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Lembranças de ontem: Parte 2


- Antes do senhor chegar estava falando para o Guillaume que fui para Malibu e descobri que Alec se encontrou com um homem chamado Marlin.

O meu pager começa a tocar, olho a tela e vejo que estão me chamando para a sala de emergência, levanto-me da cadeira.

- O que houve Guillaume?

- Tenho que ir para a emergência, estão me chamando.

- Tudo bem. Pode deixar que deixo o seu almoço na sua sala.

- Obrigado.

- Não há de que, mas lembre-se que mais tarde iremos sair. Não irá escapar.

- Nem cheguei a cogitar essa possibilidade. É mais fácil eu fugir do diabo do que de você. - Falo rindo.

- Te conheço muito bem, Guillaume, nem invente de ficar até tarde nesse hospital.

- Não tenho culpa se surgir uma emergência.

- Ah é mesmo, então virei buscá-lo porque não tem só você de médico neste hospital.

- Você sabe que sou o melhor no que faço.

- Mas não é insubstituível. Esteja em casa no máximo às vinte e duas horas.

- Está bem. Agora tenho que ir, até mais père.- Me viro e saio do refeitório em direção à sala de emergência.

Quando chego na sala de emergência, vejo a enfermeira Suzana vindo em minha direção.

- O que houve Suzana?

- Uma garota jovem aparenta ter uns vinte anos acabou de dar entrada com uma convulsão generalizada e a boca estava espumando doutor.

- Há quanto tempo ela está convulsionando?

- O pai dela disse que há cerca de trinta minutos, ou talvez mais.

Olho para a garota e vejo que ela já está com uma máscara de oxigênio e continua convulsionando.

- Doutor a glicemia dela está dentro dos parâmetros normais.

A enfermeira olha para mim, aguardando instruções.

- Administre lorazepam 0,1 mg/kg, seguido de fenitoína intravenosa 15-20mg/kg. Quanto ela pesa?

- Em torno de 50kg.

- Administre 4mg de lorazepam.

Dez minutos depois o corpo dela fica visivelmente relaxado e a frequência cardíaca começa a se normalizar.

Preencho o pedido para um bolus de fenitoína intravenosa com doses de manutenção e uma observação cuidadosa, entrego a enfermeira Suzana.

Pego a prancheta da paciente e vejo que o seu nome é Lúcia e a PA dela está 138 x 92 no momento, com uma frequência cardíaca entre 85 e 102 bom, uma frequência respiratória de 18 ciclos/min., saturação de 02 de 97% com 2L de 02/min. na máscara e temperatura de 38,7 °C. O ECG dela mostra um ritmo sinusal regular.

Realizo um exame físico e dos sistemas mostrando que está tudo normal.

Solicito a residente Michele avaliações neurológicas a cada 15 minutos, saio do quarto onde se encontra a paciente e dou de cara com um senhor nervoso e ansioso que presumo ser o pai da garota.

- Doutor, como ela está?

- O senhor é da família?

- Sou o pai de Lúcia.

- Pois, bem senhor...

- Luigi Santoro.

- Sou o médico da sua filha e me chamo Guillaume Gaillard. A sua filha tomou uma medicação para parar a crise convulsiva, deu uma estagnada, agora estamos esperando ela acordar. Assim, que ela acordar pode sentir dor de cabeça, pode sentir alguma dificuldade de mexer alguma parte do corpo, neuropsicológico e manifestação de comportamento com violência.

O suporte de oxigênio continuará até ela acordar, como ela ficou em uma crise convulsiva prolongada pedi o exame ECG para avaliação de um possível estado epilético não-convulsivo.

Se ocorrer cefaléia depois dela acordar iremos fazer uma tomografia do crânio para avaliar as lesões intracranianas.

- Por favor, doutor, diga-me que a minha menininha ficará bem, por favor! - Diz em lágrimas.

- Ela está estável neste momento. As convulsões estão controladas e os sinais vitais estão estáveis também. - Falo o tranquilizando.

- Quando ela começou a se sentir mal?

- Já faz quatro dias que está mal com uma certa letargia significativa, dor de cabeça, for cervical e febre. Ela vomitou algumas vezes e sentiu náusea durante o dia anterior e está manhã. Ela começou a usar óculos escuros desde segunda-feira passada até dentro de casa, achei estranho, mas ela disse que sentia um certo desconforto com a claridade porque estava com dor de cabeça, até então no achei estranho ela ter dor de cabeça já que ela fica vô te quatro horas grudada naquele maldito computador e no celular.

Só que hoje quando estávamos almoçando notei que ela parou de conversar comigo e com a mãe dela ficou olhando fixamente para a parede e depois de uns três minutos começou a ter convulsões que paravam por alguns instantes e depois começavam novamente, sendo assim nós a trouxemos para o hospital.

- Há algum histórico na família de doença grave, epilepsia ou fizeram alguma viagem recentemente?

- Não, senhor.

- Ela faz uso de algum tipo de medicamento?

- Não, mas algumas vezes ela tem crise de garganta.

- Ela fuma ou bebe?

- Não.

- Obrigado pelas informações, assim que saírem os resultados dos exames virei falar com o senhor.

- Posso ver a minha filha?

- Sim.

- Mais uma vez obrigado, doutor.

- Não, tem o que me agradecer, só fiz o meu trabalho, sabe disso.

- Não, o senhor não fez só o seu trabalho, está salvando a vida da minha filha. - diz chorando.

- Porque eu amo o que faço. Agora vamos ver a sua filha.

Levo-o até o quarto da filha, verifico mais uma vez se está tudo bem com ela, vejo que está estável e saio do quarto.

Fui até a minha sala e quando entrei vi em cima da minha mesa o meu almoço que, aliás, já tinha até esquecido que não tinha almoçado. Sento na minha cadeira, pego o meu almoço e começo a almoçar enquanto verifico as minhas mensagens e claro tinha que ter uma do meu adorável irmão relembrando-me da nossa saída de hoje a noite. Nem respondi só para irritá-lo. Finalmente vi uma mensagem que tanto esperava do Travor me avisando que encontrou um dos homens que roubaram as minhas armas e drogas. Respondo à mensagem, mando ele me esperar no galpão com o infeliz que cruzou o meu caminho e teve a audácia de me roubar.

Larguei o meu celular de lado e voltei a comer, quando já estava quase acabando batem na porta da minha sala.

- Entre.

- Com licença, senhor, desculpe a minha interrupção, mas o senhor Travon está aqui e deseja falar com o senhor.

- Tudo bem, pode deixá-lo entrar.

Ele entra e não abre a boca para se pronunciar. Olho para ele atentamente bem na minha frente, mas parece que ficou mudo do nada. Pelo seu semblante tenho certeza que teve alguma ocorrência. O seu silêncio está me dando nos nervos ficar olhando para a sua cara e o mesmo não dizer uma palavra se quer.

- Como foi com o Spike? É melhor responder porque não estou com paciência para ficar repetindo a mesma pergunta. - O meu tom sai em ameaça. Encaro Travon e ele me encara me analisando.

- Morto. - Informa Travon, que começa a Andar em direção à janela. - Ele está irreconhecível parece uma peneira cheio de balas.

- Ótimo. Menos um imprestável no mundo. A desova foi feita? - Pergunto já impaciente com a demora da informação.

O meu instinto ou sexto sentindo tanto faz como costumam chamar me diz que tem algo errado e nunca erro. Desconfiado, olho para ele novamente e vejo que está um pouco inquieto a maneira como ele mexe o corpo.

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