Guillume

Hoje é um dia que eu gostaria de mandar tudo para o inferno, não consegui me concentrar na papelada do hospital quando cheguei de viagem devido ao maldito anúncio do meu possível casamento não me darei por vencido e me casarei de novo arrumarei uma brecha para sair dessa enrascada meu père não perde por esperar. Quando dá meio-dia recebo uma mensagem de que hoje tenho que comparecer a uma iniciação à noite.

Estaciono o carro na frente do restaurante Vittoria Provence quando ia descer recebo uma mensagem no meu celular da doutora vulgo nazista pedindo para que eu veja o exame de um paciente, que teve convulsão, perdeu a capacidade de falar e está tendo deterioração progressiva do seu estado mental, ela deseja saber o meu parecer. Olhando para o exame dá para ver que ela não tem tumor. Envio uma mensagem informando que não a tumor e peço para fazer um check-up.

Desci do carro e entreguei a chave ao manobrista e vi o Matteo Denari me esperando na porta do restaurante com dois dos seus homens. Entro no restaurante e vejo em uma mesa um senhor com o seu filho almoçando e o garoto parece ter a mesma idade do meu filho, me bateu uma saudade dele, queria que ele estivesse aqui. Controle-se Guillaume não é hora de demonstrar sentimentalismo.

Matteo para ao meu lado e faz um sinal para segui-lo até ao fundo do depósito onde tem uma sala a parte e nós entramos nela e vi que tinha vários homens reunidos.

— Já que todos chegarão, vamos dar início ao nosso garoto na famille.

O novato foi trazido por um Capo e avisado que essa famille protege os fracos, oprimidos e os seus. Pediram para ele estender a mão e fazer um corte em sua mão e derramar o sangue em uma tigela, depois colocá-la de frente a imagem da santa e ao lado dela a um fogareiro com brasa e ele deve ficar sobre elas por seis minutos tem que aguentar a dor. Enquanto isso, ele deve prometer ser fiel a nossa casa recitando: "que minha carne queime como está agora se eu falhar em manter o meu juramento".

Ouvindo esse juramento me veio a lembrança de quando fiz meu e de como o meu père se sentiu ao me ver daquele jeito. Desde muito pequeno sempre o vi como um homem corajoso, sem medo de nada e de ninguém, sempre foi um pai amoroso para nós. Depois da minha iniciação passei quatro semanas com os pés enfaixados devido à queimadura, o meu pai explicou tudo, como funciona a nossa famille e os riscos que corremos todos os dias. No final ele disse que estava orgulhoso por eu entrar para a famille.

Nós violamos muitas regras e leis impostas pela sociedade e o que me fascina nesse meu mundo é que todos me respeitam, admiram e temem, porque posso comandar o destino das outras pessoas e isso me satisfaz bastante. Os integrantes da famille ficaram estasiados quando a cerimônia encerrou por ter mais um integrante. Mais um integrante que desistiu da sua alma ao se unir a nós.

Ning aproximou-se de mim dando um tapinha no meu ombro.

— ¿Como estas hermano?

— Estou bem e você como está?

— Estoy bien.

— Como andam às coisas por aqui?

— Estão indo muito bem e você como está se sentindo assumindo a cadeira de nosso Don?

— Estou feliz por meu pai ter toda essa confiança em mim, só estou sentindo um pouco a falta do meu país.

— Entendo você quando o meu pai me fez o pedido de assumir a cadeira de liderança de Portugal, senti a mesma falta da minha querida Espanha. Irá levar um tempo para acostumar-se. - Disse suspirando.

— A famille em primeiro lugar. - Disse sorrindo.

— Sempre.

Nós acabamos conversando sobre várias coisas, ele me atualizou de algumas pessoas importantes por aqui me deixou ciente de mais algumas reuniões. Já estou sentindo que a minha vida aqui será bem movimentada e nunca sabemos o dia certo que iremos receber uma ligação pedindo uma reunião para resolvermos um problema da família.

Já ia me despedir quando vejo um velho conhecido, Mauricie que se aproximou de mim.

— Bonsoir! Salut ami comment vas - tu? - Perguntei, lhe dando um aperto de mão.

— Bonsoir! Estoy bien, como estás?

— Très bien, merci. Es - tu en difficulté?

— No...no ¿Porque?

— Sinto que você quer me falar algo.

— Na verdade, tenho algo para te falar. Na minha última viagem a Espanha eu vi algo, na verdade, alguém que me deixou um pouco preocupado.

— E esse alguém quem seria? - fiz a pergunta já tendo um pressentimento ruim.

Mauricie suspirou e falou:

— Bien... Nessa viagem que fiz acabei encontrando o Alerc, não foi bem encontrar, na verdade, o avistei de longe. - disse rindo sem jeito.

Estreitei os olhos para ele sem entender aonde ele queria chegar com essa conversa, não estou gostando nada. 

— Aonde você quer chegar com essa sua conversa?

— Ele não parecia está confortável na presença do homem com quem falava. Ele estava com uma expressão de preocupado e nervoso.

— Você reconheceu o homem que estava com ele? - Precisei me segurar para não chacoalhá-lo para ver se soltava mais alguma informação.

— Na verdade, não. Tive a impressão de que ele está em apuros. Ia ao encontro dele, desviei o olhar por um minuto para pedir a Annabelle que me esperasse no restaurante quando voltei a olhar para o local onde ele estava, simplesmente ele não se encontrava mas.

— Merci, pela informação.

Em seguida me despedi e sai do restaurante com a minha cabeça rodando em pensamentos procurando achar uma explicação para o seu desaparecimento. E ainda tem aquele italiano que não sai dos meus pensamentos. Merde! Desde quando eu desejo homem sempre me interessei por mulheres. O que foi que mudou?