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Capítulo 45: A Não Normalidade da Vida

Jonathan

Encarei o teto branco e alto do quarto.

Era meu aniversário. Parabéns pra mim! Não era muito legal fazer aniversário no último dia do ano, e esse foi um baita ano! Adeus 2010! Que 2011 seja mais tranquilo, amém. Queria que mais alguém tivesse lembrado que era meu aniversário, mas acho que todos tinham muita coisa na cabeça para lembrar, e eu também tinha, mas não dava para esquecer o dia em que eu nasci, né.

Senti muita falta da minha família. Meu pai, minha mãe, minha irmã... esse seria meu primeiro aniversário com Laura Helena, e a vinda para cá me tirou isso. Tá certo, não pense nisso, você fez coisas importantes aqui, Jonathan, foi por uma boa causa, foi por uma boa causa, foi...

--- Ô princesa! --- Alguém gritou batendo na minha porta --- A donzela não pode dormir para sempre, levanta! --- Rafael. Certeza.

--- Escuta aqui diabo ruivo... --- Comecei abrindo a porta --- Se você tirar essa porta das dobradiças, vai colocar de volta sozinho. --- Cruzei os braços.

Rafael fez uma careta. Espero que o que aconteceu com Megan não faça mal a ele. Não quero que ele fique triste por isso, assim como não quero que isso aconteça com Sophia. Após alguns minutos Rafael e eu descemos para o Refeitório.

--- Então você está mesmo bem? --- Perguntei para o ruivo, viramos em um corredor.

--- Quando eu finalmente dou ao amor uma chance, sou traído. Não é o tipo de traição convencional, mas pelo menos eu não tenho um par de chifres! --- Rafael colocou os dedos indicadores nas laterais da cabeça.

Rimos da imitação de um boi que ele fez e chegamos a entrada de mármore do Refeitório, os alunos não ocupavam mais os corredores, apenas guardas e funcionários. Todos estavam em seus Continentes, em suas casas, com suas famílias...

--- Se precisar conversar sobre suas desilusões, pode me procurar, sou quase um psicólogo. --- Zombei. Rafael riu, mas ele sabia que podia contar comigo --- Ela não merecia você, cara.

--- Eu sei. Mas ela beijava tão bem. --- Rafael suspirou teatralmente, sorri e entramos no Refeitório, eu precisava mesmo de um café da manhã, e não tinha praticamente ninguém aqui --- O quê achou da reunião de ontem? Bela explicação a do Alvorada, em.

--- Ele não parecia estar mentindo... --- Comentei enquanto atravessavamos o corredor de mesas e bancos vazios até a nossa mesa, bem menor que as outras e do outro lado do Refeitório --- E espero que não estivesse, gosto de pensar que ele falou a verdade.

--- É, eu também... --- Rafael disse olhando as esferas luminosas suspensas em fileiras no teto --- Só é uma pena que não tenha sido ele a mandar o sonho. --- Comentou, assenti --- Bom dia. --- Ele cumprimentou quando chegamos a nossa mesa.

Herik e Jasper interromperam a conversa pra nos dar bom dia, Sophia, que tinha os olhos um pouco inchados, nos deu bom dia quando Rafa e eu nos sentamos, Raquel acenou com a cabeça e Sirius sorriu ao dar bom dia. Ele parecia muito feliz em poder desfrutar de comida outra vez, ser um livro não tinha tantas vantagens assim.

--- E quando Ezra sai da Enfermaria? --- Sirius perguntou empilhando bolinhos de uva no prato.

--- Amanhã. Ariela disse que para um humano ele se recuperou muito bem, é mais por precaução que ele ainda esta lá. --- Jasper respondeu.

--- Que bom que ele está se recuperando. --- Sophia comentou, a loira afastou o prato, a comida pela metade --- Acho que hoje é um dia muito especial... --- Ela me encarou, sorrindo. Quê?

--- Oh sim, ia me esquecendo, uma data realmente muito importante... --- Raquel sorriu. Não acredito que elas lembraram do meu aniversário, sorri --- É réveillon! --- A ruiva riu.

