17
Acordei com um grito e me preparei imediatamente para lutar contra o inimigo, mas era Sebastião beliscando o nariz de Cirdan. Se bem que beliscando seria eufemismo, ele arrancou a ponta do nariz do homem. Cobri minha boca enquanto arregalava os olhos. Minhas Deusas, que porra aconteceu?
-Caralho, caranguejo filho da puta!
O crustáceo apenas bateu as garrinhas. Cirdan começou a estancar o sangue com o lençol com uma mão enquanto apontava uma adaga para o animal com a outra. Isso devia ser um sonho, estava muito cansada então tive sonhos bizarros. Deitei de novo e fechei os olhos, a cena mudaria se eu fizesse isso, não é?
-Isa! Acorda, Controla seu bicho ou vou matar esse siri.
Apertei meus olhos no travesseiro, não era possível que isso fosse a realidade. Sentei na cama e abracei o caranguejo. O animal se debateu por alguns segundos, mas acabou se acalmando.
-O que aconteceu?
-Eu não sei, esse bicho é insano. Estava dormindo com você quando ele arrancou um pedaço do meu nariz.
-Deixa eu ver.
Tirei o lençol do seu nariz e fiz uma careta, ele tinha perdido metade do membro.
-Tão ruim assim?
Balancei a cabeça afirmativamente.
-Conserta pra mim, Rosinha?
Levantei a sobrancelha, ninguém escolhia ser curado por mim como primeira opção.
-Não prefere que eu chame a Wanin?
-Por quê? Ela não vai devolver a ponta do meu nariz, não quero viver o resto da minha vida com metade do nariz. Por favor, Rosinha.
Fiz outra careta, seu rosto estava sangrando muito. Nunca pensei que um caranguejo pudesse ser tão perigoso. Realmente, quando chegasse em Griffin seria uma curandeira tão boa quanto Wanin. Esvaziei minha mente enquanto tentava me lembrar do formato exato que o nariz dele tinha e recitei algumas palavras para garantir o foco. Um nariz nasceu, o formato era o certo, mas ele era verde.
-Acho que você não tem sorte com minha cura.
-O que aconteceu?
-Deixei seu nariz verde.
-E o resto?
-Normal.
-Então poderia ser bem pior. Obrigada Rosinha.
-Se não fosse pelo meu caranguejo nada disso teria acontecido, então peço desculpas. Acha que a Wanin consegue consertar?
-Não sei, mas provavelmente não.
-Porra.
-Tenta mais uma vez?
-E se ficar pior?
-A gente tenta de novo, confio em você.
Aquela frase fez cócegas na minha barriga.
Respirei fundo para me concentrar e cheguei muito perto de seu rosto. Depois de sussurrar algumas palavras encostei os dedos em seu nariz e soltei a magia.
A cor verde desapareceu, seu nariz parecia apenas um pouco queimado de sol, mas no geral completamente normal. Aquilo me fez sorrir, eu realmente consegui.
Nossos olhos se encontraram, estávamos a um fio de distância um do outro. Cirdan puxou minha mão para baixo e entrelaçou nossos dedos. Seus olhos verdes me encaravam como se eu fosse a única criatura no mundo, era de tirar o fôlego.
-Ficou bom?
Consegui sentir sua respiração em minha boca e meu sangue foi direto para o rosto. Minha respiração ficou entre cortada, isso era perigoso. Virei o rosto para o chão do quarto e me levantei da cama.
-Sim, deu tudo certo.
-Viu? Disse que conseguiria.
O ladrão me abraçou por trás e beijou minha bochecha. Me desvencilhei dele, peguei Sebastião e fugi.
O navio estava em pleno funcionamento e parecia ter passado do meio dia. Devia ter dormido umas seis horas. Era um tempo razoável.
Coloquei Sebastião na cabeça e fui até o quarto em que deveria ter dormido. Wanin estava sentada em uma cadeira ao lado da cama enquanto checava a condição de Mari.
-Como ela está?
-Recuperada das lesões, mas completamente esgotada. Mal tem condições de caminhar, quanto mais se transformar em qualquer animal. Precisamos esperar pelo menos mais dois dias, isso se você carregar todos nós. Pelo menos três se quiser que ela voe.
Balancei a cabeça, não ia pedir que ela voasse, já tinha sido demais. Mas também estava um pouco cansada, precisava dormir uma noite inteira.
-Por que não viajam conosco? Estamos indo para o mesmo lugar, levaria cinco dias e vocês teriam tempo para descansar.
Olhei para Wanin, que acenou com a cabeça, parecia uma boa ideia. Contanto que os outros concordassem estava tudo bem.
Como se tivessem sido convocados, os quatro homens tinham parado na frente do quarto, um pouco atrás de Cody e todos concordaram.
-Tudo bem então _ falei para o capitão.
-Está na hora do almoço, Isa Rosa e Cirdan perderam o café da manhã, então devem estar com muita fome.
Cody estendeu o braço em minha direção e me escoltou pelo navio. Os outros nos seguiram como uma fila de patinhos.
O barco era grande e bem limpo, provavelmente por ser da marinha. Andamos um trecho considerável para uma embarcação e o capitão abriu uma porta que levou a um refeitório espaçoso.
-Espero que não considerem a comida muito inadequada. Apesar de simples foi pensada na nutrição dos marinheiros.
Não comentaria o fato de que comíamos apenas carne de caça assada e pão velho a maior parte do tempo. Provavelmente qualquer coisa ali seria melhor.
-Com licença, como não como nada disso irei para o quarto da Marina.
-Tudo bem, foi indelicadeza minha não pensar nas suas necessidades.
Desi balançou a cabeça e voltou.
Cody nos designou uma mesa perto da porta do refeitório e apontou para os cozinheiros. Estava distraída pensando em quão cheiroso ele era e em como quase havia beijado Cirdan no dia seguinte ao beijo com Arod que não notei que ele continuou me escoltando.
O beijo com Arod deveria ter despertado minha libido. Pouco antes de sair de Cristália havia terminado com meu namorado, estávamos juntos há cinquenta anos e para a minha idade era um tempo longo.
Tive três namorados, minha primeira, Ellivel, uma eterna que conhecia desde a infância, tivemos um relacionamento infantojuvenil dos meus 80 até 120 anos. Até pensaram que iríamos nos casar quando fôssemos adultas, já que foi um namoro longo para pré adolescentes.
Com 128, namorei Orfeu, um vampiro alguns anos mais velho que eu e completamente desaprovado pela minha família. Ficamos juntos até meus 130 anos, quando o vi me traindo no meu aniversário.
Por fim, com 140 anos, comecei a me relacionar com Zegoufir, o que mais amei e sinto falta até hoje. Terminamos quando eu tinha 194 anos, de comum acordo, por culpa exclusiva da família dele.
-Senhorita Isa Rosa. Isa Rosa!
Quando cheguei ao presente vi que estava em um quarto separado com Cody.
Bônus:
Ellivel
Orfeu
Zegoufir
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