Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

A



Apenas Carina


Oi! Eu sou a Carina Lopes Bragantino, tenho vinte e oito anos, sou nascida e criada em Porto Alegre. Se tu for à Prado Cavalcante, empresa onde trabalho, tu vai ouvir elogios e xingamentos a meu respeito. Sim, eu sou a CEO de uma multinacional do ramo alimentício, tenho vários prêmios pelo meu desempenho na área em que atuo, faço negócios com empresários do mundo inteiro, falo oito idiomas, enfim... a lista de atributos é longa. Em resumo, sou uma mulher bem-sucedida. Mas se tu vier passar uma noite comigo, na minha casa, bah! Tu vai provavelmente pensar que sou louca, sem noção alguma do ridículo e sem qualquer senso crítico. Por quê? Tu vai entender...

Eu nunca fui uma guria descolada na escola. Era ótima aluna, sempre tirei as melhores notas, era a queridinha dos professores, mas nunca fiz sucesso com os guris bonitos... e nem com as gurias bonitas também. Para falar a verdade, nem os feios me queriam. Hoje eu me considero uma bela mulher, cuido muito bem do meu cabelo, pele e corpo, mas na minha adolescência eu era assustadora. Meu cabelo tinha ódio de mim, meus dentes eram tortos e as acnes eram as minhas companhias. Eu tinha espinhas de todas as formas e espécies; até colocava nome nelas.

Eu fui apaixonadinha por um guri que jogava xadrez. Ele era do oitavo ano, campeão da turma. Lindo! Não, eu nunca fiquei com ele, nunca sequer trocamos uma palavra. Não que ele fosse metido, o problema era comigo mesmo.

Sempre fui muito antissocial, nunca tive coragem de falar com ninguém. Era tímida e muito educada, polida demais para a minha idade. Só falava com quem falava comigo.

Depois, no Ensino Médio, eu me encantei por uma guria, fugindo de tudo o que eu admirava. Isso não me chocou: se eu podia gostar tanto de meninos quanto de meninas, poderia também gostar de pessoas que eu não imaginava me atrair.

Ela era a guria mais linda da escola inteira, o meu extremo oposto em tudo. Enquanto eu participava das olimpíadas de matemática, ela participava de concursos de beleza. Suas notas não eram lá essas coisas, sempre passava arrastada, então sua mãe me contratou para lhe dar aulas particulares.

Eu fiquei em êxtase, mesmo sabendo que não havia qualquer chance de algo acontecer entre nós. Ela era tão perfeita que com certeza devia ter uma fila de guris e gurias lindos, esperando para terem uma chance, então, jamais me notaria.

Mas nem posso julgá-la, pois nunca conversamos sobre os meus sentimentos. Aliás, nunca falei sobre isso com ela nem com qualquer outra pessoa por quem eu tenha me interessado, naquela época. Minha infância e adolescência se resumiram a estudar, apenas. Por isso sou precoce, profissionalmente.

Depois de formada, até namorei duas pessoas. Mas se existisse um jeito de desnamorá-las, eu as desnamoraria. Mas não foi disso que vim falar aqui. Até porque sei que tu está pouco se lixando para a minha infância sem graça ou para a minha adolescência nula de vida social; muito menos para essa pose de CEO fodona que eu tentei desenhar.

O que quero falar, na verdade, é sobre a minha vida em casa, depois que eu desço do salto, removo a maquiagem, deixo o cabelo de qualquer jeito e me desmonto da sisuda Carina Lopes Bragantino para voltar a ser apenas a Carina.

A Carina é só uma guria sonhadora e apaixonada, que escreve poesias para pessoas imaginárias e tem como único companheiro um gato persa, chamado Michael B. Jordan — Sim, eu acho o ator muito gato. Enfim, não me julgue. Ele é meu crush supremo.

Agora vamos em definitivo ao que interessa: eu vou te contar uma história, a história do meu Grande Amor:

Eu conheci Helô Marinho, ou melhor, a voz dela, dois anos atrás, quando cheguei em casa depois de um dia exaustivo na empresa e liguei o rádio. O locutor antigo havia saído. Não sei o motivo, mas foi uma boa troca. Apesar de não acreditar que alguma estação de rádio fosse tocar algo que não fosse algum estilo chiclete irritante, resolvi deixar lá e me surpreendi quando começou a tocar My Angel, de Richie Kotzen (é mais um crush meu).

Deixei meu corpo cair largado no sofá e fiquei lá, apenas sentindo a melodia. Aquele solo de guitarra do final era incrível e pareceu mais perfeito ainda na medida em que o som foi baixando gradativamente.

A música acabou e deu lugar àquela voz suave, rouca, gostosa... Eu permaneci onde estava, do jeito que estava. Tinha medo de me mover e o encanto acabar. Só queria curtir a sensação maravilhosa que aquela música causara e me deixar inebriar pelo efeito Helô Marinho. A guria tinha a voz mais linda de todas. Bah! Arrepiei-me da cabeça aos pés. E, sim, se existisse um concurso universal de vozes perfeitas, Helô Marinho deixaria qualquer uma no chinelo.

Ela falou por uns instantes, e fiquei ouvindo com um sorriso bobo no rosto. Então, uma ouvinte entrou no ar:

— Boa noite, Helô!

— Boa noite. Com quem eu falo? — perguntou, e fechei os olhos para imaginar aquela voz falando bem no meu ouvido.

— Eu sou Emília.

— Tudo bem, Emília? Como está tua noite, hoje?

— Perfeita, Helô, sempre contigo e com o meu amor.

— Maravilha! — Percebi que sorriu, e sorri junto. — E qual é a tua mensagem de hoje, Emília? — indagou, cheia de entusiasmo.