Meu sorriso morreu no rosto. Eles começaram a fazer comentários sobre a data, e sobre o novo ano que começaria, comecei a brincar com a comida no prato. Usei os bolinhos e a carne para fazer uma carinha triste e ignorei toda a conversa deles.

--- Nossa, Jonathan, que carranca... --- Herik disse, encarei o loiro, ele estava rindo, idiota --- Para alguém que está fazendo aniversário você está muito triste! --- Exclamou.

--- Quê? --- Franzi as sobrancelhas. Acho que não ouvi direito.

Todos na mesa começaram a rir. Sirius tirou uma grande bandeja do espaço vazio no banco onde estava, uma redoma de prata me impedia de ver o que tinha lá, ele a pois sobre a mesa. Eles lembram do meu aniversário?

--- Achou que tínhamos esquecido? --- Sophia sorriu, fiz que sim com a cabeça, Sirius retirou a redoma da bandeja e um bolo em forma de gota d'água apareceu bem a minha frente --- Não tivemos muito tempo, e os anões que trabalham na cozinha não são tão fáceis de convencer. --- Explicou.

--- Deu um trabalhão para convencer eles a fazerem um bolo, eles não costumam fazer isso por aqui, então tivemos que explicar para eles... --- Herik disse --- Sorte a nossa que você dorme muito!

--- Obrigado... --- Consegui dizer. As lágrimas de felicidade ameaçaram meus olhos e me senti muito feliz --- Por tudo.

Eles sorriram e começaram a me dar os parabéns, e enquanto comíamos o bolo, o melhor que já comi, me contaram como Sophia e Herik acordaram todos na madrugada para planejar isso, e em como foi difícil achar a cozinha, e que Eclan era quase um santo para Sophia agora, por ter os ajudado, mas que fora proibido pelos anões a entrar na cozinha outra vez. Foi uma manhã maravilhosa, e meu aniversário ainda traria muitas surpresas.

--- Vai haver uma cerimônia de homenagem aos mortos na Revolta dos Condenados. --- Eclan contou, Sophia e eu havíamos descido até a Recepção para levar um pedaço do bolo para ele --- Ao entardecer, no Memorial dos Poderosos, o muro que tem no caminho para a floresta. --- Explicou.

--- Vocês tiveram muitas baixas? --- Perguntei, era uma pena que tantas vidas foram perdidas. Eclan tirou a tampa do recipiente quadrado onde estava o bolo.

--- Não foram muitas como eu pensei. Mas uma colega do meu antigo Time de Elite morreu, assim como muitos outros, mas ela morreu como um heróina. --- Eclan pegou o garfo de prata.

--- Sinto muito por sua amiga. --- Sophia falou se apoiando na bancada de mármore.

--- Sinto muito também. --- Falei. Eclan deu um sorriso triste. Sua pele pálida parecia papel, ele começou a comer o bolo --- Vemos você no Memorial, então.

--- Até mais tarde, Eclan, e muito obrigada pela ajuda, mais uma vez! --- Sophia se afastou da bancada com um sorriso --- Nem sei o que teríamos feito sem você!

--- Disponha. Precisando... --- Ele sorriu --- É só chamar, sabem onde me achar! --- Ele gesticulou para a bancada e para o salão.

Sophia e eu saímos do salão e com passos preguiçosos fomos em direção as escadas. Os Concelhos estavam trabalhando juntos para criar a aliança, e faziam a contabilização dos mortos e feridos. Eclan disse que Lia não havia partido para seu continente, Abizes, seus colegas de Time de Elite, que Sophia me informou já conhecer, estavam na Enfermaria e ela ficou para ajudar Ariela.

--- Como você está? Com tudo isso? --- Perguntei a Sophia quando chegamos as escadas, que levavam ao segundo andar.

--- Sinceramente? Ainda não sei. --- Ela suspirou --- Não estou bem, isso é fato, aconteceram muitas coisas, e sei que vão acontecer muitas outras e que temos que estar prontos, mas por mais que eles digam que não somos normais e que temos grandes responsabilidades, ainda somos adolescentes! --- Ela parou de subir os degraus --- Não temos uma mentalidade boa assim para lidar com tudo isso.

