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Abril, 24

Abril, dia 24

Di, acho que ainda não te contei o que aconteceu. Anteontem, depois de eu sair das aulas do curso para ir almoçar, encontrei um cão de porte médio deitado no passeio, a lamber a pata e a ganir. Estava encharcado das poças da chuva do dia anterior, suponho eu, e muito assustado. Acho que tinha sido atropelado e, de alguma maneira, tinha conseguido sair da estrada e enroscar-se a um canto, sobre o passeio.

Tentei aproximar-me. Ao início ele mostrou-se muito agressivo. Devia ter sofrido maus tratos de alguém ou estava com tantas dores que não queria que ninguém lhe chegasse perto. Mas foi começando a deixar de se importar com a minha presença desde que eu não estivesse muito próximo enquanto eu procurava na internet o número de telefone do abrigo de animais mais próximo.

Eles atenderam ao segundo toque. O homem do outro lado da linha tomou nota da nossa localização e mandou a ambulância animal do abrigo para nos vir buscar num instante. O abrigo ainda era um pouco longe e o trânsito fez com que a nossa boleia chegasse um pouco mais tarde que os 15 minutos previstos pelo telefonista, mas não me importei. Queria arranjar qualquer coisa para o cãozinho comer enquanto não aparecia a ambulância, mas não sabia bem o quê e não o queria deixar ali sozinho, apesar da minha presença lhe ser indiferente a partir de uma certa distância.

Alguns 10 minutos depois do previsto, o veículo de emergência finalmente parou no passeio à nossa frente. Um médico veterinário e o enfermeiro saíram do seu interior, passaram por mim e deram total atenção ao patudo. A triagem que fizeram foi rápida e concluíram que as costelas e uma das patas dianteiras teriam sido afetadas, mas só na área hospitalar do abrigo, depois de análises rigorosas, é que se teria a certeza.

Depois de o colocarem dentro da ambulância, o enfermeiro saltou para o lugar do condutor e o médico, de porta traseira aberta, perguntou-me com um ar intrigado: "O senhor vem ou não vem?".

Eu hesitei com a sua pergunta. Não tinha pensado até tão longe.

Ainda ia ter aulas depois do almoço e não sou daqueles alunos de faltar sem ser por uma boa razão. Mas sentia que não podia abandonar o pobre animal, pelo menos até ter a certeza de que iria ficar bem. A minha consciência não permitia que fosse de outra forma.

Subi para a ambulância depois de olhar a rua uma última vez para ter a certeza de que não me tinha esquecido de nada. Depois disso, o médico fechou a porta traseira e deu duas pancadas na parede metálica que dividia os acentos dianteiros da zona traseira onde nos encontrávamos, fazendo a ambulância que já tinha o motor ligado arrancar.

Enquanto injetava qualquer coisa para adormecer o cão incomodado com a nossa presença, o médico perguntou-me como é que tudo aquilo tinha acontecido. «Não sei. Não estava lá» foi a primeira coisa que respondi. Mas depois senti necessidade de acrescentar «Este cão não é meu. Só o vi por acaso» quando o médico me dirigiu um olhar severo, julgando que eu era um dono negligente.

O caminho até ao abrigo foi silencioso, uma vez que o animal deitado à minha frente estava inconsciente. Uma vez lá chegados, o cão foi imediatamente levado para o interior da ala hospitalar por vários enfermeiros, deixando-me para trás, na sala de espera barulhenta. Não podia avançar mais. A partir daquelas portas cinzentas de vidro fosco só era permitida a entrada de pessoal autorizado.

Os testes foram demorados. Depois de quase uma hora, o médico que tinha vindo na ambulância animal saiu do interior da zona interdita a utentes, com intenções de ir para o exterior fumar um cigarro. Ele ficou bastante surpreendido por me ver ainda ali, sentado nas cadeiras de plástico desconfortáveis. Ele guardou o cigarro de volta no maço de tabaco e veio falar comigo.

Eu perguntei-lhe como estava o cão. Ele contou-me que o animal ia precisar de bastante repouso e atenção, mas que eram apenas alguns ossos partidos - ele ia safar-se. Perguntei-lhe se o cão tinha dono. Ele respondeu casualmente que o cão não tinha chip e que, pelo ar dele, ou sofria de maus tratos ou era um cão de rua. Tinha sinais visíveis de mal nutrição e alguns órgãos estavam à beira de ameaçar falência.

Depois da nossa conversa na sala de espera, deixei o homem ir para o exterior do hospital fumar o seu cigarro. Não era um bom comportamento, mas não o censurei. Ele era um veterinário e talvez estivesse a trabalhar há várias horas seguidas. Quando ele voltou para dentro, perguntou-me com o seu hálito a tabaco se eu não queria adotar o animal - o abrigo tinha de emitir um aviso, para o caso de o cão se ter perdido dos donos e que estes nunca lhe tivessem posto nem coleira, nem chip - mas o mais certo era não aparecer ninguém.

Eu ainda ponderei trazer o cão para casa, mas acabei por explicar ao médico veterinário que a Martha e o John provavelmente não nos deixariam ter o cão em casa. O homem ia afastar-se para voltar ao trabalho, mas então uma enfermeira, que se desculpou mil vezes por não poder deixar de ouvir a conversa, teve uma ideia diferente. Ela tinha ficado curiosa com a minha presença no hospital, depois de deixar o cão ao cuidado dos especialistas, uma vez que eu não era o seu dono. Ela disse que percebeu logo que eu me preocupava com o animal. Então ela sugeriu que eu o apadrinhasse.

Seria uma espécie de dono do cão,  apesar de ele viver no abrigo. Podia doar dinheiro para os tratamentos do animal ou para a sua comida quando ele estivesse curado. Podia aparecer sempre que quisesse para passar tempo com o cão ou para pegar nele e o levar a passear. E essa ideia agradou-me.

Dei-lhe o nome de Rover. Ele tem pelo castanho escuro com manchas brancas no tronco, nas orelhas e no focinho. É um rafeiro, mas dá ares de ser arraçado de Staffordshine. Vai dar algum trabalho para o fazer confiar plenamente em mim. Ele parece sofrer de algum trauma. O veterinário especialista em comportamento animal diz que ele me pode estar a associar ao atropelamento e isso faz com que reaja mal à minha presença. Mas ele também diz que o Rover é um cão que está cheio de amor para dar e que, num instante, todos os problemas que ele tem comigo vão desaparecer.

Um dia destes, quando ele estiver bom, eu levo-te a visitá-lo. Ou talvez ainda convença a Martha e o John a ficar com o cão. Consegues imaginar? Um ser de quatro patas a andar cá por casa, a dormir nos pés da nossa cama, a arrancar-nos de casa ao domingo para ir passear ao parque e a ladrar do nosso quintal para o da vizinha, onde aquele maldito Chiuahua se esconde.

Pensando bem, acho que eles não iam gostar da responsabilidade. Quem sabe um dia, quando sair daqui e comprar a minha própria casa eu leve o Rover comigo.

Com Amor,

Sammy

[editado: Dez 2024]

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