16
-Me chame de Cody, por favor.
-Então me chame de Isa Rosa.
Eu não sabia dizer se eu estava encantada pelo cheiro, pela beleza ou se era porque ele parecia a versão masculina da minha primeira namorada. Ela era uma das poucas eternas que havia nascido com aparência humana, por algum motivo é uma das raças que menos ocorre de sermos parecidos. A única que é mais incomum são os dragões, é extremamente raro ver um de nós que nasceu com aparência de dragão.
-Senhorita Isa Rosa?
-Oi?
-Eu te chamei algumas vezes, aconteceu algo?
Devo ter corado, então olhei para o mar.
-Só estava pensando em quão parecido com a minha ex você é.
Por que eu falei isso?
-Sua ex? Mulher?
-Sim.
-Ah, então a senhorita gosta de mulheres, porém pensei que se relacionasse com um elfo, masculino.
-Sim, sim. O Zegoufir. A maioria dos eternos tem relações com homens e mulheres, assim como os vampiros. A eternidade é um tempo muito longo.
-Mas, se a senhorita não se incomodar, quantos anos têm?
-210.
-Deusas, é muito nova.
-210 anos é nova?
Cirdan apareceu e perguntou enquanto me abraçava por trás. Simplesmente me apoiei nele, seu toque já era quase uma extensão do meu, talvez me sentisse estranha se ele parasse com esse comportamento. Cody olhou com estranhamento para nós e deu uma pausa. Bem, realmente era um comportamento descarado, provavelmente ele analisava se éramos um casal.
Sebastião tentou beliscar Cirdan, mas dessa vez ele desviou e fez um "Ha" para o caranguejo. Virei a cabeça e olhei com desgosto para o humano atrás de mim, então acariciei o crustáceo para que ele se acalmasse, funcionou. Ele era uma gracinha.
-Sim, se fôssemos converter em idade humana ela teria 19 anos.
-DEZENOVE?
Fiquei um pouco chocada com o volume da voz de Cirdan e apertei minhas orelhas para dentro enquanto as esfregava. Olhei feio para o ladrão, ele faria meus ouvidos sangrarem. Porém, o capitão tinha os olhos brilhantes para mim enquanto segurava o sorriso e o outro arregalou os olhos e caiu na gargalhada.
-O que foi?
-Essa é a coisa mais fofa que eu já vi. Por que nunca fez isso antes, Rosinha?
-Porque as pessoas não saem gritando diretamente na minha orelha.
-Preciso fazer isso mais vezes.
-Se você quiser morrer queimado por uma bola de fogo.
-Você vive me ameaçando assim.
-Você merece.
-Desde quando estão juntos?
-7 anos, falei.
-É diferente ver um eterno em um relacionamento romântico com um humano, principalmente um que não usa quintaessência.
-Ah, juntos nesse sentido? Não, somos apenas amigos.
Cirdan me apertou um pouco e Cody levantou uma sobrancelha. Bem, realmente éramos um pouco mais táteis que a maioria dos amigos, mas já tinha me acostumado. Apesar de que ele tenha ficado cada vez mais grudento ultimamente. Acho que sentiria falta quando ele começasse a namorar. Bem, quando isso acontecesse resolveríamos.
-Bem, você falou que ela teria apenas 19 anos...
-Os eternos têm sua cerimônia de maturidade com 200 anos e o próximo aniversário é apenas 10 anos depois. Se fôssemos traduzir seria 19 anos em idade humana.
-Não faz sentido conversão em raças que tem a expectativa de vida tão pequena comparada a minha. Além disso, como sabe tanto sobre nós?
- Como disse antes, fui parte de uma delegação diplomática de Pridania, fiquei em Cristália por 1 ano.
-Realmente, é tempo suficiente para aprender várias coisas.
-Te conheci logo na primeira festa que fui. Você era muito famosa, fez um solo de Harpa e todos os eternos comentaram sobre quão talentosa você é.
Essa conversa parecia ter o objetivo de me deixar envergonhada.
-Você era tão famosa assim?
-Eu disse que era música.
-Sim, mas ser música e ser tão famosa são coisas diferentes.
-Como nobre o caminho para a fama é mais curto.
-É verdade senhorita, mas mesmo entre outros nobres, sua música estava em um nível diferente. Não seja tão modesta, pelos rumores que ouvi soube que era o orgulho de todos os professores artísticos que teve, não só os de música.
Fazia tempo que não elogiavam minha arte, para mim a música era a minha vida. Estar com tão pouco tempo para fazer o que amo era só mais uma coisa que essa guerra tinha tomado de mim. O máximo que eu conseguia tocar atualmente era a lira, meu instrumento preferido e qual realmente me especializei, a harpa, era impossível de tocar atualmente, já que não poderia carregá-la por aí.
Tirei sebastião da minha cabeça para me encostar melhor em Cirdan e bocejei.
-Acho que ocupei demais do seu tempo e a senhorita está cansada.
Realmente estava, mas não dormiria em um navio de Pridania, que tecnicamente seria o inimigo de nosso povo.não que nos preocupássemos com eles, esse era um assunto dos elfos e vampiros. Será que éramos soberbos por nos importarmos apenas com nossas próprias guerras? É que mesmo que eles conquistassem nossas terras, vinte de nós poderiam retomá-la ao simplesmente queimar todos os humanos que a reivindicaram. Talvez fôssemos tão cruéis quanto os dragões. Dei de ombros, eles que invadiram nosso país, que lidem com as consequências caso nosso povo pare para prestar atenção neles.
Quando ia entrar em meu quarto Cirdan me puxou.
-Desi está com Wanin e mari, vamos para o meu.
Dei de ombros e o segui.
Chegamos em um quarto menor que o meu com as garotas. Ele parecia ser de algum marinheiro com patente um pouco mais alta, já que apesar de simples tinha apenas uma cama grande. As paredes eram de um tom escuro de azul e ele não possuía janelas. Era simplesmente funcional, sem nenhum objeto pessoal, ou esses haviam sido retirados para que os garotos o ocupassem.
Coloquei Sebastião o mais longe possível da cama e me encostei na parede, bocejando mais uma vez. Então o homem me pegou no colo como uma noiva e me colocou na cama.
-Vamos, você precisa dormir.
-Não posso dormir em uma situação dessas, além disso eu não preciso dormir.
-Você até pode não precisar dormir para sobreviver, mas não significa que não esteja cansada, Já tinha falado que não mais te deixar cuidar de tudo sozinha, princesa. Agora feche os olhinhos.
Ele tampou meus olhos com a mão e deitou ao meu lado, então me abraçou e ficamos de conchinha.
-Cirdan...
-Você vai dormir melhor assim, vai ficar aconchegada.
Dei de ombros mentalmente e esperei que ele passasse o braço abaixo da minha cabeça para deitar por cima. Cirdan entrelaçou nossos dedos e senti meu coração errar uma batida, isso era um pouco íntimo demais. Quando eu tentei soltar minha mão, ele apertou e passou o nariz em meu cabelo, desisti e fechei os olhos.
Bônus:
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