--- Eu concordo, em parte. --- Falei parando alguns degraus abaixo dela --- Ser um Telepata não era bem o que eu queria, e por mais que eu tenha me esforçado pra caramba nos treinos psicológicos, minha mente ainda tá uma bagunça, imagina ficar lidando com a mente de outros. --- Me apoiei no corrimão.

--- Não deve ser fácil, e considerando que já temos tantos problemas, um adolescente não devia passar por isso. --- Ela também se apoiou no corrimão de madeira --- Já somos pirados de natureza e ainda vem mais essa! --- Sorri.

--- Pelo menos tivemos um treinamento antes de vir pra cá, eu ia surtar se descobrisse tudo de uma vez e já tivesse que vir pra cá, eu nem ia conseguir lutar! --- Admiti.

--- Tivemos muita sorte, sem a família dos gêmeos estaríamos ferrados! --- Ela concordou.

--- Com certeza estaríamos! --- Falei me afastando do corrimão --- É difícil imaginar como estaríamos sem eles, devemos muito aquela família, eles cuidaram do Sirius e agora de nós também. --- Comecei a subir os degraus outra vez.

--- Eles mereciam um prêmio! --- A loira recomeçou a caminhada --- Mas tudo que conseguiram foi perder a Kayla... --- Sua voz sumiu.

--- Ei, também não é assim, ela fez uma escolha, todos nós fizemos e por mais que eu esteja triste, sei que ela morreu feliz de ter feito algo. --- Apressei o passo e fiquei ao lado dela --- Quando eu morrer espero que seja com tanta honra e coragem quanto ela.

--- Uau você está muito poético hoje, tudo isso por ter feito dezesseis anos? --- Ela zombou, a escada havia terminado --- Você está certo, ela fez uma escolha, só não quero perder mais ninguém. Tenho medo do que pode acontecer daqui até assumirmos como Guardiões de verdade. --- Ela franziu as sobrancelhas.

--- Certamente não teremos muita paz e depois de assumir nosso lugar muito menos. --- Falei, andamos pelo pequeno salão que levaria a um atalho para o terceiro andar.

--- Acha que Alvorada vai se aposentar? Sabe depois que a gente assumir nosso posto. --- Sophia perguntou, viramos em um corredor.

--- Talvez, ele parece meio acabado... --- Comentei --- São muitos anos lutando e protegendo as Flores, deve ser bem cansativo.

--- Será que as Flores vão ficar presas nos nossos corpos para ficarem seguras? --- A loira questionou --- Como elas estão nas mãos de Alvorada, entende.

--- Espero que não, já tenho minha tatuagem repleta de magia Celestial, essa eu passo. --- Brinquei, chegamos a um lance de escadas que subia por uma torre.

--- Tá, mas e se não tivermos escolha? For obrigação, o que vai fazer? --- A loira levantou as sobrancelhas.

--- Isso é matemática simples: são duas flores, quatro Guardiões. Dois não vão precisar carrega-las e eu pretendo estar nessa conta. --- Sorri.

--- E se fizerem um rodízio? --- Ela pois as mãos na cintura.

--- Está mesmo preocupada com isso? --- Tombei a cabeça de lado --- Temos muitos anos até lá, tipo, só vamos nos mudar pra cá em dois anos, e eu duvido muito que eles vão nos deixar assumir o posto antes dos vinte. --- Comecei a subir as escadas.

--- Não estou com pressa para isso. --- Ela veio atrás de mim --- Queria aproveitar por mais tempo uma vida normal.

--- Queria ter aproveitado mais antes desse ano começar, daqui pra frente é só ladeira abaixo! --- Exclamei.

--- Não diz isso! --- Sophia me deu um tapa no ombro --- Não é para tanto.

***

Quando a tarde chegou perto do fim, todos seguimos pelo caminho de pedras brancas atrás do Prédio do Concelho, enfileirados, chegamos ao espaço aberto e arborizado entre o Concelho e os outros prédios, no caminho para a floresta que levava ao Porto. O grande muro feito de pedras azuis se erguia imponente a nossa frente. O Memorial dos Poderosos.

Todas as autoridades da Província estavam aqui: Os Regentes, os Ministros, os Representantes, as Generais, com exceção de Ariana Seelis, guardas, funcionários e o Concelho do Céu também.

