Capítulo II
II SAGAC Syri
Salão cheio, pessoas da mais alta classe social do reino estavam dançando ao som de arpas e tambores no centro do castelo. Vinhos feitos com uvas da mais alta qualidade, vestidos das mulheres casadas e solteiras feitos com a mais cara costureira e com a mais cara lã do país. O Inverno havia chegado e era a hora de comemorar toda a próspera colheita que tiveram dentro das muralhas da capital.
- Meu Senhor! - Cabisbaixa falava próximo aos ouvidos do rei. A Rainha Cortney estava em seu trono ao lado do seu esposo.
- Diga-me o que tu queres mulher! – Respondeu sem ao menos olhar nos olhos de sua amada.
- Estamos comemorando a colheita dentro das muralhas, mas lá fora há diversas pessoas morrendo de fome, o inverno não irá colaborar com essa crise. Minha antiga terra Seterfall precisa de mais atenção.
- Poupe-me de suas besteiras, aproveite o vinho. – Fala com ignorância entregando um cálice de ouro repleto de pedras preciosas cheio de vinho nas mãos da Rainha. – Seu pai não está reclamando do nosso acordo. O acordo sempre foi você casar comigo, eu governo todo o país e ele torna-se o conselheiro oficial do reino e regente enquanto eu estiver em viagem.
- Espero que um dia você viaje pelas terras mortas.
- Isso é uma ameaça? Não esqueça que a antiga rainha foi morta! – Pega uma taça na bandeja que a sua serva está segurando. – Abigail! Abigail! Espero que você não tenha que presenciar mais nenhuma morte de rainha. Agora pode sair e dormir com os porcos, hoje a festa será longa.
A rainha Cortney ficou totalmente desconfortável com a situação. Levantou-se do trono, ignorou as pessoas que queriam falar algo com ela e subiu as grandes escadas de mármore do castelo até chegar ao seu quarto. Não demorou muito para que alguém batesse na porta.
- Pois não! – Respondeu a Rainha.
- Sou eu Mãe!
- Entre meu Filho.
Cortney teve três filhos com o Rei Elliot, Edgar, Ed e Emer. Edgar era o mais velho dos três, o futuro rei de Sagac.
- Mãe eu estou preocupado assim como a sua face, mas não sei se é o mesmo motivo. – Edgar entrou no quarto de seus pais e logo fechou a porta, sentou ao lado da sua mãe na cama enorme com lençóis de veludo e bordados com os mais caros tecidos do país.
- O que tanto te preocupas meu filho? – Cortney colocou as mãos na perna de seu filho.
- É o Pai! Em todos os dias que passam eu fico mais velho e percebo que ele é louco. Tenho medo que ele quebre os tratados de paz com o país vizinho.
- Fique tranquilo com isso. Taufus tem um rei muito amigável e que aparece em nosso reino várias vezes em apenas um ano. Não tem motivo algum para o seu pai fazer uma coisa dessas.
- Às vezes eu penso que não quero suceder a Coroa, quero paz, viajar pelo mundo, conhecer os países que ainda não conhecemos.
Cortney levanta da cama e abre a enorme cortina que impossibilitava que a luz da lua cheia invadisse o quarto no topo da torre do castelo.
- Eu também tenho um pai doente por poder. Eu nunca quis ser rainha e hoje tenho vocês como as mais preciosas joias que alguém poderia possuir. O destino pode nos presentear com grandes surpresas meu filho. No mais, Tu não deves pensar nisso agora, seu pai é jovem e têm vários anos de reinado pela frente, você aproveitará a sua juventude.
- Como você tornou-se Rainha?
Essa pergunta tirou o conforto momentâneo da Rainha. A resposta era forte de mais para dizer ao seu filho de apenas 14 anos.
- Trocas de poderes, terras, território...
- Mas antes não havia outra rainha?
Sim Havia, Cortney presenciou a ordenação do rei Elliot. A Rainha carrega a culpa desse episódio até esse presente momento. Ela nunca soube o verdadeiro destino da antiga rainha e do filho que ela levou correndo em seus braços. Já tentou perguntar a sua serva Abigail que também era serva da antiga rainha e nunca obteve respostas.
- Digamos que o seu pai realmente é louco.
- Como é ser rainha e não ter poder de nada?
- Filho! Desde quando as mulheres podem ter poder de alguma coisa? Não esqueças das leis dos nossos deuses. Somos servas dos homens e estamos no mundo apenas para servi-los.
