Capítulo 9: Sonhos Que Perturbam Um Guardião
Jonathan
Quando cheguei em casa, já no fim da tarde de sábado, fiquei pensando sobre o que Herik falou, se os gêmeos forem mesmo órfãos é incrível como conseguem ser tão bem humorados. Pelo que conversamos os gêmeos junto com Jasper vão se mudar para nossa cidade para facilitar o treinamento.
- Filho? Está me escutando? - Ouvi a voz da minha me chamando e lembrei que estávamos jantando, minha mente anda muito distante nos últimos dias.
- Que foi? - Perguntei bebendo um pouco do meu suco, meu pai não estava em casa, chegaria mais tarde do trabalho.
- Perguntei como foi seu trabalho de escola...seus amigos parecem bem simpáticos! Aquela loira, Sophia, é muito gentil! - Falou com um sorriso, mal sabe ela o quanto Sophia é debochada.
- Foi tudo ótimo, achamos o livro certinho para fazer o trabalho, e... admito que eles são legais, mas não somos amigos, amigos, ainda... - Falei - É preciso de tempo para considerar alguém um amigo.
- Você tem razão! Amanhã eu vou sair com sua tia Ketlyn, para compar coisas para sua irmã, não se importa em ficar sozinho não é? - Perguntou, Ketlyn era casada com meu tio Dean, irmão do meu pai.
- Não me importo, não. Mas e meu pai? Ele também vai sair? - Perguntei.
- Vai sim, apareceu um trabalho novo, três apartamentos para fazer! - Minha mãe sorriu e voltou a comer, meu pai era arquiteto, minha mãe tinha cabelos castanhos e seus olhos eram iguais aos meus. Meu pai era moreno e todos diziam que nossos sorrisos eram iguais.
Após o jantar fui para o quarto, durante o jantar eu tentei manter meus poderes desligados, sempre que sentia que ia me conectar a mente da minha mãe eu me concentrava e não fazia isso. Preciso treinar um pouco antes dos outros treinos começarem. Após um tempo lendo um livro de psicologia eu acabei dormindo.
Tive a sensação de estar me afogando e quando abri os olhos me vi emergido em um mar de águas escuras, uma luz pálida acima da água reluzia como se fosse a lua. Fiquei desesperado e senti uma dor no ombro vi que meu Selo brilhava e após uma explosão a água desapareceu, me vi em uma floresta.
Eu estava ofegante e cai de joelhos, o barulho de algo sendo arrastando me fez olhar para trás, vindo em minha direção estava uma figura coberta por roupas pretas, não era possível seu rosto e ela trazia uma espada de pelo menos dois metros arrastada pela mão esquerda.
Tentei me levantar mas duas correntes finas e douradas saíram do chão e prenderam meus pés. A figura andou até mim e parou a minha frente, senti o peso da morte em cada passo seu e a espada foi levantada pronta para cortar minha cabeça, mas no último instante, quando a lâmina já vinha em minha direção uma barreira de água parou a espada.
Segunda-feira de manhã...
- Sua cara tá péssima...
- Não me diga, acha que não me olhei no espelho? - Questionei arqueando a sobrancelha, Herik deu de ombros já chegando a porta da sala - Quando os Willians Fox vão se mudar?
- Acho que hoje mesmo, amanhã eles já viriam para a escola... - Ele falou contendo um bocejo com a mão e entrando na sala de aula - Eu nem gosto de estudar as matérias obrigatórias agora vou ter que estudar conteúdo extra! - Reclamou jogando a bolsa em uma cadeira perto da janela.
- Não adianta reclamar, não vai mudar nada! - Falei me sentando na cadeira ao lado dele - Acho que... - Bocejei pelo sono perdido após o sonho - Com o tempo só piora!
- Que deu em você? É sempre tão otimista, nem tente pegar o meu papel! - Ele deu um meio sorriso sarcástico pegando o caderno na mochila, ainda faltava um bom tempo para a aula começar - Um pessimista só é o suficiente!