Os dois Concelhos estavam a frente do Memorial, todos vestidos de branco, e a Regente Aliciana havia saído da Enfermaria, mas parecia muito pálida. Todos usávamos as vestimentas de luto, entregadas por Arry algumas horas antes. As roupas eram brancas, vestidos longos para mulheres, com uma coroa de lírios brancos para a cabeça, calças e túnica para homens, junto com um colar de rosas brancas.

Alvorada estava entre os dois Concelhos, as vestes como as de todos os outros. Eu nunca tinha estado em uma cerimônia dessas, e nervoso era apelido para o meu estado no momento.

Uma grande bacia de pedra estava entre o Memorial e nós, bem a frente de Alvorada. Sophia e Herik estavam um de cada lado meu e Sirius ao lado de Sophia, Jasper, Raquel e Rafael logo atrás de nós, vi Lisandro de relance no meio da multidão, Eclan e Lia haviam nos cumprimentado enquanto saíamos do Prédio, assim como Selena e os outros Assistentes dos Ministros.

Os familiares e amigos dos mortos ocuparam todo o espaço arborizado, a luz do sol começava a sumir entre a Ndarje e as estrelas que a formavam começavam a brilhar. Senti um aperto no peito quando os Concelhos começaram a cantar. Juntos.

Era uma melodia muito bonita, suave, cantada em latim. Eles cantaram por muitos minutos, e então os presentes começaram a se encaminhar para a bacia de pedra. Eles se curvavam, mas não para Alvorada ou para os Concelhos, e sim para o Memorial. Cada um criava uma esfera com sua magia, a deixava flutuando sobre a bacia de pedra e com um floreio de mão, a esfera se desfazia e a magia escorria líquida para a bacia. Um a um todos fizemos isso.

Fiquei nervoso quando chegou minha vez e a esfera demorou a se formar, mas no final, quando todos já haviam indo a bacia de pedra e voltado, Alvorada fez toda a magia líquida flutuar até o Memorial, a magia se dividiu e ocupou os tijolos azuis vazios, em cada tijolo um nome apareceu em dourado, vi quando o nome de Kayla foi escrito, eram os nomes dos mortos. Os Concelhos pararam de cantar quando Alvorada terminou de escrever.

--- Que a luz dos Celestiais guie vossas almas até o destino final! --- Alvorada exclamou para as pedras azuis do Memorial.

Então todos, incluindo os dois Concelhos e Alvorada, se ajoelharam enquanto a noite chegava por completo.

***

--- Já sabem que dia vamos voltar? --- Herik perguntou a ninguém em especial, íamos até a Enfermaria visitar Ezra.

--- O encanto de Lisandro ainda vai durar mais alguns dias, vocês ainda têm questões burocráticas para tratar por aqui. --- Jasper respondeu, faltavam bons minutos até a hora do jantar --- Mas não vamos demorar muito mais.

--- Acho que nunca quis tanto ir pra casa... --- Sophia falou baixo, viramos em um corredor --- Estou com saudades da minha cama! --- Sorriu.

--- Ah eu prefiro a daqui! --- Raquel sorriu sarcástica --- Uma pena que nunca dormi uma noite inteira nela. Acho que estou até com uns cabelos brancos...

--- Que exagero. --- Rafael fez careta --- Sinto falta do mundo dos humanos, acho que estou com trauma de bibliotecas... isso graças a Madame Vector!

--- Eu que o diga. --- Jasper encarou as pequenas cicatrizes em seus dedos --- Pelo menos vamos ficar um tempo sem vir aqui, é o que eu acho.

--- Eles certamente não vão nos chamar para umas férias. --- Raquel cruzou os braços --- Não vou sentir falta dos dragões. --- Deu de ombros.

--- Eu também não! --- Sorri --- Prefiro andar de bicicleta, ou de táxi. --- Eles sorriram e continuamos nosso caminho até a Enfermaria.

Ariela não queria que nós ficássemos perambulando pela Enfermaria enquanto ela tinha tanto trabalho, então logo nos levou ao quarto de Ezra, e pediu, lê-se mandou, que a gente não demorasse. Passamos um bom tempo conversando com ele, que me deu os parabéns pelo aniversário e se desculpou por não ter ido a homenagem.