Cortney estava começando a ficar chateado com o tom da conversa.
- Mãe você merece mais, você pensa com mais racionalidade. Esse reino seria muito melhor se você governasse. Imagina a primeira mulher a governar um reino. E também deveria usar esse cabelo solto, você fica mais bonita.
- BASTA. – Cortney grita. – As minhas decisões não convém a você. O que eu decido é somente do meu interesse, agora saia. Volte para o salão, é muito estranho um príncipe e uma rainha desaparecer desse modo de um evento tão importante.
Edgar abre a porta do quarto e vai embora. Cortney fica refletindo sobre tudo que escutou do seu filho e sabe que ele tem razão. As mulheres têm um papel coadjuvante na história do mundo e ela gostaria de mudar isso, só não sabe como e por onde começar. Ela vai até o espelho e chorando, sentindo a dor da exaltação masculina, retira do graveto de ouro que segurava os seus cabelos no topo de sua cabeça. Os cabelos da Rainha se soltam, sendo derramados em seus ombros como água em cachoeira, sua lágrimas acompanham esse movimento. Seus olhos estão fixos e concentrados na moça bela que surgiu ao espelho. A verdadeira beleza de uma mulher escondida devido um casamento.
Alguma pessoa bate na porta do quarto.
- Senhora! – Era Abigail, a antiga serva das rainhas.
- Oi! Pode entrar, estou arrumando o meu cabelo. – Enxuga as lágrimas com grande rapidez e retoma a construção do penteado que estava. Abigail entra timidamente no quarto, uma mão segura à outra apoiada em seu colo, cabisbaixa. – O Rei exige sua presença no salão do trono, a dança real está prestes a começar.
Cortney desce ás escadas com um sentimento de raiva e rancor por seu esposo. Não sabe ao certo o que fazer em relação ao caos que está tomando conta de Sagac e fora das muralhas da capital. Ao chegar ao salão do trono, todos os convidados já estão em círculos, o centro do salão está livre e o seu esposo está acabando algum tipo de discurso.
- Olha quem voltou! – Aponta para a rainha e abre os braços. – A nossa majestosa rainha. Palmas para essa grande mulher que me ajuda a administrar esse país próspero.
Ela reflete a quantidade de mentiras do seu esposo que estão presentes em apenas uma frase.
A Música lenta começa a ser tocada. O Rei dança muito bem com a rainha, que não está olhando nos olhos de seu esposo.
- Algum problema? Depois você pode ter suas crises histéricas, o que eu preciso de você agora é um sorriso no rosto. – Murmura no ouvido de sua esposa.
- Você acha que eu colocarei um sorriso no rosto sabendo que há pessoas morrendo lá fora?
Antes que o rei responda algo toma a atenção de todos que estavam no salão. O Lorde Austin, o pai de Cortney entra no salão desesperado e gritando.
- Meu Rei! Desculpe-me a ousadia. – Fala fazendo um reverência ao rei.
- Oras não enrole e fale logo o que aconteceu.
- Um Grupo de líderes de protestos estão aí na porta do castelo e exige que você os receba. Acho que são de Seterfall, a quantidade é enorme. Acho que algumas pessoas de fora da muralha também acompanharam esse cortejo até aqui. Eles estão acompanhados de Gigantes também.
- Gigantes? Não se ouve falar desse ser desde a 5º grande guerra!
- Senhor eu aconselho você a receber pelo menos um líder. – Fala baixo para as pessoas do salão não escutarem um conselho tão mediador para um rei.
- Venha! – O Rei pega forte na mão da rainha e os dois vão até o trono e se sentam.
- Bem meus amigos, vocês verão como um rei administra o seu reino. – Todos no salão riem, percebendo o tom irônico do Rei. – Lorde Austin Cooper de Seterfall, traga o líder desse protesto.
Alguns Cavaleiros acompanham o Lorde. Não demora muito para entrarem com um homem, aparentemente muito novo. Os olhos da Rainha Cortney acompanham cada passo desse desconhecido, ela analise desde o pé coberto por uma bota de couro, até os olhos negros e profundos do homem.
- Como ousa interromper a festa de um rei desse modo garoto? Suas reivindicações são balelas e que não refletem a atual situação do reino, iremos distribuir essa vasta colheita por todos os lados de Seterfall.
