Capítulo 11: A Diferença Entre Amigos e Aliados.
Herik
Ter que treinar e estudar já era ruim o suficiente, eles não precisavam inventar um treino psicológico para mexer ainda mais com a minha mente, que já não era muito boa. Quando cheguei em casa me surpreendi ao ver que Alex estava lá.
--- Nosso pai disse que não vai jantar em casa hoje... --- Ele avisou sentado no sofá sem tirar os olhos do notebook, Alex, ao contrário de mim, tinha cabelos negros como os do meu pai, seus olhos eram escuros e seu humor ácido --- Pensei em pedir uma pizza, sei que está cedo, mas vou sair daqui a pouco.
--- Okay, não sendo de peperoni, detesto peperoni e eu também vou sair. --- Falei indo em direção ao corredor que levava aos quartos, ao meu, ao do meu pai e ao de Alex, além do banheiro que era a última porta --- Não sei quando vou chegar.
--- Não me diga que arrumou uma namorada?! --- Ele zombou enquanto eu segui para meu quarto.
--- Não, mas aposto que consigo uma antes de você! --- Falei abrindo a porta, ouvi ele me xingar de um nome bem inapropriado e entrei jogando minha bolsa em qualquer canto --- Hum. Psicologia... --- Comecei a pensar sobre esse treino psicológico e acabei dormindo.
Senti meus pulmões implorarem por ar e vi que estava me afogando senti meu pulso queimar e percebi que o Selo Celestial brilhava, após uma explosão me vi de joelhos sobre uma pedra. Após levantar a cabeça e tentar inutilmente me levantar percebi que estava em cima de um penhasco, um paredão de pedra enorme. Ouvi o barulho agonizante de algo sendo arrastando sobre a pedra e tomei um susto ao me virar.
Uma figura encapuzada, toda de preto carregava uma espada de uns dois metros arrastada pela mão esquerda, tentei sair do lugar mas não consegui, algo saiu do chão e prendeu meus pés me fazendo ficar de joelhos, a estranha figura parou a minha frente e levantou a espada pronta para me deixar sem cabeça, mas antes que o fizesse uma barreira de terra apareceu e me protegeu.
Acordei num pulo com a respiração ofegante, meu coração parecia que ia sair pela boca, minhas mãos estavam tremendo, pareceu real de mais. Sombrio demais. Próximo demais. Me sentei na cama e encarei o Selo. Ele queimava, será que era um aviso? Mas de quê?
--- Droga!--- Murmurei me levantando, nem o uniforme eu havia tirado --- Por que isso está acontecendo? É um aviso? Quem está mandando eles... Madrugada? --- Perguntei para mim mesmo, talvez esse Alvorada esteja por trás disso.
Olhei as horas no celular. 16:47. Resolvi tomar um banho para acordar direto e alguns minutos depois já estava a caminho da casa dos gêmeos, enrolei uma faixa no pulso para esconder o Selo.
--- Aconteceu alguma coisa, Herik? --- Raquel perguntou assim que me viu após abrir a porta.
--- Não, por que? --- Perguntei colocando uma expressão cinicamente calma no rosto.
--- Parece abatido...preocupado... --- Ela me olhou desconfiada e tentei ficar o mais inexpressivo possível, pelo que eu percebi tanto Raquel quanto Rafael e Jasper tem um senso de observação muito forte --- Só estava faltando você chegar.
--- Onde estão os outros? --- Perguntei vendo que não tinha ninguém na sala onde estávamos, todos os móveis estavam no lugar, e não a bagunça de ontem.
--- No andar de cima, vem comigo. --- Ela foi andando na frente até as escadas e eu a segui --- Sabe Herik, eu sei que vocês ainda não confiam muito em nós... --- Disse me deixando surpreso --- Mas acredite, somos a única ajuda que vocês vão ter por aqui.
--- Eu sei disso, e no mais acho que não podemos contar com muita ajuda em Orbis Caelesti. --- Falei quando chegamos ao andar de cima --- Só precisamos de tempo.