--- Se sente bem para ter alta? --- Raquel perguntou a Ezra. O homem de olhos verdes sorriu, ele parecia pálido e tinha curativos pelo rosto.

--- No geral, me sinto bem, sinto dores de vez em quando, mas as poções de Ariela tem ajudado muito, estou pronto para outra. --- Ele respondeu se sentando na cama --- E vocês como estão?

--- Indo. Não vejo a hora de voltar para casa! Aquele piralho do David deve estar com saudades de você. --- Rafael comentou.

--- O horário de visitas acabou! --- Ariela abriu a porta e entrou no quarto --- Já está na hora do jantar e ele tem que descascar. Pra fora cambada. --- Ela apontou para a porta, os cabelos negros presos numa trança.

--- Nem mais cinco minutos? É a nossa primeira visita, não tem desconto? --- Perguntei cruzando os braços.

--- Não. Não tem. --- Ela respondeu simplesmente --- A Enfermaria é a minha área, eu mando aqui. Precisam deixar ele descansar. --- Ela cruzou os braços.

--- Então passamos aqui amanhã, quando ele receber alta. --- Sirius disse. Ariela franziu as sobrancelhas e ameaçou abrir a boca.

--- Ariela! --- Lia exclamou abrindo a porta e quase caindo ao entrar no quarto, a moça dos cabelos roxos estava ofegante --- A Morgan! Ela está acordando!

--- Acordando?! --- Ariela se virou para a bruxa, Lia assentiu e Ariela saiu a toda velocidade do quarto.

Morgan...a espiã Assistente da Minstra Samira, aquela que arriscou tudo para conseguir informações para nós, e que acabou em coma por isso. Ainda bem que ela acordou. Lia nos encarou por um tempo e sorriu, ela acenou para Ezra e então saiu do quarto, quase caindo ao fechar a porta.

--- Não deveríamos ir vê-la? --- Perguntei ancioso. Eu queria ver com meus próprios olhos que ela estava bem, já que eu vi o que ela passou.

--- Cara, ela nem conhece a gente. --- Rafael sorriu --- Ela estava em coma quando a vimos, se entrarmos lá ela vai é se assustar.

--- Estou surpresa, mas ele está certo. Podemos passar lá depois, amanhã ou algo assim. --- Raquel falou dando batidinhas em meu ombro --- Vai ter tempo para conversar com ela, relaxa.

--- Por que acha que eu quero falar com ela? --- Franzi as sobrancelhas. Raquel levantou as dela.

--- John, você esteve na mente dela, sei que quer falar sobre isso, sobre ter invadido algo tão pessoal... --- A ruiva suspirou --- Quer pedir desculpas, não quer?

Abri a boca, acho que nem eu sabia que queria pedir desculpas a ela, eu achava muito errado invadir a mente de alguém, e nunca o fiz caso não fosse MUITO necessário, e eu nem conhecia essa Morgan e invadi a mente dela e suas lembranças, embora eu só tenha visto coisas de quando ela saiu do Concelho até o dia em que ela voltou. Mas ainda assim eu queria falar sobre isso com ela.

--- Achei que eu lesse mentes... --- Brinquei --- Mas você tem razão, acho que preciso falar com ela. Mas não agora, melhor amanhã.

--- Podemos passar no quarto dela antes do Ezra receber alta. --- Herik sugeriu --- Acho que ela pode ter informações, algo a mais que John não viu na mente dela.

--- Estive pensando sobre isso... --- Jasper começou --- E acho que pode ter sido Megan a delatar Morgan, não é suspeito que ela tenha sido descoberta no mesmo dia em que contaram para todos nós sobre a espiã? --- Sugeriu.

--- Isso faz muito sentido... --- Herik disse cruzando os braços --- Seria mais uma traição para a conta dela.

Deixamos Ezra e fomos jantar, não dormi muito bem a noite, e quando acordei estava com olheiras horríveis embaixo dos olhos. Era dia primeiro de janeiro. Oficialmente 2011. Logo cedo fomos a Enfermaria, teríamos uma reunião com o Concelho para pegar nossas Jóias de Disfarce e para marcar nossa volta a Erde. Finalmente para casa!

