18 - A Oficial Adjunta, o novo lar e a missão.
Lory conversou com Leona, oficial adjunta da divisão das arqueiras, que apesar de ser um pouco mais velha que ela, com dezessete anos, era a pessoa que mais confiava naquele castelo. Pediu a amiga que providenciasse um local para que Virgínia pudesse ficar e que mante-se em sigilo sua localização, o que não foi nada difícil, já que os pais de Leona eram nobres com inúmeras propriedades.
Alocou Virgínia e o seu "aprendiz" Aiden, em um desses tantos locais e para mantê-los protegidos, Leona ficaria por perto.
Quando alocaram-se na propriedade da moça, Virgínia os avisou que iria se isolar por alguns dias, estava sentindo algo que sua mestra queria tanto que ela sentisse... o seu interior, as magias em sua alma, as escrituras de seus antepassados, tudo dentro do seu mar de alma... e estava se conectando com ele. Ela pediu esses tantos dias para estabelecer uma ligação e aprimorar essa conexão, para que ela pudesse aprender as magias que estavam a tanto tempo adormecidas.
Ela fechou os olhos e levou sua consciência para seu interior, nos primeiros dias não sentiu nada, mas quando desligou-se do mundo, superou todos as barreiras impostas para transcender a humanidade e com isso despertou todo o conhecimento ancestral que estava enraizado em sua alma. Magias lendárias, runas antigas e também técnicas de compreensão da magia que estavam inertes.
Ela não viu o tempo passar, meditou sobre suas novas descobertas sem comer e beber, apenas absorvendo o conhecimento sobre essas técnicas ancestrais. Sua magia alcançaria um nível totalmente novo, ela já sentia que seu corpo foi purificado e que as impurezas de sua alma estavam sendo eliminadas, sentia sua pele mais macia e sua face mais rosada, sentia os anos de sua vida prolongando-se a medida que o conhecimento obtido começava a fazer sentido em sua mente.
Aiden e Leona se conheceram bastante nesses dias aos quais Virgínia não estava por perto. Os dois vieram de lugares diferentes, foram criados em ambientes diferentes, mas perceberam que seus medos eram os mesmos, tinham medo de morrer sem propósito. Os pais de Leona eram duques que não eram presentes em sua vida e Aiden nem chegou a conhecer os pais. Ela foi criada em meio ao exército, protegendo o povo e defendendo o seu reino. Ele foi criado por bandidos, roubando para sobreviver.
Mesmo o seu medo sendo o mesmo, Leona mantinha-se distante, era educada e conversava com ele para passar o tempo, mas não sentia que poderia confiar nele.
Ele era um covarde, que recentemente ganhara algo pelo qual lutar, enquanto ela crescera com o desejo de servir a Lory instalado em sua alma... Morrer por Triwland, qualquer outra coisa seria desonrosa.
Aiden precisaria provar, que sua vontade de servir a princesa, apesar de recente, era forte. Só assim conseguiria a confiança de seus companheiros.
Depois de vários dias, Virgínia acordou de sua meditação, encontrou Aiden e Leona em uma conversa amigável e os chamou fracamente:
— Leona, Aiden, preciso de água! — E desabou ao chão, não conseguindo sustentar-se em pé.
— Você está bem? — questionou Aiden.
— Vou ficar — ela sorriu, como se o que estivesse acontecendo agora não tivesse importância, apesar de estar claramente mais magra e debilitada pela meditação — Vocês tem visto a princesa ultimamente? — perguntou. Leona que fora buscar água, ajoelhou-se ao seu lado e com cuidado deu-lhe de beber.
— Muito pouco, a princesa anda com uma cara fechada e perguntou sobre você nos últimos dias, lhe avisamos que estava em isolamento e ela pediu que a informássemos quando saísse. Você passou cerca de sessenta dias isolada, sem comer ou beber, tem certeza que vai ficar bem?
— Não precisa se preocupar, só preciso recuperar minhas energias. Tenho algumas ervas que podem me ajudar, poderia procurar pra mim Aiden?
