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Lembranças de ontem: Parte1

Guillaume

Contemplando as estrelas, minha solidão Aperta forte o peito, é mais que uma emoção Esqueci do meu orgulho pra você voltar Permaneço sem amor, sem luz, sem ar. Sem ar - D' Black

Voltei da festa às três da manhã e não consegui dormir, porque mesmo após ter passado esses anos a dor continua latente dentro de mim, ela nunca acaba você só consegue conviver com ela dia após dia, mas todo dia ela está presente para lhe lembrar de tudo o que aconteceu, o que você perdeu e que nunca mais voltará a ter.

Sei bem do que estou falando porque já tenho pós-doutorado em perda e dor, pois não tem um maldito dia que eu não lembre de que perdi a minha amada e o meu filho que nem tive a chance de chegar a conhecê-lo e tê-lo em meus braços, sentir o seu cheiro. Lembrar-me deles só faz a dor e a ferida ficar mais aberta. De uma única certeza tenho nessa vida é que essa ferida nunca irá cicatrizar.

Com os dias e os meses passando você acaba acostumando com a companheira do seu dia, a dor já me acompanha vinte quatro horas por dia.

Não digo ser bom viver assim, porque não é, mas tenho que viver é a rotina do meu dia-a-dia. Até que esse grande dia aconteça da minha morte serei um homem prisioneiro da minha dor, serei seco e vazio que só vivo para a minha família e o meu trabalho.

Hoje o dia será exaustivo tanto no ospedale como na famille e por mais que eu esteja acostumado a lidar com tudo isso, ainda me deixa cansado. Só se passou um dia que cheguei no Canadá e já estou com saudades da minha mãe, da minha avó e do meu filho. Sinto falta da comida da minha vó aos finais de semanas que faz com tanto carinho.

Agora tenho que me acostumar a morar sozinho nesta casa enorme, ter que fazer as minhas refeições em restaurantes, sei que não aguentarei a ficar indo comer todos os dias fora, então tenho que contratar uma cozinheira e alguns empregados.

Entro na minha sala e sento na minha cadeira, começo a olhar a contabilidade do hospital, as despesas com os pacientes particulares e não consigo me concentrar deixo de lado um pouco esse monte de papel e olho para a janela vendo a movimentação no ospedale e peço mentalmente para chegar alguém em minha especialidade preciso fazer uma cirurgia abrir alguns crânios irá me fazer muito feliz e irei esquecer um pouco da merda da minha vida e ainda tem aquele garoto que decidiu perseguir-me em meus sonhos. Além do infeliz do Spike que estava passando informações sigilosas dos meus negócios para o meu inimigo Spiral. Ele era um bom soldado, servia muito bem, mas decidiu aliasse ao meu inimigo e deixou de lado a fidelidade a mim e a família, isso é uma falta grave que acabou resultando em sua execução. Fico na espera de que o Travon dê a resposta do serviço que lhe foi ordenado.

— Vai continuar olhando para o nada? — A voz do meu irmão me fez virar para olhá-lo, já que a minha secretária Suzy não o anunciou e logo em seguida ela entra.

— Desculpe senhor, sai um minuto para buscar café e quando voltei ele já tinha entrado.

— Eu não preciso ser anunciado, pois tenho passe livre boneca. — Édouard diz piscando para ela.

— Tudo bem Suzy, este é o meu irmão Édouard. — Falo e vejo a minha secretária sair.

— Para começo de conversa você deveria bater na porta antes de entrar e não estava olhando para o nada, estava observando a movimentação do Ospedale. A que devo a honra da sua visita? — Pergunto e vejo ele caminhando até a minha mesa e se senta a minha frente.

— Por que estou com a impressão de que está querendo me enrolar? Te conheço muito bem meu irmão e sei quando está querendo fugir de uma conversa. O que está querendo esconder de mim?

A pergunta dele me deixou um pouco perturbado, não quero tocar nesse assunto porque me faz lembrar de tudo que perdi e essa dor está encravada na minha alma com garras bem afiadas que são incapazes de soltar.

— Guillaume está tudo bem? O que está te incomodando? — Pergunta com o olhar preocupado.

Desde o meu pesadelo tenho tido algumas distrações e volto para o dia do meu inferno pessoal.

— Estou bem, não é nada de mais. Só estou um pouco cansado da festa de ontem. — Falo passando a mão no meu rosto para tentar afastar aquelas lembranças.

— Sei que não é só isso. Por acaso sonhou novamente com o dia do acidente?