--- Estou repensando essa visita... --- Comentei quando chegamos ao corredor do quarto de Morgan.

--- Vai amarelar agora? --- Raquel zombou ajeitando o sobretudo preto no corpo.

--- Eu não usaria essa palavra. Só acho melhor passarmos no quarto dela outro dia, amanhã ou depois, ou dia de São Nunca... --- Falei dando meia volta.

--- Ah não! Nem pensar! --- Sophia agarrou meu braço --- Ela é uma bruxa, não um bicho! --- Exclamou me arrastando, Rafael e Jasper riram --- Temos isso como um dever já que somos os Escolhidos.

--- Isso parece uma desculpa esfarrapada, Jonathan. --- Herik comentou --- Aquele ali é o quarto dela, certo? --- Apontou para a última porta do corredor.

--- É sim, vamos lá. --- Jasper assentiu tomando a frente e batendo duas vezes na porta, Selena a abriu --- Bom dia, viemos ver a Assistente Morgan.

--- Oternar. Entrem. --- A bruxa de cabelos brancos deu espaço para entrarmos --- Ela está se recuperando muito bem. --- Comentou.

O quarto estava igual a primeira e última vez em que estive aqui, a pequena janela estava aberta, na escrivaninha um vaso com lírios brancos, as cortinas que cercavam a cama de solteiro estavam afastadas e Morgan estava sentada, as costas apoiadas nos travesseiros. Ainda haviam olheiras ao redor dos seus olhos, as mãos continuavam enfaixadas e os fios de cabelo nasciam aos poucos.

--- Morgan electo hi partem ibi stabant comitatu. --- (TRADUÇÃO: Morgan, esses são os Escolhidos e a parte da comitiva deles que ficou aqui.) Selena avisou fechando a porta.

--- Cur non venit sunt dicis? Mortuo quasi mulier! --- (TRADUÇÃO: Por que não disse que vinham? Estou parecendo uma defunta!) Morgan falou olhando de cara feia para Selena antes de voltar a falar --- É um prazer conhecê-los! Morgan Cobalto.

--- Carissimi nobis voluptas est.
--- (TRADUÇÃO: O prazer é nosso, querida.) Rafael sorriu descaradamente e Morgan arregalou os olhos vermelhos --- Como se sente? Sabemos que passou mau aos bocados!

--- Oh, eu estou bem, melhorando, digamos assim. Soube que ganhamos a guerra por causa de vocês, muito obrigada por vir nos ajudar. Sinto por não ter podido ajudar tanto. --- Ela cruzou as mãos sobre o colo.

--- Mas você ajudou muito! E não precisa agradecer, fizemos nosso dever, era o certo. --- Sophia sorriu de lado --- Sempre que pudermos vamos ajudar.

--- Certo... --- Morgan assentiu --- Por mais quanto tempo vão ficar por aqui? Imagino que tenham suas vidas, na Dimensão de onde vieram. --- Ela nos encarou.

--- Teremos uma reunião para decidir isso em breve. --- Herik respondeu.

--- Entendo. Bom, agradeço a visita, é muita gentileza dos futuros Guardiões virem me visitar, realmente muito obrigada. --- Ela sorriu de canto.

Ponderei sobre falar com ela que vasculhei sua mente enquanto ela estava em coma, mas acho que eu não deveria falar sobre isso com tantas pessoas, acho que uma conversa a sós seria bem melhor. A porta se abriu e Ariela entrou. Não sei como ela consegue estragar a vista de todo mundo.

A bruxa avisou que Morgan tinha um tratamento para seguir, e que nós deveríamos ir buscar Ezra que já tinha recebido alta, e assim após buscá-lo descemos para o café da manhã, minha barriga já estava roncando!

--- Só de pensar que em algumas semanas temos que voltar a estudar, eu sinto vontade de continuar aqui! --- Rafael reclamou enchendo seu copo de suco de pêssego.

--- Falando em estudar... --- Jasper parou de comer --- Temos que encaminhar as coisas para a matrícula do Sirius, já que ele vai morar conosco, vai precisar estudar também.

--- Mas ele não tem documentos, nem nada disso... --- Falei --- Como vai matricular ele? --- Franzi as sobrancelhas.