Naquele instante, senti inveja da Emília. Quem dera pudesse ser eu a ouvir meu nome cantado por aquela voz maravilhosa!

Emília falou uma mensagem para um namorado ou sei lá o que era dela, e Helô tocou uma música.

E foi assim nas noites que se seguiram, até eu tomar coragem e ligar na rádio. Sim, eu liguei na rádio. Sei que isso não parece algo que a Carina Bragantino faria, mas, como já falei, àquela era apenas a Carina.

Quando liguei, e ela me atendeu de cara, meu coração quase saiu pulando pela sala. Nunca pensei que fosse ser atendida por Helô Marinho, diretamente. Achei que houvesse algum tipo de filtro antes, que as ligações passassem por algum ajudante ou sei lá. Bem, o fato é que paralisei. Simplesmente fiquei muda por uns segundos.

Ela insistiu:

— Oi, tem alguém aí?

— Oi, Helô. Eu sou a Carina — respondi, finalmente, sentindo uma pressão na cabeça de tanto nervosismo.

Oi, Carina. É a primeira vez que tu liga, né? — perguntou, e notei que não estávamos no ar, pois ouvi John Mayer ao fundo, cantando Gravity.

John é outro crush meu. É, sou bem promíscua quando se trata de crush lindo e impossível.

— Sim. Na verdade, eu escuto o programa desde o início, mas só agora criei coragem para ligar — admiti, um tanto envergonhada.

Por quê? Sou tão ruim assim? — brincou e deu uma risadinha.

— Não, claro que não. Tu é ótima! — Maravilhosa, pensei. — Eu que sou muito tímida...

Hum! Tímida, é? E ligou para declarar teu tímido amor por alguém hoje? — perguntou, fazendo-me sentir meu rosto arder como uma queimadura de segundo grau.

— Não — neguei e ri, sem graça.

Senti vontade de desligar o telefone e o rádio, de tanta vergonha, mas não o fiz. Aquela voz era tão linda, tão doce, tão tudo, que falei mais uma bobagem só para prolongar a conversa.

Não desliga, Carina — pediu, e ouvi: — John Mayer e a lindíssima Gravity, deixando a tua noite mais linda e romântica. Liga e participa, tu pode ganhar um jantar para ti e o teu amor no King Gourmet que tu escolher e ainda tem ingressos para o cinema. Helô Marinho, resgatando o romantismo que existe dentro de ti — ela disse e finalizou, tocando outra música. Meu coração voltou a acelerar quando ouvi o seu: — Oi, Carina. Ainda está aí?

— Oi, estou, sim.

— E então, tu vai querer participar do sorteio do jantar? Vai tomar coragem e se declarar para o teu amor?

— Acho que hoje não, mas tu poderia ler uma mensagem que eu escrevi?

— Claro que sim. Digo o teu nome ou...

— Não, só quero que tu leia a mensagem, se estiver tudo bem. Quando eu tiver coragem, talvez.

— Hum! Que guri sortudo, hein? Pode enviar que terei o maior prazer em ler. Foi ótimo conversar contigo, Carina. Espero tua mensagem. Beijo e boa noite! Continua ligada com a gente até meia-noite, tá? — despediu-se e desligou.

Apenas corri para a gravação da chamada. Eu tinha um aplicativo que registrava as minhas ligações, coisa de negócios. Precisava me assegurar de todas as formas. Naquele momento, eu estava feliz por tê-lo instalado, pois dali em diante poderia ouvir aquela voz dizendo o meu nome sempre que quisesse.

Peguei o celular e encaminhei a mensagem para o número da rádio. Ela provavelmente acessava o serviço no computador, pois o aviso de leitura chegou logo que enviei. Recebi sua resposta, avisando que leria depois da música que tocava e senti meu coração batendo na garganta.

Quando ela começou a declamar o texto, milhares de borboletas levantaram voo no meu estômago e levei as mãos à boca, ofegando, completamente em êxtase. Era simplesmente perfeito ouvi-la reproduzindo algo que eu havia escrito. Parecia que tinha ganhado vida.

— É maravilhosa, né? — indaguei com um sorriso bobo no rosto, olhando para o Michael, que se espreguiçava no braço do sofá.

Ela leu até o final, e não sei como consegui passar tanto tempo sem respirar, mas tinha certeza de que se continuasse assim, meu coração não aguentaria.

Na noite seguinte, ela disse algo que me fez flutuar. Um ouvinte fez uma brincadeira, e ela simplesmente foi perfeita:

— Boa noite, Helô, é o Jean.

— Boa noite, Jean. Tudo bem? Está romântico hoje?

— Muito, Helô. Eu quero pedir o amor da minha vida em casamento.

— Hum! Que tri, Jean! Legal, faz o teu pedido.

— Casa comigo, Helô! Prometo te fazer a guria mais feliz desse mundo. Te amo!

Oh, meu amor, até casaria contigo, mas eu curto gurias. — Sorri feliz ao ouvir aquilo. — Mas só por isso mesmo, eu te amo também, Jean! — ela disse e riu da gargalhada que ele deu, no outro lado da linha.

Meu coração pulou com aquela revelação. Não que eu estivesse sonhando em casar com ela, adotar um cachorro e mais um gato e acordar todos os dias ouvindo aquela voz perfeita me dando bom dia, mas saber daquilo me deu esperança, embora eu tenha ficado pensando se era verdade ou apenas uma brincadeira com o ouvinte, que com certeza era antigo e quase íntimo dela. Fiquei com aquela dúvida guardada, pois ela não entrou mais no assunto. Tocou uma música e depois se despediu, finalizando o programa.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro