15
Marina parecia cansada e gritou para mim, não havia nenhum lugar para pousarmos, eu precisaria fazer o grupo flutuar também. Talvez eu devesse ter aguentado as duas semanas naquele barco duvidoso? Não, era melhor enfrentar o cansaço. Será que ela aguentava mais algumas horas? Pelo modo como suas asas batiam achava que não. O sol estava nascendo, Wanin e Armando estavam dormindo e a magia de escuridão em Desi ainda duraria mais umas 12 horas. Olhei para trás e percebi que os dois ainda estavam acordados, olhando para a paisagem a nossa volta.
Consegui ver um navio passando abaixo de nós e de repente Mari gritou. Quando mais flechas voaram em sua direção fiz uma barreira de ar, mas ela já tinha se transformado em humana e todos os três que estavam em cima dela também despencaram. Tornei a barreira de ar uma bola, que nos mantinha no céu e nos protegia ao mesmo tempo. A merda era que não sabia quanto tempo conseguiria manter isso, já que era um feitiço de alta concentração.
Não tínhamos lugar para pousar, não sabia para onde me teletransportaria e precisávamos tratar da metamorfa. Pelo visto, ela não conseguia imitar o material das penas do animal. A única solução era descer e enfrentar quem estivesse no navio. Então fiz exatamente isso.
O grupo de marinheiros parecia um pouco atordoado, mas dentre eles saiu alguém que, a julgar por sua roupa, deveria ser o capitão. O jovem, que deveria ter menos de trinta anos, parou a nossa frente.
-A integrante do seu grupo é uma metamorfa?
-Sim.
-Peço desculpas, a confundimos com um verdadeiro Pássaro Roca.
-Precisamos tratá-la.
Cirdan tentou falar algumas vezes, mas não deixei. Ele estava agitado demais e o capitão parecia querer resolver tudo pacificamente.
-Chamem o médico agora mesmo.
-Não é necessário – falou Wanin, que já a estava tratando.
-Por favor, peço perdão mais uma vez, o que podemos fazer para compensar vocês?
Confesso que estava um pouco distraída, não sei era o cansaço, mas ele parecia tão lindo. Além disso, alguma coisa nele cheirava muito bem, e ficava mais forte toda vez que ele falava. Com o que esse homem estava escovando os dentes? O suposto capitão tinha cabelos pretos e curtos, olhos azuis da cor do céu e era quase feminino. Para um homem seria considerado baixo, o que não significava nada, já que ainda era bem maior que eu.
-Eu sou o capitão Cody Roseberry, vocês querem ficar aqui até que sua companheira se cure?
Olhei para os outros tentando transmitir que era a melhor opção. Eu estava muito cansada, tinha gastado mana demais. Eles pareceram entender, apesar de Cirdan estar visivelmente incomodado.
-Sim, seria o melhor. Obrigada por sua hospitalidade.
-Senhor, ela é uma elfa, não podemos abrigar um inimigo.
O burburinho da tripulação não me impedia de ouví-los.
"Ela é uma elfa?"
"Ela é a cara de uma"
"Mas nunca vi um elfo tão pequeno. E ela não é uma criança"
"Talvez seja algum tipo de fada"
Rangi os dentes, eu não era tão pequena assim, isso era um absurdo.
-Sugiro que fiquem quietos, a não ser que queiram ser mortos em três segundos. Eu não ofenderia um eterno.
Houve um suspiro coletivo e um silêncio momentâneo.
"De onde surgiram tantos eternos?"
"Eles não são raros?"
"Eles não estavam em guerra entre si?"
"A maioria não hiberna?"
"O que essa eterna está fazendo aqui?"
O capitão Cody olhou para eles, que finalmente ficaram quietos.
-Sinto muito pelo comportamento rude de minha tripulação, senhorita Philipa.
Dessa vez fui eu quem se assustou.
-Como sabe a que família pertenço?
-Trinta anos atrás, quando ainda era um marinheiro novato, acompanhei uma delegação para Cristália e a vi tocando em um dos bailes. Nunca mais ouvi outra harpa tão maravilhosa.
-Trinta anos? _ aquele homem não deveria ter nem 27, quanto mais fazer parte de uma delegação três décadas atrás.
-Não fode comigo.
Cirdan estava cada vez mais puto e eu não sabia o que fazer. Então dei um beliscão em seu braço e o mandei ficar quieto.
-Eu tenho 51 anos.
-Como _ perguntou Armando.
Não via como isso era da nossa conta. Só precisava garantir que Mari e o resto de nós receberiam uma cama.
-Quintessência.
-O que é isso?
-Uma novidade alquímica que permite aumentar a força e prolonga a vida.
-Isso é feito de quê?
Dessa vez Cody apenas sorriu. Eu também não responderia, já que deve ser segredo de mercado.
-Arrumem quartos para sete pessoas.
-Não precisa, sete quartos é muita coisa _ falei
-Imagine, é o mínimo que podemos fazer.
-Não. Nós três mulheres podemos ficar em um, e os caras fazem duplas, o que vocês acham?
Todos concordaram, não era uma boa ideia deixar cada um dormindo sozinho.
-Se vocês têm certeza... Preparem 3 quartos para eles e vejam se já tem algum pronto para colocar a garota ferida.
Foram alguns minutos estranhos enquanto esperávamos uma respostas até que um marinheiro careca e quase tão alto quanto Arod apareceu esbaforido. Tivemos nossos quartos indicados e cada um foi para o seu. Quando tinha acabado de arrumar minhas coisas bateram na porta.
-Senhorita Phillipa, teria um momento para conversarmos?
O capitão que me deixava mais distraída do que eu já era apareceu.
Saí, achando a situação um pouco estranha. Wanin me olhou como se perguntasse se destava tudo bem, acenei com a cabeça e segui o homem até a proa do navio.
-Sobre o que gostaria de falar comigo sr. Roseberry?
Bônus:
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