--- Vou dar um jeito nisso. Para todos que perguntarem, Sirius é um primo de Raquel e Rafael que vai morar conosco e estudar com vocês. --- Jasper respondeu, os olhos castanhos estavam sérios.

--- Vai falsificar documentos?! --- Sophia questionou franzindo as sobrancelhas.

--- Eu não diria falsificar...

--- Ah, para né! --- Raquel exclamou deixando seu prato de lado --- Fizemos muitas coisas que a justiça do nosso mundo considera "ilegal" e nem estou falando de termos enfeitiçado algumas pessoas. --- Ela arqueou a sobrancelha --- Não banque a santa, Sophia.

--- Não estou bancando a santa, só que você sabe muito bem que isso é errado! Pode dar cadeia! --- A loira exclamou.

--- Falsificar exames médicos também, e mesmo assim faríamos isso por vocês, com Sirius não é diferente. --- Raquel cruzou os braços --- Ele é Guardião tanto quanto vocês.

--- Calma vocês duas... --- Sirius pediu encolhendo os ombros. Herik estava bem concentrado em seu prato e nem olhava para nós, só para seu pedaço de bolo.

--- Mas a Raquel está certa. --- Falei --- É uma necessidade, não podemos deixar o Sirius preso em casa, levantaria suspeitas e ele sendo um amigo e colega de turma, fica fácil despistar.

--- Olhando por esse lado, eles estão certos. --- Ezra disse pegando bolinhos de amora numa bandeja --- É importante fazer isso, e a nossa família conhece muita gente, não vai ser um problema.

Sophia abriu a boca para rebater mas se calou quando Lisandro sentou ao seu lado na mesa. O Emissário pegou um prato e começou a colocar coisas nele. A mesa ficou em silêncio e só quando seu prato estava cheio que Lisandro disse:

--- Podem continuar a discussão. Não me importo. --- Ele nos encarou --- Pode me passar esse suco, Jonathan? --- Levei alguns segundos para entender e então passei a jarra para ele.

--- Não era uma discussão! Estávamos debatendo um certo assunto. --- Sophia falou pegando um bolinho e dando mordidas nele --- Assunto que já está encerrado. --- Completou ao terminar o bolinho.

--- Ótimo. --- Lisandro assentiu começando seu café da manhã.

--- Já foi visitar a Morgan? --- Ezra perguntou quebrando o silêncio. Lisandro parou de comer e o encarou.

--- Já sim. Ela parece muito bem, o senhor recebeu alta hoje, estou certo? --- Lisandro questionou levantando as sobrancelhas.

--- Sim, não tive ferimentos graves, e sem essa de senhor, por favor, vou me sentir um velho! --- Ezra sorriu. Era estranho ter Lisandro a mesa, ele nunca comia no Refeitório.

--- Ah, certo então. --- Lisandro voltou para seu prato, encarei Sophia rapidamente --- Anciosos para voltar a sua Dimensão? --- Perguntou.

--- Mais ou menos, acho que vai ser meio estranho! --- Falei franzindo as sobrancelhas --- Você vai nos levar de volta? Tipo serviço completo, buscou levou? --- Perguntei animado.

--- Mestre Alvorada me pediu para certificar que voltem em segurança, então sim, vou com vocês. --- Ele respondeu, Alvorada havia se despedido de nós e partido depois da cerimônia de homenagem --- Vamos resolver a volta de vocês na reunião.

--- Não vejo a hora... --- Sophia debochou.

***

--- Então apenas quando tivermos certeza de que vocês chegaram a residência da família Willians Fox, é que Lisandro e a Ministra voltarão para nossa Dimensão. --- O Dirigente Iarcy explicou.

--- Não vou voltar a Magicae. --- Lisandro disse --- Tenho alguns assuntos pendentes em Caerulum, e pretendo viajar para lá após deixar os Escolhidos em segurança. --- Avisou.

A reunião havia começado há alguns minutos, o Concelho e os Ministros já haviam traçado nossa rota e contactado a família Wilians Fox para que fossem nos buscar no prado onde estava a montanha com a passagem. Lisandro, a Minstra Samira e seus Assistentes nos levariam de volta.

