazer certo dessa vez, não iria pensar no que minha mãe iria dizer ou no que poderia ganhar com isso.

Eu ia sair com ele, sentar em uma mesa de restaurante, pedir minha comida, conversar com ele sobre qualquer coisa e, talvez, quando ele fosse me deixar em casa, ele me beijasse na porta. Talvez eu deixasse passar disso, talvez.

Peter Todd

Subo as escadas com calma e olho para a varanda vazia, tem algumas cadeiras de balanço e algumas folhas que devem ter caído das árvores. Paro na frente da porta e passo a mão pelos cabelos de forma nervosa.

Aperto a campainha e apoio meu corpo no batente da porta, ouço passos na minha direção e então uma Gwen sorridente aparece. Respiro fundo vendo que ela está com os cabelos bagunçados e com os botões do vestido abertos pela metade.

Olho por cima do ombro dela e vejo o tal do policial sentando no sofá e ajeitando a camisa. Os dois estavam se pegando, ao julgar pela respiração de Gwen, estavam se pegando muito.

-Preciso falar com você.- murmuro.

-Desculpa, errou a casa.- ela começa a fechar a porta.

-Por favor, Gwen.- seguro a porta.

-Ela não quer você aqui.- o policial levanta.

-Não se mete.- nem olho para ele.

-Peter, vai embora.- Gwen fala séria.

-Eu vim me desculpar....

-Bem, eu não quero mais duas desculpas.- ela me encara.- Agora, vai embora. Eu estou com visita.

-Claro, esse cara de novo.- aponto.- Ele não é para você.

-Vai embora, Peter.- ela bufa.

-Eu quero me desculpar.- falo sério.

-Mas eu não quero ouvir suas desculpas.- ela limpa a garganta.- Eu quero que você vá embora.

-Sério? Vai ficar com ele?- aponto.

-Ele é diferente.- ela respira fundo.- Acho que estou precisando de pessoas diferentes. Que me façam bem.

-Acha que ele faz bem para você?- sorrio.

-Eu sei quem não faz.- ela rebate e fico sério.- Agora, vai embora antes que eu deixe Connor cuidar de você.

-Acha que esse cara pode comigo?- toco meu peito.

-Vai embora!- ela grita e bate a porta.

Pisco algumas vezes e respiro fundo, não consigo aceitar isso e vou até a janela, solto um ruído frustrado quando vejo Gwen sentar no sofá, perto do tal Connor, e deixar que ele beije seus lábios.

Travo o maxilar e me viro para a moto, desço as escadas e vou direto até a moto, subo em cima e começo a colocar meu capacete. Prendo a fivela e ligo a moto com raiva, estou sentindo raiva. É impressionante, a única coisa que sinto é raiva.

Gwen Gallagher

Viro na cama e sinto um corpo quente contra o meu, deixo os olhos fechados e sinto a mão dele acariciar minha coxa, sorrio lentamente e abro os olhos para dar de cara com o peito de Connor.

-Bom dia.- acaricia meu braço.

-Bom dia.- murmuro enquanto ele beija minha cabeça.

-Que tal você fazer um café da manhã, hein?- ele aperta minha bunda.

-Ok.- começo a me sentar e alcanço a blusa dele.

-Gwen.- ele chama e paro na frente da cama.- Qual é sua ligação com aquele cara?

-Nenhuma.- balanço a cabeça.- Ele foi um idiota comigo e queria me pedir desculpa, mas é só isso.

-Então você e ele não transaram?- pergunta se ajeitando na cama.

-Sim, mas...

-Ele vai ser um problema?- continua.

-Não.- algo no fundo, bem no fundo, parece me alertar.

-Ok.- ele mexe a cabeça.- Pode ir.

Saio do quarto e vou até a cozinha, começo a pegar as coisas para fazer café e torradas, vou andando de um lado para o outro na cozinha para preparar as coisas. Pego alguns ovos para fazer ovo mexido e também um pouco de bacon, é uma das poucas coisas que eu ainda como sem me importar muito.

Vou preparando o café enquanto repasso mentalmente a conversa que tive há poucos segundos com Connor. Pareceu estranho, mas talvez ele só esteja inseguro por Peter ter aparecido muito sempre que ele também estava aqui.

Não ligo muito para isso. Falei que ia ignorar minhas paranóias e é isso que vou fazer, a noite foi boa e eu me senti bem com Connor, então eu ia continuar com isso, gostava da ideia de continuar com isso.

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