- Acho que a falta de sono está afetando meu cérebro... - Falei pondo o cotovelo na mesa e apoiando a cabeça na mão.
- E por que você não dormiu? - Perguntou abrindo em uma página qualquer e pegando um lápis começou a rabiscar o papel.
- Tive um sonho muito estranho... acho que tem haver com o livro, não parecia um sonho comum entende? - Contei num sussurro, Herik me encarou parando de rabiscar o possível esboço de uma árvore.
- Como foi esse sonho? - Perguntou voltando a desenhar, contei a ele tudo que eu me lembrava sobre o sonho, ele escutou, acho que prestou atenção, aos poucos os alunos foram chegando mas não vi sinal de Sophia - Esse sonho é quase como as visões, as visões nos mostraram o que já aconteceu... - Ele falou - E esse sonho pode estar mostrando o que vai acontecer.
- Como uma previsão?
- Basicamente. Não sei muito sobre isso, mas, minha avó Hetel, acreditava que os sonhos contam coisas, e julgando pela nosso sorte algo ruim pode estar prestes a acontecer ou não. - Ele disse sem tirar os olhos do papel.
- Algo ruim tipo o quê? Eu me afogar? - Perguntei me ajeitando na cadeira e tirando o cotovelo da mesa.
- Você sabe nadar? - Perguntou parando de desenhar mas não me olhou.
- Não. Acredite se me virem boiando na água é porque morri! - Falei e ele sorriu passando a mão no rosto - Acho que o que vai acontecer está mais ligado a figura que queria me matar...
- Não dava para ver o rosto, certo? Deve ser um enigma, tipo alguém que se esconde quer te matar... - Ele disse pegando um lápis de cor azul escuro e rabiscando papel.
- Ou pode querer matar todos nós... você também é um Guardião, pode estar correndo perigo também, na verdade acho que podemos ser atacados a qualquer momento... - Falei num sussurro.
- Atacados por quem? - Perguntou arqueando a sobrancelha - Escuta, ficamos pensando que estamos correndo perigo e na verdade estamos, mas, é um perigo invisível que não sabemos o que é! Não sabemos o que ou quem quer nos matar. - Falou.
- Você tem razão... - Falei olhando pela janela, o Sol estava coberto por algumas nuvens e o dia estava abafado.
- Claro que tenho, escuta, quase ninguém sabe que somos Guardiões, digo criaturas que podem se interessar em nos matar nem sabem que existimos! - Ele deu de ombros - Só acho que, esse sonho representa algo que vai acontecer daqui um bom tempo entende?
- Acho que sim, mas os Guardiões, nós, deveriam ser algo bom não é? Não vejo motivos para alguém querer nos matar a não ser que queira as Flores Celestiais e... - Fiz uma pausa encarando Herik que finalmente me olhou - Só consigo pensar em uma pessoa que possa querer isso...
- Mervus... - Ele sussurrou entendendo meu raciocínio - Acha que a figura pode ser ele? - Perguntou deixando o desenho de lado, ele havia desenhado uma paisagem muito bonita com um lago e várias árvores - Que ele vai voltar e tentar matar a gente?
- É possível...é possível? Quer dizer ele está preso não está? Aquele tal de Universo Alternativo é uma prisão de segurança máxima, ele não fugiria... ou fugiria? - Perguntei, Herik me encarou e depois olhou para seu desenho, o sinal tocou.
- Eu acredito que tudo sempre pode piorar, então... - Ele fechou o caderno e vi Sophia e Megan estarem correndo na sala Megan se sentou na minha frente e Sophia na frente de Herik - Onde estavam? - Ele perguntou mas antes que elas podesse responder o professor de ciências, Ezequiel entrou na sala.
