Julho, 31
Julho, dia 31
Ai, maninha! Isto é uma desgraça!
Ainda só estamos em casa há algumas horas e já tenho saudades das mini férias. Acreditas nisto? Desde que fechámos a porta do quarto do hotel e que fizemos o check out na recepção que eu já tenho saudades. Juro que pensei que ia aguentar mais tempo.
O nosso tempo lá foi tão bom! Quero muito regressar.
Para além disso, não sei o que vou fazer agora no meu tempo livre. Estar de férias em casa é sempre aquele dilema que uma pessoa nunca sabe bem como é que há de resolver. Dormir até tarde para "repor as horas de sono" do tempo dos estudos ou do trabalho consome logo metade do dia, se não mesmo mais. E depois entra-se naquele círculo vicioso de acordar tarde e deitar tarde que não nos leva a lado nenhum e que não nos permite aproveitar bem as horas durante as quais estamos acordados.
Não sei se fique em casa a ler ou a ver televisão ou se vou passear a algum lado. Se bem que agora andar na rua é complicado por causa do calor. Talvez vá saber mais sobre os meus amigos da faculdade para ver se descubro alguém que tenha uma piscina, já que a praia fica muito longe. Isso é que era fantástico!
Pensei em ir ao cinema, mas nunca há muitos filmes em cartaz naquele edifício minúsculo a que esta cidade chama de "cinema" e, os que estão em exibição, não costumam ser interessantes. Pelo menos nesta altura do ano. Os melhores filmes estreiam sempre no inverno. Para além disso, seria estranho ir todas as tardes ao cinema. Chegaria a uma altura em que todos os funcionários me iriam reconhecer e perguntar: «Já não veio ver este filme duas vezes?».
Acho que eu próprio me cansaria.
Deve haver espetáculos para os turistas na Casa da Cultura. Se forem interessantes, pode ser que vá assistir. Mas duvido que algum deles consiga superar aquela cena a que assistimos no vagão restaurante do comboio, quando viemos para casa.
Nunca mais me vou esquecer daquele pequeno e velho homem asiático, de roupão vestido, meias calçadas até ao joelho e as sandálias abertas enfiadas nos pés a entrar pelo restaurante a dentro como se estivesse em casa! A cara de horror de outros turistas foi do melhor que alguma vez vi e mesmo os empregados não conseguiram mascarar o seu espanto. Eles já devem ter visto muitas coisas bizarras, mas acho que aquilo foi uma estreia.
O "diálogo" em duas línguas completamente diferentes que se seguiu foi bastante cómico. O empregado bem que tentou explicar ao homem que não podia estar ali assim vestido, mas nenhum deles se entendia. Parecia uma conversa entre um mudo e um surdo.
E a cereja no topo do bolo foi, sem dúvida alguma, quando a mulher do homem asiático entrou pela porta como um furacão, vestida com um fato de treino largo e com os rolos do cabelo ainda colocados, a gritar com o marido na sua língua nativa. Ninguém percebeu muito bem o que é que aconteceu ali, mas tenho a certeza que todos apreciaram a oportunidade para soltar uma boas gargalhadas. Acho que nunca me ri tanto como naquela noite.
Se nenhum espetáculo corresponder às minhas expectativas, também posso ir a um museu. A Carol pediu-me, no outro dia, para ir àquele que abriram recentemente perto da baixa. Mas tu sabes que eu não gosto muito de museus... Farto-me das exposições com demasiada facilidade. Até me custa pagar a entrada se não vou lá estar mais de 15 minutos! Mas talvez consiga convencê-la a ir ao Aquário da cidade em vez disso. Seria muito mais divertido, apesar de ser mais caro. Pelo menos dá um melhor sítio para as fotografias e os objetos de observação mexem-se.
Lembras-te da última vez que lá fomos? Éramos uns miúdos. Já passou tanto tempo...
Até te convidava, mas sei que já tens planos para as próximas duas semanas.
Como eu te invejo! Mal acabas de desfazer as malas da praia, começas a fazer as malas da neve. É verdade que não é o mesmo tipo de clima nem é o mesmo tipo de férias. Mas deve ser bom na mesma.
Esquiar deve ser divertido. Apesar de não gostar muito do frio, gostava de experimentar. Também gostava de rebolar na neve, fazer uma luta de bolas de neve, ou qualquer uma das inúmeras atividades clichés que se faz na neve. Aliás, gostava de ver neve, para começo de conversa. Que eu me lembre, ainda só vi gelo.
Espero que aproveites as férias com o Max. Não te esqueças de andar bem agasalhada e de fazer o que os pais dele te mandam. E de tomares os teus comprimidos. E de ter juízo! Nada de fugirem os dois para longe da supervisão de adultos para fazer sabe-se lá o quê! Vocês ainda são demasiado novos.
Vê se tiras muitas fotos e não te esqueças de nenhum pormenor. Depois quero saber tudo. Mas mais importante: diverte-te. Cria memórias. Experimenta coisas novas.
Vou sentir a tua falta enquanto estiveres fora, meu pirilampo.
Com Amor,
O teu irmão mais velho,
Sam
[editado: Dez 2024]
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