— Claro — entrou dentro do quarto da maga.
— Assim que me recuperar devemos ir para o castelo. Ela deve estar preocupada. — Virgínia comentou.
— Agora a prioridade é te fazer ficar bem. Vou ajudar Aiden com seu chá — comentou enquanto entrava no quarto de Virgínia.
Horas mais tarde eles estavam chegando ao Castelo montados em cavalos, coincidentemente Lory estava nos portões da frente, esperando alguém.
— Lory, eu consegui, finalmente me tornei uma transcendente.— Virgínia gritou quando já estava muito próxima.
— Você conseguiu despertar seu poder adormecido? Fico muito feliz com isso. Aliás, não perca tempo e conecte-se com os presentes de sua mestra.
— Logo que eu me sentir estabilizada. Por que você está com essa face preocupada?
— Dias atrás, em uma de minhas visitas diárias, escutei minha mãe conversando com uma de suas criadas, elas falavam sobre um assunto delicado.
— Isto lhe aborreceu? — questionou Leona.
— Isso me deixou preocupada. Depois do que ouvi, prendi a criada nos calabouços para que ela não fizesse nada de errado e tento manter minha mãe ocupada.
— Algo que possamos ajudar Alteza? — Aiden perguntou.
— Ouso dizer que sim. Virgínia saiu de reclusão no momento perfeito, eu preciso pedir um favor pra vocês.
— Fale Lory, faremos o que pudermos por você. — mencionou Leona.
— No momento estou aqui para receber o Rei Joráh, ele tem coisas a discutir com meu pai, não posso sair de Triwland. Bom, meu pai não permitiria de quaquer forma, então peço a vocês três, levem uma carta minha para as mãos do Príncipe Héctor. — Retirou uma carta do meio de suas vestes.
— Princesa, isso não vai te colocar em apuros? — pergunta Aiden.
— Pelo contrário, quero entregá-la faz muitos dias, mas não confio em outras pessoas, confio apenas em vocês.
— Não vamos decepcionar. — disse Leona.
— Fico feliz por serem leais à mim. Meu pai anda agindo estranho, minha mãe também e a visita repentina do Rei Joráh não me anima nenhum pouco. Apenas peço que façam essa viagem rapidamente e que voltem logo após cumprirem sua missão, não deixem que ninguém os veja no caminho, retornem em segurança...
— Nós entendemos. Sobre o conteúdo desta carta...
— O conteúdo não será segredo para sempre, quando Héctor abrir a carta, ele mesmo lhes contará. Levem esse selo de identificação real por precaução, se forem parados no caminho por qualquer pessoa, mostrem esse selo, poderá salvar a vida de vocês, significa que estão sob minha proteção.
— Nós retornaremos o mais rápido que pudermos, não se preocupe — Leona disse.
— Eu confio em vocês.
Depois das palavras da princesa e já com a carta e selo em mãos, apenas pegaram seus cavalos, abasteceram-se de mantimentos e saíram apressadamente em direção ao reino vizinho, preocupados e com seus corações apertados.
Enquanto seus amigos se distanciavam das muralhas do castelo, ela via ao longe um mutirão com no mínimo mil homens se aproximando.
Lory temia as coisas que poderiam acontecer com ela assim que chegassem, mas apenas manteve esse sentimento em seu coração.
— Se não é a minha Princesa preferida — comenta Joráh se aproximando.
— Majestade — Lory fez uma reverência.
— Que isso minha querida, você não precisa me receber assim. Vamos encontrar seu pai, trago ótimas notícias para Triwland do Norte — proferiu com um sorriso em seus lábios, sorriso esse que não enganou Lory, ela sentira seu cinismo de longe.
Depois de passarem pela cidade, entram os dois na primeira sala do Castelo, a sala do trono. Antes de serem anunciados, Joráh se pronuncia:
— Trago notícias de Cortona.
— Rei Joráh, seja bem-vindo. Estava esperando sua chegada alguns dias atrás, mas soube que teve infortúnios no caminho, espero que tudo tenha sido resolvido — declarou Abba.