O professor Ezequiel tinha cabelos castanhos e compridos que estavam amarrados em um rabo de cavalo, seus olhos eram verdes e ele era bem calmo, sua voz chegava a ser chata.
- Bom dia turma. Fiquem calados e prestem atenção na aula. E por favor...peço as senhoritas Sophia e Megan que não corram pelos corredores outra vez. - Falou se sentando na cadeira atrás da mesa. As meninas sorriram quando olhamos para elas.
A aula começou e tentei prestar atenção o máximo que pude, após termos as três aulas do primeiro período fomos para o refeitório já estava na hora do almoço. Nos sentamos juntos e conversamos durante um bom tempo. Já tínhamos terminado de almoçar quando lembrei que tinha que contar a Sophia sobre o sonho.
- ...e eu acho que ele matou ela para se vingar, os detetives só não perceberam ainda porque tem alguém infiltrado, tenho certeza! - Megan disse, ela e Herik discutiam sobre uma série policial que eles assistiam.
- Não faz sentido...se tem alguém infiltrado as provas já teriam sido queimadas, e os detetives desconfiam dele sim, por isso acho que não é ele! - Herik rebateu - Vai ser alguém que eles nem imaginam...
- Séries policiais me dão sono... - Falei encarando Herik - E depois eu fico sonhando acordado para desvendar as coisas! E fico querendo contar para alguém o que eu descobri. - Discretamente mostrei Sophia com os olhos e Herik entendeu.
- Sei bem como é, Megan eu preciso muito ir na biblioteca, vamos comigo? Prometo que não demoro! - Ele falou se levantando - Também quero te mostrar um desenho... - Ele a pegou pelo braço e saiu do refeitório.
- Que que deu nele? - Sophia perguntou.
- Foi uma desculpa, preciso falar com você! Tive um sonho noite passada e acho que está ligado ao livro e aos nossos poderes! - Sussurrei.
- Um sonho ligado aos nossos poderes? Me conta como foi o sonho... - Ela falou sussurrando e eu contei todo o sonho para ela - Que estranho... um sonho assim não deve ser comum mesmo, você disse que a água te protegeu?
- Sim, primeiro eu estava me afogando e depois a água me salvou de perder a cabeça! E a figura parecia... sombria... - Falei.
- Talvez o sonho queira nos dizer algo, assim como as visões, elas nos mostravam o possível momento em que Alvorada salva Sirius. - Ela disse e pouco depois o sinal tocou.
- Ainda não entendi muito bem o motivo de vermos o Sirius ser salvo, bem ele vai nos ajudar com o treino, certo? Mas como alguém poderia saber disso? E como poderíamos ver isso sendo que aconteceu quando nem éramos nascidos! - Falei e começamos a deixar o refeitório.
- Exatamente por isso minhas suspeitas de que essas visões foram mandadas só crescem! Alguém mandou essas visões para nos alertar ou algo assim. - Ela disse gesticulando com as mãos.
- Mas quem teria esse poder? Mexer assim com a mente das pessoas para implantar visões...e no mais éramos crianças quando elas começaram. - Rebati andamos em silêncio até chegar nas escadas.
- Olha, eu acho, acho que pode ter sido Alvorada, só consigo pensar nele para isso. Mas como ele poderia saber que nós somos os Escolhidos para Guardiões? - Questionou - Tipo é como você disse: éramos crianças!
- Sabe o que eu acabei de lembrar?! Sirius nos disse que somos mágicos desde que nascemos, Alvorada pode ter nos rastreado e colocado essas visões em nossa mente! - Falei quando terminamos se subir as escadas.
O que eu falei até que tem sentido, ela abriu a boca e fiz sinal de silêncio pondo o indicador na frente da boca, havia vários alunos voltando para suas salas então ficamos em silêncio até chegar a nossa. Herik e Megan já estavam lá e Herik mostrava o desenho de mais cedo para ela.
