23 - O acordo, o veneno, a missão e a busca.
Os ânimos ainda estavam exaltados em Triwland do Sul, gritos eram ouvidos do lado de fora da sala do trono. Ivar, Storm e Héctor pareciam estar em desacordo com o modo como procederiam. Anna repetia com sua voz como um cantar de um pássaro, para que todos se acalmassem, e depois de um bom tempo, finalmente aconteceu. A Rainha tinha perdido sua postura de monarca, Ivar e Anna pareciam mais reis que a realeza que os encarava esperando respostas.
— Eu ainda acho que devamos destruir Triwland do Norte — disse Héctor enraivecido.
— Não aja por impulso, como Lory reagiria se soubesse que você fez mal a família dela? — questionou Anna.
— E o mal que eles estão fazendo a ela? Rei Cézar é um velho, tem pelo menos quatrocentos anos de idade. Como eles podem ter feito isso com ela?
— Você não devia se preocupar tanto. Ela vai ficar bem — afirma Anna.
— Como você tem tanta certeza?
— Apesar de ter sofrido um pouco ela vai ficar bem.
— Eu não quero que ela sofra! — gritou Héctor.
— Não é como se você pudesse impedir — diz Storm. — Você deve se preparar para o seu despertar de hoje em diante, não interfira nos assuntos do Reino, eu vou decidir o que é melhor pra nós, se daqui dois anos eles ainda não tomarem uma posição, vou deixar nas suas mãos — afirmou.
— Pai, eu vou dar o meu melhor.
— Eu acredito em você. Acho que você terá tempo suficiente. Não é mesmo Anna?
— Claro, Vossa Majestade — respondeu Anna.
— Por que esse tratamento tão formal? Eu deveria chamá-la de Vossa Majestade também? — questionou Storm.
— Eu não sou Rainha, nem casada com um Rei.
— Eu lhes entendi mal? Você e Ivar? — franziu o cenho.
— Na verdade não, Vossa Majestade. Eu só sou um pouco mais livre do que você imagina. — Anna respondeu sorrindo.
— Ela não quer pertencer a mim. — respondeu Ivar.
— Como se eu pudesse ser a única na sua vida — Anna sorriu.
— Como se você quisesse...
— Eu prefiro ser livre, se eu não estou satisfeita, posso escolher outro. Assim minha vida fica fácil — respondeu simplesmente.
— Se eu não fosse tolerante, você seria a minha ruína. — Ivar balança a cabeça negativamente.
— Agradeço a sua tolerância — sorriu.
— Então você poderia me fazer companhia por uma noite, apesar de velho eu ainda estou bem disposto — disse o Rei a convidando.
— É claro, Vossa Majestade, podemos nos divertir qualquer dia.
— Eu gosto da forma que lida com isso, somos todos aliados no final, nos relacionarmos apenas deixaria nossa relação mais próxima — disse Storm com um sorriso.
Héctor ainda estava com a cara fechada, mesmo a brincadeira de seus aliados e o flerte de seu pai não o tirou de sua mente sombria, até que Cízar entra pela porta.
— Vossas Majestades, Vossa Alteza Real, tenho novidades — diz Cízar, os reverenciando.
— Diga. — Héctor fala, sem nem mesmo o olhar.
— De acordo com alguns bandidos que capturamos recentemente, disseram que viram um homem com um cajado em forma de cobra no dia que o prêmio por sua cabeça foi anunciado, então tivemos a certeza, o homem que quer sua cabeça é Joráh, o rei de Petansburg.
Héctor respirou fundo, sabia que tudo tinha ligação, apenas esperava que dessa vez tinha algo a ver com a Seita Obscurion e não com os reinos vizinhos, mas sua esperança foi em vão.
— Pai, se eles não atacarem em dois anos, eu não vou esperar mais. É a minha decisão final. — Retirou-se para o campo de treinamento, iria despertar as intenções de suas armas assim como Lory, ele não pararia até conseguir. Neste momento diplomacia não resolveria suas questões inacabadas, suas opções foram reduzidas e ele estava sentindo-se pressionado, afinal tratava-se da garota que ele tinha sentimentos.
— Se algo acontecer a ela, eu não me importarei com laços sanguíneos — ciciou em seu caminho.
— Nós recebemos visita recentemente? — Gisela perguntou.
