Gigante Assassino de Arruda dos Vinhos
O enterro de um corpo gigantesco que originou um monte
Esta descrição é baseada na narrativa #398 do Arquivo Português de Lendas (APL 398).
Arruda dos Vinhos pode ser considerada a capital portuguesa dos seres fantásticos. Isto porque têm sido relatados seres fantásticos de diversos tipos a aparecerem no concelho que tem essa vila por sede: Bruxas, Lobisomens, Nossa Senhora, um Vampiro, um (suposto) monstro aquático, Gigantes... Sim, imaginem Gigantes a percorrerem o concelho pequeno que é o de Arruda dos Vinhos – fazem isso quase num instante! Um dos Gigantes que marcaram presença nesse concelho até hoje foi o Gigante Assassino de Arruda dos Vinhos.
Os Gigantes são seres humanoides de grandes dimensões que têm geralmente força bruta, pouca inteligência, mãos ásperas, dentes amarelos, mau hálito e atitude ameaçadora. Eles representam o caos, a desordem e a destruição. Era certamente o que o Gigante Assassino de Arruda dos Vinhos trazia para a população humana local num passado distante. Comia as pessoas que tinham o azar de se deparar com ele e o gado que, eventualmente, estas tinham num abrir e fechar de olhos. Os camponeses não podiam juntar mantimentos, pois o Gigante devorava esses mantimentos reunidos assim que os via. E como era obviamente precisa bastante comida para alimentar aquele corpanzil, muitas famílias ficavam então sem nada com que matar a fome.
Os Gigantes, no fundo, também são a representação dos medos que dão um sentimento de vulnerabilidade aos homens. São esses medos, grandes como os Gigantes, que os homens precisam de enfrentar e de vencer mais cedo ou mais tarde. Foi o que os homens vivos de Arruda dos Vinhos tiveram de fazer com o Gigante Assassino: após decisão unânime, reuniram pedras, paus e ferramentas agrícolas e atacaram em conjunto o ser fantástico que era a grande ameaça à (sobre)vivência deles. E conseguiram matá-lo após uma luta violentamente renhida. Por fim, enterraram-no; mas como o corpo era enorme, o enterro deu origem a um monte – a Cova do Gigante.
Mas a história do Gigante ainda não terminou! Aliás, pode dizer-se que esta história tem um prólogo. Um prólogo que é basicamente a lenda da Senhora do Monte, cuja ermida se situa num monte ao lado da Cova do Gigante. Às vezes o povo junta ou confunde histórias, criando assim outras narrativas.
Muito tempo depois, um pastor andava com as suas ovelhas na Cova do Gigante quando, de repente, deu por falta de uma. Procurou-a por muito tempo, mas não a encontrou. Quando já tinha desistido de a procurar, virou-se, e viu uma imagem muito bela e luminosa no meio de umas rochas: era Nossa Senhora com a ovelha nos braços. Presumidamente, a ovelha foi-lhe devolvida.
Então o pastor mandou erguer uma capela no cimo do monte, e colocou lá uma imagem que encontrou onde a Virgem Maria lhe tinha aparecido, à qual chamou Nossa Senhora do Monte.
Parece que Nossa Senhora, ao aparecer cheia de luz ao pastor, quis que lhe erguessem um templo nesse monte como uma forma de assinalar a vitória derradeira do bem sobre o mal que o Gigante Assassino de Arruda dos Vinhos representava (ver descrição de Nossa Senhora).
Fonte da imagem: Olhares (site)
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