Após as aulas fui embora de bicicleta, decidi que seria bom começar a fazer algum exercício físico. Como minha mãe minha saído eu estava sozinho. Após dormir um bom tempo eu me levantei e vi uma mensagem de Sophia. Resolvi ligar para ela.
- Oi, Jonathan!
- Oi, estava dormindo vi sua mensagem agora, o que aconteceu? - Perguntei indo até a janela do quarto.
- É sobre os Willians Fox, eles já se mudaram, vão ser meus vizinhos, acredita?! Herik já chegou aqui, estamos na nova casa deles, vem pra cá. - Pediu.
- Certo, chego em quinze minutos! - Falei e depois desliguei o aparelho, me afastei da janela e peguei uma toalha indo para o banho precisava acordar direto.
Desci as escadas enquanto colocava meus óculos, peguei minhas e chaves e sai de casa. Após alguns minutos cheguei na rua da casa de Sophia e vi um caminhão de mudança na frente de uma casa ao lado da dela. Segui pela calçada e vi três figuras paradas perto de um carro.
- Até quem fim! - Sophia exclamou sorrindo quando me viu, Herik e Rafael estavam junto com ela.
- Boa tarde! - Falei me aproximando e pondo as mãos nos bolsos da calça jeans.
- Tarde! - Herik e Rafael responderam em coro.
- Como vai a mudança? Falta muita coisa? - Perguntei vendo dois caras fortes passarem carregado um sofá e um outro com uma mesa.
- Para ser sincero eu nem sei...! - Rafael disse com um sorriso - Quem cuidou de tudo foi a Sharon, ela fez questão! - Contou.
- Melhor ela que a Micheline! - Alguém falou perto de nós, quando me virei vi que Raquel vinha em direção com cara de deboche, os cabelos ruivos presos em rabo de cavalo - Sharon pelo menos sabe sorrir!
- Tem razão, Micheline não sorri ela rosna! - Rafael disse sorrindo, acabei sorrindo também assim como Sophia, Herik esboçou um meio sorriso - Como estão as coisas lá dentro?
- Uma bagunça! Mudança da taaaanto trabalho! Tio Jasper ainda não voltou, não é? - A ruiva perguntou.
- Não. - Herik disse desviando de um homem com três caixas de papelão que nem devia deixar ele enxergar direito.
- Aonde ele foi? - Perguntei curioso.
- Fazer nossa matrícula, ele quer adiantar as coisas para amanhã mesmo já voltarmos a estudar, acho desnecessário! - Raquel respondeu levantado as mãos.
- Não aja como se não gostasse de estudar! Você sabe que gosta! - Rafael disse cruzando os braços frente ao peito cobrindo em parte o número 66 que estava estampado na camisa preta.
- Não é porque eu gosto que eu preciso estar sempre estudando, mal sai daquela escola e já vou para outra! Ninguém merece! - Reclamou pondo as mãos na cintura, ela vestia um vestido preto simples.
- Concordo com você, ruiva. Eu não sou muito fã da escola, mas até que gosto de estudar, do meu jeito, claro. - Herik disse pondo a mão no bolso da bermuda e procurando algo, ele tirou um celular de lá - Será que Jasper vai demorar? Ele disse que queria falar com a gente... - Acho que ele olhou as horas e guardou o aparelho outra vez.
- Não sei, vamos entrar logo, a bagunça está só no andar de baixo, acho que vi uma sala vazia no andar de cima, esperamos ele lá! - Raquel sugeriu.
- Melhor do que ficar aqui! - Sophia disse se afastando do carro, Raquel tomou a frente em direção a casa seguida de Sophia que estava de calça jeans também, logo Rafael, Herik e eu também entramos - Você não sabe sobre o que ele quer conversar?
- Não, ele não me disse nada. - Respondeu, quando chegamos a sala estava uma bagunça, um monte caixas s móveis espalhados - Talvez a Sharon saiba, venham comigo. - Ela saiu andando e fomos atrás dela.
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