— Nada importante, apenas um garoto apaixonado.
— E por que você não se livrou dele? Imagina como Storm se sentiria se perdesse o filho agora? — disse eufórica. — Eu perdi um filho por culpa de vocês, é justo retribuir — comentou pensando profundamente, mas sem um pingo de tristeza aparente.
— Sem as tropas de Cortona e sem o exército de Joráh, não temos como nos defender contra os exércitos de Drimália e Triwland do Sul. Você terá o que quer mais cedo ou mais tarde, não precisa ter pressa. — Abba tentou colocar um pouco de juízo em sua cabeça, mas Gisela já não era a mesma.
—Quanto mais cedo, mais feliz eu ficarei. Quem sabe eu possa lhe dar o antídoto para o veneno da grama vermelha, mas você tem que merecer, meu rei.
— Eu estou fazendo tudo o que você quer, não me importa se terei o antídoto ou não, contando que você me perdoe e Lory não se envolva, eu ficarei feliz.
— Você quase me engana com suas palavras, se eu não lhe conhecesse, com certeza acreditaria.
— Gisela, eu estou sendo sincero. Se tem algo que me arrependi na vida, foi de não ter lutado por você.
Gisela o ignorou, com o passar dos anos sua mente estava ficando cada vez mais nublada, ela só via sua vingança, antes da viagem de Lory para Triwland do Sul ela tinha alguns momentos de lucidez, mas com o pouco tempo que ela ficou distante acabou se perdendo por completo.O Rei ainda tinha esperanças de ajudá-la, achava que se ela tivesse a sua vingança conseguiria pensar com mais clareza, e com sorte, conseguiriam o perdão de Lory.
Mas as coisas estavam se encaminhando de forma que estavam o pressionando por todos os lados, o fazendo tomar decisões que iam contra a sua vontade, para poder proteger a sua família.
Ele achou melhor tirar Lory de perto de Gisela, para que ela não acabasse sendo envolvida nesta guerra. Ela não deveria sofrer com o peso dos erros de seus pais. Apesar de escolher casá-la em outro reino, tinha feito um acordo para que o rei a trata-se bem e não a tocasse, e apesar de não confiar totalmente em Rei Cézar, sabia que ele era um homem de palavra.
O rei não fazia ideia do quanto suas escolhas magoaram a filha, e Lory não fazia ideia de tudo que estava acontecendo entre seu pai, seu avô, e sua mãe. As coisas eram mais complicadas que ambos imaginavam, e o rei esqueceu-se que Lory era apenas uma menina, que sempre confiou nele.
Tossindo sangue e prestes a perder a consciência, o rei sorriu, sentiu-se em paz por minutos desejando logo seu fim, mas não era ali que ocorreria, e muito menos de maneira tão vil.
Trimble estava correndo em direção ao seu destino, receber ordens de um pirralho nunca estivera em seus planos, mas sentia uma bondade tamanha do garoto que não queria desapontá-lo. Caminhando entre a multidão de Jaskair, a cidade dos bandidos, procurou por um homem chamado Croix, um arquimago com um temperamento um tanto quanto distinto. Tal homem vivia em Jaskair, por achar o ambiente livre de regras, que o mesmo não gostava de cumprir. Por todos os anos de sua vida já viveu um pouco em cada reino, mas não gostava de dar satisfações aos reis. Jaskair, como uma cidade sem leis, era agradável a ele.
Era mais um homem que devia um favor a Rainha Hanni, sua bondade era tanta que os céus a recompensavam lhe dando encontros fortuitos, esperava ela que suas conexões a ajudassem em um momento ao qual precisasse, e até agora tudo seguia conforme seus pensamentos.
Trimble entrou em uma loja de poções bem no centro da cidade, enquanto o mesmo caminhava via homens que o olhavam com sangue nos olhos, já que entraram em confronto várias vezes uns com os outros. Mas apesar de que Jaskair seja uma cidade sem leis, eles jamais atacaram quem entrasse em seu território, até porque grande parte das pessoas que viviam ali, além de bandidos e membros da Seita Obscurion, eram mercenários.
O mesmo sentou em uma mesa, esperando que tal pessoa viesse falar com ele, mas por horas ninguém aproximou-se, apenas no cair da noite, quando o estabelecimento já estava vazio, um velho aproximou-se e o guiou escadas abaixo.