— Vim na hora certa. Se eu chegasse mais cedo ou mais tarde, sua filha poderia causar uma revolução no reino — pronuncia as palavras em um tom gélido.
— Você... — Lory range os dentes, se dando conta de que sabem que ela tentou impedir as notícias de chegarem até Joráh. — Vocês que estão trazendo desastre sobre Triwland do Norte, as ações de minha mãe e as suas. Estou tentando proteger o reino de um desastre, não devemos guerrear, já tínhamos a paz garantida, para que mais guerras?
— O que você entende sobre governar um reino? Menina tola, não aja como se eu fosse um plebeu qualquer. Eu sou um rei e sou rei há muito mais tempo que seu pai, sou rei há muito mais tempo que o falecido Rei Korb e vou ser rei por muito mais tempo que você será! — proferiu ríspido.
— Não se exalte. Vamos resolver as coisas pacificamente — disse Abba pacientemente.
— É claro — riu maligno — fiz um acordo com Cortona, em nome de Triwland do Norte e Petansburg, Lory vai se casar com aquele rei viúvo de Cortona e eles nos ajudarão com cinco mil homens.
— O quê? Vocês querem me vender de novo? Eu não sou propriedade do Reino. Pai, eu valho tão pouco para você?
— Não seja ousada Lory. É apenas um acordo, reis e rainhas casam por acordos desde o primórdio dos tempos, não será você que mudará isso e esse acordo é vantajoso para o Reino — disse Abba.
— Pai, até você? Você já me prometeu a Triwland do Sul e agora isso?
— Eu sempre quis que você escolhesse, mas a situação nos exige sacrifícios — proferiu sem mudar a feição calma.
— O que estão esperando para dizerem a Gisela que estou aqui?— perguntou — Quero ver minha filha — Joráh disse aos servos.
Lory ficou apreensiva, não sabia se a presença da sua mãe nesta sala a ajudaria ou não.
Gisela entrou na sala do trono:
— Demorou tanto para me dar um retorno depois que te mandei aquela mensagem — disse Gisela ao seu pai — Estava ficando aborrecida por ter que esperar mais.
— Precisava resolver as coisas em Cortona.
— Resolvemos o problema com Cortona, mas quando a notícia vazar teremos problemas com Drimália e Triwland do Sul.
— Uma coisa de cada vez, mantenha Lory em seu quarto até os homens de Cortona chegarem.
— Claro, eu já estava pensando em deixá-la em cárcere como um castigo por se meter em assuntos que não lhe dizem respeito — disse Gisela avisando-a.
— Mãe, fiz isso pra te proteger, para proteger o reino. Olha o que vocês estão fazendo comigo! Pai, por que você está fazendo isso?
— É a única saída, precisamos de tropas, meu irmão se uniu ao povo das Montanhas, temo que vamos ser atacados logo, é melhor estarmos à frente das coisas. Lory, apenas estamos nos prevenindo, se os reinos de Cortona, Átila e Montenaro apoiassem Storm, nós estaríamos todos enterrados. Essa é a melhor solução.
— Pai... você...
— Não vamos discutir sobre isso. Lory está proibida de sair de Triwland do Norte, será mantida em cárcere até seu casamento — decretou o Rei.
— Eu não desejo me casar pai. — Lory afirmou.
— É pelo bem do Reino — disse Abba.
— Se pelo bem do Reino você vende sua filha, não quero fazer parte deste Reino — disse Lory indo para seu quarto, sendo guiada por dois guardas, que ficaram em sua porta daquele dia em diante.
Enquanto isso seus amigos seguiam viagem para as terras do Sul, indo ao encontro do Príncipe para lhe entregar a carta. Mal sabiam eles que a princesa estava em apuros e que a carta, apesar de ajudar Triwland do Sul, não ajudaria a princesa em nada.
Nota da Autora:
Alguém lembra quais eram os presentes que Minerva deu pra Virgínia?
O que vocês acham que está escrito na carta?
Abba entendeu Storm errado ou ele realmente quer entrar em guerra?
Vote! ☆
Beijos!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro