... ela sente uma mão lhe tocar, apavorada dá um berro, mas quando ela olha pra quem a tocou era...

- A é a senhora Líria, já é tarde de noite, podem te assaltar, ou pior lhe causar algum mal.
- Capaz, mal vai ficar quem tentar fazer isso comigo.
- E aí você fez faculdade depois que saiu do colégio?
- Não, eu já fui pronta para um trabalho, não sendo modéstia de minha parte mas ganho muito bem.
- É o que você faz ?
- Deixo as pessoas felizes.
- A você é uma palhaça?! Que legal, é trabalho bonito e honesto.
- Seria de outra forma!
- Como assim?
- Trabalho vendendo doces, na frente do cinema a criançada fica muito feliz quando me vê, e depois com o que sobra eu desço a avenida onde tem as crianças de rua e distribuo para elas, balas, pirulitos, chicletes, essas coisas.
- Que lindo minha filha, sem palavras parabéns. Queria que o Rodrigo fosse assim. Vocês eram melhores amigos na escola né?
- Sim ele era o meu melhor amigo. Ele sempre me convidava para ir no casa dele, comer os bolos que a senhora fazia.
- Bons tempos, tempo que vocês se contentavam com um sorvete, um chocolate, que a felicidade era passar o dia brincando na rua, ralar o joelho caindo da bicicleta, tomar um banho e olhar teve tomando um nescau com um pacote de bolacha, mas vocês cresceram tiveram o direito de escolher o que quisessem pra suas vidas. Mas ele mudou, exigia sempre mais, nada estava o bastante, reclamava de tudo, bebia, até que um dia fui limpar o quarto dele quando entrei notei que várias das suas coisas tinham sumido mas pensei " deve ter enjoado e não gostado mais e passou adiante" , certo dia acordei de madrugada ele tinha chegado e peguei ele fumando drogas.
- O Rô? Não!
- O Rô, com a cara toda pálida, os olhos vermelhos, me pedindo dinheiro pra comprar mais droga. Eu disse não.
- E o que ele disse ?
- Não disse nada, apenas entrou no quarto e trancou a porta. Quando acordei tinha apenas um bilhete, preso no imã na geladeira. Estava escrito " Fui embora, adeus, amo a senhora, até mais" , ele tinha me abandonado, nunca mais deu notícias a mais de um ano.
- Lamento Dona Líria, eu não sabia.
- Você não tem culpa, me dói. Mas vocês dois tiveram a oportunidade de escolher o que queriam você aproveitou a oportunidade, escolheu dar felicidade as pessoas e ele escolheu arriscar a vida botando em perigo a sua e a de quem estiver perto, as vezes eu fico dentro de mim uma voz muito forte que diz " Vai saudade faz o meu filho lembrar, dos momentos felizes de nós , vai saudade faz o meu filho voltar" , e eu só tinha ele, meu marido fugiu, não tenho irmãos, meus pais não existem mais, vivo sempre sozinha , ela era a razão do meu riso da minha vida e agora eu nem sei se ele comeu alguma coisa hoje, quem dirá se senti minha falta. - Disse Líria chorando, e nesse momento ela tira a roupa de Marisa que estava presa na cerca.
- Saiba dona Líria, eu nunca tive mãe até conhecer a senhora, você sim me tratou como filha, a senhora foi minha mãe, e sempre vai ser.
- Ah minha princesa.

Com lágrimas nos olhos das duas elas se abraçam emocionadas, se despedem, e Líria vai embora, de repente Marisa lembra do encapuzado e olha a seu redor, ela vê o relógio de Léo, concluindo assim ela entendi quem seja lá que for pegou ele.
Amanheceu, Carlos irmão de Camila vai a senatório onde sua irmã está internada, mas se localizava em outra cidade, pois o senatório Altiva Albuquerque já havia sido fechado a mais de dez anos, assim ele chega lá.
Ele pergunta na recepção onde está a paciente, informam ele em que quarto ela está, e vai até ela.

- Bom dia mana.
- Bom dia.
- O que aconteceu ontem?
- O corpo que tava lá no hospital não era do Talles.
- Mas como você sabe?
- Porque quando completamos seis meses de namoro, que era o começo desse ano, nos iríamos acampar, estávamos subindo na lomba onde tinha uma estrada que estava molhada, continuamos subindo de moto, até que um cara bêbado vem dirigindo um celta cinza muito rápido, e ele veio vindo em nossa direção, Talles desvia e quando nota vamos cair no despenhadeiro mas ele me empurra pro asfalto, só ele que cai lá pra baixo .
- E aí ? O que aconteceu com ele?
- Ele na teve fraturas graves, tirando que quando desceu com a moto ela arrebentou a roda e a borda da roda, aquela parte que é de metal sabe?
- Sim.
- Pois é ela virou do lado do avesso , e cravou no braço direito dele, na época pra ninguém saber e ficar um segredo só nosso ele disse que tinha quebrado o braço por isso que estava enfaixado, só eu e ele sabíamos da verdade. Mas daí quando fui olhar a cicatriz daquele acidente não tinha nem sombra dela no braço dele, estranho né até olhei o outro braço mas também não tinha nada, então tive certeza não era ele, e o engraçado é que ele ainda não apareceu, Carlos alguém pegou ele? Agora quem eu não sei.
- Será que ele não foi assaltado, ou sequestrado, e esta sendo mantido refém?
- Tomara, não quero pensar o pior dos males , não iria conseguir viver sem ele antes, quem dirá agora !
- Por quê? Está escondendo alguma coisa?

Marisa é chamada na delegacia, ela vai, lá o delegado diz que o suposto incêndio na prefeitura foi causado por líquidos inflamáveis, e espalhando se assim tornou se um incêndio elétrico, mas não começou pelos fios. Marisa se surpreende, ela começa a pensar que os mesmos que a atacaram , foram os que tentaram matar as garotas, e ela tira do bolso o relógio de Léo no que fica mais apavorada.
Carlinhos, desconfia que Camila está lhe escondendo algo, no que a prensa na parede.

- O que você fez? Eu sei que tu tá escondendo alguma coisa fala!
- Não estou escondendo nada, não viaja.
- Eu te conheço fala, vamo!
- Você que tanto saber?!
- Quero!
- Eu tô grávida.