- Minha reivindicação não é apenas por comida e sim por atenção. Um Líder de estado deve ter zelo por ponta a ponta de uma nação e não é isso que eu estou enxergando nesse reinado seletivo e que só se importa com esses merdas revestidos de tecido caro que estão no salão.
- OHHHH
- AHHHHHH
- O Que?
- MATE ELE!
Os gritos no são começam a surgir.
O Lorde Austin dá um tapão no rosto do desconhecido que cai no chão e não revida ao ataque.
- Respeite o seu rei e os nobres presentes garoto. Ninguém deu autorização para você falar ainda.
O Rei Elliot levanta do trono, desce os poucos degraus e caminha devagar em direção ao desconhecido que está apoiado no chão cuspindo sangue. Retira uma adaga da bainha que estava escondida dentro da longa manga de um de seus braços. Coloca o dedo indicador no queixo do desconhecido e aponta a ponta da pequena adaga para o olho esquerdo do desconhecido que começa a dá leves gemidos de medo. Todos no salão ficam em silêncio, torcendo para que o Rei crave a adaga no olho do líder dos protestos. Cortney segura firme no braço do seu trono.
Surpreendentemente o Rei só queria assustar o desconhecido e guarda a adaga na bainha. Dá as costas e começa a falar.
- O seu direito é legítimo. Proteste quantas vezes quiser, mas entenda que não é assim que as coisas funcionam. Não quero causar um massacre em minhas terras.
- Se você nos matar, virão outros e depois mais outros. Se você matar toda a população de Sagac outros países entrarão de guerra contra vocês. Você precisa de nós, somos a mão de obra, os agricultores. Você não nos matariam. Você pode evitar uma guerra civil.
O Rei dá uma alta gargalhada.
- Guerra civil? Você está brincando com a minha seriedade de administração? – O rei fala. Austin retira sua longa espada da bainha e vai em direção ao desconhecido. – Lorde Coorper! – Grita. – Pare agora mesmo, não vamos derramar sangue desse aí. Vá! E fique avisado que eu sou capaz de tudo. De esfolar a sua família e pendurar as cabeças nas muralhas da capital para todos verem que protestar contra a maior autoridade do país é um certificado de morte. Vá e aguarde que a colheita e meus olhares irão chegar até vocês. – O desconhecido morde os lábios de raiva e fecha os punhos. Olha ao seu redor, mas ver que diversos soldados estão ali, um murro no rei seria o seu fim e ele sabia que o rei merecia mais de ruim do que apenas um simples murro. – Levem-no de volta.
Os Cavaleiros pegam-no em seus braços e saem arrastando do salão de festas.
- Toquem. – O rei grita em direção à banda, que retorna a tocar. – Tragam o vinho principal. Todos para o centro do salão. – Espontaneamente todos os nobres começam a dançar.
O rei retorna até o seu trono.
- Como você pode ser tão previsível? – A Rainha questiona.
- O que você queria? Que eu desse um abraço no desconhecido e falasse que ficaria tudo bem?
- Você coloca a vida dos nossos filhos em risco.
Abigail se aproxima com duas taças de vinho. Entrega uma ao rei e outra a sua rainha.
- Um brinde ao meu reinado. – Fala para a Rainha.
- Não quero. – Responde dando o primeiro gole no vinho. – Que gosto bom, você não deveria ter guardado o vinho bom para o final da festa.
- Quem disse que esse é o final da festa? Ainda temos muito que comemorar. – O rei toma o primeiro gole e paralisa. Seus Olhos ficam arregalados.
- O que foi? Aconteceu algo?
A taça de vinho cai da mão do rei, quebrando totalmente no chão e desviando a atenção de todos que estavam no salão para o trono, onde o rei começava a se debater.
- ABIGAIL traga as ervas. – A Rainha Grita.
Ed e Emer correm em direção ao seu pai que começa a cuspir uma espuma branca pela boca e não para de se debater no chão. Um Cavaleiro segura nos braços das crianças e não as deixam se aproximar.
Abigail chega com um frasco de ervas, mas já é muito tarde.
O Olho do Rei Elliot estava completamente vermelho, a espuma branca agora estava preta e tinha parado de se debater. Abigail checa o pulso do seu Rei e confirma a notícia que muitos queriam escutar e outros nem tanto.
- Ele morreu! – Abigail fala para a Rainha.
Era o fim de um dos mais polêmicos Reinados de Sagac.
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