Santiago
O Santo que ataca os Demónios com o seu bordão
Esta descrição é baseada na narrativa #2860 do Arquivo Português de Lendas (APL 2860).
Santiago, também chamado Santiago Maior (para se diferenciar de dois outros discípulos de Jesus com nomes idênticos, Santiago Menor e Tiago, o Justo, provavelmente a mesma pessoa), Santiago Filho do Trovão, Boanerges («Filho do Trovão» em grego antigo), Tiago, Filho de Zebedeu e Santiago Apóstolo, o Maior, é o padroeiro dos peregrinos, dos cavaleiros, dos veterinários, dos farmacêuticos, dos alquimistas, dos Exploradores e Moços (a segunda secção do Corpo Nacional de Escutas), do Chile, da Guatemala, da Nicarágua, da Espanha, de inúmeras localidades ibéricas e latino-americanas, do Exército Português... Enfim, acho que ficaria um dia inteiro a indicar todas as pessoas coletivas de que ele é patrono! Ao que parece, Tiago visitou a Hispânia (atual Península Ibérica) e pregou a doutrina cristã nessa província romana, depois do episódio de Pentecostes. Os locais por onde passou em Portugal incluem o que são hoje Braga (Bracara Augusta na altura), Guimarães e Rates. E também passou por terras galegas. É à Galiza que está ligado no fundo: depois de morrer na Judeia por volta de 44, o seu corpo foi transportado para essa região de Espanha. Foi sepultado onde se ergueu mais tarde a Catedral de Santiago de Compostela. É a devoção a este Santo que faz essa cidade ser um dos destinos de peregrinação cristã mais importantes do mundo há séculos. E foi essa devoção que levou três cavaleiros do Minho a Santiago de Compostela.
D. João, o mais novo desses cavaleiros, ficou para trás a certa altura porque colocou em cima do seu cavalo o saco pesado de uma peregrina a quem Santiago disse em sonhos que seria ajudada por um cavaleiro vindo do Minho. Esse saco passou a ser levado às costas por D. João quando montou no cavalo um peregrino idoso doente que ele encontrou caído na estrada. Esse peregrino era o próprio Santiago, a testar a bondade de alguém que quis visitar o túmulo do Santo como penitência dos seus pecados. De facto, figuras da mitologia cristão podem dirigir-se incógnitas a pessoas vivas para testar a sua bondade de mais do que uma maneira (ver descrições dos Moradores de Cabaninhas e de Jesus Cristo).
D. João contraiu uma doença que o fez perdeu a fala depois de recolher Santiago no papel de peregrino a precisar de ajuda. E foi já quase sem forças que chegou junto dos seus companheiros de viagem iniciais, à espera dele na Catedral. Os seus companheiros de viagem posteriores tinham desaparecido; ele tinha ficado com o bordão do mais velho.
D. João morreu dias mais tarde, mas não sem antes recuperar a fala. Contou então aos seus companheiros que a sua mudez foi um ataque de Demónios para não confessar os seus pecados, e que Santiago anunciou-se junto dele, afirmou-lhe que Deus teria em conta o seu ato de bondade, pegou no seu bordão, alçou-o como se fosse uma lança e, com ele, enxotou esses seres infernais antes de ir-se embora; antes de exalar o último suspiro, confessou-se e pediu aos companheiros para darem o seu dinheiro aos pobres e a quem prejudicou em vida e ser enterrado na cidade.
Verdade reconhecida, pedidos atendidos. Santiago assim o quis, e assim o tornou realidade.
Fonte da imagem: Paróquia de Lustosa (site)
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