--- Certo. Mais uma vez obrigado pela colaboração, Lisandro. --- O Dirigente limpou a garganta --- Suas Jóias de Disfarce já estão prontas, Regente Nayla, poderia busca-las, por favor?

--- Claro! --- A Regente Nayla se levantou e ao chegar em uma das mesinhas espalhadas pela sala, pegou uma caixa de madeira e a colocou sobre a grande mesa se madeira --- Ficaram lindas, diga-se de passagem! --- Ela sorriu e abriu a caixa.

Haviam quatro jóias dentro dela. Um relógio de pulso simplis, uma corrente, uma pulseira grossa e um anel delicado. Pareciam jóias normais, que eu encontraria em qualquer lugar. Mesmo que meu Selo fosse no ombro, entramos num acordo e eu deveria esconde-lo também.

--- Foram feitas sob medida! --- A Regente Nayla exclamou animada, ela pegou o relógio e entregou a Herik, depois me entregou a corrente, e passou o anel para Sophia e a pulseira a Sirius --- Tenho certeza de que serão muito úteis!

Encarei a correntinha em minha mão. Algo tão simplis e que esconderia uma coisa tão importante. Mas se era para nossa segurança, eu usaria aquela corrente e eu sei que meus amigos também.

***

Os dias passaram voando, fizemos nossas malas, uma última vista a cada Continente e uma breve vista a Centralis. A Elite de Selena nos levaria até o outro lado da Brecha e eu quase cai do dragão quando vi Morgan montada em um deles. Armada com facas e um capa azul ela parecia completamente saudável. A despedida não foi demorada e quando o décimo dia do novo ano começou nós deixamos a Província da Terra para trás.

Meu coração estava batendo muito forte quando chegamos a Plataforma, estávamos indo para casa. Finalmente para casa. Depois de todos esses dias, depois dos treinos, das lutas, de Mervus...

--- Acha que está pronto para voltar? --- Sophia me perguntou, a loira apertava com força as rédeas da cela de couro em que estava montada.

--- Eu não estava pronto nem para partir! --- Brinquei sorrindo, ela sorriu de leve --- Relaxa, estamos indo para casa. Não há lugar como nosso lar, lembra?

--- O Mágico de Oz, claro! --- Ela riu. Assistimos esse filme com minha irmã, Laura uma antes do início das férias --- Você está certo, não vejo a hora de voltar.

Sorri para ela. Nossa comitiva estava bem menor dessa vez, mas parecia tão cheia com a presença de Sirius, que a volta para casa me deixava ainda mais ansioso. Seria muito estranho não ver mais Kayla, não ter mais aulas com ela, não conversar com ela. Não existir mais ela. E pensar na reação do resto da família Willians Fox me assustava.

A Ministra Samira desceu do dragão e foi até as duas árvores na ponta da Plataforma, onde o Zuriken estava sentado. Morgan e Selena logo atrás dela.

--- Acha que ela está bem? --- Perguntei a loira.

--- Quem? --- Sophia franziu as sobrancelhas. Raquel e Rafael conversavam á alguns metros, os dragões lado a lado.

--- Morgan... --- Respondi baixinho, a Minstra fez um sinal de mão e nossos dragões avançaram pela Plataforma --- Ela mal acabou de acordar de um coma, e já está aqui, sabe.

--- Ah, acho que ela não vê problema, ela é dura na queda. --- Sophia respondeu, Ezra ainda parecia muito pálido e seu dragão ia entre Jasper e Herik, Sirius ia um pouco a frente --- Você bem sabe o que ela passou, aposto como ela quer muito voltar a ativa e se recuperar.

Senti um arrepio na espinha. A lembrança das torturas e dos momentos na montanha que Morgan passou, e eu revivi através de sua mente. Asenti para Sophia e os dragões atravessaram a passagem, a brisa fresca da Brecha atingindo meu rosto em seguida.

Agora eu estava nela para ir pra casa, graças a Deus não era para outra batalha! Acho que não ia aguentar!

Atravessamos a Brecha sem problemas, e quando saímos da caverna na montanha onde estava a passagem, a brisa fresca da manhã de 10 de janeiro refrescou meu rosto cansado. Eu estava de volta a minha Dimensão. De volta a minha casa.

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