--- Todos precisamos de tempo.--- Ela disse séria quando chegamos ao corredor --- Mas não temos tanto tempo assim! --- Ela me encarou rapidamente e voltou a andar a minha frente com seus cabelos ruivos se movimentando a medida que andava.
Ela até que tinha razão. Não sei o motivo, mas sinto que não temos tempo, é como se uma nuvem negra ficasse pairando sobre nós. Só não sei o que essa nuvem representa. Raquel me levou até a mesma sala de ontem, as estantes tinham muitos livros, várias poltronas estavam espalhadas e a janela estava fechada.
--- Boa tarde. --- Comprimentei, Sophia e Jonathan estavam sentados em poltronas lado a lado de frente para um sofá onde estavam Jasper e Kayla, Rafael e Adam estavam em outro sofá.
--- Boa tarde! --- Responderam em coro, Sophia tinha Sirius sobre o colo, Raquel se jogou em uma poltrona ao lado do sofá onde seu tio estava e me sentei na poltrona vaga ao lado de Sophia.
--- Por que demorou tanto? --- A loira perguntou de imediato.
--- Acabei dormindo.
--- Não estou surpresa...!--- Falou com um sorriso de canto. Adam limpou a garganta e começou a falar. A cicatriz no rosto dele parecia ter sido feita por uma faca ou algo assim, era fina mas comprida.
--- Muito bem, antes de começar o treinamento psicológico de vocês, preciso esclarecer algumas coisas. --- Ele disse ficando de pé --- Primeiro:Eu não vou pegar leve com vocês, não me importa que são os novos Guardiões, serão meus alunos do mesmo modo, e eu não facilito para meus alunos. Segundo: Sharon me ensinou muito sobre psicologia então sou apropriado para ensina-los e vou ensinar tudo que sei, se vão ou não aprender não depende apenas de mim, depende de vocês. Terceiro: Eu quero que vocês se entreguem a esse treinamento, vocês vão precisar dele, e se não estiverem dispostos a se duar é melhor nem começar! Quarto: Os treinos psicológicos podem fazer mal a vocês, talvez as suas mentes não estejam prontas para isso, nesse caso será preciso que tenham muita força de vontade. Quinto: Não contem a ninguém sobre isso, sei que já devem saber que tudo isso é sigiloso mas eu preciso relembrar que se qualquer outra pessoa descobrir sobre vocês...não será tão compreensiva como a Família Willians Fox.
Esse cara é sinistro...com todas as letras, eu nem sei o motivo mas eu achei, por uma fração de segundos, que ele ia nos dar boas vindas ou algo assim, esse discurso, porque foi um discurso, parecia mais coisa de guerra e julgado a idade dele duvido muito que já tenha estado no exército então mais sinistro ainda.
--- Pega leve, Adam! Vai assusta-los... --- Kayla se levantou com um sorriso, seus cabelos negros e cacheados estavam soltos --- O que o Adam disse é sério, vocês vão ter que se lembrar de tudo isso, embora eu não usaria essas palavras. Vocês são espertos vão se lembrar. --- Ela sorriu.
--- Desculpa mas como esses dois vão conseguir nos preparar para tudo que vamos enfrentar? Tipo acho que vai ter muita morte, sangue e essas coisas não tão legais... --- Falei.
--- Herik, eu sei que eles são tão jovens quanto vocês mas eles têm bem mais preparo, eles estudaram desde muito novos. --- Jasper começou --- Todos da nossa família começam os estudos aos treze anos, eles sabem sobre muita coisa.
--- Não é como se nós fossemos um bando de idiotas! --- Kayla falou se sentando assim como Adam --- Nós estudamos garoto, fique tranquilo, por exemplo, como o Jonathan tem poderes mentais tanto você quanto Sophia vão treinar com ele, vão ajudar ele com os poderes dele, o que vai ajudar vocês com os seus.