— Quem é você que carrega meu selo de cobre? — perguntou o arquimago.
— Sou Trimble, Vossa Reverência. Vim lhe encontrar por ordens da realeza de Triwland do Sul.
— Saia daqui, não gosto de reis.
— Mas o senhor prometeu ajudá-los. — Trimble ficou quase sem ar, não poderia retornar com uma negativa deste arquimago.
— Eu prometo muitas coisas, mal lembro de tais. Vocês podem estar mentindo pra mim, quem me garante?
— Senhor, por favor, ouça-me. O príncipe de Triwland do Sul, filho da rainha Hanni que me mandou aqui. Ele deu-me este selo de cobre e disse que o senhor reconheceria.
— Esses nobres, acham que são melhores que os outros. Por que o pequeno filhote não veio até mim? — questionou a contragosto.
— Seu pai está doente e seu reino precisa de um homem liderando.
— É apenas um pirralho que mal saiu das fraldas, como você tem a coragem de chamá-lo de homem? Onde estão suas bolas? — debochou o arquimago.
— Se o senhor conhecer o príncipe, também o admirará por sua sabedoria — disse confiante.
— Ah, tudo bem! Pare de implorar, mas se o garoto é tão sábio quanto menciona, eu realmente gostaria de conhecê-lo — animou-se Croix.
— Creio que oportunidades não irão faltar, vossa reverência — disse aliviado.
— Posso ir conhecê-lo para descobrir o que quer de mim? — questionou o mago.
— Vossa reverência, acredito que não seja a hora de conhecê-lo. O príncipe espera que você proteja a princesa Lory, em Cortona.
— Princesa Lory? Eu não devo favores a ela — comentou a contragosto.
— Senhor, não há nada nesse mundo que o príncipe deseja proteger além desta garota.
— Se ela estiver segura eu posso voltar?
— Se vossa reverência confirmar que Lory está fora de perigo poderá retornar e encontrá-lo.
— Shishishishishi! Estou indo agora mesmo! — comentou o mago animado, e em uma nuvem de fumaça desapareceu.
— De onde a Rainha Hanni conheceu esse cara? — questionou-se um tanto assustado, mas aliviado porque tudo deu certo, saiu pela porta do estabelecimento e desapareceu entre a escuridão.
Não se sabia o que tinha acontecido em Cortona, o exército real que não adentrava no território da corte do Reino estava em volta dos grandes muros tentando entrar, eles viram apenas uma explosão e em seguida fogo por todos os lados, não ousaram se aproximar enquanto o pátio interno queimava, apenas quando o fogo diminuiu se aproximaram.
O comandante do exército, conhecido como Símio Implacável, exercia toda a sua força contra os grandes portões, mas devido ao calor intenso que suportaram, tiveram seu aço derretido e fundido as grandes paredes de pedra.
— Seria mais fácil derrubar o muro de pedras que abrir estes portões — disse Leona aproximando -se.
— Quem são vocês? — os soldados que não tinham notado a presença dos três jovens alarmaram-se, mas o comandante que estava exercendo força contra o portão não se importou com suas aparições.
— Se vocês têm alguma ideia melhor, podem tomar a frente — debochou o comandante.
Virgínia convocou mais uma vez Ajax e junto com seus companheiros sobrevoou os muros, em direção ao Palácio mais alto.
— Comandante, quem são essas pessoas?
— Eles chegaram faz pouco, mas não demonstraram intenções ruins, não importa o que aconteça, vocês não devem ofendê-los.
— Por que diz isso comandante?
— Sobre força, acredito que não sejam mais fortes do que eu, mas a fera em que estão montando daria uma boa briga — sorriu.
Logo Ajax retorna e para em cima dos portões, estendendo uma de suas asas para que o comandante Símio suba, e assim ele o faz, e juntamente com os três amigos de Lory, adentram a área incendiada, buscando indícios sobre o acontecido, e procurando pela princesa.
Nota da Autora:
Mais um capítulo pra vocês, espero que gostem! <3
Será que Croix é bonzinho?
Que papo é esse de veneno da grama vermelha?
E Storm definitivamente não tem vergonha.
Vote!
Beijos!
Até o próximo! <3
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