Erle Stanley Gardner (1889-1970) é considerado um dos escritores de mistério de maior sucesso de todos os tempos. A maior parte da sua reputação vem do icônico detetive Perry Mason e de outros personagens memoráveis ​​que ele criou.

Erle nasceu em Malden, Massachusetts, em 17 de julho de 1889. Ele passou grande parte da sua infância viajando com seu pai, um engenheiro de minas, pelas regiões remotas da Califórnia, Oregon e Klondike. Gardner cursou o ensino médio na Califórnia e se formou na Palo Alto High School em 1909. Em seguida, se matriculou na Valparaiso University, em Indiana, naquele mesmo ano, mas logo foi expulso por agredir um professor.

Em sua carreira como advogado, Gardner encontrou uma forma de atuação combativa que o ajudou a solidificar o seu nome. Ele foi admitido na Ordem dos Advogados da Califórnia em 1911 e abriu um escritório em Oxnard, onde exerceu a advocacia até 1918. Uma de suas principais atuações no Direito foi junto à comunidade chinesa, o que o fez ganhar certa reputação por suas táticas extravagantes em julgamentos. Em um dos casos, por exemplo, ele fez dezenas de comerciantes chineses trocarem identidades entre si para que ele pudesse desacreditar a identificação de um de seus clientes feita por um policial. Gardner chegou a interromper suas atividades como advogado entre 1918 e 1921, período em que trabalhou como vendedor para a Consolidated Sales Company, mas, posteriormente, acabou retomando sua carreira jurídica em Ventura, Califórnia, de 1921 a 1933.

Enquanto praticava a advocacia em Ventura, Gardner começou a escrever para as pulp magazines populares na época, criando cenas precisas em tribunais e brilhantes manobras jurídicas que muito se assemelhavam às suas próprias táticas, empregadas no exercício da profissão. Em 1932, ele chegou a escrever mais de 200.000 palavras por mês enquanto ainda trabalhava dois dias por semana em seu escritório de advocacia. No entanto, com a publicação bem-sucedida das primeiras histórias do detetive Perry Mason, The Case of the Velvet Claws (1933) e The Case of the Sulky Girl (1933), ele desistiu do Direito para se dedicar exclusivamente à carreira de escritor. Como resultado, oitenta novos romances protagonizados por Perry Mason foram publicados depois disso.

Os primeiros nove livros do detetive Perry Mason estão imersos na tradição da revista Black Mask, com um realismo sutil e tenso misturado com sagacidade crua, sentimentalismo e um entusiasmo positivo pela agressividade envolvida no exercício da profissão de investigador. O Mason desses romances é um "tigre na selva social", totalmente autossuficiente, que não pede favores, despreza os fracos que querem que a sociedade cuide deles e está disposto a correr qualquer risco por um cliente. Quando questionado sobre o que faz para viver, o personagem responde frases de efeito como "Eu luto!" ou "Eu sou um gladiador pago!". Nesse clima de vale tudo, ele suborna policiais para obter informações, solta a língua de uma testemunha hostil fingindo culpá-la por assassinato, distorce as evidências para absolver um cliente culpado e manipula fundos imobiliários para impedir que um não-cliente culpado obtenha dinheiro para a sua defesa. Além de Velvet Claws, outros romances de destaque desse período são The Case of the Howling Dog e The Case of the Curious Bride, ambos de 1934.

Do final dos anos 1930 ao final dos anos 1950, a principal influência de Gardner não foi mais a revista Black Mask, mas o periódico Saturday Evening Post, que serializou a maioria das histórias de Perry Mason antes da publicação dos livros completos. Nos romances desse período, as características de "machão" do detetive são atenuadas, os interesses amorosos desempenham um papel mais forte nas tramas e Mason está menos disposto a brincar com a lei de maneira inconsequente. Ainda assim, o combate oral continua empolgante, o ritmo nunca diminui e as tramas são tão labirínticas quanto nas histórias anteriores, a maioria delas centrada em várias personagens perspicazes e gananciosas lutando pelo controle do capital. Entre os casos mais emblemáticos desse período estão Lazy Lover; Hesitant Hostess, que apresenta Mason tentando quebrar uma única testemunha de acusação; e Lucky Loser e Foot-Loose Doll, com seus enredos espetacularmente complexos.

Gardner posteriormente supervisionou a adaptação das histórias de Perry Mason para o rádio, a televisão e o cinema. Com o passar do tempo, o personagem acabou originando uma franquia de longa duração, que incluiu mais de 80 romances policiais, programas de TV, filmes de Hollywood, uma série de rádio, histórias em quadrinhos e, mais recentemente, uma nova série da HBO estrelada por Matthew Rhys, de "The Americans".

De longe, a jogada de maior sucesso na franquia foi a famosa série de televisão da CBS com episódios de uma hora de duração, estrelada por Raymond Burr, que foi ao ar de 1957 a 1966. Vários rostos famosos apareceram em papéis especiais, incluindo Robert Redford, Bette Davis, Angie Dickinson e Burt Reynolds. Atualmente, é possível encontrar referências ao seriado de Perry Mason no DNA de quase todos os programas jurídicos produzidos desde então, como "L.A. Law", "The Practice" e "Law & Order". O programa foi o primeiro a transformar investigadores e advogados de defesa em heróis, estabeleceu uma estrutura de dois atos (investigação e tribunal) amplamente replicada em outras atrações e definiu convenções do gênero, como a confissão inesperada em um interrogatório dramático, por exemplo.

Em paralelo à sua carreira como escritor, Erle Stanley Gardner casou-se em 1912 com Natalie Talbert. O casal teve uma filha e se separou em 1935. Gardner posteriormente se casou com sua segunda esposa, Agnes Jean Bethell, em 1968. Ele morreu em 11 de março de 1970 em Temecula, Califórnia.

E então, Suspensers? Mais alguém conhece e é fã do detetive icônico e pouco convencional Perry Mason?

Fontes:

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