--- Como deixar que o Jonathan vasculhe minha mente vai me ajudar a não fazer as coisas saíram voando? --- Sophia questionou franzindo as sobrancelhas.
--- Prestem atenção... --- Foi Adam quem começou --- Se vocês conseguirem proteger sua mente de Jonathan isso vai deixa-los mais fortes além de ser um desafio a mais para ele, vocês vão testar seus limites uns com os outros.
--- Faz sentido, mas e se ao invés de eu ler os pensamentos eu acabar prejudicando a mente e o raciocínio deles? --- Jonathan perguntou.
--- Você já tentou controlar seus poderes alguma vez? --- Raquel perguntou cruzando as pernas --- Sabe até onde eles podem ir?
--- Não necessariamente, apenas tenho controle suficiente para não sair lendo a mente de todo mundo. --- Ele respondeu.
--- Você pode testar os limites dos seus poderes aos poucos, acho que, é só um palpite, mas, acredito que os seus poderes em especial precisam de uma avaliação específica e de um treino também! --- A ruiva disse olhando para Jonathan.
--- Jonathan, tente ler a minha mente. --- Jasper falou derepente e o moreno o olhou assustado.
--- Tem certeza? --- Questionou cauteloso ajeitando os óculos. Jasper assentiu se pondo ereto no sofá --- Okay, pense em alguma coisa específica...pode tentar proteger sua mente se quiser... --- Ele deu de ombros.
Jasper assentiu mais uma vez, todos os olhares pararam nos dois, Jasper encarou fixamente Jonathan que fechou os olhos, após um tempo Jonathan abriu os olhos e começou a falar.
--- Ele está pensando nos Membros do Concelho Provinciano, os Seis Regentes principais...os Três Ministros...e o Dirigente...cada Província tem o seu Concelho. --- Ele disse e depois piscou os olhos repetidamente --- Foi muito...estranho!
--- Estou impressionado... --- Jasper sorriu.
--- Ele acertou? --- Perguntei curioso.
--- Com cem por cento de precisão!
--- Jasper o que são esses Concelhos em que você pensou? --- Perguntei.
--- Os Concelhos são a maior autoridade das Províncias, os Membros do Concelho tem o dever de manter a paz e cuidar dos Provincianos. --- Ele explicou --- Vocês, quando assumirem oficialmente seus postos vão ter que tratar diretamente com eles. --- Continuou --- E vão precisar de paciência.
--- Vocês sabem quem são os atuais Membros do Concelho? --- Sophia perguntou.
--- Hum, não, não sabemos, nossas informações, como já dissemos é limitada. --- Rafael foi quem respondeu --- Mas tipo assim, não é algo de que vocês vão precisar saber com tanta antecedência, basta tratar eles com respeito.
--- Nunca achei que você fosse dar conselhos a alguém, ainda mais conselhos que façam sentido. --- Raquel disse despreocupadamente.
--- Sabe que nem eu?! --- Rafael sorriu.
Ele parecia ser o tipo de cara brincalhão, Raquel também tinha seu humor apesar dele ser ácido como o de Sophia, Adam era sério e tinha um pavio curto apesar de disfarçar, Kayla sorria demais, isso parecia algo como uma tentativa de controle e Jasper eu nem sei como descrever, ao mesmo tempo que é sério parece um adolescente...o quê posso dizer? Sou um observador.
--- Pela lógica, se existem seis Regentes, três Ministros e um Dirigente, o Dirigente deve ser a maior autoridade dentro do Concelho, certo? --- Sophia questionou.
--- Sim, existe uma pequena diferença entre os Concelhos, apesar deles terem a mesma base o Concelho Da Terra elege dois Regentes por Continente, já o Concelho Do Céu elege seus Regentes de acordo com as Áreas, para ter ao menos um representante para cada espécie. --- Adam explicou. --- A escolha dos Ministros não exigi tanto.