— Continuo tendo esses pesadelos, eles nunca irão me deixar.

— É melhor você ir para casa e tentar dormir porque está com uma cara péssima.

Ri porque ele só pode estar brincando, para ele vim falar da minha cara enquanto a dele está com resquícios de ressaca mal curada.

— Só pode estar brincando, por acaso já se olhou no espelho hoje?

— Não preciso olhar porque o espelho só vai constatar mais uma vez que sou gostoso e o mais belo da família Gaillard.

— Você só pode está com algum problema de visão, é melhor ir ao oftalmologista ver isso. Agora para de brincadeira e me diz logo o que você veio fazer aqui na minha sala. Onde está o nosso père?

— É melhor você aceitar maninho que você não puxou o lado bom da família e a minha visão está ótima. O nosso pai saiu bem cedo e não disse para onde ia e eu vim buscar você para almoçar e aproveitar para conversarmos um pouco.

— A humildade passou longe de você. Almoçaremos aqui mesmo no restaurante do hospital porque hoje nem se quer tomar café.

— É melhor você contratar uma cozinheira e não deixe a nossa mãe saber disso já sabe que irá ouvir um longo sermão.

— Irei depois ver isso, agora vamos porque estou com fome e nem ouse contar para ela ou a sua morte será bem torturante.

Já estava cheio de problemas e eu não queria ter que lidar com a minha mãe agora.

Faz mais de seis meses que não tenho notícias de Alerc, meu melhor rastreador, e isso me preocupa muito.

— Aqui no hospital não, vamos almoçar em outro lugar.

— Vamos almoçar aqui, se não quiser pode ir embora.

— Isso são modos de você tratar a mim que vim te buscar para almoçarmos juntos e você me diz para ir embora. Machuca sabia essa sua rejeição.

— Deixa de palhaçada e para de fazer essa cara porque não convence ninguém. Agora vamos logo antes que eu desista e peça para entregarem o meu almoço aqui na minha sala.

— Tudo bem.

Saímos da minha sala e caminhamos em direção ao restaurante.

— Você já viu a quantidade de enfermeira gata que tem aqui?

— Não tenho tempo para isso e não pense em dar em cima das enfermeiras, não quero problemas.

Como se eu fosse me interessar por outras mulheres se só existe uma em meu coração e em meus pensamentos. Não tem como substituir a Àlexia, porque ela é única e não tem espaço para nenhuma outra em minha vida.

— Pensei que você ia sair com alguma mulher, fiquei surpreso com a sua visita.

— Não marquei nada, estava de bobeira e decidi visitar o meu querido irmão em seu local de trabalho. E também proponho sairmos hoje à noite para conhecermos umas mulheres, estou precisando me divertir e você está precisando de diversão também. Ou você pode chamar a gata com quem você ficou na inauguração do Ospedale.

— Você vai embora hoje com o nosso pai. Está lembrado?

— Decidi ficar por mais alguns dias.

Chegamos no restaurante, escolhemos os nossos pedidos e fomos nos sentar em uma mesa distante de todos mais próximo à janela, assim teríamos privacidade para conversarmos.

— Falando sério, se essa garota te fez bem ontem, deveria chamá-la para sair hoje, já faz um tempo que eu não te via ter relação com outra pessoa. Aproveita, não deixe passar essa oportunidade.

— Você está falando como se eu fosse casar novamente, não foi nada de mais. Deixe de fantasiar história onde não tem.

— Se foi só um nada de mais, chame de novo e repita para ver se melhora esse humor, porque você está muito rabugento.

— Não me provoque porque já sabe o que vai acontecer.

— Vai me bater por acaso maman?

— Você tira a paciência de qualquer um.

— Agora falando sério, Guillaume. — Ele suspira pesadamente. — Estamos perdidos no caso do Alec, Gui. Fui até Malibu, onde foi o último contato que tivemos dele.

— Por que não me disse nada? — Pergunto bravo.
Antes que ele pudesse responder, o meu pai está ao nosso lado sentando-se.

— Aonde o senhor estava? — Pergunto e ele olha em minha direção com ar sério.

— Não devo satisfação para onde vou ou com quem eu vou. Sou seu pai e não seu filho para ficar lhe dando satisfação.

— Só estávamos preocupados père o senhor saiu sem escolta.

— Quero saber o que estavam conversando e não falar sobre mim porque sei me cuidar muito bem. — Antoãn fala irritado.

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