11
Cirdan
As vezes eu detestava o Arod, ele era um cara legal, realmente gente boa, mas porra, por que ele precisava gostar da Isa Rosa? Caralho, desde que ela me salvou daquela lama mágica eu não consegui tirar os olhos dela.
Primeiro eu pensei que era apenas um sentimento que veio por ela ter salvado a minha vida, só que não passou. Eu usava qualquer desculpa para tocá-la. Passar a mão naquele cabelo rosa, deitar sua cabeça no meu ombro. Primeiro eu pensei que ela também me queria, mas na verdade ela só não se importava, era como se eu fosse a porra de um bichinho de estimação.
Arod ainda estava de bom humor quando chegamos no quarto. Joguei minhas coisas no chão e me sentei ao lado da sacola.
O vampiro também deixou a bagagem, mas trocou o casaco e se preparou para sair.
-Vai aonde, Desi?
Desislav suspirou e esfregou o rosto. Coloquei a mão sob o queixo e dei um sorrisinho, era bom estressar esse cara, fácil demais.
-Vou Caçar e dar uma volta.
Ou seja, ia fazer alguma coisa com a Wanin, toda a diversão foi embora. Aquela inveja ia me dar uma úlcera.
-Quando descer pede um balde d'água para mim _ falou o anão enquanto admirava o osso do pássaro Roca. Aquilo era macabro.
-Pede dois.
-Pede três, todos nós vamos tomar banho, menos você, Desi porquinho. Vai encontrar a sereia desse jeito?
-Vampiros não suam.
-Mas a poeira e a terra grudam assim mesmo, depois me chamam de bárbaro por ser tribal. Sinto pena da Wanin.
Desislav parecia cada vez mais irritado, mas me senti muito caridoso, já que ia poupar a garota dessa miséria. A diversão com a raiva do vampiro era só um bônus.
Mesmo com o tempo passando eu não conseguia parar de pensar nela. Não era possível que ela não entendesse o que eu queria. Já tinha tentado quase tudo, mas não consegui nada.
Fui para o bar e pedi cerveja, não tinha nada além disso. O último álcool que eu vi e não era uma cerveja rala foi o vinho do aniversário da Isa. Não tirei o olho dela entornando a garrafa direto do gargalo e a bebida que derramou pelo rosto e garganta.
Virei minha própria caneca, tinha ido ali para esquecer a garota e não ficar fantasiando, o que eu já fazia quase todo dia. Precisei arrumar a calça, começou a incomodar.
Vi uma mulher loira passar por mim, ela era totalmente diferente da Rosinha. Branca, alta, curvilínea. Então sorriu para mim e sentou no mesmo banco, um pouco distante.
-Sozinho?
Bem, aí estava minha distração.
-Agora não. Quer uma cerveja?
Ela sorriu de novo e acenou. Pedi mais duas canecas para a garçonete, que desviou de uma palmada na bunda enquanto nos entregava as bebidas.
Nós dois batemos as canecas e começamos a beber. Quando Arod chegou, eu já estava com o braço ao redor dela e um pouco alto. Com aquela cerveja aguada precisava beber muito para dar algum efeito. Já tinha puxado as sacolas de dois homens no bar, então tinha como bancar ae bebidas.
O gigante ao meu lado apenas me olhou estranho algumas vezes, mas não comentou nada. Qual o problema? Eu precisava ficar na seca enquanto a Isa Rosa decidia se eu valia alguma coisa? Foda-se ele e a opinião dele, se era isso que queria fazer problema dele.
Só foi pensar nisso que a baixinha apareceu no salão. Acenei para ela que veio em nossa direção. Isa Rosa pareceu surpresa com a loira ao meu lado, aquilo me fez sorrir. Era bom que soubesse que eu não era o cãozinho dela.
Então ela também sorriu e pareceu aliviada. Enquanto Falava com Arod consegui escutar que queria falar comigo, tinha ficado preocupada. Quase tirei o braço da loira, o nome dela começava com E, Estela, Esteffany, Elisa... Alguma coisa era. Tanto faz, ela também nem sabia o meu, tinha me chamado de Carden 5 minutos antes da Rosinha chegar.
Pensando melhor, deixei o braço ali mesmo. Ela precisava entender que eu podia parar de gostar dela a qualquer hora. Deu tudo errado, ela parecia genuinamente feliz.
Então Isa só resolveu ir embora e o filho da puta do Arod foi junto. Eu não conseguia sair, estava preso com a loira.
Acho que fiquei quase duas horas respondendo sem prestar atenção, até que ela tentou me beijar. Precisei sair, não importa o que eu tinha falado, conseguia contar nos dedos de uma mão a quantidade de mulheres que estive desde que comecei a andar com a Isa.
-Hoje não, bebe mais um pouco, querida.
Só podia chamar assim, não sabia o nome dela mesmo. Deixei algumas moedas na mesa para pagar minha parte e ela ainda ter como beber muitas canecas. A loira pareceu ofendida por alguns segundos, mas deu de ombros e pediu outra cerveja.
Agora eu estava um pouco fora do ar, parece que a bebida aguada tinha finalmente dado algum resultado. Atravessei o salão que estava mais cheio ainda, subi as escadas e andei até o meu quarto.
Quando passei em frente ao quarto das garotas, Arod saiu de lá. Quando me viu deu um sorriso perverso. A luz das velas do corredor não permitia ver muita coisa, mas percebi a marca roxa enorme em seu pescoço e Isa Rosa com a boca inchada atrás dele.
Pensei que ia cair no chão. Arod passou esbarrando em mim e sorrindo.
-Se divertiu com a Thaís?
-Quem?
-A garota que te manteve ocupado enquanto eu conversava com a Isa.
O nome dela era Thaís. Queria amaldiçoar a loira, eu mesmo e o arrombado do Arod. O jeito que ele falou conversar me fez querer enfiar a adaga do meu casaco em suas costas.
Saí dali o mais rápido que consegui e andei até a parte de trás da construção. A cena dos dois na minha cabeça me fez socar a parede, quase não senti a dor em meus dedos.
Não parava de imaginar, até que Arod saiu da minha cabeça e eu só conseguia ver a garota de cabelo rosa e eu. Aquela porra de cabelo, minha respiração ficou rápida e eu precisei dar um jeito de me limpar.
Voltei para o quarto dela e arrombei a fechadura.
-Eu podia ter aberto para você.
-Não queria te acordar.
-Mesmo que eu estivesse dormindo ia perceber imediatamente você aqui.
Aquela frase fez meu coração pular, mesmo que não fosse nesse sentido.
-O que você quer?
-Posso dormir aqui?
-Você tem um quarto.
-Lá está muito cheio e você está aqui sozinha.
-Tudo bem. O saco de dormir está logo ali.
Isa mostrou a direção e me jogou um travesseiro. Ela não se importava em nada. Eu podia dormir aqui no quarto com ela sozinha e acho que se insistisse poderia até dormir na cama.
Eu realmente não era um homem para ela, só que eu precisava assumir que realmente era o cãozinho dessa garota. Mesmo que eu quisesse muito mais e isso machucasse, ia aceitar qualquer migalha. Eu podia ter paciência, mesmo que eu fosse seu cão ia conseguir ser indispensável na vida dela. Era só questão de tempo.
Deitei no chão e pensei nisso até dormir.
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