--- É politicamente mais correto, embora muitos achem a Província do Céu mais...errada em outros aspectos, mais discriminadora... --- Kayla disse --- Vocês vão ter que lidar com isso também, sabe é bom que saibam que muitos problemas vão surgir, crises entre as Províncias, até mesmo Guerras e vai ser a missão de vocês acabarem com essas guerras. --- Ela disse gesticulando com as mãos.
--- Mas como podemos acabar com uma guerra? No nosso mundo já não é fácil imagina em Orbis Caelesti que é cheio de criaturas mágicas! --- Exclamei.
--- O treino entra nessa parte, vamos preparar vocês, por exemplo se houvesse um conflito entre alguns Membros do Concelho, o que vocês fariam? --- Jasper perguntou.
--- Se uma guerra começasse entre os Continentes, como acabariam com ela? --- Raquel questionou.
--- Se os moradores das Áreas fizessem uma rebelião, como iriam reagir? --- Adam pergunta, nenhum de nós respondeu, não sabíamos como resolver essas questões.
--- Acho que o silêncio de vocês responde, agora vocês nem sabem como fazer isso, não conhecem as Leis Provincianas nem como as coisas funcionam por lá... --- Kayla começou --- Mas com o tempo, vão aprender.
--- Hum...mas se uma guerra acontecer o Concelho não deveria resolver? --- Jonathan perguntou.
--- Ele pode tentar, mas, pensem bem vocês seriam imparciais, poderiam resolver de forma neutra. --- Raquel respondeu dando de ombros.
--- Eles não são imparciais? --- Questionei.
--- O Concelho é formado por várias criaturas diferentes, e por mais que sejam profissionais, e eu espero que sejam, eles ficariam do lado do seu povo, não acham? --- Adam explicou.
--- Mas isso é errado! --- Sophia exclamou.
--- Isso não impede nem que os humanos façam isso, não podemos julga-los! --- Falei cruzando os braços.
--- Ele até que tem razão. --- Raquel falou rapidamente.
--- Eu escutai mal? Você concordou comigo? --- Arquei a sobrancelha com um sorriso sarcástico.
--- Retiro o que eu disse! --- Ela exclamou.
--- Não! Não retira não! --- Falei descruzando os braços, os outros acabaram sorrindo --- Mas, tipo assim não teria uma forma dos nossos poderes resolveram as coisas por nós? --- Perguntei.
--- Se você acha que pode acabar com uma guerra usando seu teletransporte. --- Rafael comentou dando de ombros. Revirei os olhos --- Os poderes são para um caso extremo, ou...para quando ficarem estressados!
--- Rafael! --- Jasper ralhou --- Os poderes de vocês não são brincadeira! Eles podem ser a ruína de vocês se não souberem usar! --- Falou --- Vocês precisam saber que muitos vão morrer, se saíram com um Esquadrão para lutar sempre existe a possibilidade de nem todos voltarem.
--- Então...não podemos fazer amizade com nenhum dos nossos companheiros, só pelo fato de que eles podem morrer na nossa frente? --- Sophia perguntou cautelosa.
--- Bem... --- Jasper coçou a nuca --- Não estou dizendo para não fazer amizade, apenas não se apeguem muito, não ter laços pessoais ajuda muito em uma batalha, vocês vão ter que fazer de um tudo para ajudar seus companheiros, mas se eles morrerem vocês não podem perder o foco. --- Explicou.
--- Então...não vamos a Orbis Caelesti para fazer amigos...vamos apenas cumprir ordens...entendo. Fazer amizades pode nos enfraquecer, mas nem sempre. --- Falei --- As vezes pode ajudar...sabe, termos aliados pode ser bom.
Jasper me encarou nos olhos e depois olhou para Jonathan e para Sophia, seus olhos tinham algo de estranho, algo sombrio que me fez ter um arrepio na espinha. Ele suspirou antes de falar com um tom sério.
--- Existe uma diferença entre amigos e aliados. Uma diferença muito grande que vocês precisam aprender. Quando um aliado seu morre...você não perde a estrutura, você não pede o foco e então você não morre.
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